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Os transístores de Arsenieto de Gálio, sejam eles FETs ou TJBs, são utilizados em circuitos
integrados e analógicos sempre que as aplicações requerem elevadas frequências de trabalho. A
possibilidade de fornecer correntes elevadas com pequenas variações da tensão de entrada e o baixo
valor das capacidades internas destes dispositivos faz com que o seu desempenho seja óptimo em
altas frequências.
A utilização de novos processos tecnológicos no tratamento dos semicondutores levaram à
criação de novos dispositivos tais como o HEMT (transístor com electrões de elevada mobilidade) e
o HBT (transístor bipolar de heterojunção). No transístor de efeito de campo (FET) também se
obtiveram melhoramentos aumentando a potência de saída, eficiência e fiabilidade, e reduzindo o
factor de ruído, aumentando o seu campo de utilização. Como já foi referido no capítulo 1, também
no Silício se podem integrar TJBs com MOSFET (BiCMOS) e obter dispositivos, em tecnologias
disponíveis, com frequências de transição da ordem dos 20GHz.
Em conformidade, neste capítulo, pretende-se estudar os conceitos básicos que permitem
utilizar este tipo de transístores, nos circuitos que serão apresentados nos capítulos seguintes. Será
dada uma ênfase especial aos transístores de efeito de campo com barreira Schottky (TECMES)
uma vez que a sua utilização é específica das altas-frequências.
2.1.1 - Estrutura
A estrutura clássica do transístor TECMES está representada na figura 2.1.
Esta estrutura é constituída por uma camada de Arsenieto de Gálio do tipo N (camada activa,
com uma resistividade da ordem de 107Ω.cm, separada do substrato semi-isolante por uma camada
tampão (buffer) quase-intrínseca, que é necessária para evitar que as propriedades eléctricas do
canal sejam afectadas por uma junção directa, camada activa − substrato.
LGS L LGD
Fonte Dreno
Z Porta
ND d
Camada activa
Camada tampão ND1 D
Substrato
Metalização
(1 a 3µm); d é a espessura da camada activa (0.1 a 0.4µm); D é a espessura da camada tampão (3.5µ
m); ND é a densidade de impurezas da camada activa (1016 a 3x1017 at./cm3); e ND1 é a densidade
de impurezas na camada tampão (cerca de 1013 at./cm3).
baixa (VDS≈0) e VGS constante e igual a VGS1<0, a junção Schottky está inversamente polarizada,
pelo que se forma por baixo da porta uma região de depleção que vai diminuir a largura do canal.
Para VGS igual a VGS1, quando VDS é incrementada, mantendo-se no entanto baixa, a corrente ID
aumenta proporcionalmente a VDS. O comportamento do canal é semelhante a uma resistência
(troço de semicondutor) e por isso diz-se que o TECMES opera na zona linear ou óhmica (figura
2.2a).
Com o aumento da tensão VDS, a zona de depleção vai-se acentuando do lado do dreno, que
é a zona da junção com uma polarização inversa maior (VDS>0 ⇒|VGD|>|VGS|). O comportamento
linear deixa de se verificar quando se reduz fortemente a largura do canal junto ao dreno. Na zona
mais estreita do canal, os portadores atingem velocidades próximas da saturação (figura 2.2b).
Nestas condições a relação ID(VDS) é fortemente não linear e o transístor opera na zona de tríodo ou
de transição.
Quando a velocidade de saturação é atingida na zona mais estreita do canal onde o campo é
máximo, se VDS aumentar, ID aumenta apenas à custa de um aumento da concentração de portadores
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Apontamentos de Electrónica Rápida
Capítulo 2 2.3
no canal. O transístor entra na zona de saturação, caracterizada por uma corrente aproximadamente
constante (figura 2.2c). A carga total na região de acumulação é aproximadamente igual à de
depleção, e a maior parte da tensão cai neste dipolo estacionário. A tensão VDS no limiar da
saturação é designada por VDSS.
ID
S G D
+ + ++ +
VDS
a)
ID
S G D
+ + ++ +
+ + +
---
VDS
b)
ID
S G D
+++++
++
----- +
VDS
c)
Figura 2.2 - Zonas de funcionamento de um TECMES: a)VDS muito baixo; b)VDS no início da
saturação; c) saturação
Se todo o processo descrito tivesse sido repetido para uma tensão VGS<VGS1<0, a região de
depleção seria desde o início mais larga, e as correntes ID menores. Obtém-se deste modo uma
família de curvas ID(VDS) a VGS constante.
O valor da tensão de VGS pode ser tal que, mesmo para tensões VDS aproximadamente iguais
a zero, o canal está totalmente estrangulado e ID≈0; ao valor mínimo de VGS que provoca esta
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2.4 Capítulo 2
situação chama-se tensão de limiar ou de estrangulamento (pinch-off), VTO. Nestas condições o
transístor está na zona de corte.
Esta descrição do modo de funcionamento do TECMES permite apenas uma interpretação
qualitativa aproximada. Uma análise rigorosa terá que considerar outros fenómenos.
Um deles é a condução para tensões abaixo da tensão de limiar (condução sub-limiar). Da
figura 2.2 e da descrição feita, deduz-se que um transístor pode ser posto ao corte aumentando o
valor absoluto da tensão porta-fonte, i.e., a polarização inversa da junção da porta até que a zona de
depleção se estenda a todo o canal. No entanto, a passagem ao corte não é imediata. Primeiro, o
topo da região de depleção não é abrupto. A transição entre a região com depleção total (ausência de
cargas móveis) e a região do canal não deplecionada pode ser uma percentagem apreciável da
espessura total (zona útil para a condução). Segundo, a separação entre a camada activa e a camada
tampão nunca é perfeitamente abrupta, permitindo a passagem de alguma corrente do substrato,
mesmo quando a região activa está completamente estrangulada [2.2].
Para descrever completamente o funcionamento do transístor, falta ainda referir os
fenómenos de disrupção. Um dos factores que limita superiormente a tensão de polarização do
dreno é a disrupção do canal. O aumento da corrente deve-se neste caso à multiplicação por
avalanche dos electrões no canal, pelo que é máxima perto da tensão de limiar (maior zona de
depleção). Em conformidade, a tensão de disrupção do dreno, VDR, aumenta com o módulo da
tensão de polarização da porta, e o seu valor máximo obtém-se perto da tensão de limiar
(tipicamente VDR=20V).
representar ym como uma transcondutância gm, independente da frequência, com atraso τo, que
representa o tempo de trânsito dos portadores sob a porta à velocidade saturada (para um TECMES
de 0.5µm de porta, τo≈L/vs=0,5.10-4cm/2.107cm/seg=2.5ps):
y m = g me − jωτ o (2.1)
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Capítulo 2 2.5
Modelo
intrínseco
RG RD LD D
G LG CGD
Rds
CGS
vi Cds
R gmvi
i
RS
LS
S
2
f
G a max = max (2.2)
f
fT
f max = (2.3)
2 r1 + f T τ 3
com
gm
fT = (2.4)
2πC gs
R G + R i + RS
r1 = (2.5)
R ds
τ 3 = 2 πR G Cgd (2.6)
A equação prevê, para o ganho, um decréscimo com a frequência de 6dB/oitava, e à frequência fmax
um ganho unitário. Para maximizar fmax, deve-se optimizar fT (frequência de ganho de corrente
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2.6 Capítulo 2
unitário), e a razão Rds/Ri do TECMES intrínseco, e reduzir as resistências série RG, RS e RD, assim
como a capacidade de retroacção Cgd.
Modelo
intrínseco
LG RG RD LD D
G Dgd
Dgs CGSCGD
Cds
Ri ID
RS
LS
S
Figura 2.4 - Modelo em sinais fortes do TECMES
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Capítulo 2 2.7
Idreno=(-IG-ID) (2.7)
onde, para VDS≥0 (modo normal de funcionamento) e VGS-VTO≥0 (zonas linear, de tríodo e de
saturação) se tem:
em que α, β e λ são constantes escolhidas para obter um bom ajuste entre as características I(V).
α → parâmetro da tensão de saturação
β → coeficiente de transcondutância
λ → modulação do comprimento do canal
Para VGS-VTO≤0 (zona de corte) tem-se:
ID=0 (2.8b)
IG=IGS+IGD
com
(
i GD = I S e v GD / ηVT − 1 ) (2.9a)
i GS = I S (e v GS / ηVT
− 1) (2.9b)
C0
C= (2.10)
v
1−
φ bi
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2.8 Capítulo 2
onde V é a tensão aplicada aos terminais da junção, φbi é o potencial de contacto e C0 é o valor da
capacidade da junção para uma tensão de polarização nula.
Quando o denominador de (2.10) se aproxima de zero, o que acontece para valores de V
próximos de φbi, a capacidade C tende para infinito (a capacidade de transição aumenta à medida
que a zona de depleção diminui). Assim, a expressão (2.10) só se utiliza para tensões V<FC.φbi,
onde FC é um parâmetro de ajuste inferior a 1 [2.5].
Para V>FC.φbi, adopta-se a expressão:
V
C = C 0 ( 1 − FC) − (1+ M ) 1 − FC ( 1 + M ) + M (2.11)
φ bi
i'ng i'nd
LD
Cgd
+
RG vi Cgs Rds ind RD
LG -
ing Gmv1
Ri Cds
ins
RS
LS
O gerador de corrente na saída, ind, representa o ruído gerado no canal. O seu valor
quadrático médio pode ser expresso na seguinte forma [2.11]:
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Capítulo 2 2.9
térmico gerado por Rds. De notar que esta expressão também é válida para os outros transístores de
efeito de campo como os de junção (JFET), os de Metal Óxido Silício (MOS) [2.12] e os de
heterojunção (HEMT) [2.13].
Uma tensão de ruído gerada localmente no canal, causa uma flutuação na largura da região
de depleção e por conseguinte na sua carga. Esta flutuação induz uma variação da carga
compensatória no eléctrodo de porta. A flutuação total induzida na carga da porta é modelada por
um gerador de corrente ing, entre a porta e a fonte (figura 2.5), de valor eficaz dado por:
ω2Cgs
2
Q
i 2ng = 4KTO ∆f (2.13)
gm
onde Cgs é capacidade porta-fonte e Q um factor dependente da geometria do TEC e das suas
condições de polarização. As duas fontes de corrente ing e ind provêm da mesma tensão de ruído do
canal, sendo portanto de esperar uma correlação entre elas. A correlação é um imaginário puro pois
ing é causada pelo acoplamento capacitivo entre o circuito da porta e as fontes de ruído do canal.
i nd i *ng
corc = jC = (2.14)
i 2nd i 2ng
onde C é o coeficiente de correlação entre as duas fontes de ruído e i ndi*ng = j4KTo ∆fωCgs V (V é
um factor dependente da polarização). Para o TEC extrínseco, as fontes de corrente dos elementos
parasitas Rg, Rs e Rd podem ser expressas como:
0,5µm e largura de 200µm polarizado na zona de saturação são: P=1,1, Q=0,5 e C=0,9 [2.13].
O valor mínimo do factor de ruído, Fopt, do TEC intrínseco pode ser expresso por:
2
f P f
Fopt = 1 + 2 PQ(1 − C ) 2
+ 2g m R i P 1 − C (2.16)
fT Q fT
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2.10 Capítulo 2
onde fT=gm/(2πCgs). As resistências parasitas da porta, fonte e dreno geram elas próprias ruído
térmico e portanto aumentam consideravelmente o mínimo do factor de ruído.
IDS
VGS=0V
0.9IDSS B
VGS=-1V
C
0.5IDSS
A D
0.15IDSS VGS=-2V
3 8 VDS(V)
Figura 2.6 - Características de saída típicas de FET de GaAs. Ponto A é para baixo ruído, B para
ganho elevado, C para classe A e D para classe B ou AB
1
- IDSS é, tal como nos MOSFETs de deplecção, o valor da corrente de dreno obtida na saturação com VGS=0
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Capítulo 2 2.11
depleção) e se ligar VD deixando a porta em aberto a corrente ID pode tomar valores muito
elevados). Esta configuração apresenta uma baixa indutância na fonte, e portanto maior ganho e
menor factor de ruído. Os circuitos da figura 2.7b-c) têm só um tipo de fontes (positivas ou
negativas).
+VS
-VG +VD +VD
a) b)
Choke
Choke Choke Choke
Choke Rs
-VS
-VG +VD
c) d)
+VD
-VG
Choke Choke
λ/4 λ/4
Rs
-VG
e) f)
Figura 2.7 - (a) a (f) Circuitos básicos de polarização de TECs
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2.12 Capítulo 2
fontes a protecção pode ser feita usando um circuito RC com uma constante de tempo grande na
fonte positiva e outro com constante de tempo pequena na fonte negativa.
As bobinas de bloqueio nos circuitos com parâmetros distribuídos são substituídos por
linhas de alta impedância de comprimento l=λ/4 em curto-circuito (figura 2.7f).
Para além dos circuitos de polarização passivos, podem-se usar circuitos activos como o da
figura 2.8. Na figura 2.8 o PFR é controlado por RB2 e RE. RB2 é ajustado de modo a obter o valor de
VDS pretendido e RE de modo a obter ID.
VDD
RE Choke Co
RB1
vo
TPOL Ci
TRF
vi
RB2
RC Choke
CB
RC2
RC1
VEE
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Capítulo 2 2.13
Pretende-se dimensionar uma malha de polarização activa para um TECMES (IDSS=80mA,
VDD=10V, VEE=-5V).
2.2.1 - Introdução
Este parágrafo foca a sua atenção, somente nos aspectos relevantes do funcionamento deste
dispositivo, para o projecto de circuitos de alta-frequência. A figura 2.9 mostra, de forma
simplificada, um transístor MOS de canal n. O nome da estrutura deve-se à sobreposição da camada
de poly, que funciona como metal, óxido fino e substrato semicondutor, na área activa do transístor.
A largura e o comprimento são dados pelas dimensões W e L da porta (G-gate), respectivamente. A
distância entre os implantes n+ de dreno (D-drain) e fonte (S-source), definem o comprimento
efectivo, Leff, do canal. A polarização do substrato (B-body) é feita pelo implante p+.
G
W
D,S S,D
n+ n+
L
Substrato p
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2.14 Capítulo 2
O óxido fino serve para isolar a porta do substrato semicondutor. Ao aplicar na porta uma
tensão VGS, os electrões são atraídos para uma zona imediatamente por baixo do óxido fino da
porta. Forma-se uma película fina do tipo n, denominada camada de inversão, dada a sua polaridade
invertida em relação à do substrato do tipo p. A camada de inversão forma um canal n, que
possibilita a passagem de corrente entre os terminais dreno e fonte. O transístor assim constituído é
um MOS de enriquecimento de canal n.
A camada de inversão faz com que seja possível haver corrente no canal, ao aplicar uma
tensão VDS entre os terminais dreno e fonte. Essa corrente só é significativa quando a tensão VGS
estiver acima da tensão de limiar Vt (threshold voltage). Enquanto VGS não excede Vt em algumas
centenas de mV, o transístor está na zona de fraca inversão, e a corrente depende exponencialmente
de VGS. A tensão Vt depende da tensão VBS, entre o substrato e o terminal fonte (efeito de corpo) e
das características da tecnologia.
A tensão entre o canal e o substrato distribui-se ao longo do canal, sendo nula junto ao
terminal de fonte e valendo VDS junto ao terminal de dreno. Então, perto da fonte o canal está
sujeito a uma tensão VGS−0 e perto do dreno o canal passa a estar sujeito a uma tensão VGS−VDS. A
tensão aplicada ao canal decai entre a fonte e o dreno pelo que a espessura do canal reduz-se entre
estes terminais.
Se a tensão VDS for baixa em relação a VGS, a tensão aplicada entre a porta e o canal é quase
constante ao longo deste. O canal tem uma espessura quase constante pelo que o transístor MOS
funciona como uma resistência, controlada pela tensão de porta. Sob estas condições a corrente de
dreno, ID, varia linearmente com a tensão VDS pelo que o transístor está na zona linear ou de tríodo.
Ao aumentar a tensão VDS, o canal estreita junto do dreno (pinch-off), pelo que a resistência
do canal aumente com VDS. Quando VDS for tal que VGS−VDS=Vt, a tensão no canal, perto do dreno
vale Vt. Nesse ponto, o canal estrangula e, a corrente ID deixa de aumentar, dizendo-se que o
transístor está na zona de saturação de corrente.
A partir da análise simplificada de um transístor MOS de canal comprido [2.14] chegam-se a
equações para a corrente de dreno para as várias zonas de operação e que permitem uma primeira
aproximação num projecto com estes dispositivos. Se a tensão estiver abaixo da tensão de limiar, a
corrente é considerada nula (corte). Se a tensão de porta for superior a esta tensão, o transístor está à
condução, podendo estar na zona de saturação de corrente ou na zona linear, consoante o valor de
VDS em relação a VGS-Vt. Assim, para VDS< VGS-Vt (zona linear) a corrente de dreno, ID, é dada por:
W 1
ID = k (VGS − Vt )VDS − VDS2 (2.17)
L 2
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Capítulo 2 2.15
Em que k=µCOX. Por sua vez, µ é a mobilidade dos portadores no canal e COX é a capacidade do
óxido fino, por unidade de área.
A partir VDS≥ VGS-Vt, a corrente passa a ser praticamente constante. Para obter a corrente
nesta zona, substitui-se VDS por VGS-Vt em (2.17),vindo:
1 W
ID = k (VGS − Vt )2 (2.18)
2 L
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2.16 Capítulo 2
canal comprido LP canal curto
n+ n+ n+ n+
E E
Para uma determinada tensão fixa VDS, a redução do comprimento do canal conduz a um
aumento do campo eléctrico ao longo do canal. Quando o campo eléctrico ao longo do canal de um
transístor MOS é suficientemente elevado (cerca de 1.5MV/m, ou seja 1.5V numa tecnologia de
1µm), a velocidade dos portadores deixa de aumentar com o seu valor. Esta saturação da velocidade
dos portadores faz com que a dependência da corrente de dreno com a tensão de porta deixe de ser
quadrática (MOS de canal comprido) e passe a ser linear (MOS de canal curto), para correntes
elevadas de dreno.
Outro efeito que se faz notar mais nos transístores de canal curto é a influência das zonas de
depleção das junções de dreno e fonte na formação do canal. A camada de inversão é formada a
partir da zona de depleção causada pela tensão de porta e também pelas zonas de depleção das
junções dreno e fonte. Dado que a zona de depleção da junção de dreno depende da tensão VDS
aplicada, a formação do canal, ou seja Vt, depende de VDS. Se o comprimento do canal for bastante
superior à dimensão da zona de depleção do dreno (canal comprido), resulta que Vt é quase
independente de VDS, variando apenas com VBS. Para comprimentos de canal muito pequenos, a
dependência da tensão Vt com VDS é significativa, enquanto a sua dependência com VBS se reduz
devido à menor porção de canal sob a influência da porta e do substrato.
O outro fenómeno apreciável nos transístores de canal curto é a variação do comprimento do
canal com a tensão de dreno. Quando o transístor está a operar na zona de saturação de corrente, o
canal está estrangulado junto da junção de dreno. Esse estrangulamento conduz a uma redução, LP,
no comprimento do canal, que é variável com a tensão VDS. Nos transístores de canal comprido essa
variação LP é insignificante face ao comprimento do canal, resultando numa corrente ID menos
dependente de VDS. Nos transístores de canal curto essa variação de comprimento é significativa,
tendo a corrente IDS uma dependência apreciável com VDS.
B
Figura 2.11 - Modelo em sinais fortes de um transístor MOS.
A evolução dos modelos dos transístores MOS tem sido motivada quer pela evolução das
tecnologias MOS quer pelas exigências a nível de simulação eléctrica. A evolução das tecnologias
deve-se essencialmente à redução do comprimento do canal dos MOS, enquanto as simulações
eléctricas têm como objectivo a previsão com rigor das características de circuito com
complexidade crescente.
As principais modificações nos modelos MOS têm-se verificado ao nível da modelação da
corrente ID, que conforme foi salientado anteriormente tem uma lei de variação dependente do
comprimento do canal. Para contemplar todos os efeitos do encurtamento do canal, nos modelos
mais recentes, tem se verificado um incremento dos parâmetros empíricos em detrimento dos físicos
(por exemplo no modelo nível 2 e 3 cerca de metade dos parâmetros são físicos, enquanto no
modelo nível 39, ou BSIM2 (Berkley Short-channel IGFET Model), apenas 7% dos parâmetros são
físicos) [2.15].
As características de sinal fraco, gm=(diDS/dvGS)|vDS=cte. e gds=(diDS/dvDS)|vGS=cte., geradas
pelo modelo não podem ter descontinuidades nas derivadas, tal como sucede com os transístores
reais. Essas descontinuidades que surgem nalguns modelos provocam problemas de convergência e
até mesmo soluções, nessas zonas, que não correspondem à realidade. Também importante, é o
comportamento das características, que mesmo tendo derivadas contínuas podem conduzir a
soluções sem sentido como, como por exemplo, gds negativo.
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2.18 Capítulo 2
2.3.1 - Introdução
O princípio básico de funcionamento de um transístor de junção bipolar para microondas é
aproximadamente o mesmo dos transístores de baixa frequência, sendo no entanto necessário ter
mais cuidado nalgumas características que limitam o desempenho na frequência, tais como a largura
do emissor, a distância entre os contactos do emissor e da base e a área do colector (figura 2.12).
B E C
Metalização
n Camada Epitaxial
n+ Substrato de Si
Na banda de frequências abaixo dos 5GHz, os TJBs de Silício continuam a ser preferíveis face aos
de efeito de campo excepto no que diz respeito à concretização de amplificadores híbridos de muito
baixo factor de ruído. Uma vez que a tecnologia do Silício está mais madura e tem custos de
produção menores, em relação aos circuitos monolíticos, a possibilidade de integrar transístores
bipolares com transístores MOS (tecnologia BICMOS) torna-os particularmente atractivos para
frequências até 2GHz em aplicações multi-função. O ganho que se pode obter com um TJB é maior
do que com um TEC devido a maior transcondutância, gm, que estes apresentam. A frequência
máxima de oscilação é inversamente proporcional à largura do emissor e à distância entre os
contactos do emissor e da base. A maioria dos transístores de junção bipolares para microondas são
feitos em tecnologia planar e são npn.
Re Co
Le
O modelo de sinais fortes, para o transístor de junção bipolar intrínseco, implementado nos
simuladores de circuitos, é o modelo de Gummel-Poon (figura 2.14). Esse modelo, ao contrário do
que aconteceu com os primeiros modelos dos TECMES e dos MOSFET, continua a ser capaz de
descrever correctamente o funcionamento dos dispositivos, mesmo quando estes têm dimensões
muito pequenas (fTs elevadas).
C B E
Rc Rbb' Re
B´
Substrato
A outra fonte de ruído é a fonte de ruído "shot" cuja origem são as flutuações nas correntes de
polarização da base e do colector, que podem ser expressas como fontes de corrente de ruído na
entrada e na saída:
i nb 2 = 2qI b ∆f (2.21)
i nc 2 = 2qI c ∆f (2.22)
onde q é a carga do electrão. Estas três fontes de corrente não são correlacionadas, isto é
onde
h = 0.04I C R (f / fT ) 2 (2.24)
bb ′
i nc 2 = 2 KT0gm∆f (2.25)
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Capítulo 2 2.21
RB2 na realimentação, permite usar resistências de menor valor o que é mais conveniente do ponto
de vista de integração.
RB2 RB1 RC
VCC
RB RC VCC
RB
Choke
Choke
Choke Choke
-
a) b)
Figura 2.15 - a) e b) Circuitos passivos para polarização de TJBs
. −3
I C 1510
IB = = = 0,3mA
βF 50
VCE − VBE 10 − 1
RB = = = 30KΩ
IB . −3
0,310
VCC − VCE 30 − 10
RC = = = 1,3KΩ
IC + IB . − 3 + 0,310
1510 . −3
Solução 2 : Malha passiva com realimentação de tensão e corrente de base constante (fig. 2.10b)
VBB − VBE 3−1
RB = = = 6,67 KΩ
IB . −3
0,310
VCE − VBB 10 − 3
R B1 = = = 3,89KΩ
I BB + IB 1,5.10 −3 + 0,3.10−3
VBB 3
R B2 = = = 2 KΩ
. −3
I BB 1,510
VCC − VCE 30 − 10
RC = = , KΩ
= 119
. − 3 + 1,510
I C + I BB + I B 1510 . − 3 .0,310
. −3
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2.22 Capítulo 2
No entanto, quando variação do ganho de corrente em dc (βf) é muito elevada, a
compensação deve ser feita através de um circuito activo. O circuito de polarização activo estabiliza
melhor o PFR pelo que é aconselhado em amplificadores de potência e em amplificadores de baixo
nível de ruído. Na figura 2.16 apresenta-se um circuito de polarização activa típico. O PFR pode ser
seleccionado por ajuste das resistências RB1 e RE.
vo
vi TRF
C ho ke C ho ke
RC
TPOL
R B2
R B1 RE
V CC
PROBLEMAS
2.2 - O TJB de Si tem os seguintes parâmetros: VBE=1V, βF=50. Sabendo que Vcc=15V e VBB=2V,
dimensione para obter o PFR (IC=5mA, VCE=10V):
a) A malha de polarização usando realimentação em tensão (fig.2.15a).
b) A malha de polarização usando realimentação em tensão e corrente de base constante (fig.2.15b).
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Capítulo 2 2.23
c) A malha de polarização usando resistência de emissor contornada.
2.3 - Um TECMES de GaAs tem os seguintes parâmetros: IDSS=50mA, VP=-3V. Para obter
ID=2,25mA, calcule:
a) A tensão porta-fonte VGS.
b) A resistência de fonte RS.
2.4 - Dimensione as resistências da malha de polarização activa do circuito da fig 2.8 para que o
PFR seja VDS=2,5V, ID=20mA. Considere VDD=10V, VEE=-5V, IDSS=30mA, VP=-1,2V. O TBF tem
βF=100 e VBE=0,7V.
2.5 - Dimensione as resistências da malha de polarização activa do circuito da fig 2.16 para que o
PFR seja VcE=8V, IC=15mA. Considere VCC=15V. O TPOL tem βF=100 e VBE=0,7V e o TRF tem
βF=50 e VBE=1V.
REFERÊNCIAS:
[2.1] - T. Furutsuka, T. Tsuji, F. Hasegawa, "Improvement of the Drain Breakdown Voltage of
GaAs Power MESFET's by a Simple Recess Structure", IEEE Trans, Electron Devices,
ED-25. no.6, 563-567, 1978.
[2.2] - Maria João Rosário, Projecto Assistido por Computador de Misturadores com TECMES
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