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Foto: Paula Rodrigues

CURSO ONLINE

BATATA-DOCE
DA PRODUÇÃO DE MUDAS À PÓS-COLHEITA
BATATA-DOCE
DA PRODUÇÃO DE MUDAS À PÓS-COLHEITA

MÓDULO 01
DA CENÁRIO DA PRODUÇÃO E
MELHORAMENTO GENÉTICO DE
BATATA-DOCE NO BRASIL

VIDEOAULA SOBRE

CADEIA PRODUTIVA DA BATATA-DOCE:


IMPLICAÇÕES PARA A AGENDA
TECNOLÓGICA

MARIA THEREZA MACEDO PEDROSO


Curso Batata‐doce: da produção  de muda à pós‐colheita

Cadeia produtiva da batata-doce:


implicações para a agenda tecnológica

Maria Thereza Macedo Pedroso


Embrapa Hortaliças

Brevíssimo comentário sobre a metodologia

Abordagem de pesquisa: qualitativa


Abordagem teórica: Economia da Inovação
Arquitetura da pesquisa: comparativa
Natureza da pesquisa: exploratória
Ferramentas (principalmente) utilizadas:
Revisão bibliográfica
Entrevistas semi-dirigidas em profundidade
Aplicação de questionário

O que é uma cadeia produtiva?


É uma sequência de operações interdependentes destinadas à produção e distribuição de
mercadorias

Portanto, a cadeia supõe, sobretudo, firmas privadas e mercado (ocasionalmente, outras


instituições)

A relação entre os agentes econômicos é de complementariedade e de competição e é definida por


forças hierárquicas

Os agentes de uma cadeia produtiva disputam entre si a apropriação do resultado financeiro

É estruturada pelas estratégias dos agentes econômicos dominantes (que buscam a maximização
do lucro)

É um sistema aberto e, assim, reflete o mundo real da produção

É determinada pelas possibilidades tecnológicas e instituições (formais e informais)

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Curso Batata‐doce: da produção  de muda à pós‐colheita

As principais implicações da constituição


histórica da agricultura moderna
1. vai sendo formado um rígido sistema de poder
2. aprofunda-se a complexidade interna (aos imóveis
rurais) e externa (nas cadeias), selecionando os
participantes, em todo o sistema agroalimentar
3. a decisão preponderante sobre o modelo tecnológico
é prerrogativa dos “mais fortes” – as empresas que, de
fato, comandam a cadeia (e cada vez mais!)
4. a condução visível da cadeia é a tecnologia. A
condução invisível é o poder econômico-financeiro
5. aprofunda-se a seletividade social

Laranja

O encurralamento dos
produtores

Soja

Café

Cadeias de valor: cresce a disputa por “fatias” do


bolo da riqueza – alguns elos produtivos
Antes da porteira Dentro da porteira Depois da porteira

Fatores de produção Produção Processamento e logística


Insumos (sementes, fertilizantes 1. Agrícola (Comercialização,
Defensivos (Soja, milho, algodão, cana transporte, armazena-
café, laranja, arroz, feijão mento, etc)
Equipamentos mandioca, FLV, eucalipto, etc.) (Esmagadoras de soja, usinas de
2. Proteína animal açúcar e álcool, processadoras de
Terras (Pecuária de corte e de leite, laranja, indústrias de papel e celulose,
Financiamento aves, suínos) abatedouros, frigoríficos, laticínios)

Serviços diversos
(Start-ups e outros serviços)

Marketing e distribuição
(Marcas, produtos, industrialização,
embalagem, distribuição,
relacionamentos com o consumidor)

Monsanto, Syngenta, Mosaic, SLC, Terra Santa, Amaggi,


John Deere, Case, Radar, Grupo Bom Futuro, Raízen, JBS, Minerva, Marfrig, BRF, Nestlé, Robobank, BB, Octante
Ipanema, Cutrale, Fíbria Danone, redes de supermercados

Fonte: Jank, F. S. e Machado Filho, C. A. P. 2019, p. 275, modificado

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Cadeia produtiva de hortaliças:


algumas características atuais

Estão se tornando complexas estruturas econômicas e organizacionais

Cada vez mais, as relações entre os participantes são financeirizadas

Abrigam um padrão hierárquico de comando no processo de inovação

Poucos agentes econômicos dominam a comercialização (logística de compra e


distribuição). Coordenam a cadeia produtiva (critérios) – “quem paga manda”
Assumem papel dominante e determinam o processo de inovação

Muitos agentes econômicos (agricultores). Tentam se manter fornecedores e passam


por seleção (os critérios formam uma “peneira”)
Assumem papel crescentemente subordinado no que concerne a
decisão sobre a adoção de tecnologia

Por que é importante


estudar as cadeias produtivas?

Para...

• Organizar informações que estão dispersas, não registradas e relacioná-las


analiticamente

• Iluminar a configuração real de cada cadeia produtiva em cada momento histórico

• Compreender como cada cadeia produtiva transformou-se em sua evolução (por


exemplo, quais agentes entraram ou saíram)

• Identificar os pontos críticos tecnológicos e não tecnológicos

• Apoiar a pesquisa agronômica

• Criar sistema de priorização de uso dos recursos públicos

1) Quais são os principais Pontual


problemas da cadeia Tecnologia
produtiva? desenvolvida
3) Quais são as soluções? Estrutural

Especificidade da
cadeia produtiva N fatores

Desafios de pesquisa
Estado
Tecnológico
da arte
s
Sistematização e comunicação do 4) A tecnologia foi adotada?
conhecimento
Não
tecnológicos
N condicionantes

2) Quais são as
propostas específicas
Sim
para superá-los?
Não

INOVAÇÃO
TECNOLÓGICA

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Curso Batata‐doce: da produção  de muda à pós‐colheita

Perguntas que devem ser respondidas

1. Quais são as principais características agronômicas da cultura e


da produção?
2. Quais são os principais polos produtivos e de produtores?
3. Quais são os principais agentes econômicos?
4. Quais são os fluxos dos produtos, capital e informação?
5. Quais são as principais relações contratuais (formais e
informais)?
6. Quais são os principais pontos críticos (tecnológicos e não
tecnológicos)?
7. Quais são as hipóteses para cada ponto crítico?

PONTO CRÍTICO: Uso de mudas de baixa qualidade

Hipóteses:

1. A cadeia produtiva não conta com viveiros para oferecer mudas de alta qualidade.

2. O investimento na produção de mudas de batata-doce não é atraente economicamente para os


viveiros de mudas.

3. Os agricultores utilizam ramas de vizinhos sem origem definida ou utilizam mudas de cultivos
anteriores como uma forma de minimizar custos.

4. Não foi estabelecido um sistema de produção de mudas de batata-doce que subsidie a elaboração de
normativas para os viveiros. Por isso, dos poucos viveiros existentes, a maioria trabalha na
informalidade e fornece mudas de baixa qualidade.

PONTO CRÍTICO: Desvalorização de parte dos produtos, no momento da comercialização, em função de pouca
uniformidade do produto e baixa qualidade (alteração do sabor, rachadura, deformação das raízes, ocorrência
de raízes secundárias, descolaração, escurecimento, perda de turgidez e de peso e emissão de brotos)

Hipóteses:

(1) Inexistência de cultivares com resistência a pragas.

(2) Uso de cultivares que não possuem um padrão de uniformidade.

(3) Uso de mudas de baixa qualidade fitossanitária.

(4) Não são realizados tratamentos fitossanitários adequados devido à falta de registro de defensivos agrícolas
no Mapa para a cultura da batata-doce.

(5) Manejo utilizado é inadequado (por exemplo, espaçamento, irrigação, adubação, etc.)

(6) Grande incidência de pragas.

(7) Manuseio pós-colheita inadequado (por exemplo, injúrias ocorridas durante a lavagem).

(8) Não há identificação da cultivar comercializada relativa às características para seu uso.

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PONTO CRÍTICO: Dificuldade de os agentes econômicos se adequarem


às normas da INC 02 que trata da rastreabilidade

(1) Há poucos defensivos registrados para a cultura da batata-doce, pois faz parte de um grupo de
culturas que não são prioritárias para grandes empresas de defensivos agrícolas investirem, já
que o retorno financeiro não tem, historicamente, sido considerado interessante.

(2) Ausência de estabelecimento de práticas de Manejo Integrado para auxiliar na diminuição da


necessidade do uso de defensivos agrícolas e colaborar na adequação às normas da INC 02.

(3) Os produtores costumam comercializar para intermediários ou produtores maiores que misturam
a produção de várias origens, dificultando rastrear a origem.

Conclusão
A pesquisa proporcionou maior contato com a realidade da cadeia produtiva de
batata-doce
Como a maior parte das relações contratuais são informais, considera-se uma
cadeia produtiva menos rígida
Como há exigência por parte dos compradores ao longo da cadeia
produtiva quanto à aparência, o sabor, o peso, o tamanho e a
uniformidade, é possível afirmar que a hierarquia de comando da
inovação tecnológica ocorre na direção da empresa de varejo para o
produtor
Foram evidenciados os principais pontos críticos tecnológicos e não
tecnológicos mais explícitos da cadeia produtiva de batata-doce
Foram levantadas hipóteses para cada ponto crítico
Hipóteses não são certezas. Precisam ser testadas

Agradeço a generosa atenção de todos(as)

Maria Thereza Macedo Pedroso


Embrapa Hortaliças
maria.pedroso@embrapa.br

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