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CORMECIALIZAÇÃO E MARKETING DE PRODUTOS AGRÁRIOS

1. As Características da Agricultura em Moçambique

1.1. Introdução a Comercialização de Produtos Agrários

1.2. Importância e papel da Comercialização de produtos agrários

1.3. Características da Agricultura em Moçambique

1. Introdução a Comercialização de Produtos Agrários

1.1 Conceitos, Funções e Agentes

A. Conceito de Comercialização (Marketing)

 Não existe uma definição universal de comercialização (marketing)

 Existem variados pontos de vista sobre o objectivo e importância da


comercialização:
 Actividade que toma lugar num mercado
 Trocas entre compradores e vendedores
 que tentam satisfazer as suas necessidades
 Movimento de bens e serviços desde a produção até ao consumo
 Processo que
 torna bens e serviços disponíveis para o consumo
 começa com a planificação da produção e se completa com a
venda de produtos
 inclui a oferta de insumos e meios de produção
 adiciona forma, lugar, tempo e utilidade de modo a maximizar a
satisfação do consumidor
 Sistema que liga compradores e vendedores, e dinamiza o fluxo de
produtos da machamba até ao utilizador final

 Meio para se atingir um fim:


 promove e organiza as vendas de produtos para compradores.

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RESUMINDO, MARKETING É UMA ACTIVIDADE DINÂMICA E
DE RETRO-ALIMENTAÇÃO:

embora a cadeia de comercialização natural ocorra desde a


produção até ao consumo, o motor começa no sentido inverso
(i.é., a procura é que gera a oferta). O consumidor é que na
practica influencia ao produtor sobre o que produzir, quanto
produzir e como produzir.

Opiniões de diversos autores sobre o conceito de comercialização:

 Coscia: todo o processo que decorre desde a saída do produto da


exploração até à sua chegada ao consumidor

 Thomsen: todas as operações, agentes e efeitos relacionados com o


movimento de alimentos produzidos e matérias-primas, das
explorações até aos consumidores finais

 Kohls: É o resultado de todas as facilidades económicas implicadas


no fluxo de bens e serviços, desde a produção inicial, até à sua
chegada ao consumidor

 FAO: Todas as operações envolvidas no movimento dos produtos


alimentares e matérias-primas desde a exploração agrícola até ao
consumidor final

 OCDE: Processo que começa no momento em que o agricultor toma


a decisão de produzir um produto agrário para venda

 Shepperd e Futrell: "Começar com os problemas da comercialização


à porta da exploração é começar demasiado tarde".
B. Funções da comercialização e responsabilidades:
COMERCIALIZAÇÃO
FUNÇÕES RESPONSABILIDADES

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 Encontrar compradores  Indivíduos singulares
e vendedores  Sociedades
 Juntar e armazenar  Firmas
produtos  Cooperativas
 Seleccionar, empacotar,  Mistura Governo – Privado
e processar  Instituições para-estatais
- (transformar  Governo.
matéria prima em
produtos
acabados)
 Ajudar a capitalizar os
operadores
 Transportar

2. Importância e papel da Comercialização de produtos agrários

A. Porque estudar comercialização?

Comercialização constitui um meio para atingir um fim:


(a) Crescimento económico eficaz,
(b) Distribuição mais equitativa dos rendimentos,
(c) Bem estar nutricional, e
(d) Segurança alimentar,
(Timmer et al., 1999).

Questões de interesse para os analistas de politicas alimentares

(i) Eficácia das instituições de comercialização?

(ii) Eficácia dos agentes de comercialização na transformação


de produtos no tempo, espaço, e tipo de produto?

(iii) Relações horizontais entre agentes (estrutura dos mercado)?


o Esta influencia preços, oferta, e eficiência
económica
(iv) Relações verticais entre agentes (conduta e desempenho dos
mercados.)?

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o Quantidade e tipos de bens que passam por uma
cadeia ou circuito comercial; preços obtidos em
cada estagio da cadeia; crédito ; e informação de
mercados.

B. Papel (funções) da comercialização:

Terpstra em 1972, identificou quatro responsabilidades da comercialização


para o sucesso da actividade produtiva.

(i) Identificação de potencias consumidores:

(ii) Satisfação das necessidades e desejos dos consumidores.

(iii) Garantia da disponibilidade dos produtos quando e onde os


consumidores precisam.

(iv) Informação de mercados agrícolas (importante para a


planificação dos consumidores).

O sucesso de um sistema de comercialização depende de coordenação destas


quatro actividades, pois só assim é possivel ter-se um sistema de
comercialização integrado.

B.1 O papel da comercialização no processo de desenvolvimento:

Comercialização = trampolim para o desenvolvimento

Segundo Adam Smith:

 Todos beneficiam quando


o produtores de diferentes bens/serviços conseguem vender seus
produtos

 Desenvolvimentos nos procedimentos e organização da


comercialização
o expandem o comércio,
 melhoram o nível de vida dos actores e da sociedade no
geral.

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Os países em desenvolvimento em especial os africanos ainda se encontram
longe de atingir tal desenvolvimento. Até hoje a maior parte dos produtores
africanos incluindo moçambicanos produzem para subsistência.

Para um melhor entendimento do sistema de comercialização em


Moçambique é relevante olhar-se para as caracteristicas da agricultura em
Moçambique.

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3. Características da Agricultura em Moçambique

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Tabela 1. Sumário de Características Chaves do Sector Agro-Pecuário em Moçambique
2001/2002, por Tipo de Exploracões
Pequenas Médias Total
Tamanho de Exploração
Número de Explorações 3 090 197 37 296 3 127 493
Área Mediana1 Cultivada por Familia(ha) 1.3 6.0 1.3
Área Mediana1 Cultivada per Capita (ha) 0.3 0.7 0.3
Classe de Área Cultivada Mais Frequente (ha)
0.01– 0.5 18.5 3.6 18.3
0.5– 1.0 24.8 2.5 24.5
1.0– 1.5 19.5 6.2 19.3
1.5– 2.0 13.1 8.7 13.0
mais de 2.0 24.2 78.9 24.9
Producao de Culturas (% de Explorações cultivando):
Milho 80.5 89.5 80.6
Mandioca 75.7 53.8 75.4
Batata Doce 34.6 41.4 34.7
Feijão Nhemba 55.8 66.6 55.9
Amendoim Grande 19.6 24.2 19.7
Amendoim Pequeno 36.4 60.9 36.7
Mapira 36.4 40.2 36.5
Arroz 34.6 21.7 34.4
Cajueiros 37.2 33 37.1
Algodão 7.1 10.8 22.1
Gergelim 7.7 12.3 7.2
Cana de Açúcar 26.4 26.0 7.7
Tabaco 3.8 6.1 3.8
Girassol 2.5 1.7 2.5
Mangueira 46.1 48.8 46.1
Papa eira 41.1 46.1 41.2
Bananeira 42.8 50.1 42.9
Laranjeira 17.8 21.5 17.8
Criacao de Animais (% de Explorações):
Com Galinhas 70.8 88.7 71.0
Com Caprinos 26.5 84.2 27.2
Com Suínos 16.0 33.3 16.2
Com Bovinos 3.3 74.1 4.1
Uso de Meios de Producao (% Explorações):
Utilizam Fertilizantes 3.7 6.1 3.7
Utilizam Pesticidas 6.7 12.6 6.8
Utilizam Tracção Animal 10.6 61.3 11.2
Utilizam Rega 10.8 21.5 10.9
Contracta mao-de-obra agrícola 16.0 55.4 16.5
1 Area mediana refere-se a area acima e abaixo da qual se encontra igual numero de familias.
Fonte: Trabalho de Inquerito Agricola (TIA/2002)

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A. Caracterização das pequenas e médias explorações do Sector
Familiar(SF) moçambicano :

 TIA/2002
o Existem cerca de (3.1?) milhões de pequenas
explorações/unidades de produção (cerca de 99% do total de
explorações) e os restantes 1% são as médias e grandes.

Características dessas explorações:


 Fraca especialização.
 Produção de uma diversidade de culturas alimentares
 Baixa produtividade das culturas
 Criação de várias espécies animais
 Produção geograficamente dispersa
 Desempenho de várias actividades florestais, sobretudo corte de
lenha
 Concentração em algumas zonas nas culturas rendimento.
 Área mediana cultivada pelos pequenos = 1,3 ha.
 Fraca participação nos mercados de produtos e trabalho
 Pática de outras actividades fora da machamba:
 corte de lenha, pesca, latoaria, etc.

B. Importância das Zonas agro-ecologicas no Contexto de


desenvolvimento de actividades agrárias e comercialização
agrária:

 O cenário ecológico condiciona fortemente


o as culturas que o produtor escolhe,
o as técnicas praticadas,
o os rendimentos agronómicos esperados,
o a quantidade de produtos para vender
 em mercados domésticos e
 em mercados exteriores.

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B1. Características da Agricultura:

Análise dos sistemas de produção num determinado ambiente


ecológico

 Cada unidade produtiva localiza-se num cenário ecológico e


num ambiente económico particular
 Resultados agregados muitas vezes não deixam ver a realidade
de cada unidade produtiva
 A teoria neoclássica de produção ajuda a prever a resposta da
unidade de produção a uma alteração do ambiente económico
 A informação agro-ecológica
o ajuda a prever a reacção da unidade de produção à nova
tecnologia e à alteração dos preços e custos de produção
o proporciona uma base descritiva para estabelecer um quadro
de sistemas agrícolas

B3. O que são zonas agro-ecológicas (climáticas) ?

 São cenários ecológicos em que as actividades agro-pecuárias tomam


lugar.
o condicionam fortemente
 a escolha das culturas
 as técnicas de produção
 os rendimentos agronómicos
 quantidade disponível para a venda

A divisão agro-ecológica de Moçambique inclui

 Três zonas macro-agroecológicas


 Dez regiões agro-ecológicas

As zonas macro-agroecológicas
 Diferem em
o Clima
o Vegetação
o Altitude
o Solos
o Sistema agrícola

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 Subdividem-se em
o Zona Norte (entre os rios Rovuma e Zambeze)
 1.500 – 2.200 mm de precipitação
 Baixo a moderado risco de seca para a agricultura de
sequeiro (<30%)
 Principais culturas: milho, algodão, coco, caju, mandioca,
mapira, meixoeira, amendoim
o Zona Centro (entre os rios Zambeze e Save)
 2.100 – 2.900 mm de precipitação
 Moderado risco de seca para a agricultura de sequeiro
(31-45%)
 Principais culturas: milho, algodão, mandioca, bananas,
citrinos, cana sacarina, vegetais, mapira, caju e arroz
o Zona Sul (a Sul do rio Save)
 350 – 1.700 mm de precipitação
 Risco alto (61-75%) a muito alto (>75%) de seca para a
agricultura de sequeiro
 Principais culturas: milho, arroz, amendoim, feijão
nhemba, mandioca, citrinos, cana sacarina, vegetais e
caju.

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As principais regiões agro-ecológicas de Moçambique

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 Diferem em
o Tamanho (área), sendo
 a zona 7 a maior
 a zona 9 a menor
o Densidade Populacional
o Tipo de clima predominante
o Tipo de solo predominate

 As regiões agro-ecológicas de Moçambique oficialmente


reconhecidas são 10, conforme descritas por INIA, 1993:

R1. Região 1 – Localizada na zona macro-agroecológica Sul, é seca, árida,


baixa precipitação e elevada humidade. Cobre o interior da
Província do Maputo e o Sul da de Gaza
R2. Região 2 - Localizada na zona macro-agroecológica Sul, na zona
costeira do rio Save;
R3. Região 3 – Cobre o Centro e Norte da Província de Gaza e o interior da
de Inhambane;
R4. Região 4 – Localizada na parte Central do País, é caracterizada por uma
altitude média;
R5. Região 5 – Localizada nas baixas altitudes das Províncias de Sofala e
Zambézia;
R6. Região 6 – Zona semi-árida que inclui o vale do Zambeze e o Sul de
Tete;
R7. Região 7 – Região de médias altitudes que cobre as Províncias de
Zambézia, Nampula, Tete, Niassa e Cabo Delgado;
R8. Região 8 – Área costeira das Províncias de Zambézia, Nampula e Cabo
Delgado;
R9. Região 9 – Cobre as zonas interiores no Norte da Província de Cabo
Delgado;
R10. Região 10 – Região de alta altitude localizada nas Províncias da
Zambézia, Niassa, Tete (Marávia-Angónia) e Manica.

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Figura: Zonas agro-ecológicas (INIA 2000)

30º 34º 38 º 4 2º

R8
M O C A M BIQ U E R9

N R7 12º

a
nd
R10 ge
Lu Pemba
Lichinga
io
R

M R8
R10 A R7
Angonia
L Mutuali
R7 A Ribaue
Nampula
W
I R10 Lig
on
ha
Nametil
R6 16º
Tete R8
Ri
o R7
Mocuba

Chemba
R5
Z I M B A B W E

R4
R6
Quelimane

Chimoio

Sussundenga
Beira
LEGENDA 20º
Laboratorios Provinciais de Veternaria (LPV) ....
R4 R5 Estacao Zootecnica ..............................................
Estacao Agraria ....................................................
R10
Posto Agronomico ...............................................
R1 - The Inland Maputo and South Gaza Region
R2 - The Coastal Region Sout h of the Save Ri ver
R3 - Center and North of Gaza and t he West Inhambane Region
R4 - Medium Altitude Region of Central Mozambique
R5 - Low Al titude Region of Sofal a and Zambezia

Ri
o
R3 R6 - Semi-arid Region of the Zambeze Valley and Sout hern Tete Province
R7 - Medium Altitude Region of Zambezia, Nampula, Tet e, Nias sa and Cabo Del gado
L
im
po
R2 R8 - Coastal Litoral of Zambezi a, Nampul a and Cabo Delgado
po
R9 - Nort h Interior Region of Cabo Delgado- Mueda Plateau
R10- High Altitude Region of Zambezia, Niassa, Angonia and Manica
Inhambane 24º
Mazimechopes
Nhacoongo
Chokwe
Chobela Maniquenique

Xai-Xai
SW R1
AZ Ricatlha
I LA Maputo
ND Umbeluzi S c ale 1: 8 000 000
IA
Mazeminhama

R . A . S.
30º 34º 38º 42º
Compilou: Marcos Jossefa Ruco

4. Estruturas de apoio à produção e comercialização em Moçambique

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 Serviços
o Marketing de produtos e insumos
o Extensão e Investigação
o Financeiros
 Sistemas
o Informação de mercados
o Politicas vigentes

A) Logo após independência:

Entidade Responsabilidade Preços


Ministério da Agricultura Investigação e Produção Pan-territoriais
agro-pecuária
Ministério do Comércio Controlo das agências para- Pan-temporais
estatais de comércio (ex:
Agricom, Hortofrutícola) Fixados pelo governo

Regime = Monopólio do Não reflectem a estrutura


Estado do mercado

B) Entre Independência e PRE:

Período Acção Consequência Exemplo


Início das reformas Remoção ou Política Nacional para
Década 80

económicas: relaxamento da aquisição de licenças:


o Hortícolas – maioria das o meio de restringir e
1985 barreiras à controlar as
participação do actividades de
o Milho – 1989 sector privado comércio

o Outros produtos Surgem:


alimentares o Novas o registo para
funções o captação de
impostos
o Novo o fins
sector (o estatísticos.
privado)

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5. Condições necessárias e infra-estruturas de marketing para produtos
e insumos

CIRCUITO DE COMERCIALIZAÇÃO

Fluxo Monetário
s
Agente

Produtores Agro- Distribuidores Consumidores


Agrícolas -Indústrias

Fluxo de bens

Agentes Responsabilidades
Produtores Disponibilizam para o mercado
Agrícolas o Produtos finais
o Produtos intermédios
Intervêm na Comercialização
o Directa e individualmente
o Em agrupamentos de produtores
Agro-indústrias Transformam os produtos intermédios
Distribuidores Asseguram a
o Compra dos produtos agrários (transformados
ou não), e
o Sua apresentação ao consumidor
Consumidores Compram os produtos finais

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 A organização do sector de comercialização
 O tipo de produto e
 As exigências do consumidor
o Determinam a complexidade dos circuitos de comercialização
(número de agentes diferentes que intervêm na comercialização)

 Os circuitos de comercialização nacionais


o tendem a organizar-se
o os comerciantes “ambulantes” preenchem grande parte das
lacunas existentes

 Crescentes exigências do consumidor e


 Segmentação do mercado
o Têm criado novas necessidades de
 Diferenciação dos produtos
 Introdução de novas etapas nos circuitos de
comercialização.

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A. Funções da comercialização

o Dizem respeito à
 concentração de produtos agrários
 sua preparação para o consumo
 sua distribuição.

 Concentração (acumulação)
o É indispensável, devido à dispersão das explorações (oferta)
o É muitas vezes assegurada por intermediários
o Os intermediários obtêm vantagem de preços graças à reduzida
dimensão económica dos produtores

 A preparação dos produtos agrários para o consumo


o Pode
 ser artesanal, feita pelo produtor
 envolver uma ou várias agro-indústrias
 diferenciar o produto final.

 A distribuição
o Põe à disposição dos consumidores os produtos numa forma
utilizável.
o Inclui
 transporte,
 armazenagem,
 embalagem,
 fraccionamento,
 normalização,
 informação ao consumidor,
 outras
o Pode ser efectuada
 pelo próprio produtor
 pelas indústrias agro-alimentares

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B. Operações de comercialização mais importantes:

 Transporte:
o Cria e preserva o valor dos produtos agrícolas
o Reduz a distância entre as áreas de produção e os centros de
consumo
o Influencia o tempo de prateleira do produto
o A sua complexidade depende da
 variabilidade da produção agrícola
 natureza dos produtos agro-pecuários (ex: animais vivos,
produtos perecíveis)
 exigências dos consumidores na qualidade dos produtos
 volumes dos produtos
o O seu custo
 é uma medida da eficiência da transacção
 varia com a distância

 Armazenagem / Conservação:
o acrescenta unidades de tempo ao produto
 permite regularizar a oferta
 criando stocks quando a produção é excedentária
 disponibilizando stocks quando a produção é
insuficiente

o Problemas com o armazenamento:


 Riscos de descidas de preços devido a
 mudanças na oferta
 mudanças nas preferências dos consumidores
 Riscos da perda de qualidade com o tempo
(deterioração)
 Altos custos de armazenamento ( custos de instalação,
oportunidade, etc.)

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o Responsabilidade pelo armazenamento:
 Não há uniformidade de pensamento, havendo quem
pense que ela é
 Do Estado/Governo
 Dos Produtores
 Das Agências para-estatais
 Dos Privados

 Transformação:
o A acrescenta unidades de forma ao produto
o Permite a diferenciação dos produtos
o É indispensável para a conservação de alguns produtos (trigo,
beterraba, etc)
o É normalmente considerada actividade à parte da
comercialização
o Seus aspectos económicos e comerciais fazem parte integrante
da comercialização.

 Normalização / Tipificação:
o Acrescenta unidades de forma ao produto
o Tem como objectivo formar lotes homogéneos de produtos de
modo a facilitar as operações de compra e venda
o Contribui para diferenciação do produto, quando a
normalização é associada à tipificação

 Embalagem / Informação mercados (para consumidores ):


o Acrescenta unidades de forma ao produto
o Têm como funções
 Proteger o produto
 Facilitar o transporte
 Informar o consumidor
 Garantir a imagem do produto.
o Há dois níveis de embalagem a considerar:
 A de grandes quantidades de produtos

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 em que as primeiras funções referidas são
privilegiadas
 A para venda a retalho
 que têm em conta todas as funções

 Compra /Venda:
o É a operação mais importante e óbvia da comercialização
o Consiste, em parte, num conjunto de transacções entre
indivíduos que aproximam os produtos agrários do consumidor.

 Informação de Mercados:
o Melhora
 A eficiência económica
 O desempenho e
 A equidade.

 Riscos:
o O armazenamento é a principal maneira de assumir riscos
 especialmente riscos de variação de preços
o São maiores num armazenamento sazonal

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6. Estrutura Conduta e Desempenho dos Mercados Agrários

A. Conceitos básicos do paradigma de organização indústrial:


Os conceitos de estrutura, conduta e desempenho:

A1. Estrutura do mercado:


 É o ambiente em que as firmas/unidades produtivas operam
 Inclui os seguintes elementos (Pomery & Trinidad, 1995):
o Concentração de vendedores/compradores
o Diferenciação deprodutos/serviços
o Barreiras para entrada de novas firmas.

 Influencia a natureza da competição e o comportamento dos preços


(Bain 1968)
 Permite classificar os mercados como segue:

Produto homogéneo Produto heterogéneo


Muitos Concorrência Perfeita (mercados Concorrência Monopolística
vendedores perfeitamente competitivos)
Poucos Oligopólio Puro Oligopólio Diferenciado
vendedores
Um vendedor Monopólio ---------------------------------

Mercados perfeitamente competitivos (Scherer, 1980):


 Não há firmas grandes ou grupos de firmas que dominam o mercado
 Produto transaccionado homogéneo, não diferenciado
 Livre entrada de agentes
 Livre mobilidade de recursos
 Completa e perfeita informação/conhecimento
 Os agentes só podem influir nas quantidades
 Todos são “tomadores de preços”.

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Mercados monopolistas:
 Um único vender no mercado
 Barreiras para entrada

Mercados Oligopolistas:
 Existe mais do que um vendedor no mercado
o (Típico: três firmas controlam mais de 50 % das vendas do
bem/produto)
 Algumas barreiras à entrada de competidores no mercado (Tomek and
Robison, 1981)
 Certo domínio sobre as quantidades procuradas e preço.

A estrutura, conduta e desempenho dos mercados diferem nas três


condições de mercados.

A2. Conduta dos mercados:


 São os padrões do comportamento resultantes da estrutura dos
mercados.
o Exemplos de conduta de mercados
 As práticas de compra e venda e comportamento dos
preços
 A coordenação das decisões e rivalidades dos agentes do
mercado
 A reacção à procura de produtos em mercados comuns
(Bain em 1968)

A3. Desempenho dos mercados:


 É o resultado económico da estrutura e conducta, em particular em
relação à distribuição de margens, custos de produção e serviços de
marketing (Bain, 1959).

 Pode ser medido em termos de variavéis como preço, custos, e


volumes , (Bressler and King, 1970).

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B. Alguns Aspectos de Estrutura e Conducta a considerar no âmbito
da comercialização:

A estrutura de mercados (ambiente) determina a conducta dos mercados


(comportamento) dos agentes económicos dentro do ambiente e como
consequência o desempenho dos mercados. Existe uma relação de causa-
efeito no sentido (desempenho – conducta-estrutura) . Esta relação é
dinâmica e pode mudar com o tempo.

C. Molduras teórica para analisar o desempenho dos mercados


agrários:
O desempenho óptimo dos mercados agrários está directamente relacionado
com a concorrência entre firmas/unidades produtivas porque a imperfeição
destas tende a impedir a efeciência de preços. Vários autorres tentativamente
identificaram alguns indicadores de desempenho que são hoje usados como
base para analises de desempenho.

Pomeroy e Trinidad (1995), apresentam dois indicadores de desempenho


dos mercados:

o Retorno Liquido e
o Margens de comercialização.

A determinação deste dois elementos pode variar de acordo com os


investigadores, propósito da pesquisa, assim como a parte da cadeia de
comercialização em análise.

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7. Análise dos Mercados e Preços Agrários

Mercado
o São as forças que intervêm na formação de preços e quantidades
o É o conjunto das operações de troca (compra e venda) de um produto
ou conjunto de produtos

7.1. Particularidades dos Mercados Agrários

a) Número e dimensão económica dos produtores

Atendendo ao número de vendedores e ao tipo de produto os mercados


podem ser de:
o concorrência Perfeita
o oligopólio Puro
o oligopólio diferenciado
o monopólio.

b) dispersão geográfica e falta de transparência

A dispersão geográfica e a reduzida dimensão económica dos produtores


o dificulta a transparência dos mercados
o dificulta o acesso à informação de preços e de mercados
o confere maior poder comercial aos intermediários, geralmente bem
informados.

c) Lei/efeito de king

Efeito de King
É a tendência de o preço e consequentemente o rendimento do agricultor
baixar drasticamente em anos de produção acima do normal, e crescer
substancialmente em anos de colheita menos abundante.

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7.2. Instabilidade e Variabilidade dos Preços Agrários
(análise espacial e temporal dos preços)

Os preços agrários podem variar


o no espaço (de país para país ou de região para região)
o no tempo
E as variações podem ser
o anuais
o sazonais (ex. repetição regular dum padrão de 12 em 12 meses)
o cíclicas (repetição regular dos níveis com a passagem de tempo)
o de curto prazo (ex: diárias, semanais)
o etc.

As variação de preços no longo prazo (tendências)


Podem ter como causas alterações
o na inflação
o nos gostos e preferências
o no poder de compra
o no nível de vida e
o nas tecnologias

As variações anuais dos preços


São devidas sobretudo às variações interanuais da oferta
o Ditadas pelas variações nas condições edafoclimáticas

O padrão sazonal
o ocorre especialmente nas culturas colhidas num breve espaço de
tempo e vendidas durante todo o ano
o é devido à sazonalidade da oferta, da procura, ou a ambas
A sazonalidade da oferta é devida
o aos ciclos biológicos das culturas, a factores climáticos e a pragas e
doenças.
A sazonalidade da procura é devida

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o ao clima, às tradições ou a férias.

Exemplo de um padrão sazonal

Factores que podem afectar o padrão sazonal:


falta de informação dos armazenistas
qualidade do produto armazenado
o (o abaixamento da qualidade pode implicar uma venda mais
rápida)
grau de perecibilidade dos produtos
quantidade de produto.

Conclusão

Em geral, as variações temporais dos preços são atribuídas a:


natureza biológica das produções
predominância de respostas desfasadas do lado da produção e
rigidez da procura

Os efeitos negativos destas variações podem ser minorados com

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a implementação de uma adequada política de preços por parte de
organismos estatais ou cooperativos
a especialização e organização dos agricultores e
a celebração prévia de contratos entre estes e os compradores.
8. Consumo e Procura de Produtos Agrários

8.1. Factores de Variação da Procura e do Consumo

A curva da procura representa a procura global de mercado


(soma das quantidades que os consumidores estão dispostos e podem
comprar para diferentes preços, permanecendo o resto constante).

Um aumento de preço reduz a quantidade procurada e vice-versa.

Os factores determinantes da procura global são:


O rendimento e a sua distribuição:
o uma variação positiva do rendimento favorece o aumento da
procura.
Os preços absolutos e relativos de outros bens:
o para bens substitutos ou sucedâneos (ex: arroz e farinha de
milho), o aumento no preço de um deles afecta negativamente a
procura deste e positivamente a procura do outro

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o para bens complementares (ex: manteiga e pão), o aumento no
preço de um deles afecta negativamente a procura de ambos.

NB: Os preços relativos reflectem a relação entre o preço do


produto e de outros bens substitutos e complementares.
As condições de produção / transformação / distribuição:
o A sua melhoria técnica permite expandir o mercado e a procura
ao proporcionar
 novos produtos (carne cozinhada, congelados, cereais em
pacote, sumos, etc.) e
 preços mais competitivos.
Os factores sócio-demográficos (da população):
o dimensão
o composição (ex: idade, tamanho das famílias)
o localização geográfica (rural ou urbana)
o hábitos alimentares
o gostos e preferências e
o modos de vida da população.
Factores individuais do consumidor
o as motivações do consumidor / comprador, ditadas pelo
 preço
 relação preço / qualidade
 aspecto
 acondicionamento
 facilidade de transportar / conservar / cozinhar / arranjar
 marca e origem
 uso a dar
 valor nutricional
 paladar
 outras - factores irracionais (imitação, “status”,
sentimentos)
o o comportamento e
o o seu estilo de vida.
Outros factores que criam a consciência da existência de uma
necessidade não satisfeita
o A informação sobre o produto disponibilizada

28
 pela publicidade e
 pela opinião de outros consumidores

8.2. Elasticidade da Procura e Receitas dos Produtores

Por os bens agrários serem normalmente essenciais, a sua procura é


maioritariamente rígida (1<|EP|<∞), o que provoca o efeito de King :

S1 S2

P1

P2

0 Q1 Q2
P1 - preço do produto correspondente ao momento 1
P2 - preço do produto correspondente ao momento 2
Q1 - quantidade procurada no momento 1
Q2 - quantidade procurada no momento 2
S1 – Oferta no momento 1
S2 – Oferta no momento 2

RT (rendimento total dos agricultores) = preço do produto x quantidade

Variações positivas na quantidade produzida e procurada (em anos de


colheitas abundantes) originam variações negativas proporcionalmente mais
elevadas no preço do produto, afectando negativamente o rendimento dos
agricultores, pois a descida provocada nos preços não compensa o aumento
de procura. Por sua vez, variações negativas da produção e da procura (em
anos de más colheitas) originam a variação do preço positiva e

29
proporcionalmente mais elevada (∆Q < ∆P), o que aumenta o rendimento
dos produtores (RT) pois a descida da produção é mais que compensada pela
subida de preço.

Consequências do efeito King

É a fonte dos grandes problemas de organização dos mercados


agrários:
o gera instabilidade nos mercados agrários
Tal instabilidade só pode ser resolvida através da
o intervenção de organismos estatais e comunitários ou
o intervenção das organizações de produtores (associações)
o políticas de limitação da produção (controlo das quantidades
produzidas e oferecidas)
o melhoria das condições de armazenamento, conservação e
transformação dos produtos.

9. Distribuição e Oferta de Produtos Agrários

A curva de oferta
expressa a quantidade que os produtores estão dispostos a vender para
os diferentes preços, mantendo-se o resto constante
tende a crescer com o aumento do preço.

30
A oferta global de produtos agrários
pode ser
o descontínua (produções vegetais, com uma colheita anual), ou
o contínuas (produções animais).
não corresponde necessariamente à produção global
o parte vai para
 autoconsumo (nas explorações familiares)
 armazenamento
 autoaprovisionamento
o parte vem das importações
Estas variáveis afectam as previsões em relação ao comportamento da oferta
e dos produtores.

9.1. Factores Determinantes da Oferta de Produtos Agrários

o preço do próprio produto


o um aumento no preço aumenta a oferta
o preço dos factores
o um aumento no preço diminui a oferta
a rendibilidade das produções alternativas

31
o uma diminuição da rendibilidade de produções alternativas
aumenta a oferta da produção em questão.
as mudanças de tecnologia
o a melhoria das tecnologias aumenta a oferta, utilizando-se a
mesma quantidade de factores de produção.
as produções complementares
o para produções conjuntas (ex: carne de ovino e lã, óleo e
bagaço de soja)
 o aumento da oferta de um dos produtos aumenta a oferta
do outro
os constrangimentos e incentivos institucionais
o os mecanismos restritivos (ex: quotas) limitam a oferta
o os incentivos (ex: subsídios) aumentam a oferta

NB: enquanto que as expectativas de variação no preço do produto,


mantendo-se o resto constante, provocam um deslocamento ao longo da
curva de oferta, os restantes factores provocam deslocamento da própria
curva de oferta.

Por vezes a oferta global de produtos não se comporta como seria previsível,
devido a:
a natureza biológica das produções
condições climatéricas

32
pragas e doenças
reacção dos produtores de maneira não esperada, à variação de
algumas das variáveis indicadas anteriormente
o Ex: resposta cautelosa à subida do preço devido à
 Aversão ao risco
 Necessidade de balancear entre
 produção para o mercado e
 produção para alimentação familiar

A influência do preço do produto é menos significativa do que a de outros


factores na evolução da oferta. A interdependência de preços e produções e a
alteração de tecnologias acabam por ter um efeito mais forte, em especial no
longo prazo.

9.2. Elasticidade da Oferta e Prazos da Oferta

A análise da evolução da oferta de produtos agrários é feita tendo em conta


três períodos de tempo:
(i) curtíssimo prazo
(ii) curto prazo
(iii) longo prazo.

A. Curtíssimo prazo
Acontece dentro da mesma campanha de produção e comercialização
A produção é considerada fixa
o O produtor não pode alterar volume, já que este depende apenas
das decisões de produção tomadas anteriormente e de factores
climatéricos que já produziram os seus efeitos.
A oferta é igual à quantidade produzida e não consumida pelo
produtor
A oferta é rígida e a variação do preço não influencia as quantidades
oferecidas.

33
B. No curto prazo
As variações de produção podem ocorrer dentro de uma capacidade
de produção instalada existente.
O nível de produção depende da maior ou menor utilização dos
factores de produção variáveis e das possibilidades de adaptação dos
factores fixos.
A oferta pode variar consoante se prevê que varie o preço do produto.
o Se o agricultor espera uma evolução favorável do preço, vai
aumentar a produção e vice versa
A oferta de um produto agrário pode variar, não só devido à variação
do próprio preço, mas também devido à variação dos preços dos
outros produtos.

34
C. No longo prazo:
A duração de tempo é suficientemente grande para que as empresas
possam alterar a sua estrutura de produção (por exemplo aumentar a
área) e introduzir novas técnicas e sistemas produtivos.
A oferta é muito sensível a variáveis como o preço (das diferentes
produções).

Em conclusão
A oferta de produtos vai sendo menos rígida
A elasticidade da oferta em relação ao preço vai sendo maior à medida
que o prazo temporal se vai dilatando.
7.3. Contexto Institucional dos Mercados Agrários em Moçambique.

Em África e em Moçambique as agências estatais de comercialização estão


ceder lugar e funções a comerciantes privados, graças ao sistema de mercado
livre.

I - Antes do mercado livre


Só um canal de comercialização
o A empresa estatal ou a cooperativa
 Comprava
 Armazenava

35
 Processava
 Vendia
Elevado subsídio ao produto final incentivava
o Venda de toda a produção
 Sem reserva para o consumo próprio
o Compra de produto processado para o consumo próprio
Crédito
o Concessão de ligada à comercialização
o Reembolso deduzido da receita do produtor e canalizado ao
Banco
Produto comprado logo após a colheita
o a um preço único
 pan-territorial
 pan-temporal

a) Vantagens
o O agricultor podia facilmente vender seu produto e prever a receita a
obter
o O preço pan-territorial ajudava os agricultores das áreas longínquas
a obter receita
o A armazenagem era feita pela empresa comercializadora e não pelo
agricultor
o A concessão de crédito bancário estava ligada à posterior venda do
produto
o A existência de um só comprador facilitava a concessão de crédito
bancário à agricultura, uma vez que o reembolso era feito por
dedução da receita do agricultor, junto da empresa de
comercialização

Infelizmente as vantagens foram superadas pelas desvantagens, entre as


quais se destacam as seguintes:

b) Desvantagens
o Desaparecimento do produto nos armazéns devido a
 Má gestão
 Excesso de pessoal e

36
 Corrupção nas empresas de comercialização
o Fixação de preço sem ter em conta a oferta e a procura
 preços altos levavam a
o Acumulação de “stocks” excessivos e caros
 consequente perda (incluindo deterioração) do produto por
armazenagem prolongada.
 preços baixos levavam a
o Escassez do produto no mercado
 consequente desenvolvimento de mercado paralelo, e por
vezes, contrabando para os países vizinhos
o Custos de transporte muito elevados e
 consequente subida dos custos de comercialização, por as
empresas serem obrigadas a comprar de agricultores em áreas
remotas
o Embora os fertilizantes e as sementes fossem também subsidiados, o
reembolso do empréstimo através da empresa de comercialização
raramente funcionava

Consequência do sistema
o O governo tinha que imprimir dinheiro para manter em
funcionamento
 O sistema de preços subsidiados
 Os altos custos de comercialização
o A inflação crescia, chegando em alguns países a mais de 100% ao
ano.

II - Com o mercado livre


Comercialização está liberalizada
o O agricultor
 não depende de
 empresa estatal de comercialização ou
 da cooperativa.
 tem de procurar compradores para os seus excedentes
 precisa de compreender
o as condições actuais do mercado e
o como funciona o mercado

37
o O comerciante compra de acordo com
 suas necessidades imediatas e
 perspectivas de venda.

Consequências do mercado livre


O agricultor tem de armazenar seu produto por período mais longo
O preço varia de acordo com
o o lugar
o a estação do ano
o o comerciante
O agricultor
o deve decidir
 as culturas a produzir
 onde comprar e como pagar os insumos
 se armazena, processa ou vende de imediato sua
produção
 como armazenar e
 como e onde vender
o deve conhecer os preços e como estes variam

No sistema liberalizado
O produto chega ao consumidor
o através de muitas e variadas vias (canais de comercialização)
 que variam com o país e a região
O agricultor
o vende directamente seu produto ao consumidor
o vende seu produto ao comerciante/retalhista, e este vende-o ao
processador ou ao consumidor
o vende seu produto ao processador e este vende-o ao
comerciante/retalhista e ao consumidor
Grupos de agricultores juntam o seu produto e transportam para o
processador
Pequenos comerciantes (colectores/retalhistas)

38
o compram dos agricultores e
 vendem aos consumidores
 vendem aos grandes comerciantes, que por sua vez
vendem aos processadores
 Entre o pequeno e o grande comerciante pode
haver um ou mais intermediários que vão
acumulando o produto até atingir volumes
suficientemente grandes para interessar ao grande
comerciante
Grandes comerciantes compram dos agricultores e
o vendem aos processadores ou aos grandes mercados urbanos,
o ou armazenam, se tiverem
 a expectativa de aumento de preço e
 valor financeiro suficiente para se manterem ainda no
mercado.
O retalhista
o vende factores de produção a crédito
o recebe o reembolso em espécie e
o vende o produto aos grandes comerciantes.
Não há certeza quanto ao modo como o produto é comercializado e
Os padrões de comercialização podem mudar rapidamente em
resposta a mudanças nas condições e preços do mercado.

39
CANAIS DE COMERCIALIZAÇÃO NUM SISTEMA LIBERALIZADO
(REPRESENTAÇÃO SIMPLIFICADA)

40
Fonte :MIC & MADER, 2001
Factores que influenciam os padrões de comercialização
 Época do ano
 Local e facilidade de transporte
 Disponibilidade de mercados locais
 Volume da colheita
 Volume da colheita nos países vizinhos

Época do ano
 Logo após a colheita
o o milho está facilmente disponível:
 o agricultor vê-se com frequência forçado a vender sua
produção
 para pagar dívidas e
 fazer face a despesas caseiras.

Local e facilidade de transporte


 áreas mais remotas requerem
o maior empenho do agricultor para vender o seu produto
o que talvez tenha de levar o produto ao comerciante em vez de
esperar que este venha ao seu encontro
o uma provável existência de muito mais intermediários até que o
produto chegue o consumidor.

Disponibilidade de mercados locais


 Mercados que atraem um grande número de consumidores ou de
comerciantes (ex: feiras) incentivam mais os agricultores

Volume da colheita
 Se a colheita for boa
 Os comerciantes só compram se tiverem a certeza ou expectativa
de vender com lucro
 Os comerciantes de áreas distantes podem concluir que os custos
de transferência para as cidades distantes não compensam
 O receio de o preço não subir o suficiente para cobrir os custos
poderá desencorajar o armazenamento

41
 Se a colheita for fraca
 Os comerciantes com poder financeiro tentarão
o comprar mais barato e
o armazenar na expectativa de uma posterior grande subida de
preço

Volume da colheita nos países vizinhos


 As crescentes trocas comerciais entre países vizinhos e a tendência
para padrões climáticos semelhantes levam a que os comerciantes
baseiem cada vez mais as suas decisões sobre quanto, quando e a que
preço comprar e/ou armazenar não só na colheita nacional, como
também na dos países vizinhos

Decisões que se colocam aos agricultores

Num sistema liberalizado, são várias as opções que se colocam ao produtor e


sobre as quais ele deve decidir:
Ir vender no mercado ou esperar que o comerciante venha comprar na sua
aldeia?
Como saber o preço praticado na cidade mais próxima?
Como saber se o preço oferecido pelo comerciante que vem à aldeia é
razoável?
Quando vender para obter lucro (por quanto tempo armazenar)?
Que tipo de armazenagem usar para garantir a qualidade e qual o seu
custo?
Como adquirir os insumos para a próxima campanha?
 Eles já não são distribuídos pelas empresas estatais
 Os bancos já não financiam a agricultura
 Já não existem as empresas estatais para
 comprar a produção e
 garantir o reembolso do empréstimo
 É necessário guardar dinheiro (poupar)

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Factores que influenciam o preço ao produtor

No sistema liberalizado o preço não é fixo e sua variação depende, entre


outros, dos seguintes factores:

A oferta e a procura
A localização
A Época do ano
A informação
A Qualidade

 A oferta e a procura
o Para uma determinada colheita
 o preço oferecido ao produtor não depende só da quantidade do
produto procurada localmente e fornecida pelo produtor
 o preço é muito influenciado pela quantidade total produzida no
país e na região.

 Localização
o O preço depende também da sua localização do agricultor,
nomeadamente:
 Distância do mercado
 O agricultor que vive mais perto dos mercados recebe quase
sempre preços mais altos à porta da machamba, graças aos
menores custos de transporte para se chegar até ele
 Condições das estradas
 O produtor próximo de uma estrada principal recebe preços
mais altos que o do final da estrada terciária e em muito más
condições, também devido aos custos de transporte para se
chegar até ele
 Quantidade de produto disponível
 O custo de transporte por saco diminui, e por conseguinte, a
vontade de o comerciante pagar preço mais alto aumenta
o quanto maior for a capacidade do camião usado
o quanto menor for o tempo que levar a comprar e carregar o
camião

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o quanto mais vezes o comerciante puder rodar o capital
investido (comprar e vender)
 Nível de competição entre os comerciantes
o Vários comerciantes tentarão comprar a preços mais altos
onde houver muito produto, para maximizar suas compras o
mais depressa possível.

 Época do ano
 Quase sempre o nível de preços segue o mesmo padrão sazonal:
são mais baixos na época das colheitas e mais altos na época de
escassez

 Informação
 O preço é também influenciado pela informação de mercado
disponível, tal como
 Preço que os comerciantes estão a pagar na zona
 A boa ou má colheita em muitas partes do país
 Preços praticados nos países vizinhos

 Qualidade
 os comerciantes e processadores aplicam os seus próprios padrões
de qualidade não oficiais (humidade, grãos partidos e danificados,
conteúdo de impurezas, etc.), em função dos quais oferecem preços
diferenciados.

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