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MODELOS DE APRENDIZAGEM E GESTÃO DO CONHECIMENTO

APOSTILA DE ESTUDO
Autor: Cícero Caiçara Junior

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 1


Aula 1
Apresentação da disciplina

A disciplina Modelos de Aprendizagem e Gestão do Conhecimento,

aborda apectos relacionados aos processos de Treinamento e

Desenvolvimento de pessoas, bem como todo gerenciamento do

conhecimento existente na organização. O conceito principal é focado no

processo de aprendizagem individual e organizacional. Os Modelos de

Aprendizagem são caracterizados com detalhes e as diversas escolas de

aprendizagem são estudadas abrangendo suas teorias, autores e aplicações

nos processos de treinamento e desenvolvimento de pessoas nas

organizações. Todo o estudo é adequado à educação de adultos, tendo

como base teórica os conceitos e pressupostos da andragogia. Abrange

ainda, a Gestão do Conhecimento e todos os conceitos relacionados a essa

recente área de estudo, procurando especificar as diversas fases do

processo de implantação, desde a identificação dos conhecimentos interno

e externo existentes, seu armazenamento, transferência e disseminação.

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Gestão de Pessoas

A gestão de pessoas abrange o estudo de diversos processos

relacionados ao capital humano. A figura a seguir, apresenta os principais

processos e destaca o processo de desenvolvimento de pessoas:

Fonte: Adaptado de Chiavenato

Processo de Desenvolvimento de Pessoas

“Desenvolva as pessoas e elas desenvolverão a organização”, afirma

Chiavenato (2009). O mesmo autor divide o processo de desenvolvimento

em três subsistemas: Treinamento, Desenvolvimento de recursos humanos e

Desenvolvimento organizacional:

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 Treinamento: envolve o diagnóstico e toda a programação da

preparação e reciclagem contínua dos recursos humanos da

organização, objetivando desempenho dos cargos existentes.

 Desenvolveimento de recursos humanos: contempla o

aprimoramento a médio e longo prazo das pessoas da organização,

objetivando a contínua realização do potencial existente em posições

mais elevadas.

 Desenvolvimento Organizacional: contempla aplicação de

estratégias de mudança visando à saúde e excelência organizacional.

Aprender a Aprender

Antes de ler o próximo parágrafo, tente definir o que significa


Aprender a Aprender:

Aprender a aprender significa desenvolver, intencionalmente, a

capacidade de acrescentar novos conhecimentos àquilo que já é sabido. É

recomendada a leitura do portal de educação, disponível no endereço

eletrônico http://eaprender.ig.com.br

Métodos de Aprendizagem – Pesquisa William Glasser

O psicólogo americano William Glasser, afirma em um de seus

principais trabalhos, que o ser humano aprende 95% do que ensina para

outra pessoa. Isso está bastante relacionado ao aspecto motivacional.

Observe a seguir os resultados obtidos por Glasser, em relação aos diversos

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métodos de aprendizagem e os respectivos percentuais de retenção do

conteúdo:

 10% do que lemos

 20% do que escutamos

 30% do que vemos

 50% do que vemos e escutamos

 70% do que discutimos com outros

 80% do que experienciamos e usamos na prática

 95% do que elas ensinamos a outra pessoa

Analisando os dados acima, observamos que é recomendado utilizar

métodos de aprendizagem que favoreçam a discussão dos temas e a

experimentação prática. A maneira mais eficiente é utilizar o método de

ensinar a outra pessoa.

“We learn 10% of what we read, 20% of what we hear,

30% of what we see, 50% of what we both see and hear;

70% of what is discussed with others, 80% of what we

experience personally,and 95% of what we TEACH to

others. "

William Glasser

Conceitos de Aprendizagem

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Encontramos na literatura inúmeras conceituações do termo

Aprendizagem. A seguir, apresentaremos algumas definições que poderão

serão utilizadas para a construção de um conceito base para condução de

nossos trabalhos:

Aprendizagem é “uma modificação relativamente duradoura do

comportamento, através de treino, experiência e observação”, afirma

Falcão,2003.

Schimitz (1982), descreve aprendizagem como sendo "um processo

de aquisição e assimilação, mais ou menos consciente, de novos padrões e

novas formas de perceber, ser, pensar e agir".

Para a Wikipedia, “aprendizagem é um processo integrado que

provoca uma transformação qualitativa na estrutura mental daquele que

aprende. Essa transformação se dá através da alteração de conduta de um

indivíduo, seja por condicionamento operante, experiência ou ambos,de

uma forma razoavelmente permanente. As informações podem ser

absorvidas através de técnicas de ensino ou até pela simples aquisição de

hábitos.”

Chiavenato (2009), afirma que “aprendizagem é um processo pelo

qual as pessoas adquirem conhecimentos a respeito do seu ambiente e de

suas relações ao longo de suas vidas”. Complementa ainda, que é “uma

mudança ou alteração permanente no comportamento em função de

experiência passa de cada indivíduo.”

Portanto, a partir deste ponto, nossa definição de aprendizagem

contemplará: - um processo mental que busca a mudança de

comportamento de um inivíduo e que pode ser obtida através da

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experiência e da prática, formada por condicionantes emocionais,

neurológicas, relacionais e ambientais.

Tipos de Aprendizagem

Podemos distinguir três tipos distintos de aprendizagem: cognitiva,

afetiva e motora. Tais aspectos afetam a modificação ou não de

comportamento e podem ser representados através de pensamentos,

sentimentos e ações. Um indivíduo deve pensar, sentir e agir.

 Aprendizagem cognitiva: consiste no armazenamento organizado

de informações na mente do indivíduo. Envolve a estrutura cognitiva.

 Aprendizagem afetiva: resulta de sinais internos ao indivíduo e

pode ser identificada com experiências tais como prazer ou dor,

satisfação ou descontentamento, motivação ou desmotivação, por

exemplo.

 Aprendizagem motora: envolve respostas musculares adquiridas

por meio de treino e prática. Como resulta em ações, é possível

observar e quantificar.

A pessoa, na verdade, é um todo cognitivo-afetivo-motor, e a

modificação em um dos aspectos afeta os demais (Falcão,2003). De tal

sorte, que podemos afirmar que a aprendizagem é global, mesmo que

quase sempre há predominância de um dos aspectos.

Ensino X Aprendizado

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Ensino é a criação de condições adequadas para o aprendizado,

utilizando diferentes formas de informação, exercícios, tarefas etc.

Aprendizado é o processo mental que leva ao conhecimento.

Questões para reflexão

1- Há aprendizado sem ensino?

2- Há ensino sem aprendizado?

Chiavenato (2009) propõe uma comparação entre as características do

ensino convencional e do ensino inovador. Observe o quadro a seguir:

Características Ensino Ensino inovador

convencional
Formação educacional É desvinculada da Relacionada com a
atividade profissional atividade profissional
Programas São Coordenados e/ou
educacionais compratimentados e integrados
independentes
Esquema de ensino- Rígido Flexível
metodologia didática-
programação curricular
Tempo de Fixo Variável
aprendizagem
Resultado de Variável Fixo
aprendizagem
Agente ativo Professor Aluno
Atitude do aluno Passiva Ativa
Técnica didática Expositiva Auto-instrução
predominante
Papel do professor Principal fonte de Orienta o aluno na
informações obtenção, análise,
avaliação e síntese
das informações
Homem aceito como Recpetor de Processador de
informações informação
Material instrucional Limitao ao professor e Total diversificação:
ao livro livro, instrução
programada,
dispositivos,
videoteipes, filmes,
computador,

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multimídia, vídeo-
reuniões
Fonte : Chiavenato, Idalberto. Treinamento e desenvolvimento de recursos
humanos: como incrementar talentos na empresa – 7.ed ver. E atual. Pág.31

Papel do cérebro na aprendizagem

Recentes pesquisas sobre o funcionamento do cérebro, indicam que

sua estrutura cognitiva influencia sobremaneira no processo de aprender e

de armazenar na memória , tudo o que estudamos.

Em um estudo sobre a neurologia do cérebro, realizado pela

pesquisadora Dulce Consuelo R. Soares, ao longo da história, vários

pesquisadores se perguntavam como o homem aprendia e como o cérebro

funcionava para aprender. Para Aristóteles, o cérebro só servia para resfriar

o sangue. Os egípcios guardavam em vasos as vísceras e jogavam o cérebro

fora, pois não tinha serventia. Os assírios acreditavam que o centro do

pensamento estava no fígado. Hipócrates demonstra que o cérebro se

divide em dois hemisférios e que neles estão todas as funções biológicas e

da mente, assim surge a Medicina Moderna. A necessidade de

conhecimento sobre o sistema nervoso cresceu fantasticamente nas últimas

décadas. Esta demanda levou a OMS – Organização Mudial de Saúde, a

eleger os anos 90 como a Década do Cérebro.

Hoje é possível afirmar que não existem duas pessoas que aprendam

do mesmo jeito na mesma velocidade. “Uma vez que a aprendizagem

produz mudanças no cérebro, quanto mais uma pessoa aprende, mais

diferenciado torna-se o cérebro.” (Wolynec, 2004)

Papel da memória na aprendizagem

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A memória se caracteriza por um processo cognitivo e é

extremamento importante para o processo de aprendizagem. É na memória

que retemos o conhecimento adquirido e tudo que aprendemos. Consiste na

capacidade de armazenar e recuperar informações. Podemos distinguir 3

tipos principais de memória: sensorial, curto prazo e longo prazo.

 Memória sensorial - memória que mantém a informação

armazenada em curtíssimos instantes de tempo, ao nível de órgãos

sensoriais. Esse tipo de memória não armazena informações, porém é

fundamental para o início do processo de armazenamento.

 Memória de curto prazo – memória que armazena informações

captadas pela memória sensorial. Porém, este armazenamento

permanece ativo por um período pequeno de tempo, em torno de 30

a 60 segundos.

 Memória a longo prazo – memória que recebe as informações da

memória de curto prazo e as codifica. Essa memória armazena

informações de forma permanente, em função de sua oportunidade e

significado.

Frases sobre aprendizagem

“Sabem o suficiente aqueles que sabem como aprender”

Henry Brooks Adams

“O que eu ouço eu esqueço. O que eu vejo eu embro. O que eu faço eu


aprendo”

Confúcio

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“A verdadeira aprendizagem chega ao coração do que significa ser humano.
Através da aprendizagem, nos recriamos. Através da aprendizagem
tornamo-nos capazes de fazer algo que nunca fomos capazes de fazer.
Através da aprendizagem percebemos novamente o mundo e nossa relação
com ele. Através da aprendizagem ampliamos nossa capacidade de criar, de
fazer parte do processo gerativo da vida”

Peter Senge

“Para uma atividade de aprendizagem, você deve concordar que quanto


mais relaxada, concentrada e receptiva a pessoa estiver, mais vai assimilar”

James Braid

“O único aprendizado que influencia significativamente o comportamento é


o auto-descoberto e o auto-apropriado. Somente quando o assunto é
percebido como relevante para os próprios fins da pessoa, ocorrerá um
volume significativo de aprendizado”

Carl Rogers

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Aula 2
Teorias de Aprendizagem

Podemos definir teoria como uma tentativa do ser humano para

sistematizar uma determinada área de conhecimento. Para tanto, uma

teoria apresenta características particulares de ver as coisas, de explicar e

de prever acontecimentos e da resolução de problemas.

O objetivo das teorias de aprendizagem consiste no reconhecimento

da dinâmica envolvida nos processos de ensinar e aprender. Sistematiza a

área de conhecimento chamada Aprendizagem. Envolvem o estudo da

evolução cognitiva do ser humano e explica a relação entre conhecimentos

pré-existentes e novos conhecimentos a serem adquiridos.

Modelos de Aprendizagem – Cognitivo X Comportamental

Utilizaremos o termo Modelo, para apresentar os principais

pensamentos filosóficos referentes a descrição de como ocorre a

aprendizagem no indivíduo. A partir de dois modelos, surgem as diversas

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escolas ou teorias de aprendizagem. São eles, o modelo cognitivo e o

modelo comportamental ou behaviorista.

O modelo cognitivo preocupa-se em explicar de que forma o cérebro

do indivíduo recebe e processa informações, e, como essa informação é

convertida em conhecimento, habilidades e valores.

O modelo comportamental, também chamado behaviorista, está

centrado no estudo dos comportamentos observáveis e mensuráveis do

indivíduo. Também foca as respostas que este indivíduo fornece quando

estimulado por variáveis externas. Por isso também são chamados de

teorias estímulo-resposta. Objetiva, portanto, observar a consequência.

Escolas de Aprendizagem

Basearemos nossos estudos em cinco escolas de aprendizado adulto,

são elas, as escolas comportamental, cognitiva, humanista, construtivista,

social e significativa. Cabe salientar que na literatura é possível encontrar

outras linhas de pensamento, porém em contetxos distintos da nossa

disciplina.

A seguir trataremos cada uma dessas escolas, apresentando suas

características, principais autores e aplicações comuns.

Escola comportamental

A Escola comportamental preconiza que, quando criamos um

ambiente e estímulos adequados, há a maximização do processo de

aprendizagem. Para tanto é possível utilizarmos um arcabouço enorme de

técnicas de ensino baseados nessa teoria. O enfoque comportamentalista é

amplamente discutido por teóricos como Watson, Pavlov, Guthrie, Skinner e

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Thorndike. Não leva em consideração o que ocorre dentro da mente do

indivíduo durante o processo de aprendizagem, pois o aprendiz é visto como

um objeto.

Escola cognitiva

A Escola cognitiva busca descrever como o indivíduo processa e

compreende a informação e como dá significado a mesma. Na abordagem

cognitivista o indivíduo é o sujeito do conhecimento e procura entender a

capacidade humana de conhecer e interpretar o mundo.

O trabalho mais representativo da abordagem cognitivista foi

desenvolvido por Jean Piaget, que ao observar crianças percebeu uma lógica

subjacente às suas ações, ou seja, uma estrutura que antecede ao

comportamento. Para Piaget as ações das crianças não se organizam de

forma aleatória, apresentam uma seriação, uma ordenação e uma

classificação. Sua teoria pressupõe estruturas cognitivas que são

assimiladas e acomodadas pelo sujeito. A assimilação é a incorporação dos

objetos aos esquemas de ação do sujeito e a acomodação consiste na

modificação de um esquema em outro, capaz de assimilar objetos

anteriormente assimilados.

Os teóricos mais representativos da escola cogniva são Piaget,

Bruner, Argyris e Schön.

Escola humanista

A idéia que norteia a teoria da Escola humanista baseia-se no

princípio do ensino centrado no aprendiz e acredita que todas as pessoas

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possuem habilidades a serem exploradas e podem contribuir para o

aperfeiçoamento do processo. Para tanto, deve ser dada ao aprendiz a

liberdade para aprender e o crescimento pessoal deve ser valorizado. O

aprendiz também deve ser encorajado a fazer perguntas novas, o que pode

estimular processos de inovação e de aprendizagem organizacional. Essa

escola também enfatiza que o melhor aprendizado acontece quando a

pessoa inteira (nas dimensões afetiva, cognitiva e psicomotora) está

envolvida. (Marquardt, 2005)

Os autores que melhor representam a escola humanista são Maslow,

Rogers e Knowles.

Escola construtivista

A escola construtivista parte do pressuposto que o indivíduo constrói seu

próprio conhecimento através da interação com o meio. Atribui que o conhecimento

e a aprendizagem dependem do contexto.

Para os construtivistas a forma ideal para ocorrer o aprendizado é através da

interação com o ambiente, utilizando uma abordagem baseada no problema e

centrada no aprendiz.

Os teóricos mais representativos da escola construtivista são Vigotsky, Weick

e Paulo Freire.

Escola social

A escola social enfatiza a natureza social da arendizagem, a

importância do contexto ou ambiente nos quais a aprednizagem ocorre e o

que fazem com que ela aconteça. Portanto, a aprendizagem requer

interação social e colaboração. (Marquardt,1955)

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Os teóricos mais representativos da escola social são Dewey,

Bandura, Lave e Wenger.

Escola Siginificativa

Para a escola significativa a aprendizagem é um processo por meio do

qual uma nova informação relaciona-se com um aspecto especificamente

relevante da estrutura de conhecimento do aprendiz. Ou seja, este processo

envolve a interação da nova informação com uma estrutura de

conhecimento especifica existente.

Para David Ausubel, autor da teoria da aprendizagem significativa, a

aprendizagem ocorre quando uma nova informação ancora-se em

conceitos ou proposições relevantes, pré existentes na estrutura cognitiva

do aprendiz.

Ausubel vê o armazenamento de informações no cérebro humano

como sendo organizado, formando uma hierarquia conceitual, na qual

elementos mais específicos de conhecimento são ligados (e assimilados) a

conceitos mais gerais. A partir desses conceitos (aqueles já adquiridos pelo

aprendiz) o conhecimento pode ser construído de modo a transformá-los em

novos conceitos facilitando a compreensão de novas informações, o que

proporciona um significado real ao conhecimento adquirido.

“...o fator isolado mais importante influenciando a

aprendizagem é aquilo que o aluno já sabe; determine isso e

ensine-o de acordo.” (David Ausubel)

Teoria da Aprendizagem e o Treinamento

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A teoria da aprendizagem pode e deve ser observada no momento da

condução e implementação de programas de treinamento e

desenvolvimento de pessoas. O texto a seguir foi extraído do livro Gestão

de Pessoas (Idalberto Chiavenato, 2004).

Aplicação da teoria da aprendizagem ao treinamento

O treinamento é uma forma de educação e deve utilizar os princípios

da teoria da aprendizagem, tanto no desenho como na implementação de

programas formais e informais de treinamento, a saber:

1- O treinando deve estar motivado a aprender.

A pessoa precisa ter vontade de aprender. A motivação influencia o

entusiasmo da pessoa para o treinamento, conquista sua atenção

para as atividades e reforça aquilo que é aprendido. A motivação para

aprender é influenciada pelas crenças e percepções dos treinandos.

Se o treinando percebe que o treinamento não dará em nada ou se

ele não estiver motivado, pouco se pode esperar de um programa de

treinamento.

2- O treinando deve estar capacitado para aprender.

A pessoa deve possuir certas aptidões para aprender assuntos mais

complexos. A capacidade de aprender é importante para que o

programa de treinamento possa ser compreendido, assimilado e

aplicado no trabalho.

3- A aprendizagem requer retroação e reforço.

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As pessoas aprendem melhor quando recebem reforço imediato do

seu novo comportamento. O aprendiz deve ser recompensado pelo

novo comportamento e essa recompensa deve satisfazer

necessidades, como salário, reconhecimento, desenvolvimento e

promoção. O aprendiz deve negociar e estabelecer padrões de

desempenho com seus superiores. Benchmarks para a aprendizagem

representam objetivos que dão um sentimento de conquista quando

são alcançados. Os padrões proporcionam uma medida para a

retroação significativa para o aprendiz.

4- Aplicação prática aumenta o desempenho de treinamento.

O pragmatismo é indispensável. Deve-se dar tempo para que o

aprendiz assimile o que foi aprendido, para aceitar e internalizar e

obter confiança no que foi aprendido. Isso requer prática e repetição

do material a aplicação prática do trabalho. O trabalho deve sofrer

mudanças pelo aprendizado de novas técnicas e habilidades.

5- O material de treinamento deve ser significativo.

O material deve ser aprendido em doses cada vez mais complexas. O

material deve ser oferecido para proporcionar uma aprendizagem

seqüencial (como casos, problemas, discussões e leituras) e deve

ajudar ao treinando como um processo eficiente de aprendizagem. Os

métodos de aprendizagem utilizados devem ser variados e

inovadores. É a chateza que corrói a aprendizagem e não a fadiga.

Todo método de treinamento deve ser significativo, agradável e

inovador.

6- O material deve ser comunicado com eficácia.

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No fundo, o treinamento é um processo de comunicação. A

comunicação deve ser feita de maneira integrada e abrangente para

garantir absorção e incorporação de novos assuntos, como

informação, habilidades, atitudes e conceitos.

7- O material de treinamento deve ser transferível para o

trabalho.

O treinando deve receber o treinamento mais próximo possível

de sua realidade de trabalho para que o material aprendido seja

aplicável imediatamente na prática.

Aula 3

Andragogia

Andragogia pode lhe parecer um termo “estranho”, porém é

completamente adequado ao ambiente organizacional. Refere-se a

educação de adultos. Em 1833, o professor alemão Alexander Kapp, utilizou

o termo andragogia, quando descreveu os elementos da Teoria de Educação

de Platão.

A educação de adultos não é uma prática inovadora, porém, poucas

empresas empregam as teorias da andragogia em seus programas de

treinamento e desenvolvimento de pessoas. Adultos possuem experiências

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de vida, as quais devem ser levadas em consideração no momento de seu

desenvolvimento profissional.

Malcom Knowles, é um dos precurssores em estudos relacionados a

andragogia. Em 1973, publica o livro "The Adult Learner - A Neglected

Species", quando define o termo como “a arte e a ciência de ajudar os

adultos a aprender”.

Pressupostos da Andragogia

Em 1926, o americano Eduard C. Lindeman, publicou o trabalho “The

Meaning of Adult Education". Tal trabalho, aborda um novo modelo de

aprendizagem denominado andragógico. Lindman identifica cinco

pressupostos-chave para a educação de adultos:

 Adultos são motivados a aprender , à medida em que experimentam

que suas necessidades e interesses serão satisfeitos.

 A orientação de aprendizagem do adulto está centrada na vida.

 A experiência é a mais rica fonte para o adulto aprender.

 Adultos têm uma profunda necessidade de serem autodirigidos

 As diferenças individuais entre pessoas cresce com a idade

Implicações da andragogia para aprendizagem

Com base em todos os conceitos e pressupostos da andragogia,


descritos anteriormente, podemos perceber algumas implicações relevantes
nos processos de aprendizagem, conforme listados a seguir:

• Busque tirar proveito da experiência acumulada dos adultos

• Proponha problemas, conhecimentos e situações sincronizadas com


a vida real

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• Justifique a necessidade e utilidade de cada conhecimento

• Envolva os treinandos no planejamento e na responsabilidade pela


aprendizagem

• Estimule e utilize motivação interna para a aprendizagem

• Facilite acesso, meios, tempo e oportunidade

Programação Neurolinguística - PNL

Richard Bandler e John Grinder , no início dos anos 70, nos EUA,

desenvolveram o conceito de Programação Neurolinguística ou PNL.

Richard Bandler, matemático e Bacharel em ciência da computação,

após iniciar seus estudos em psicologia, percebeu que quando se repetia

totalmente padrões pessoais de comportamento de inúmeros teraputas

inovadores de sua época, poderia conseguir resultados positivos similares

com outras pessoas. John Grinder, um professor de linguística , sempre

buscou revelar a gramática oculta do pensamento e da ação. Com base nos

conhecimentos de computação de Richard e dos conhecimentos de

linguística de John, formou-se a PNL. A primeira publicação sobre o tema,

ocorreu em 1975, através do livro “A Estrutura da Magia”.

A PNL permite entender como funciona a estrutura da experiência

subjetiva do ser humano e busca identifcar como definir, modificar ou

reproduzir comportamentos. Ou seja, a PNL possibilita facilitar o processo de

mudança de comportamento. Sendo assim, pode ser utilizada em

programas de treinamento e desenvolvimento de pessoas e em processos

de aprendizagem.

Bandler e Grinder demonstraram que a experiência humana, é fruto

da forma como vemos, ouvimos e sentimos as coisas, ou seja, do

pensamento. De tal sorte, que se conseguirmos aprender a pensar como

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outra pessoa, poderemos adquirir as mesmas habilidades e obter os

mesmos resultados dela.

A sigla PNL corresponde aos termos:

 Programação: relaciona-se à computação, ou seja, parte-se do

princípio que é possível “instalar” um plano ou estratégia, no

pensamento neurológico. É como se condicionássemos nosso cérebro,

para obtenção de um resultado específico.

 Neuro: refere-se ao sistema nervoso, por onde recebemos e

processamos informações. Recebemos através dos nossos cinco

sentidos: visual, táctil, auditivo, gustativo e olfativo.

 Linguística: refere-se às linguagens verbais e não verbais, por onde

as informações recebidas são codificadas e organizadas. Tais

linguagens incluem palavras, sons, imagens, sensações, sentimentos,

sabores e odores.

Pressupostos da PNL

Os Pressupostos básicos da PNL, de acordo com J.O'Connor/J.Seymour são:

 O mapa não é o território.

Nossos mapas mentais do mundo não são o mundo. Reagimos aos nossos

mapas em vez de reagir diretamente ao mundo. Mapas mentais,

especialmente sensações e interpretações, podem ser atualizados com mais

facilidade do que se pode mudar o mundo.

 As experiências possuem uma estrutura.

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Nossos pensamentos e recordações possuem um padrão. Quando mudamos

este padrão ou estrutura, nossa experiência muda automaticamente.

Podemos neutralizar lembranças desagradáveis e enriquecer outras que nos

serão úteis.

 Se uma pessoa pode fazer algo, todos podem aprender a fazê-

lo também.

Podemos aprender como é o mapa mental de um grande realizador e fazê-lo

nosso. Muita gente pensa que certas coisas são impossíveis, sem nunca ter

se disposto a fazê-las. Faça de conta que tudo é possível. Se existir um

limite físico ou ambiental, o mundo da experiência vai lhe mostrar isso.

 Corpo e mente são partes do mesmo sistema.

Nossos pensamentos afetam instantaneamente nossa tensão muscular,

respiração e sensações. Estes, por sua vez, afetam nossos pensamentos.

Quando aprendemos a mudar um deles, aprendemos a mudar o outro.

 As pessoas já possuem todos os recursos de que necessitam.

Imagens mentais, vozes interirores, sensações e sentimentos são os blocos

básicos de construção de todos os nossos recursos mentais e físicos.

Podemos usá-los para construir qualquer pensamento, sentimento ou

habilidade que desejarmos, colocando-os depois nas nossas vidas onde

quisermos ou mais precisarmos.

 É impossível NÃO se comunicar.

Estamos sempre nos comunicando, pelo menos não- verbalmente, e as

palavras são quase sempre a parte menos importante. Um suspiro, sorriso

ou olhar são formas de comunicação. Até nossos pensamentos são formas

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de nos comunicarmos conosco, e eles se revelam aos outros pelos nossos

olhos, tons de voz, atitudes e movimentos corporais.

 O significado da sua comunicação é a reação que você obtém.

Os outros recebem o que dizemos e fazemos através dos seus mapas

mentais do mundo. Quando alguém ouve algo diferente do que tivemos a

intenção de dizer, esta é a nossa chance de observarmos que comunicação

é o que se recebe. Observar como a nossa comunicação é recebida nos

permite ajustá-la, para que da próxima vez ela possa ser mais clara.

 Todo comportamento tem uma intenção positiva.

Todos os comportamentos nocivos, prejudiciais ou mesmo impensados

tiveram um propósito positivo originalmente. Gritar para ser reconhecido.

Agredir para se defender. Esconder-se para se sentir mais seguro. Em vez de

tolerar ou condenar essas ações, podemos separá-las da intenção positiva

daquela pessoa para que seja possível acrescentar novas opções mais

atualizadas e positivas a fim de satisfazer a mesma intenção.

 As pessoas sempre fazem a melhor escolha disponível para

elas.

Cada um de nós tem a sua própria e única história. Através dela

aprendemos o que querer e como querer, o que valorizar, e como valorizar,

o que aprender e como aprender. Esta é a nossa experiência. A partir dela,

devemos fazer todas as nossas opções, isto é, até que outras novas e

melhores sejam acrescentadas.

 Se o que você está fazendo não está funcionando, faça outra

coisa.

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Faça qualquer coisa. Se você sempre faz o que sempre fez, você sempre

conseguirá o que sempre conseguiu. Se você quer algo novo, faça algo

novo, especialmente quando existem tantas alternativas.

Aula 4
Ciclo de Kolb

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Chiavenato (2009, pág 144), afirma que “o conceito tradicional de

ensinar é diferente do conceito de aprender: ensina-se transmitindo

informações e aprende-se com vivência. No primeiro, usamos somente o

pensamento. No segundo, usamos os sentimentos e pensamentos.”

Em 1990, o psicólogo Americano David Kolb propõe o Ciclo de

Aprendizagem Vivencial, onde descreve quatro fases responsáveis pela

concretização do aprendizado a partir da experimentação. As fases são

Experiência Concreta, Observação Reflexiva, Conceituação Abstrata e

Experimentação Ativa.

Observando a figura acima, podemos imaginar que um colaborador

passa por uma experiência concreta (fase 1); em seguida, reflete sobre a

situação abstraindo e/ ou internalizando novos significados (fase 2); Esse

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"novo significado" passa a fazer parte dos conhecimentos do colaborador e

de seus valores ou crenças (fase 3); Podendo então ser utilizado em outras

situações, muitas vezes bastante diferentes da primeira.

Learning Organization

A tradução do termo Learning Organization, corresponde a

Organização que aprende. Consiste em uma organização que consegue

sistematizar seus processos de aprendizagem, através de eficientes

estruturas de Treinamento e Desenvolvimento, de seus processos de gestão

e de suas estratégias.

Em sua obra mais conhecida, chamada ‘A Quinta Disciplina’, Peter

Senge define Organizações que aprendem, como sendo aquelas onde as

pessoas continuamente expandem sua capacidade de criar novos padrões

de pensamento e onde aprendem, continuamente, a trabalhar juntas, em

equipe. Afirma ainda, que uma organização que aprende nunca é um

produto final mais um processo contínuo.

Um dos principais objetivos de uma Learning Organization, é permitir

que o aprendizado individual torne-se aprendizado organizacional. Para

tanto, é necessário criar e implementar estruturas, políticas e

procedimentos específicos. A responsabilidade por tais processos deve ser

dada à área de Gestão de Pessoas. Diversas práticas de gestão podem ser

implementadas, tais como: programas de sugestões de melhorias,

programas de geração de novas idéias, sistemas de recompensa, liderança

participativa, aprendizado em equipe, para citar alguns exemplos.

David A. Garvin, professor da Universidade de Harvard, em seu

trabalho publicado na revista HSM (1998), aponta que “uma Learning

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Organization, deve ser hábil no aprendizado do conhecimento

organizacional”. Sugere que essa organização deve entender:

 que o aprendizado não é meramente reativo, mas sim intencional,

eficaz e conectado ao objetivo e à estratégia da organização.

 que o aprendizado é oportuno, prevendo os desafios, as ameaças e as

oportunidades, e não simplesmente reagindo às crises.

 que o aprendizado cria flexibilidade e agilidade para que a

organização possa lidar com a incerteza.

 que as pessoas se consideram capazes de gerar continuamente

novas formas de criar os resultados que mais desejam.

No mesmo artigo, Garvin afirma que “para adquirir qualidades pró-

aprendizado, as Learning Organizations devem possuir algumas práticas

diferenciadas, tais como:

 Cultivar uma visão holística das coisas que fazem com que as

organizações complexas funcionem, das coisas que fazem a mudança

criar raízes e de como usar a lógica dos sistemas para diagnosticar

necessidades e projetar novas ações de modo que o aprendizado seja

eficaz e a mudança permanente.

 Não reservar esses insights somente para um pequeno grupo de

pessoas em cargos-chave. As Learning Organizations sabem que

somente com uma participação ampla na geração do conhecimento e

na criação da mudança é possível criar o desejo e o entusiasmo pela

mudança contínua. O amplo envolvimento também melhora a

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 28


eficácia das ações porque insights múltiplos entram em ação e

aumentam a flexibilidade e a agilidade da organização.

 Patrocinar programas para aperfeiçoar e diversificar continuamente

as capacidades dos funcionários e aumentar sua capacidade de

mudar. As descrições de cargo são relativamente fluidas e baseiam-se

nas tarefas que precisam ser executadas no momento.

 Ter plena consciência de que o aprendizado organizacional ocorre por

meio de processos específicos e fazem esforços explícitos e contínuos

para melhorá-los.

As 5 disciplinas de Peter Senge

Em complemento aos conceitos de Learning Organization, Peter Senge,

em seu livro Best Seller “A Quinta Disciplina”, definiu 5 disciplinas

fundamentais para o desenvolvimento da aprendizagem organizacional,

conforme descritas a seguir:

 Domínio pessoal - Significa aprender a expandir as capacidades

pessoais para obter os resultados desejados e criar um ambiente

empresarial que estimule todos os participantes a alcançar as metas

escolhidas.

 Modelos mentais - Consiste em refletir, esclarecer continuamente e

melhorar a imagem que cada um tem do mundo, a fim de verificar

como moldar atos e decisões.

 Visão compartilhada - Estimula o engajamento do grupo em

relação ao futuro que se procura criar e elaborar os princípios e as

diretrizes que permitirão que esse futuro seja alcançado.

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 Aprendizado em equipe – Consiste em transformar as aptidões

coletivas ligadas a pensamento e comunicação, de maneira que

grupos de pessoas possam desenvolver inteligência e capacidades

maiores do que a soma dos talentos individuais.

 Pensamento sistêmico - Permite criar uma forma de analisar e

uma linguagem para descrever e compreender as forças e inter-

relações que modelam o comportamento dos sistemas. É essa quinta

disciplina que permite mudar os sistemas com maior eficácia e agir

mais de acordo com os processos do mundo natural e econômico.

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 30


Aula 5
Gestão do Conhecimento

As organizações que se voltam para a Gestão do Conhecimento – GC,

necessitam de uma abordagem que veja a organização como uma

comunidade humana, cujo conhecimento coletivo representa um diferencial

competitivo em relação à concorrência.

Aparentemente parece fácil compreender o que realmente trata o

tema Gestão do Conhecimento, porém em uma pesquisa conduzida pela E-

Consulting, ao entrevistar 360 empresas, 81% delas situadas na região

sudeste, das quais 58% no Estado de São Paulo, se chegou às seguintes

conclusões:

 37,8% entendem que GC é um sistema de gerenciamento

corporativo;

 27,5% o consideram uma tecnologia que permite a gestão do

conhecimento;

 14,9% o definem como uma filosofia corporativa de gestão de

informações;

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 11,3% é uma estratégia de competição no atual contexto

mercadológico e;

 8,5% entendem como uma modelagem de processos

corporativos a partir do conhecimento gerado

Podemos, dessa forma, concluir que o mercado ainda não é uníssono

na definição de um conceito para GC. Nos próximos tópicos deste capítulo,

tentaremos chegar a conclusões que norteiem seu entendimento pleno

sobre este tema.

Por que GC?

É fundamental entender o que se pretende quando uma organizaçao

decide implantar um processo sistematizado de Gestão do Cohecimento.

Destacamos a seguir os principais objetivos que podem ser identificados:

 Proteger o capital intelectual

 Não reinventar a roda

 Aumentar o grau de colaboração

 Prover informação relevante

 Obter e disseminar conhecimento interno e externo

 Mapear competências individuais

 Reutilizar soluções

 Promover inovação

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Práticas de GC

Inúmeras iniciativas de GC são facilmente verificadas nas

organizações de forma isolada. O recomendado porém, é a estruturação de

um sistema composto por um conjunto de práticas voltadas ao objetivo de

efetivamente se gerenciar , intencionalmente, conhecimento interno e

externo. Dentre as principais práticas encontradas no mercado, destacamos

as seguintes:

 Banco de competências

 Benchmarking

 Coaching

 Comunidades de prática

 Universidade Corporativa

 Inteligência competitiva

 Mapeamento de processos

 Melhores práticas

 Memória organizacional

Quem é o Pai da Criança?

A questão de “paternidade” aqui mencionada descarta a necessidade

de exame de DNA. Diz respeito a qual departamento deve ser o responsável

por conduzir processos de implantação de GC. Por envolver muitos recursos

tecnológicos e softwares específicos, é comum esta atividade ser conduzida

pela área de Tecnologia da Informação. Porém, entendemos que por se

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 33


tratar de um processo que depende amplamente do compartilhamento de

idéias e experiências das pessoas, e, principalmente, de motivação dos

colaboradores e parceiros envolvidos no projeto, o departamento de gestão

de pessoas ou recursos humanos, deve liderar projetos dessa natureza.

Definições

Gestão do Conhecimento é um processo sistemático, articulado e

intencional, apoiado na geração, codificação, disseminação e apropriação de

conhecimentos, com o propósito de atingir a excelência organizacional.

(FGV/SP, 2001).

De um ponto de vista organizacional, Barclay e Murray (1997),

consideram Gestão do Conhecimento como uma atividade de negócios com

dois aspectos básicos:

a) Tratar o componente de conhecimento das atividades de negócios

explicitamente como um fator de negócios refletido na estratégia,

política e prática em todos os níveis da empresa.

b) Estabelecer uma ligação direta entre as bases intelectuais da

empresa – explícitas (codificada) e tácitas (Know-how pessoal) – e

os resultados alcançados.

A Gestão do Conhecimento passa, essencialmente, pelo

compartilhamento dos conhecimentos individuais para a formação do

conhecimento organizacional (Perspectivas, 2000). Sendo assim, a pessoa

que detém o conhecimento é quem decide se o compartilha ou não.

Depende, portanto, do quanto está motivada para isso. Motivação é, dessa

forma, uma questão-chave para uma bem sucedida Gestão do

Conhecimento, por conseqüência um dos aspectos humanos mais

importantes durante a implementação da Gestão do Conhecimento.

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Motivação, é a mola propulsora quando trabalha-se com pessoas e

pretende-se administrar capital intelectual. De nada adiantará uma

ferramenta poderosa e cara se as pessoas não estiverem motivadas de

alguma forma para alimentá-la de conhecimentos. Este aspecto envolve

além de remuneração justa, um clima organizacional e social equilibrados,

diversos outros fatores internos e externos à organização, tais como

promoções de cargos, concorrência, entre outros.

Gestão do Conhecimento não é criar um banco de dados central que

seja, de alguma forma, uma repetição completa de tudo que os funcionários

conhecem ou do que está embutido nos sistemas utilizados. Pelo contrário,

Gestão do Conhecimento significa adotar uma diversidade de fontes do

conhecimento, de bancos de dados, de sites da Web, de funcionários e de

parceiros; e incentivar esse conhecimento onde quer que esteja, ao mesmo

tempo em que captura seu contexto e lhe concede um maior significado

através de sua relação com outras informações existentes na empresa.

(Microsoft, 2001).

A Gestão do Conhecimento pode ser vista como uma coleção de

processos que governa a criação, disseminação e utilização do

conhecimento para atingir plenamente os objetivos da organização.(Prusak

e Davenport, 1998)

Conceitos relacionados

Quando estudamos o tema Gestão do Conhecimento, os conceitos de

dado, informação e conhecimento deve ser bem compreendido.

De acordo com Davenport e Prusak (1998), “conhecimento não é

dado nem informação, embora esteja relacionado com ambos e as

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diferenças entre esses termos sejam normalmente uma questão de grau”.

Os mesmos autores assim definem conhecimento:

“Conhecimento é uma mistura fluida de experiência

condensada, valores, informação contextual e insigth

experimentado, a qual propicia uma estrutura para a

avaliação e incorporação de novas experiências e

informações”.

Dessa definição pode-se identificar que o conhecimento é intuitivo,

portanto difícil de colocar em palavras ou de ser plenamente entendido em

termos lógicos. Nonaka e Takeuchi (1998), dizem que “o conhecimento,

diferentemente da informação, refere-se a crenças e compromisso”.

Dado é o fato bruto e por si só, pode ou não ser relevante. Informação

vem do Latim informare, que significa “dar forma”. Pode-se concluir que, a

informação usa como matéria prima, os dados. Informações são “dados

dotados de relevância e propósito”, afirma Peter Drucker, guru da

administração moderna. (Sociedade Pós Capitalista, 1993, p. 3).

O conhecimento também é composto de experiências tácitas, idéias,

insights, valores e julgamentos de pessoas. É dinâmico e somente pode ser

acessado através de colaboração direta e de comunicação com os

especialistas que detêm o conhecimento. Os sistemas de Gestão do

Conhecimento devem fornecer os incentivos culturais para compartilhar as

experiências pessoais que tradicionalmente formam o valor da pessoa para

a empresa. Atualmente, a contribuição de uma pessoa a uma empresa

reside na criação de um novo conhecimento, através da colaboração com

outras pessoas e da síntese de informações e dados existentes.

As pessoas adquirem conhecimento através de suas experiências e

da expertise de seus colegas, como também da análise de dados dos

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negócios, como relatórios de vendas e relatórios financeiros. Através da

síntese desses três elementos, adquire-se conhecimento novo e criam-se

oportunidades. As estratégias eficazes de Gestão do Conhecimento

gerenciam e favorecem todas essas fontes de conhecimento novo:

As seguintes equações podem ser, portanto usadas:

a) Informação = Dado + Σ (Atributos, Relevância, Contexto).

b) Conhecimento = Informação + Σ (Experiência, Valores, Padrões,

Regras Implícitas).

Conhecimento Explícito e Tácito

Nonaka e Takeuchi (1998), classificam o conhecimento humano em

dois tipos:

a) conhecimento explícito, que pode ser articulado na linguagem

formal, inclusive em afirmações gramaticais, expressões

matemáticas, especificações, manuais etc.

b) conhecimento tácito, difícil de ser articulado na linguagem

formal, sendo um conhecimento pessoal incorporado à experiência

individual e envolvendo fatores intangíveis como, por exemplo,

crenças pessoais, perspectivas e sistemas de valor. A interação

entre essas duas formas complementares de conhecimento é a

principal dinâmica da criação do conhecimento na organização.

O trabalho de Nonaka e Takeuchi (1998), The Knowledge Creating

Company, além do minucioso exame do processo de inovação e das práticas

organizacionais de empresas japonesas de destaque, conseguiu, na opinião

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 37


desses pesquisadores, mais do que qualquer outro, desenvolver um modelo

bastante coerente, que relaciona o processo de inovação aos

conhecimentos tácitos e explícitos existentes em uma organização.

O conhecimento organizacional deve ser explícito e tácito. Explícito

como o conhecimento exibido em desenhos técnicos, manuais de

procedimentos e memórias de computador, e tácito porque inclui o

discernimento, o instinto e a compreensão profunda. (Garvin, 1998).

O objetivo da Gestão do Conhecimento é transformar o conhecimento

tácito em explícito, ou seja: Capturar, Resumir, Ordenar e Disponibilizar o

conhecimento técnico, gerencial e do mercado.

Michael Polanyi (1966) introduz o tema do conhecimento tácito a

partir da frase we can know more than we can tell. Com isto ele quer dizer

que muito do que se sabe não pode ser verbalizado ou escrito através de

palavras.

De acordo com Nonaka e Takeuchi (1998, p. 7 e 8), o conhecimento

tácito pode ser dividido em duas dimensões. "A primeira é a dimensão

técnica, que engloba o tipo de capacidades informais e difíceis de definir

capturadas no termo know-how.” A outra dimensão é a cognitiva. "Esta

consiste em esquemas, modelos mentais, crenças, e percepções de tal

forma embrenhadas que as tomamos como certas." Esta dimensão "reflete

a nossa imagem da realidade (o que é) e a nossa visão do futuro (o que

deveria ser)."

O modelo ocidental reconhece como conhecimento útil,

primordialmente, aquele que pode ser formalizado, sistematizado e

facilmente comunicável, ou seja, o conhecimento explícito. (Nonaka e

Takeuchi, 1998).

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Muito do que existe hoje em termos de tecnologia da informação,

está vinculado à construção automatizada de registros do que definiu-se

como conhecimento explícito. São grandes "armazéns de dados" que

registram a experiência da organização e, até, de terceiros, além de uma

grande diversidade de dados sobre o seu ambiente interno (processos,

rotinas) e externo (clientes, fornecedores, governo, concorrentes).

(Perspectivas, 2000).

Aula 6
Espiral do Conhecimento

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Nonaka e Takeuchi, em seu livro entitulado "A Criação do

Conhecimento Organizacional - Como as empresas japonesas geram a

dinâmica da inovação", apresentam o conceito da espiral do cohecimento.

Através desse conceito, os autores descrevem o processo de criação de

novos conhcimentos através da conversão entre conhecimento tácito e

explícito.

A espiral apresenta 4 tipos de transformação denominadas:

socialização, externalização, combinação e internalização (Figura X).

 Socialização - ocorre quando há a conversão de conhecimento tácito

em outro conhecimento tácito. Por exemplo, quando compartilhamos

a nossa experiência com uma outra pessoa. Pode ser realizada de

maneira verbal ou através de uma demonstração. Alguns

conhecimentos só podem ser transmitidos desta maneira.

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 40


 Externalização – ocorre quando há a conversão de conhecimento

tácito em explícito. Por exemplo, quando explicitamos em documento

formal aquilo que sabemos. A externalização consiste na

sistematização de determinado conhecimento em formato de

manuais, procedimentos, normas, livros ou outras maneiras de

apresentação. Nonaka e Takeuchi defendem a utilização de

metáforas, analogias e modelos.

 Combinação – ocorre quando há a conversão de conhecimento

explícito em explícito. Por exemplo, quando geramos um novo

procedimento ou norma, a partir de outros já existentes, estamos

combinando conhecimentos.

 Internalização – ocorre quando há a conversão de conhecimento

explícito para tácito. Por exemlplo, quando interpretamos

corretamente e absorvemos um conhecimento explicitado ou

sistematizado, seja por meio de leitura de manuais, procedimentos,

treinamentos ou workshops.

Espiral aplicada em treinamentos empresariais

O instrutor é o agente que externaliza suas experiências e práticas

vivenciais, através da utilização de técnicas de ensino apropriadas. Quando

um colaborador participa de um treinamento, ele busca e combinar o

conteúdo transmitido com conhecimento que já possui, com o objetivo de

internalizar conhecimento novo. Em seguida, ao exercitar na prática ele

transmite o que aprendeu para os outros colaboradores, é o momento em

ocorre a socialização. O resultado para a empresa normalmente acaba

sendo verificado através da melhoria de algum processo organizacional.

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Como conseqüência dessa espiral completa, obtemos um incremento de

conhecimento organizacional, caracterizandso um processo de

aprendizagem organizacional.

Ferramentas de GC

Cada vez mais as organizações, para se manterem competitivas,

necessitam monitorar as tecnologias emergentes para melhor direcionar

seus desenvolvimentos e investimentos. Uma análise bem feita e a tempo,

adequada só é possível com o auxílio de ferramentas de Gestão do

Conhecimento. Disponibilizar regras empresariais ou ferramentas aplicativas

com o conhecimento não é uma tarefa visionária, principalmente com a

rápida proliferação da Internet e sua capacidade de fornecer pequenas

aplicações adaptadas ao usuário como parte de um procedimento típico de

transferência da informação. (Koulopoulos, 1998).

Ferramentas de Gestão do Conhecimento são tecnologias, que

permitem a captura, o gerenciamento e o compartilhamento do

conhecimento. Como qualquer ferramenta, elas são desenhadas para

facilitar o trabalho e permitir a aplicação eficiente das tarefas para as quais

foram desenvolvidas.

Ruggles (1996), define Ferramentas de Gestão do Conhecimento

como sendo tecnologias que suportam a performance de atividades ou

ações, e defende a idéia que a capacidade humana para criar e utilizar

ferramentas foi fundamental para o desenvolvimento de sua habilidade

mental.

Ferramentas de Gestão do Conhecimento não são iguais a

ferramentas de gestão de dados ou de informação:

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 42


a) Ferramentas para gerência de dados permitem acesso, geração,

armazenamento e análise de dados, usualmente na forma de fatos

e símbolos, ditos "materiais brutos", como armazéns de dados,

máquinas de consulta e modelagem ou visualização de dados.

Onde se pode perceber que sua atividade principal é uma

tabulação simples e estruturada.

b) Por outro lado, Ferramentas para gerência de informações

permitem a manipulação de informações, como tecnologias de

suporte e tomada de decisões, sistemas de informações

executivas e gerência de documentação. Nesta categoria

identificamos uma evolução das ferramentas de gerência de

dados voltada ao aumento da eficácia organizacional.

Concluindo as definições usadas por Ruggles (1996), observa-se a

importância das duas ferramentas para a Gestão Empresarial, no entanto

nenhuma das duas é capaz de captar a complexidade do contexto em que

atuam nem a riqueza do conhecimento. Ruggles (1996), complementa

levantando um questionamento: Podem as máquinas pensar? E coloca: se a

resposta for sim, as ferramentas, por elas mesmas, podem gerar, codificar e

transferir conhecimento. Se a resposta for não, as ferramentas apenas

servirão para permitir e facilitar as atividades relacionadas ao

conhecimento, mas o ônus da geração, codificação e transferência do

conhecimento continuará com o homem.

Por fim, definimos Ferramentas para Gestão do Conhecimento com

sendo um tipo específico de software que oferece apoio a pelo menos uma

das atividades de geração, codificação ou transferência de conhecimento,

definidos por Davenport e Prusak (1998).

Cícero Caiçara Junior – MA e GC Página 43


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