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OSHO
“Sejam como dois pilares que sustentam o mesmo teto. Esse teto é o amor."
Khalil Gibram
O Outro Dentro de Você - Nada machuca mais do que quando um sonho é esmagado,
uma esperança morre, o futuro se torna escuro. A frustração representa uma parte
muito valiosa no crescimento espiritual. A nova psicologia está baseada nas
experiências da escola mais antiga, tantra. Qualquer um que seja dependente de
alguém, odeia essa pessoa.
Ciúme - Quando há atração sexual e o ciúme entra é porque não há amor. Há medo,
porque o sexo é uma exploração. O medo se torna ciúme. Não se pode amar alguém
não-livre, pois o amor só existe se dado livremente, quando não é exigido, forçado e
tomado. Quanto mais controlamos, mais "matamos" o outro. As causas do ciúme
estão dentro de nós; fora estão só as desculpas. O amor não pode ser ciumento. Ele é
sempre confiante. Confiança não pode ser forçada. Se ela existir, segue-se por ela.
Senão, é melhor separar, para evitar danos e destruição e poder amar outra pessoa.
Quando amamos alguém,confiamos que não quererá outro. Se quiser, não há amor e
nada pode ser feito. Só através do outro tornamo-nos conscientes de nosso próprio ser.
Só num profundo relacionar-se o amor de alguém ressoa e mostra sua profundidade:
assim nos descobrimos. Outra forma de autodescoberta, sem o outro, é a meditação.
Só há dois caminhos para chegar ao divino: meditação e amor.
Do Sexo ao Samadhi - Só temos uma energia que, no mais baixo, é sexual. Refinada,
transforma-se pela alquimia da meditação e torna-se amor ou oração. O sexo é o
fenômeno mais importante da vida. É natural, não exige preocupação. Repressão é
esconder energias impedindo sua manifestação e transformação. Até hoje nenhuma
sociedade encarou o sexo naturalmente. O sexo revela que somos dependentes. As
pessoas egoístas são contra o sexo (?) Nele sempre há o risco de rejeição. Nele nos
tornamos animais, porque naturais. Quando aceitamos o passado, o futuro se torna
uma abertura. O tantra usa o ato sexual rumo à integridade, se nos movermos nele
meditativamente, sem controle, com loucura, sem tempo, sem ego,naturalmente.
Tantra é um longo caminho do sexo ao samadi. Samadi é o supremo gol; sexo é só o
primeiro passe. Uma pessoa se torna Buda quando o sexo é transformado em Samadi.
É bom mover-se no sexo, mas permanecer observador. A meditação é a experiência do
sexo sem sexo. O sexo é um fim em si mesmo e no presente. Sem amor o ato sexual é
apressado. Sem pressa, estando no presente, caminha-se para a comunhão, a entrega,
a espiritualidade, o relaxamento, o fluir, a fusão, o êxtase, o Samadi. Não há
necessidade de ejaculação. Quanto mais observamos, mais nossos olhos são capazes de
ver, mais são perceptivos. "O homem e a mulher são dois pólos diferentes, o polo
positivo e negativo da energia. Seu encontro provoca um circuito e produz um tipo de
eletricidade. O conhecimento dessa eletricidade é possível se o período de cópula puder
ser mantido por um período mais longo. Então uma alta carga, produzindo uma
auréola de eletricidade evoluirá por si mesma. Se as correntes dos corpos estiverem
num abraço total e completo, pode-se até mesmo ver um lampejo de luz na escuridão."
Casamento - Ninguém nasce para o outro. Amor e liberdade andam juntos. Ela é
uma expressão do amor. "Dar" liberdade é confiar. O crescimento precisa de liberdade.
De todas as artes, o amor é a mais sutil e precisa ser aprendida. Amor é felicidade,
harmonia, saúde. Um grande amante está sempre pronto a dar amor e não está
preocupado se vai receber de volta ou não. O amor tem sua própria felicidade
intrínseca. Quanto mais amamos, maior a possibilidade da pessoa certa acontecer,
porque o coração floresce. O amor real nos deixa felizes e harmônicos pela simples
presença do outro. Amor é eternidade. Se estiver presente, cresce. Ele conhece o início,
mas não o fim. Duas pessoas infelizes que se unem multiplicam sua infelicidade.
Amizade e Ser Amigo - Love vem do sânscrito lohba, avareza. A amizade pertence ao
templo e não à loja. Devemos ser amigáveis com todos: pessoas, animais, plantas e
não criar amizades, necessariamente. Amizade é amor sem caráter biológico. As
pessoas iluminadas têm mais inimigos do que as não-iluminadas, pois os cegos não
perdoam quem enxerga e os ignorantes não perdoam quem sabe. Ser amigável,
amoroso, autêntico, inocente sem causa é suficiente para disparar muitos egos contra
si.
Meditação e Amor - Quem quiser harmonia no amor precisa aprender a ser mais
meditativo. O amor sozinho é cego, quem enxerga é a meditação. É bom substituir
brigas por entendimento. Os conflitos existem por falta de compreensão. As palavras
medicina e meditação têm a mesma raiz. A medicina cura o corpo, a matéria e a
meditação cura a alma, o espírito. O amor é uma meditação e ela desabrocha no
amor. Meditação é um estado de bênção, não-pensamento, serenidade e silêncio. É
autodescoberta e a necessidade de compartilhar: o amor. Meditação é um estado de
não-mente, de pura consciência. É preciso aprender o truque de não nos envolvermos
com a mente, a arte de permanecermos indiferentes. Maturidade é conhecer algo em
nós que é imortal: a meditação, que conhece Deus. A mente conhece o mundo, fica
obcecada pelas nuvens, que vão e vêm. A meditação busca o céu, que é permanente.
Devemos buscar o céu interior. A meditação pode se tornar eternidade, é relaxamento
em si, é um estado de não-vontade, de não-ação, de espontaneidade indisciplinada,
sem direção, controle ou manipulação. Ela não tem meta, está no presente, é
imediatismo. Quem medita torna-se silencioso, tranquilo, pois a meditação traz paz.
É a árvore que cresce sem semente, pois é mágica, misteriosa. Quem abandona o
passado é meditativo. Na meditação vive-se o momento, nada interfere e a atenção é
total, porque não há distração; só consciência. Quem medita encontra o amor, pois a
meditação nos torna amorosos e o amor nos torna meditativos.
Amor e Compromisso - Quando amamos alguém não admitimos que o amor possa
acabar e, se ele existe, não há necessidade de arranjo legal. O casamento é necessário
porque não há amor. Amor é a fragrância de um coração meditativo, silencioso e
tranquilo; luxúria é paixão cega. Não há como melhorar o amor. Se é ele, é perfeito.
Se não for perfeito, não é amor. Quem quer conhecer o amor, deve meditar. Só os
místicos o conhecem. Ele é um dos muitos atributos de Deus, que também é
compaixão, perdão, sabedoria etc. Quem está centrado, é meditativo. O amor é uma
alegria transbordante, um estado do ser. O medo é o oposto do amor. O ódio é o amor
invertido. No amor nos abrimos, confiamos, expandimos. No medo nos fechamos,
duvidamos, encolhemos.
Ame a Si Mesmo - Para amar é preciso conhecer. Daí que a meditação é primária e o
amor, secundário. Como o Sol irradia luz sem foco, a meditação irradia amor sem
foco. Amar a si próprio é meditação, é ser autêntico, aceitar-se com é. Isso é oração, é
gratidão. O amor começa com o amor próprio, com a aceitação de si, de tudo e de
todos. A aceitação cria o ambiente onde o amor desabrocha. Também a confiança
começa na autoconfiança, que é independência. Quem é independente, aprende,
amadurece e se transforma com as mudanças. O amor é o fenômeno mais mutante da
vida: é como uma flor que se abre a cada manhã. Só os independentes podem amar e
ser amados.
Diante de um problema o que mais importa é saber exatamente qual é problema e
não sua solução.
Uma Nova Dimensão de Amor - O amor é mais verdadeiro e autêntico do que nós.
Todo caso de amor é um novo nascimento. O ego é como a escuridão, mas quando
chega a luz do amor, a escuridão se vai. As escolhas devem ser pelo real, pior e
doloroso e não pelo confortável, conveniente e burguês. O amor nos tira do ego, do
passado e do padrão e por isso parece confusão. Ficar louco de vez em quando é
necessidade básica para permanecer são. Quando a loucura é consciente, pode-se
voltar. Todos os místicos são loucos. O amor é alquimia porque primeiro tira o ego e
depois dá o centro. Amar é difícil, mas receber amor é quase impossível, porque a
transformação é maior e o ego desaparece. É o anseio pelo divino que impede que
qualquer relacionamento satisfaça. As pessoas mais criativas são as mais insatisfeitas
porque sabem que muito mais é possível e não está acontecendo. Amor 1: é orientado
a um objeto. Amor 2: ele transborda, não é orientado por um objeto. É uma amizade
que enriquece a alma. Amor 3: sujeito e objeto desaparecem: a pessoa é amor.