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O PROJETO ABC NA EDUCAÇÃO CIENTÍFICA- MÃO NA

MASSA NA EMEF FERNANDO GRACIOSO

OLIVEIRA, Madalena; CHAGAS, Solange


EMEF Fernando Gracioso

Palavras-chave: terra, água, planta, germinação, poluição, pesquisa.


INTRODUÇÃO
Apresento neste trabalho os resultados iniciais obtidos no ”Projeto ABC
na Educação Científica-Mão na Massa”, realizado na EMEF Fernando
Gracioso.
O resultado exposto são relatos de experiências dos professores na
aplicação do projeto em sala de aula.
Além disso, apresentaremos também um panorama geral das formações
docentes realizadas na Unidade Escolar.

OBJETIVOS
Apresentar as formações dos professores nos horários coletivos JEIF5 e
a aplicabilidade do projeto junto aos alunos.

RESULTADOS
As formações deram-se periodicamente, cujo objetivo visava despertar a
curiosidade dos professores e o interesse por uma metodologia que preze a
valorização na construção do conhecimento do aluno.
As fases do desenvolvimento do projeto:
a) Introdução (com slides) do que é o projeto, discussão e reflexão;
b) Experimentação com materiais diversos;
c) Divisão e apresentação de algumas atividades propostas
disponibilizadas no site www.cienciamao.if.usp.br.
Conclusão: os docentes envolvidos no projeto manifestaram bastante
interesse, sendo receptivos ao que foi proposto e participando ativamente das
formações. Porém, como era de se esperar nem todos os o aplicaram na
integra em sala de aula.
A partir desse momento apresento os relato das professoras com
relação a avaliação do projeto6:

Professora Maria 3º ano C


“ Iniciamos a aplicação do projeto com os alunos. Eles se interessaram
pelas atividades e participaram de todas as propostas. Demonstraram
compreender o tema e ampliaram seus conhecimentos. Acredito que o projeto
Mão na Massa estimula os alunos a querer aprender, pois as atividades
práticas são simples de serem realizadas e auxiliam os alunos a construírem
seu conhecimento, unindo o que já sabem ao que os colegas sabem e as
informações de pesquisas, experiência ”...
Temas desenvolvidos: água e corpo humano.

Professora Rita 4ª série A


5
Jornada Especial Integral de Formação.
6
Os nomes são fictícios , mas as informações são verdadeiras. Os registros encontram-se
arquivados na referida EMEF.
“Conheço o Projeto a algum tempo, por ter participado em anos
anteriores, aplicando-o aos alunos de 1ª a 4ª séries.
Sinto falta das capacitações que eram realizadas em nossa própria
unidade escolar integrando todos os professores de séries comuns,
realizávamos os experimentos juntos e depois levávamos para a sala de aula.
Parece-me que desta vez ele voltou um pouco “tímido”, mas é muito
interessante e produtivo. No segundo semestre iniciei o projeto com os alunos
da 3ª série, sensibilizando –os em relação a importância de cada um como
pessoa , destacando as diferenças existentes entre eles”

Professora Suely 3º ano PIC


“ O desenvolvimento do projeto Mão na Massa, na sala da 4ª série A
deu-se de forma prazerosa, proveitosa e lenta. Prazerosa porque todos
os alunos se envolveram, gostaram e aprenderam quase brincando. Proveitosa
porque percebi que os conteúdos trabalhados foram compreendidos e retidos
[assimilados] pelos alunos, as leituras e as escritas alcançaram seus objetivos,
a aprendizagem.
Lenta porque a lentidão é devida ao fato de os alunos estarem recém
alfabetizados e existir a necessidade de fazer a correção de tudo que foi
escrito individualmente e coletivamente (todas as etapas, uma a uma). O que
impossibilitou tornar o trabalho mais abrangente (trabalhar mais conteúdos).
Foi muito gratificante apesar de desgastante (pelas próprias
necessidades específicas da sala)

Professora Libânia (Fundamental II – Matemática)


“Eu, como professora de Matemática em 7ª e 8ª séries não consegui
adequar as experiências do Projeto Mão na Massa aos conteúdos trabalhados
em classe, portanto não apliquei o projeto nas minhas salas”.

Professora Maria (Fundamental II - Ciências)


“Não apliquei na minha aula as mesmas experiências feitas no projeto,
porque não coincidiram com a matéria, porém, tendo como base o projeto,
apliquei duas outras experiências [por exemplo]:
1º) Como reconhecer uma substância – os alunos utilizaram materiais simples
como água, sal, açúcar, farinha e óleo de cozinha para verificar as diferenças
entre as substâncias maneiras de distinguir as mesmas, mesmo as
aparentemente iguais;
2º) Distinguir um fenômeno físico de um fenômeno químico: a experiências
feita, foi a observação de uma palhinha de aço antes e depois de queimada,
como cor, brilho, se queima novamente, textura.
A primeira experiência foi filmada por um grupo de alunos da 8ª B e o
DVD entregue ao Professor Augusto da sala de informática”.

Professora Cristina (POSL – Professor Orientador de Sala de Leitura)


“O meu papel quanto OSL, foi o de dar apoio necessário para que o
projeto fosse desenvolvido. Em sala de leitura foi trabalhado com as 4º séries a
sensibilização: Quem sou? Subsidiando os professores participantes do
projeto. Quanto à formação, foi de bom proveito porque nos ajudou a rever
nossa prática pedagógica. O professor se sente motivado criando com o aluno
uma relação mais harmoniosa.”
Professora Carla (Fundamental II – Inglês)
“O projeto Mão na Massa ensina ou incentiva os alunos a expressarem
suas idéias, trabalhar em grupo e o diálogo.
Deve ser um processo para que haja melhoria na participação mais ativa
do aluno em sala de aula. É mostrado que tem que haver uma mudança na
postura do professor a fim de conseguir melhores resultados”

Professora Fátima 4º ano C


O trabalho desenvolvido na sala da professora citada acima foi de muita
valia para o aprendizado dos alunos, pois os discentes se tornaram-se e
sentiram-se participantes do processo.
Segundo Muraro (2008): “ Uma coisa é ensinar palavras, conceitos,
frases, concordâncias, equações, informações para se guardar na memória,
outra, bem diferente, é ensinar a perguntar e pôr o pensamento a procurar
respostas ou respostas que podem se transformar em conceitos, frases,
equações” (...).
No início do ano essa classe era muito indisciplinada e agressiva.
Entretanto, a referida professora perdeu a regência da classe em agosto, e os
alunos apresentaram uma queda em disciplina. Ao retomar seu trabalho, a
professora sentiu dificuldades para “reconquistar” a motivação de sua turma,
mas isso não a impediu de continuar aplicando a metodologia investigativa. O
que vem ilustrado no trabalho desenvolvido por ela e que ficará explícito.
Num primeiro momento, a professora trabalhou com o tema Água,
procurando refletir com as crianças de onde veio a água, como se dava a sua
poluição e como poderia ser realizada a sua despoluição (filtração).
Posteriormente, o enfoque foi direcionado para a questão do ciclo da água,
construíram um terrário para observação, análise e comprovação das
hipóteses. Em seqüência, a professora optou pelo tema germinação onde
várias sementes (grão de bico, alpiste, feijão, caqui, jabuticaba e painço) foram
cultivadas para observação de sua germinação e diferenças entre suas raízes.
Tal atividade serviu de introdução para a seguinte problematização: Como a
semente evolui até virar uma árvore?
A seguir, há o relato, na íntegra, do trabalho desenvolvido pela
professora Solange:
“A aula sobre a água tomou esse rumo devido às atividades trazidas
pela professora Sílvia (história em quadrinhos sobre a água). Abordaríamos a
atividade nas aulas de Língua Portuguesa, nas atividades que envolvem
diferentes portadores de texto”.
Entretanto, pela riqueza de informações e uma linguagem de fácil
entendimento pelos alunos, decidi investir essa atividade com o Projeto Mão na
Massa e iniciar o estudo sobre a água, pois de acordo com os objetivos do
mesmo, teríamos momentos que fariam os alunos observarem, pensarem,
organizarem, questionarem e registrarem suas conclusões.
No ciclo da água o melhor exemplo é o terrário. Montamos, observamos,
percebemos a água nas plantas e registramos coletivamente as nossas
conclusões.
Muitos alunos montaram os seus terrários, mas infelizmente nenhum
vingou. Estudamos, então, o motivo deste resultado negativo e verificamos que
não usaram a receita corretamente, que era: quantidade de água planta
adequada, recipiente, vedagem e local. Paralelamente, construi meu terrário,
em sala. Este fora observado e foi o único que vingou. Chegou um momento
que a plantinha cresceu tanto que quase rompeu o plástico. Foi aí que surgiu
uma pergunta bastante curiosa pela aluna Ana: Professora, como que nasce
uma planta? Isto nos instigou a pesquisar sobre a germinação das sementes.
Então trouxe, como citado acima, algumas sementes para observarmos
o seu desenvolvimento. Isto depois que fomos ao jardim da escola e
levantamos o que é essencial para o desenvolvimento de uma planta. Neste
momento, novos questionamentos foram surgindo, tais como: Se eu plantar
uma semente de laranja, vai nascer uma laranja? Fizemos pesquisas utilizando
revistas científicas, livros didáticos etc para comprovar que a semente não
origina o fruto em si, mas uma planta que se desenvolverá e, posteriormente, o
produzirá.
Finalizando, plantaremos nossas mudas (caqui, jabuticaba, grão-de-
bico, laranja, feijão, painço e alpiste) no jardim da escola, nomeando nossas
futuras árvores e concluindo um ciclo didático.”

Vimos por meio deste relato a importância de um trabalho que valoriza a


construção do conhecimento da criança e parte dos questionamentos dos
alunos, pois segundo Muraro (2008) “(...) responder às perguntas portadoras
de questões relevantes, buscando encontrar as melhores respostas, é a outra
parte da prática investigativa. Neste processo de construção das ‘boas
respostas’ aparecem muitas outras perguntas a esta rede de perguntas e
respostas abre o leque de alternativas na investigação do desconhecido ”.

DISCUSSÃO
Embora com alguns entraves, como as faltas constantes dos
professores/as devido aos problemas de saúde, percebemos que o desenrolar
e o desenvolvimento do projeto está dentro das nossas expectativas e
possibilidades.
Nesse momento destacaremos o relato de observações de uma
educadora sobre a as aplicação de uma seqüência didática:
“O trabalho, que foi realizado na 4ª E, numa perspectiva investigativa
deve ser constante na sala de aula. Nas primeiras experimentações a sala
sempre se torna indisciplinada, somente no decorrer do ano e constante
desempenho em sua aplicabilidade é que a sala adquire o hábito de trabalhar
em grupo, em dupla, a fazer as saídas de campo para observação e registro.
Percebi que os alunos se empenharam muito, participaram ativamente (como
mostram slides em anexo), até os alunos não alfabetizados pensavam e
participavam oralmente de uma maneira satisfatória. Uma aluna que aprendeu
a ler depois de agosto foi até a escriba do grupo no dia da aplicação da
avaliação proposta pela Estação Ciências. É extremamente prazeroso ouvir
frases dos alunos, como ‘Isso deve ser por causa disso’; ‘è fácil, é só
pesquisar’; ‘Professora a aula está muito boa. Estou aprendendo muito’. Isso é
muito gratificante, pois supera todas as expectativas que foram geradas no
momento das propostas das atividades.”

CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto ABC – Mão na Massa é encantador e de extrema
necessidade, uma vez que um dos principais desafios da educação é formar
cidadãos que estejam aptos a procurar, investigar, desenvolver e apropriar-se
dos conhecimentos acumulados historicamente pela humanidade.
Para isso, há necessidade de se motivar e criar momentos para que o
professor reflita sobre a sua prática e também venha a ser desafiada, pois,
segundo Muraro (2008) “ (....) a cultura do pensar por perguntas na escola não
se faz sem o espaço para a filosofia, área do conhecimento que tem se
especializado sobre o pensar (...) educar para o pensar nesta perspectiva exige
rever muitas de nossas concepções e processos pedagógicos”.
Os alunos, cuja professora aplicou o projeto, desenvolveram-se em
vários aspectos: oralidade, participação, interesse pela leitura e pela pesquisa,
curiosidade, multiplicaram entre os familiares os conceitos trabalhados em sala,
mudando seu modo pensar e aprender, construindo o seu conhecimento.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MURARO, Darcísio N. Filosofia e Educação Reflexiva, 2008 (Artigo)

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