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Perspectivas de mercado para soja

sustentável na Holanda

C.J.A. Hin

CLM Onderzoek en Advies BV


(Centro de Pesquisa para a Agricultura e Meio Ambiente)
Utrecht, Holanda
Outubro de 2002
Índice _______________________________________________________________________________

1 Introdução 5

2 A cadeia produtiva da soja 7


2.1 Cultivo da soja 7
2.2 Cadeia produtiva da soja 8
2.3 Derivados da soja 8
2.4 Posição da Holanda na cadeia produtiva da soja 10
2.5 Processamento de derivados de soja em ração animal na Holanda 11
2.6 Soja geneticamente modificada 13

3. Perspectivas para a soja produzida de forma socialmente responsável e


para a soja orgânica 16
3.1 O mercado de ‘commodities’ 16
3.1.1. Comércio e processamento 16
3.1.2. Ração animal 17
3.1.3 Indústria de alimentos 18
3.2 Mercado de produtos orgânicos 20

4. Conclusões e recomendações 24
4.1 Mercado de ‘commodities’ 24
4.2 Soja orgânica 25

Fontes 27

Anexo 1 - Aplicações da soja na indústria de alimentos 29

Anexo 2 - Aplicações técnicas de derivados de soja 31

Anexo 3 - Esquemas das formas de processamento e derivados na planta de


esmagamento de soja e refinarias de óleo de soja 33

Anexo 4 - Outras formas de processamento da soja 35


Organizações _______________________________________________________________________

Agriterra
Sr. Jur Schuurmans
Willemsplein 43-II
6811 KD Arnhem
Holanda
Tel: +31 26 44 55 445
Fax: +31 26 44 55 978
E-mail: agriterra@agriterra.org
www.agriterra.org

Both ENDS
Sra. Tamara Mohr
Damrak 28-30
1012 LJ Amsterdam
Holanda
Tel: +31 20 6230823
Fax: +31 20 6208049
E-mail: info@bothends.org
www.bothends.org

Solidaridad
Sr. Jan Gilhuis
Goedestraat 2
3572 RT Utrecht
Tel: +31 30 2720313
Fax: +31 30 2720194
E-mail: solidaridad@antenna.nl
www.solidaridad.nl

4
1 Introdução ___________________________________________________________________________

Agriterra, Both ENDS, ICCO e Solidaridad estão buscando se orientar sobre a


possibilidade de apoiar, no Brasil, a produção de soja ‘de forma socialmente
responsável’. Os critérios para soja socialmente responsável (MVO ou SR) ainda
não foram fixados. Pode-se pensar em:
1. soja com critérios adicionais no âmbito social (como os produtos de Comércio
Justo1, selo Max Havelaar);
2. soja com critérios adicionais relativos a impacto ambiental nas condições de
produção (como os produtos com Selo Ambiental - Milieukeur);
3. uma combinação destes dois;
4. soja orgânica;
5. soja orgânica com critérios adicionais no âmbito social e ecológico.

A Fusion21 (Hirsch, 2001) fez, a pedido da Agriterra, Both ENDS, ICCO e


Solidaridad uma pesquisa de mercado para soja orgânica. As principais conclusões
foram:
• o mercado para derivados de soja orgânica é pequeno (cerca de 1%);
• o uso de (derivados de) soja orgânica no setor de rações animais é muito
dependente de políticas governamentais. A demanda sofrerá forte incremento
se as rações orgânicas tiverem que ser produzidas 100% com matérias-primas
orgânicas (atualmente permite-se que 20% das matérias-primas sejam não-
orgânicas). A demanda de soja orgânica do Brasil deixará de existir se for
exigido que as matérias-primas sejam produzidas localmente.

Neste estudo, as perspectivas de mercado nos Países Baixos (Holanda), de


derivados de soja produzida de forma socialmente responsável são detalhadas.
Para isto, estudou-se tanto as perspectivas da soja orgânica quanto as da soja
convencional com critérios adicionais (socialmente responsável). O estudo foi
realizado buscando respostas para as seguintes perguntas:
• os fabricantes de alimentos e/ou ração animal estão dispostos a adquirir uma
parte da soja utilizada como matéria-prima pagando um ágio com base em
critérios adicionais (sociais e/ou ecológicos)?
• o uso de soja orgânica ou soja socialmente responsável pode melhorar ou
fortalecer a imagem de produtos qualidade em alimentos nos quais a soja é
uma matéria-prima importante?
• há outras razões que motivam as indústrias de alimentos a comprar matéria-
prima produzida de forma socialmente responsável como exigências de
financiadores ou comunicação com a sociedade civil?
• de que maneira Agriterra, Both ENDS, ICCO e Solidaridad podem estimular a
demanda de soja orgânica e/ou produzida de forma socialmente responsável?

1
O termo Comércio Justo implica critérios sociais como sindicalização dos trabalhadores, condições
mínimas de trabalho, renda justa, eventualmente preços mínimos, etc., mas também inclui critérios
ambientais, tais como a proibição de certos agrotóxicos, etc. No entanto, a rigidez dos critérios ambientais
(ainda) não chega a ser igual à dos critérios da produção orgânica.

5
• quais as tendências do mercado e das políticas agrícolas que têm influência na
demanda futura de soja orgânica, ou soja socialmente responsável, em
especial no setor de ração animal?

O estudo está baseado em entrevistas com as partes do mercado e políticos


envolvidos com a cadeia da soja, na análise da literatura indicada por estas partes
e na experiência de outros projetos do CLM - Centro de Pesquisas para a
Agricultura e Meio Ambiente (relativos ao desenvolvimento da pecuária e de
organismos geneticamente modificados). O relatório é composto de quatro
capítulos. Após esta introdução é descrita, no capítulo 2, a cadeia produtiva da
soja. O capítulo 3 retrata a análise das perspectivas para a soja orgânica e soja
produzida de forma socialmente responsável. No capítulo 4, por fim, são
apresentadas as conclusões.

6
2 A cadeia produtiva da soja ___________________________________

2.1 Cultivo da soja

Originariamente, a soja é uma planta subtropical mas, pelo melhoramento, pode


ser cultivada hoje até a latitude de 52o N. O fator limitante pelo qual a soja não
pode ser cultivada em latitudes ainda mais extremas é o número de horas-luz
[comprimento do dia e da noite]. Cada variedade tem seu fotoperíodo
característico, no qual a planta floresce e inicia a formação do grão.

A soja é originária do Extremo Oriente. Na China, a espécie é cultivada há milhares


de anos. Somente no século 20 a soja se tornou conhecida no Ocidente. Na década
de 20 do século passado, agricultores americanos iniciaram o cultivo da soja em
larga escala; esta soja era utilizada principalmente como ração animal. Durante a
Segunda Guerra Mundial, quando os óleos comestíveis e as fontes tradicionais de
proteínas começaram a se tornar cada vez mais escassos. Foi neste época que a
soja, pela primeira vez, foi utilizada em larga escala em produtos destinados ao
consumo humano.

Após a Segunda Guerra Mundial, a produção da soja teve um crescimento


vertiginoso. Em 1960, a produção de soja mundial era mais de 10 milhões de
toneladas. Em 2000, a produção multiplicou-se por 16, até mais de 163 milhões de
toneladas. Na América do Sul, a produção de soja também teve um crescimento
explosivo (ver tabela 2.1).

Tabela 2.1 Produção de soja no Brasil e na Argentina (em milhões de toneladas;


fonte: United States Department of Agriculture [Departamento de
Agricultura dos Estados Unidos])

Brasil Argentina Total


1974 9,9 0,5 10,4
1979 15,2 3,6 18,8
1984 18,3 6,8 25,0
1989 20,3 10,8 31,1
1994 25,9 12,5 38,4
1999 31,0 21,0 52,0

Os Estados Unidos da América (E.U.A.) são, de longe, os maiores produtores de


soja do mundo (tabela 2.2). Quase metade da safra é cultivada neste país e está
concentrada no Corn Belt (Iowa, Illinois, Minnesota, Indiana, Ohio e Missouri). No
Brasil, são cultivados 20% da produção mundial de soja.

7
Tabela 2.2 Produção de soja no mundo (fonte: United States Department of
Agriculture [Departamento de Agricultura dos Estados Unidos])

Milhões de toneladas Porcentagem (%)


Estados Unidos 71,9 46
Brasil 31,0 20
Argentina 21,0 14
China 14,3 9
Índia 5,2 3
Paraguai 2,5 2
UE-15 1,1 1
Demais 8,0 5
Total 155,0 100

2.2 Cadeia produtiva da soja

A soja é cultivada principalmente em grande propriedades agrícolas. Nos Estados


Unidos a soja é semeada em maio ou no início de junho. Dentro de 75 a 80 dias, a
soja se desenvolve e está madura. A cultura é colhida em setembro e outubro. Em
menos da metade da área cultivada com soja são aplicados adubos químicos. Ao
contrário de outras culturas, a soja pode produzir seu próprio nitrogênio. O cultivo
da soja é bastante mecanizado. Nos Estados Unidos, a cultura da soja é,
geralmente, alternada com a do milho. Milho e soja podem ser cultivados em
condições climáticas semelhantes e, com pequenas adaptações, podem ser
utilizadas as mesmas máquinas para as duas culturas.

Nos países maiores produtores, após a colheita, a soja é entregue a grandes silos
coletivos. Nestes silos são misturadas as diferentes variedades de soja, cultivadas
por mais de um produtor. As diferentes variedades são tratadas como ‘commodity’
de uma única lavoura. A identidade da variedade e do produtor perde-se logo no
início da cadeia. Soja de qualidade similar é armazenada e transportada,
subseqüentemente, em quantidades cada vez maiores. Para ter uma idéia do
volume de tais fluxos de produção:
• a soja é transportada da América para a Europa em navios com capacidade de
50 a 100 mil toneladas;
• as duas plantas de esmagamento que se situam na Holanda têm capacidade de
processamento de 4.000 en 6.500 toneladas por dia.

No processamento por esmagamento, os grãos de soja são decompostos em um


grande número de componentes (ver anexos 1 e 2), dos quais o farelo de soja e o
óleo de soja são os principais. Em refinarias, o óleo de soja bruto é processado e
transformado, entre outros, em óleo de soja refinado e lecitina. No anexo 3 o
esquema apresenta as etapas do processamento da soja por esmagamento.

2.3 Derivados da soja

Os derivados da soja são matérias-primas importantes para as indústrias de


alimentos e de ração animal. Óleo vegetal é o ingrediente mais importante de
margarina, óleos e molhos. Mais de um quarto dos óleos vegetais consumidos no
mundo é derivado da soja (tabela 2.3).

8
Tabela 2.3 Consumo de óleo vegetal no mundo (fonte:
Mielke, Oil World [Mielke, Mundo dos Óleos])

Milhões de toneladas Porcentagem (%)


Soja 24,5 29
Palma 21,2 25
Colza 13,3 16
Girassol 9,5 11
Amendoim 4,3 5
Semente de algodão 3,7 4
Coco 3,2 4
Dendê 2,6 3
Oliva 2,4 3
Total 84,7 100

A principal fonte de proteínas em rações concentradas para animais é o farelo


derivado do esmagamento de sementes de oleaginosos. Dois terços dos farelos
protéicos utilizados na ração animal são derivados da soja (tabela 2.4).

Tabela 2.4 Consumo mundial de farelos ricos em


proteínas (fonte: Mielke, Oil World)

Milhões de toneladas Porcentagem (%)


Soja 107,4 66
Colza 22,2 14
Semente de algodão 11,5 7
Girassol 10,7 7
Amendoim 5,5 3
Dendê 3,0 2
Copra 1,7 1
Total 162,0 100

Mas há, ainda, um grande número de outros ingredientes da indústria de alimentos


que são derivados da soja. Por esta razão, nas campanhas publicitárias da indústria
da soja a soja é chamada de ‘feijão milagroso’. Um ingrediente importante para a
indústria de alimentos é a lecitina. Lecitina é um óleo com qualidades específicas
destilado por meio de refino do óleo de soja. A aplicação mais importante da
lecitina é como emulsificante. Exemplos de outras aplicações são os substitutos de
carne, leite de soja e ingredientes na panificação e confeitaria. Um esquema
completo das aplicações dos derivados da soja é apresentado no anexo 1. Em
1996, estimou-se que a soja estava presente em 60% dos produtos alimentícios
industrializados. Acredita-se que esta participação é menor neste momento porque
uma série de fabricantes de alimentos substituíram os derivados de soja devido aos
debates sobre organismos geneticamente modificados (ver parágrafo 2.6).

Os derivados de soja também têm uma larga aplicação fora da indústria de


alimentos como em tintas, cosméticos, borracha e agrotóxicos. Um esquema com
as aplicações técnicas dos derivados de soja é apresentado no anexo 2.

9
2.4 Posição da Holanda na cadeia produtiva da soja

A Holanda é um grande importador de farelo de soja. 11% da soja em grão e quase


13% do farelo de soja exportados pelos países produtores são importados pela
Holanda. Para o Brasil, a Holanda é ainda mais importante: mais de um quinto
(1/5) da soja em grão e farelo de soja do Brasil é exportado para a Holanda (ver
tabela 2.5).

Tabela 2.5 Exportação de soja em grão e farelo de soja em milhares de toneladas


(fonte: Mielke, Oil World)

Soja em grão Farelo de soja


Total Para Holanda % Total Para Holanda %
Estados Unidos 27.192 2.414 8,9 8.035 78 1,0
Brasil 11.517 2.398 20,8 10.780 2.201 20,4
Argentina 4.085 87 2,1 11.559 2.035 17,6
Outros 3.935 247 6,3 5.695 345 6,1
Total 46.729 5.145 11,0 36.069 4.659 12,9

Na UE, a Holanda é, portanto, um importante processador de soja em grão. 27%


da soja em grão da UE são processados na Holanda. Uma grande parte do óleo de
soja processado (80%) é exportada para outros países-membros da União Européia
(em especial para Bélgica e Luxemburgo e para a Alemanha) (figura 1).

Mas, em escala mundial, o processamento de soja na Holanda é limitado: somente


cerca de 3% da soja em grão são esmagados na Holanda. A capacidade de
processamento é muito maior nos países produtores. Nos Estados Unidos, o volume
de esmagamento de soja é dez vezes maior e, no Brasil, cinco vezes. Na Argentina,
é processado um volume semelhante ao da Holanda.

O consumo de óleo de soja também é relativamente baixo na Holanda e na UE.


Somente cerca de 1% do óleo de soja é consumido na Holanda. A UE consome
cerca de 7% da produção mundial. A maior parte do óleo derivado da soja é
consumida nos próprios países produtores (ver tabela 2.7). A maior parte do farelo
de soja também é consumida pelos próprios países produtores. A maior parte do
óleo de origem vegetal consumido na UE é derivada de culturas produzidas na
própria União Européia (colza, girassol e oliva). Um outro óleo de origem vegetal
importante é o óleo de palma. 20 a 25% dos óleos de origem vegetal consumidos
na União Européia são derivados da soja. Porém, como fonte de proteínas, a
Holanda e a União Européia são mais dependentes do farelo de soja.

Tabela 2.7 Parcela da soja produzida nos Estados Unidos, Brasil e Argentina
consumida na forma de óleo e farelo de soja pelos próprios países
produtores (em %). Fonte: Mielke, Oil World
Óleo Farelo
Estados Unidos 74 70
Brasil 70 58
Argentina 48 47

10
Figura 1 - Importação, processamento, consumo e exportação de soja em
grão, óleo de soja e farelo de soja na Holanda (Fonte:
Productschap MVO [Agência de normatização e promoção da
Responsabilidade Social das Empresas])

* Diferenças entre importação + produção e consumo + exportação são decorrentes das


diferenças entre os estoques no início e no final do ano.

2.5 Processamento de derivados de soja em ração animal na


Holanda

Rações balanceadas são uma fração importante da alimentação dos rebanhos da


Holanda. Na suinocultura e avicultura, a maior parte da alimentação dos animais é
formada por ração balanceada. Exceções a isso são os derivados líquidos (resíduos
líquidos das indústrias de alimentos) que são utilizados para alimentação dos
animais pelos suinocultores e o trigo integral que é utilizado por uma parte dos
criadores de frango de corte. Mesmo na bovinocultura de leite, a ração balanceada
é um ingrediente importante e participa com cerca de 30% (com base em peso
seco) na alimentação deste rebanho. Para produzir ração balanceada as matérias
primas são moídas, misturadas e condicionadas (pela adição de ingredientes
líquidos ou pelo vapor), eventualmente tratadas com calor (por exemplo, expandir)
e, por fim, prensadas na forma de ‘pellets’.

As matérias-primas para ração animal utilizadas em ração balanceada são


calculadas por meio de programação linear. Para os diferentes tipos de ração

11
balanceada há diferentes exigências nutricionais: as exigências mais importantes
são o teor de energia e de proteínas e a qualidade das proteínas. Para todas as
matérias-primas da ração animal é fixada a qualidade nutricional. Por meio de um
modelo matemático (programação linear) é calculado qual a mistura de matérias-
primas mais barata que atende às exigências nutricionais da ração balanceada. Ou
seja, na ração balanceada, uma matéria-prima pode simplesmente ser substituída
por outra. Isto significa que a composição da ração animal pode variar bastante
devido às flutuações de preço da matéria-prima.

A soja é uma matéria-prima importante na ração animal. Cerca de 16% das


matérias-primas na ração balanceada são derivadas da soja (tabela 2.8). A
participação de derivados de soja é maior na ração balanceada para frangos de
corte: 47,1%.

Tabela 2.8 Soja e derivados de soja utilizadas em ração balanceada em 1999/2000


em toneladas (Fonte: Lei-Wur)

Bovinos* Suínos Frangos de corte Poedeiras Total


Soja em grão 1 13 118 1 133
Óleo de soja 0 3 28 2 33
Farelo de soja 190 923 837 137 2088
Fibra de soja 55 2 0 0 57
Total soja 246 940 984 141 2311
Total matérias-primas 3677 6843 2087 1614 1422
1
% soja 6,7 13,7 47,1 8,7 16,2
* principalmente gado leiteiro

90% dos derivados de soja utilizados na ração balanceada são compostos pelo
farelo de soja. O farelo de soja contém muita proteína (tabela 2.9) de alta
qualidade e, por essa razão, é bastante adequada para ração para suínos e aves. O
óleo de soja contém muitos compostos energéticos de fácil digestão. Soja em grão
é uma combinação de farelo de soja e óleo de soja e é utilizado especialmente na
ração para frangos de corte. A fibra de soja é obtida das cascas e contém grande
quantidade de celulose o que a torna de difícil digestão, razão pela qual a fibra é
utilizada exclusivamente na ração para ruminantes (principalmente gado leiteiro).

Tabela 2.9 Composição das matérias-primas para ração animal derivadas da soja
em g/kg (Fonte: Centraal veevoederbureau [Escritório Central para
Ração animal])

Matéria Cinza Proteína Extrato Fibra bruta


seca bruta bruta etéreo
Soja em grão 883 52 356 189 53
Óleo de soja 995 0 0 995 0
Farelo de soja 876 67 425 19 60
Casca de soja 884 48 114 19 339

O farelo de soja é uma matéria-prima quase indispensável para as rações


balanceadas na Holanda, em especial na avicultura de corte e na suinocultura. Das
matérias-primas ricas em proteínas utilizadas em rações animais, o farelo de soja

12
participa com quase a metade. Devido à proibição temporária2, em 2000, do uso de
farinha de animais - devido aos riscos da BSE (‘mal da vaca louca’) esta
participação só pode ter aumentado (estima-se um aumento de 10% de farelo de
soja).

Tabela 2.10 Matérias-primas ricas em proteínas (mais de 30% de proteína bruta)


utilizadas em rações balanceadas em 1999/2000 (em toneladas, fonte:
Lei-Wur)

Bovinos Suínos Frangos de Poedeiras Total


corte
Leguminosas:
Ervilhas 5 296 28 48 377
Tremoço 147 9 0 0 157
Derivados do processamento do óleo:
Farelo de soja 190 923 837 137 2088
Farelo de colza 119 548 41 12 720
Farelo de girassol 25 516 12 54 607
Farelo de linhaça 25 73 0 0 99
Proteínas animais:
Farinha de peixe 0 19 2 0 21
Farinha de animais 0 75 104 81 260
Farinha de penas 6 0 19 11 36
Total matérias-primas 518 2459 1042 344 4363
ricas em proteína
% farelo de soja 36,7 37,5 80,3 40,0 47,9

2.6 Soja geneticamente modificada

A soja foi uma das primeiras culturas agrícolas que teve uma variedade
geneticamente modificada disponível para cultivos comerciais. Em 1996, a
variedade de soja ‘Roundup-Ready’ (RR) da firma Monsanto foi cultivada, pela
primeira vez, em escala comercial. Esta variedade é resistente ao herbicida
Glifosato (marca Roundup). Glifosato é um herbicida de largo espectro que mata
todas as plantas invasoras. A Monsanto alega que a possibilidade de uso do
glifosato apresenta uma série de vantagens. As vantagens mais importantes são
um menor comprometimento ambiental pelo uso de herbicidas e um maior
rendimento econômico para o produtor de soja. Mas, segundo especialistas
agrícolas americanos, o principal motivo da rápida introdução da soja ‘RR’ é que o
cultivo da soja ‘RR’ é mais simples porque o controle de plantas invasoras torna-se
flexível com o uso do glifosato: o momento da aplicação torna-se menos específico
e todas as invasoras podem ser controladas com um único produto.

O cultivo da variedade de soja RR cresceu espetacularmente nos últimos anos. Em


1999, metade da soja cultivada nos Estados Unidos era dessa variedade RR. Na
Argentina, o percentual chegou a 75% (tabela 2.11). Após 1999, a área cultivada
se ampliou. Os últimos dados indicam que, em 2002, mais de 75% da área

2
Neste verão a proibição foi novamente prorrogada. Não parece provável que a proibição seja revogada a
curto prazo.

13
cultivada com soja nos Estados Unidos foi semeada com a variedade de soja RR e
chega a 90% na Argentina.

Tabela 2.11 Evolução da área cultivada com soja geneticamente modificada em


milhões de hectares (fonte: Comissão Européia, DG VI)

1996 1997 1998 1999 Porcentagem da área


cultivada com soja
E.U.A. 0,4 3,6 10,1 15,0 51%
Argentina <0,1 1,4 3,4 5,5 75%
Brasil - - - 1,2 10%
Total 0,4 5,0 13,5 21,7 47%

Além da soja RR, está autorizado, nos Estados Unidos, o cultivo comercial de mais
duas outras variedades de soja geneticamente modificadas: soja resistente a
glufosinato de amônio e soja com elevados teores de ácido oléico. A soja resistente
a glufosinato ainda não é cultivada comercialmente. A área cultivada com soja com
elevados teores de ácido oléico ainda é bastante limitada e a soja é processada
separadamente devido ao alto valor agregado que tem para o comprador.

O Brasil cultiva uma fração relativamente pequena de soja geneticamente


modificada. Oficialmente não é autorizado o cultivo de soja RR para fins comerciais
no Brasil. Mas há um contrabando em larga escala de sementes de soja RR da
Argentina para o Brasil (ver sistemas de Preservação de Identidade [IP] para soja
não modificada geneticamente).

Sistemas de Preservação de Identidade [IP] para soja não modificada


geneticamente
Na União Européia, os rótulos devem informar claramente quando produtos contém
produtos de culturas geneticamente modificada. No momento a obrigação de incluir
a informação no rótulo se aplica somente àqueles produtos nos quais, por meio de
análise de DNA ou de proteínas, pode ser comprovada a presença de culturas
geneticamente modificadas. Por esta razão não é necessário adicionar informações
ao rótulo dos produtos que contém óleo de soja obtido a partir de soja
geneticamente modificada. Além disso não é necessário adicionar informações ao
rótulo dos produtos nos quais menos de 1% dos ingredientes são derivados de
culturas geneticamente modificadas. As regras de colocação de rotulagem devem
se tornar mais rigorosas num futuro próximo. O parlamento europeu aprovou neste
verão uma proposta da Comissão Européia para que todos os produtos de culturas
geneticamente modificadas (portanto, óleo de soja também) devem ter esta
informação no rótulo. Além disso há uma discussão sobre a redução de 1 para
0,5% no limite que dispensa a colocação da informação no rótulo.

Devido ao debate da sociedade sobre organismos geneticamente modificados


surgiu, em especial na União Européia, uma demanda por produtos com garantia
de origem de cultivos que não sofreram modificação genética. Para atender a esta
demanda foram desenvolvidos, dentro da cadeia produtiva da soja, os assim
chamados sistemas de preservação de identidade [IP]. Estes sistemas de IP podem
ser divididos, grosseiramente, em duas categorias:
• ‘IP de origem geográfica’, onde a informação acerca do País ou região de
origem garante a identidade de material não-modificado geneticamente. No

14
caso da soja, por exemplo, a IP de origem geográfica é fornecida para
produtos que têm sua origem no norte do Brasil;
• ‘IP documentada’ ou ‘documentary proof IP’ (‘from farm to plate’ - ‘da fazenda
até o prato’). No sistema ‘IP documentado’, a qualidade de não-modificada
geneticamente é garantida desde o início da cadeia produtiva. O primeiro
controle material da matéria-prima é realizado logo após o transporte da
colheita da lavoura para o silo e é realizado por meio do método 'dipstick' ou
similar. Este é um teste rápido e qualitativo com base na presença de
proteínas. No trajeto certificado que segue, os fluxos da matéria-prima e dos
derivados são sempre acompanhados de documentos elaborados na etapa
anterior. No próximo segmento da cadeia são realizados controles baseados
em testes de DNA por PCR. Neste sistema geralmente é adotada uma
tolerância de 1%.

Há grandes dúvidas acerca da adequação destes sistemas. Informa-se que também


em regiões como o norte do Brasil é cada vez mais difícil que se forneça garantia de
soja não-modificada geneticamente. Nesta região também está sendo cultivada a
soja com sementes da variedade Roundup-Ready, contrabandeadas da Argentina.
O sistema ‘IP documentado’ somente pode ser executado em pequena parte do
fluxo de produção. Conforme o descrito no parágrafo sobre a cadeia produtiva, a
soja é um produto armazenado, transportado e processado a granel e em grandes
volumes, provenientes de um grande número de produtores. Neste sistema não se
consegue manter separados os lotes de soja não-modificada geneticamente.

Para os mercados com demanda de produtos de culturas não-modificadas


geneticamente, os grandes compradores, como a Unilever, recorrem a produtos de
outras culturas. Para cerca de dois terços (2/3) dos produtos da Unilever pode-se,
sem problemas (sem adaptação nas máquinas), usar óleo de colza ao invés de óleo
de soja. Para a grande maioria dos outros produtos a substituição de produtos de
soja é mais complexa mas com certeza não é impossível. O preço do óleo de colza
(não-modificado geneticamente) é, no momento, comparável ao preço da soja com
garantia de IP não-modificada geneticamente. Como a certeza oferecida para colza
é considerada maior, a Unilever considera a soja não-modificada geneticamente
como segunda opção e dá preferência ao óleo de colza.

15
3 Perspectivas para a soja produzida de
forma socialmente responsável e para a
soja orgânica ____________________________________________________________________

3.1 O mercado de ‘commodities’

No mercado de ‘commodities’, foi dado ênfase a três segmentos importantes que


determinam, em grande parte, a estratégia do setor: o comércio e processamento
de soja em grão, a indústria de ração animal e os fabricantes de margarina.

3.1.1 Comércio e processamento

Setor
As duas empresas sediadas na Holanda que importam e processam soja em grão
são Multinacionais americanas. Em Roterdã, a Archer Daniels Midland (ADM) tem
uma planta de esmagamento de soja com capacidade de processamento de 6.000 a
7.000 toneladas por dia. Em Amsterdã, a Cargill tem uma planta de esmagamento
de soja com capacidade de 4.000 toneladas por dia. Tanto a ADM quanto a Cargill
são atores importantes no mercado de um grande número de produtos agrícolas
comercializados e processados a granel e em grandes quantidades, como sementes
oleaginosas, milho, grãos, cacau e citros. Além disso, ambas têm uma grande
quantidade de fábricas onde os produtos agrícolas são transformados em
ingredientes para as indústrias de alimentos e de ração animal. Ambas as empresas
não fabricam produtos diretamente para o mercado varejista.

ADM e Cargill também importam farelo de soja. Além delas, há uma série de outras
empresas que importam farelo de soja em grande escala como matéria-prima para
ração animal. O maior importador é a Cefetra (integrante do grupo Cebeco), em
Roterdã.

Responsabilidade Social das Empresas


A Cargill e a ADM, na qualidade de importadores de matérias-primas para ração
animal, não desenvolveram muitas atividades no âmbito Responsabilidade Social
das Empresas. Numa reunião com a Cargill isto foi confirmado. A Responsabilidade
Social ficou restrita aos locais de produção próprios no âmbito de condições de
trabalho e emissão de odores. A empresa não tem uma política de
Responsabilidade Social em relação à aquisição de matérias-primas. Somente
quando os compradores solicitam é que a Cargill transmite esta exigência aos
fornecedores. Para os derivados de soja ainda não foi solicitado à Cargill garantia
diferente da de soja não-modificada geneticamente. A produção de soja, e
especificamente as circunstâncias sociais em que ocorre, não são consideradas
problemáticas. Outras culturas, como café e bananas, merecem maior atenção
segundo a Cargill.

A demanda mais importante de derivados de soja não-modificada geneticamente é


por farelo de soja e vem da indústria de ração animal. O volume da demanda de

16
farelo com garantia de origem de soja não-modificada geneticamente é de cerca de
10%. A demanda de óleo com garantia de origem de soja não-modificada
geneticamente é bem menor. A Cargill adquire produto com garantia de origem de
soja não-modificada geneticamente no Norte do Brasil. Este é processado
localmente ou esmagado, em lotes separados, na planta de esmagamento em
Amsterdã. A soja é transportada pelos navios em porões de armazenamento
separados. Com esta forma de atuação a Cargill não tem condições de dar
garantias de que a soja é de origem não-modificada geneticamente: não é possível
excluir a possibilidade de mistura de pequenas quantidades de soja geneticamente
modificada ao longo de toda a cadeia de transporte e processamento. O farelo com
garantia de origem de soja não-modificada geneticamente contém, no máximo, 1%
de soja modificada geneticamente. Como também no norte do Brasil o cultivo da
soja modificada geneticamente é crescente, a Cargill está buscando programas de
rastreabilidade que levem até o produtor da soja.

3.1.2 Ração animal

Setor
O setor de ração animal é um ramo empresarial onde há um grande número de
empresas em atividade. Só na Holanda há centenas de empresas que produzem
ração balanceada. Nos últimos anos, pequenas empresas têm deixado a atividade e
há fusões entre as grandes empresas. As cinco maiores empresas do setor, as
cooperativas Cehave-Landbouwbelang (Veghel), Agrifim (Meppel) e ABCTA
(Lochem) e as empresas particulares Hendrix-UTD (integrante da Nutreco,
Boxmeer) e De Heus-Brokking-Koudijs atendem 2/3 do mercado. A indústria de
ração animal balanceada é um importante comprador de farelo de soja. Além disso,
o setor de ração animal também processa óleo de soja (em 2000: 45.000
toneladas).

Responsabilidade Social das Empresas


O setor de ração animal foi atingido, nos últimos anos, por uma série de crises:
BSE [‘mal da vaca louca’] relacionada com o uso de farinha de ossos como matéria-
prima para ração animal; contaminação de ração animal com dioxina e,
recentemente, contaminação da ração animal com o hormônio de crescimento
[MPA, em inglês]. Em reação a estas crises foram adotadas, em nível de setor
(Productschap Diervoeder - [Agência de normatização e promoção da pecuária],
normas de segurança mais rígidas (GMP [Boas Práticas de Fabricação], HACCP
[Sistema de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle] e deu-se início, em
pequena escala, uma campanha de marketing (‘Food for Feed’) [Alimentos para
Ração]. No nível das empresas, foram desenvolvidas iniciativas visando a
‘rastreabilidade’: ‘rastreabilidade’ dos produtos desde a matéria-prima para ração
animal até a carne.

Como o mais importante fornecedor para a pecuária na Holanda, o setor de ração


animal também esteve envolvido no debate sobre a pecuária. Em 2001, em
decorrência do abate do grande número de animais devido à epidemia de Febre
Aftosa (MKZ), foi realizado um amplo debate social sobre a pecuária. O debate não
se limitou ao controle de doenças nos animais. A sociedade manifestou uma
insatisfação geral sobre os rumos da pecuária, em especial da pecuária intensiva
(suínos, aves). A comissão Wijffels, instituída pelo governo a partir da crise,
concluiu que era imprescindível um ‘reestruturação significativa’ do setor para
preservar a ‘licence to produce’ [licença para produzir]. Os temas mais importantes

17
foram ‘bem-estar animal’, transporte de animais, ‘rusticidade’, meio ambiente e
política de controle de doenças nos animais.

A importação de matéria-prima para ração animal é mencionada no parecer, mas


somente em relação ao excesso de esterco produzido na Holanda. As condições de
produção das matérias-primas para ração animal, as conseqüências para o
ambiente ou as conseqüências sócio-econômicas nos países em desenvolvimento
não foram citadas como problema. No amplo debate social sobre a pecuária
também não se destacaram argumentos relativos ao cultivo das matérias-primas
para ração animal em outros continentes. Há cerca de 15 anos, as condições de
produção da matéria-prima para ração animal foram questionadas. O foco, na
ocasião, era o esgotamento do solo da Tailândia, onde se cultiva mandioca.

Tem-se a impressão de que por parte dos mais importantes grupos empresariais
agrícolas organizados foi adotado, em resposta ao debate social sobre a pecuária, a
estratégia da ‘adesão’: no auge da crise, aderiram às críticas da sociedade sobre a
pecuária. O objetivo da ‘estratégia de adesão’ era retirar o assunto rapidamente da
agenda política de modo que se pudesse retomar as ‘velhas’ políticas o mais rápido
possível.

Pode-se dizer que a estratégia de ‘adesão’ foi bem sucedida: antes do fim de 2001
o tema já não gerava discussões. Em algumas áreas, como o do bem-estar animal,
foram desenvolvidas novas premissas para as políticas, mas quando da
implementação concreta da nova política de bem-estar animal, estas novas
diretrizes tinham, em sua grande maioria, ‘desaparecido’. Não foi feita nenhuma
mudança significativa na condução da pecuária: a tendência de ampliação da
industrialização do setor continua.

Neste momento parece que não há um número suficiente de partes interessadas


com poder para mudar significativamente os rumos da pecuária. O governo parece
não ter coragem para fazer escolhas reais acerca de temas como segurança
alimentar, bem-estar animal, meio ambiente e comércio internacional. O Rabobank
está disposto a aumentar suas ações de ‘Gestão Empresarial Socialmente
Responsável’, mas teme que seus interesses sofram muitos prejuízos no curto
prazo. E a pesquisa científica conduzida na Universidade Agrícola de Wageningen
ainda é muito direcionada pelos antigos modelos. Na situação política atual, com
um parlamento de centro-direita e com as organizações ambientais e de proteção
aos animais oprimidas devido ao assassinato de Pim Fortuyn, não parecem
prováveis grandes alterações nas políticas relativas à pecuária.

O foco da maior parte da pecuária intensiva é, novamente, o custo de produção. A


Holanda deve manter sua competitividade em relação aos demais países-membros
da União Européia. Esta estratégia não é surpreendente, pois uma grande parte das
exportações da pecuária (intensiva) tem como destino supermercados populares de
baixos preços como Aldi e Lidle, na Alemanha. Nesta estratégia, focando o custo de
produção, não cabem preços maiores pelas matérias-primas para ração decorrentes
de critérios mais rigorosos acerca das condições de produção durante cultivo.

3.1.3 Indústria de alimentos

Setor
Em termos de volume, o óleo é o ingrediente mais importante do grão de soja. O
óleo de soja é o componente mais importante de margarina e de temperos e

18
molhos para saladas. Também para os consumidores são estes os produtos que
têm maior visibilidade enquanto produtos que contém ingredientes derivados de
soja.

Unilever é o fabricante mais importante de margarinas da Holanda. Unilever produz


as marcas Becel, Blue Band, Bona, Brio, Croma, Lätta, Linera e Zweeuws Meisje
para o mercado. Gouda’s Glorie é a única outra fabricante na Holanda que
comercializa as margarinas com uma marca de qualidade A , Gouda's Glorie e
Sense, mas é um ator muito menor que a Unilever.

A matéria-prima adquirida pela Unilever é óleo refinado. No passado, a Unilever já


esteve mais integrada à cadeia produtiva da soja. Até alguns anos atrás a planta de
esmagamento de soja Uni-Mills fazia parte do conglomerado, mas esta planta foi
vendida à ADM. Em outros setores, a Unilever ainda tem maior integração na
cadeia produtiva. No caso do chá e do óleo de palma, a Unilever possui até
plantações.

Mas, conforme exposto no anexo 2, derivados de soja são utilizados ainda em um


grande número de outros produtos alimentícios, ou como ingredientes ou como
adjuvantes na fabricação. Na maioria dos produtos alimentícios, os derivados de
soja participam com uma pequena fração. Por esta razão, não é de se esperar que
os fabricantes desses produtos invistam na linha de cultivo de soja. Com relação às
condições de produção de soja, estes fabricantes de alimentos irão exigir, no
máximo, garantias de que a soja não foi modificada geneticamente. Se ficar
evidente que este produto não pode ser fornecido ou que, com essa garantia, o
custo se torna muito elevado, eles substituirão os derivados de soja por
ingredientes de outras culturas.

Uma exceção é a produção de tofu, feito com a soja em grão e é composto quase
inteiramente de soja. Segundo avaliações da Productschap Margarine Vetten en
Oliën [Agência de normatização e promoção para Margarina, Gorduras e Óleos
Comestíveis], 10.000 toneladas de sementes de oleaginosas, como a soja em grão,
são utilizadas pela indústria de alimentos, nas quais a soja tem a participação mais
importante. A empresa Sofine, de Landgraaf, produz tofu na Holanda. A empresa
utiliza, exclusivamente, soja orgânica e tem, para obtenção da matéria-prima, um
projeto próprio na América do Sul. Sofine informa que a produção atende a
demanda com folga e não há necessidade de novos fornecedores.

Gestão Empresarial Socialmente Responsável


A Unilever, na qualidade de fabricante, tem uma série de produtos de qualidade A
para os consumidores e, pelo menos no papel, uma estratégia desenvolvida no
contexto da Responsabilidade Social de Empresas (ver quadro). Na aquisição de
matérias-primas a Unilever se concentra, no momento, em projetos-piloto para
cinco culturas: chá, tomates, óleo de palma, ervilhas e espinafre.

Há intenção de ampliar estes projetos para outras matérias-primas. Em princípio,


não faz diferença se a Unilever integra a cadeia produtiva ou não. O pressuposto é
que, na formulação das exigências, não ocorra discriminação com base na
integração da cadeia ou não. Na opinião da Unilever não é razoável fazer exigências
somente dentro das próprias cadeias produtivas. A Unilever espera que se ela, na
qualidade de compradora, fizer exigências em relação à matéria-prima que adquire,
empresas como, por exemplo, a Cargill concordarão em atendê-las. No que diz
respeito à soja, a Unilever não tem ambições concretas.

19
Diretrizes sobre Responsabilidade Social das Empresas da Unilever para aqusição
de matérias-primas:

Objetivos:
• produzir culturas de alta produtividade e qualidade nutricional com a menor sobrecarga
possível dos recursos naturais;
• garantir que os efeitos negativos sobre a fertilidade do solo, qualidade da água e do ar
sejam reduzidos ao mínimo e, onde possível, este fatores sejam melhorados;
• otimizar o uso de recursos naturais renováveis e reduzir ao mínimo o uso de recursos
naturais não-renováveis;
• a agricultura sustentável deve possibilitar a melhoria do desenvolvimento/bem-estar
das comunidades locais e do ambiente.

A Unilever executa projetos-piloto para cinco culturas: chá, tomates, óleo de palma,
ervilhas e espinafre. Nestes projetos-piloto são monitorados os seguintes indicadores:
• Fertilidade do solo
• Erosão do solo
• Nutrientes
• Proteção das culturas contra pragas e doenças
• Biodiversidade
• Nível de produtividade
• Energia
• Água
• Capital social/humano
• Economia local

A estratégia da Unilever não tem por objetivo informar os consumidores acerca de


aspectos de agricultura sustentável na embalagem dos produtos para o
consumidor. Se forem estabelecidos critérios adicionais para a produção de
matéria-prima, os consumidores não são informados. A Unilever é de opinião de
que estas exigências (adicionais), na verdade, deveriam ser condições básicas: os
concorrentes também deveriam adquirir suas matérias-primas com base nestas
condições. Por esta razão, a Unilever também não paga um ágio pelo cumprimento
das exigências adicionais.

Com relação ao óleo de palma, a Unilever trabalha em conjunto com a WWF e, com
relação à colza, com organizações de produtores européias.

3.2 Mercado de produtos orgânicos

A cadeia produtiva da soja orgânica é totalmente distinta da cadeia da soja


convencional. Além das exigências relativas à produção, há normas para um
transporte e processamento separados. A soja orgânica também não pode ser
processada numa planta de esmagamento, pois não é permitido extrair o óleo dos
grãos com hexano. No setor de produtos orgânicos, o óleo é extraído dos grãos por
meio de prensas (a frio). A matéria-prima para ração animal protéica é chamada de
torta (ao invés de farelo, no caso de esmagamento da soja). A escala em que é

20
realizada a prensagem de soja no setor de produtos orgânicos é bem menor do que
a no convencional. A capacidade destas prensas é de umas dez mil toneladas/ano.

Estima-se que cerca de 1% dos derivados de soja comercializados na Holanda


sejam orgânicos. Números exatos sobre a quantidade de farelo de soja processado
pela indústria de rações não estão disponíveis. Admitindo-se que seja 1%, isto
representaria 20.000 toneladas de farelo de soja por ano. Mas provavelmente é
bem menos. Estima-se que em total sejam vendidas, na Holanda, de 40 a 50 mil
toneladas de ração animal orgânica (tabela 3.1) mas não há dados exatos
disponíveis. Se na ração animal orgânica são processadas quantidades de soja
iguais àquelas processadas na ração animal convencional isto significaria que o
processamento de farelo de soja orgânica seria de somente 4.000 toneladas.

Tabela 3.1 Estimativa do volume de consumo de ração animal orgânica (em


toneladas) (fonte: Reudink Biologische Voeders [Reudink Rações
Biológicas])

Consumo de ração animal


Ração para pecuária leiteira 20.000
Ração para suínos 8.000
Aves poedeiras 12.000

Tradin, o comerciante mais importante de produtos orgânicos, vê boas


possibilidades de crescimento para a torta de soja orgânica e desenvolve ações
visando estimular a produção de soja orgânica (entre outros, construindo prensas).
A expectativa de crescimento do mercado está baseada em dois aspectos:
crescimento da pecuária orgânica e aumento na rigidez das normas relativas à
produção de ração animal orgânica. Porém, há um risco para as perspectivas de
mercado de torta de soja orgânica: normas exigindo a produção local.

Crescimento da pecuária orgânica


Com 1%, a Holanda ocupa uma posição intermediária na União Européia no que diz
respeito à área ocupada com agricultura orgânica. Na Alemanha, em 1998, a área
ocupada com agricultura orgânica já era de 2,2 %; nos países Escandinavos, 3 a
5% e na Áustria chegava a 10%. Nos países do sul da Europa a participação da
agricultura orgânica é menor do que na Holanda e fica muito abaixo dos 1%.

Há projetos ambiciosos para o crescimento da área com agricultura orgânica na


Holanda. Na nota ‘Een biologische markt te winnen’ [‘Conquistando um mercado
orgânico’], de 2000, o Ministério da Agricultura, Ambiente e Pesca propõe como
meta 10% da área com agricultura orgânica. Não parece que isso será alcançado.
Para atingir esta meta seria necessário um crescimento de 25% ao ano. Em 2001,
o crescimento foi de 15%.

Para os setores da pecuária, as expectativas são distintas. O maior setor dentro da


agricultura orgânica, a de pecuária de leite (que representa 2,5% do total do leite
produzido), vive, no momento, uma retração no crescimento. As expectativas de
Campina, o maior processador de derivados de leite orgânico, são de que, no final
de 2004, a produção de laticínios, com muito esforço, terá crescido de quatro para
cinco porcento. No momento, a suinocultura orgânica, com 35.000 abates (0,2% do
total de abates) em 2001, ainda é pequena. Em 2001 foi firmado para a
suinocultura uma convênio para a cadeia entre De Groene Weg ["O Caminho Verde

21
- linha de açougues orgânicos"] (Dumeco) e os supermercados Albert Heijn (Ahold)
e Plus (grupo Sperwer). O objetivo, para Albert Heijn, é uma participação no
faturamento de 15% no final de 2004 e, para Plus, de 10%. Alcançar este objetivo
significa uma participação no faturamento de 4,5%. Também na avicultura a
participação do setor orgânico ainda é pequena, 500.000 abates (0,1%). Em 2001,
os atores do mercado firmaram uma ‘carta de intenções’ na qual propõem elaborar
um contrato de cadeia também para a avicultura. O Ministério da Agricultura apoia
o crescimento da agricultura orgânica financiando uma campanha dirigida aos
consumidores, que terá inicio no outono deste ano. Outras atividades do Ministério
são o estímulo de contratos (como no caso da suinocultura), sistemas de garantias
de cadeias e desenvolvimento de conhecimento tecnológico. Com isso, a ênfase das
políticas situa-se no apoio ao aumento da demanda de produtos orgânicos.

Aumento na rigidez das normas para produção de ração animal orgânica


Devido à escassez de matérias-primas para a produção de ração animal orgânica,
há um regulamento de transição. Para produção de ração para ruminantes
(bovinos, ovinos e caprinos) é permitido o uso de no máximo 10% de matérias-
primas da agricultura convencional. Para outras espécies de animais (como suínos e
aves) esta porcentagem é de 20%. A escassez de matérias-primas para ração diz
respeito, principalmente, a produtos ricos em proteínas. Os 10/20% de produtos da
agricultura convencional, utilizados para produção de ração animal orgânica, são
quase exclusivamente matérias-primas ricas em proteínas como o farelo de soja
(de soja não-modificada geneticamente). Ao contrário do que ocorre na pecuária
leiteira convencional, também são adicionadas matérias-primas ricas em proteínas
às rações concentradas, pois as pastagens cultivadas no sistema orgânico têm
menor teor de proteínas devido ao menor teor de nitrogênio da adubação.

O regulamento de transição para os 10/20% de matérias-primas da agricultura


convencional na ração animal orgânica encerra-se em 2005. A meta é não
prorrogar este regulamento. Além disso, há outras iniciativas visando antecipar a
proibição do uso de matérias-primas convencionais. A Platform Biologica, a
organização setorial da agricultura orgânica, tem por objetivo antecipar a proibição
das matérias-primas para ração animal originárias da agricultura convencional, mas
não tem uma proposta de data-limite. Na Alemanha já não é mais permitido utilizar
matérias-primas da agricultura convencional nas rações animais orgânicas. Além
disso, a Alemanha apresentou ao Comitê Permanente para Agricultura Orgânica da
Comissão Européia uma proposta para, em curto prazo, proibir o uso de matérias-
primas da agricultura convencional em ração animal orgânica.

Se o regulamento de transição for revogado, a demanda por matérias-primas ricas


em proteínas orgânicas irá sofrer um grande aumento. Por esta razão, os
agricultores orgânicos da Alemanha já começaram a se orientar sobre a produção
de ervilhas.

Regulamentação relativa a produção regional


Na agricultura orgânica circulam propostas para estimular a produção regional. A
produção regional se encaixa melhor na filosofia da agricultura ecológica porque os
ciclos de nutrientes se fecham melhor e o transporte pode ser limitado. Na
Alemanha, 50% da ração animal deve ser oriundo da própria propriedade ou da
empresa com a qual há um contrato de fornecimento de esterco. A Alemanha
apresentou ao Comitê Permanente para Agricultura Orgânica da Comissão Européia
uma proposta ainda mais rígida para a legislação européia. Embora a discussão
desta proposta ainda esteja em seus estágios iniciais, há expectativa de que um
grande número de países-membros apóie esta proposta. Na Grã-Bretanha, os

22
supermercados propuseram a meta de só vender produtos orgânicos da Grã-
Bretanha.

Se considerarmos as discussões sobre produção regional, fica claro que este debate
é um risco para a importação de matérias-primas para ração animal de outros
continentes. Num longo prazo, esta discussão pode ser uma séria ameaça para a
exportação de torta de soja orgânica para países da Europa.

23
4 Conclusões e recomendações ____________________________

4.1 Mercado de ‘commodities’

A produção de (derivados de) soja tem todas as características de agricultura


industrial e produção de alimentos:
• Produção de grandes volumes comercializados e processados a granel e em
larga escala: O cultivo de soja é feito em larga escala; devido ao transporte a
granel em grandes quantidades (navios de 50 a 100 mil toneladas) perde-se a
informação sobre as condições de cultivo e as indústrias de soja (plantas de
esmagamento de soja) só estão equipadas para o processamento em larga
escala (milhares de toneladas por dia) de um único produto padronizado.
• O processamento dos ingredientes é anônimo: na planta de esmagamento de
soja, no refino do óleo de soja o grão é decomposto em ingredientes para
ração animal e para a indústria de alimentos. Estes ingredientes são
processados em um grande número de alimentos e rações animais, mas
perdem completamente sua identidade e mal são reconhecidos como derivados
do grão de soja. Um grande número de alimentos possui ingredientes
derivados de soja; antes da introdução da soja modificada geneticamente,
acreditava-se que isto representava 60% dos alimentos processados. Porém,
praticamente nenhum consumidor tem conhecimento de que nos alimentos e
na ração animal há, em larga escala, ingredientes derivados da soja. Além
disso, a maior parte dos ingredientes derivados de soja pode ser, facilmente,
substituída por derivados de outras culturas (como colza).

Parece quase impossível construir uma cadeia produtiva separada para derivados
de soja produzida de forma Socialmente Responsável. A indústria da soja mal é
capaz de construir uma cadeia separada para (os derivados d)a soja não-
modificada geneticamente e que tem grande demanda na União Européia. A infra-
estrutura está projetada para, somente, processar um único fluxo a granel e em
grandes volumes. Também é difícil, a curto prazo, redirecionar esta pesada infra-
estrutura.

Além disso, aparentemente, os processadores de derivados de soja praticamente


não têm interesse em soja produzida de forma Socialmente Responsável. No setor
de ração animal, as condições de cultivo das matérias-primas de ração não são
uma questão controvertida. O foco da pecuária é o custo de produção e, nessa
estratégia, não há espaço para custos maiores se estes não levarem a uma
produção mais eficiente. Os fabricantes de alimentos afirmam que estão
substituindo, em larga escala, os ingredientes derivados de soja por ingredientes de
outras culturas por causa da discussão sobre organismos modificados
geneticamente. Além disso, para limitar o ágio pago pelos ingredientes da soja
Socialmente Responsável, é necessário repassar o custo adicional para todos os
produtos mais importantes (tanto do farelo de soja na indústria de ração animal
quanto do óleo de soja e outros ingredientes na indústria de alimentos).

Isto parece pouco realista a curto prazo. Porém, pode se considerar tentar envolver
os fabricantes de ração animal e de alimentos que utilizam ingredientes derivados
de soja de outra maneira. Uma possibilidade é abordar estas empresas na

24
qualidade de parceiros em um projeto de desenvolvimento com os produtores de
soja. As empresas fornecem apoio financeiro no início de um projeto sem que a
soja produzida seja realmente adquirida por essas empresas. Outra alternativa é
desvincular o ágio pago pelo cultivo da soja Socialmente Responsável do
fornecimento de fato. Na comercialização da 'corrente elétrica verde' (produzida à
base de energia eólica, solar e biomassa - trad.) este princípio é utilizado com
sucesso na Holanda.

O risco de tal estratégia é que as empresas utilizem essa ajuda relativamente


pequena como álibi para não terem que adequar sua forma de aquisição de
matérias-primas. A vantagem de tal estratégia é que tais empresas teriam um
envolvimento maior com o cultivo da soja e poderiam ter uma visão melhor dos
problemas que ocorrem no cultivo da soja.

Para aumentar a pressão sobre as empresas para que participem dos projetos, é
favorável que a produção da soja seja um tema de debate na sociedade. Os
consumidores devem ser informados de quais fabricantes de alimentos e de ração
animal utilizam ingredientes de soja e quais os abusos que ocorrem na cadeia de
produção e transformação da soja. Devido à complexidade da mensagem, é difícil
montar uma campanha de esclarecimento ao público. As imagens da produção de
soja deverão ser vinculadas aos alimentos e seus fabricantes.

É grande o risco de que, diante de tal campanha, os fabricantes simplesmente


substituam seus ingredientes pelos de outras culturas. Devido ao grande volume
dos derivados de soja na ração animal, isto será um pouco menos simples neste
setor.

Conclusão
A produção de soja produzida de forma Socialmente Responsável para o mercado
de ‘commodities’ apresenta poucas perspectivas. A curto prazo não surgirá uma
demanda significativa desta soja, nem por parte da indústria de alimentos nem da
indústria de ração animal.

Para poder criar esta demanda a longo prazo as condições de cultivo de soja devem
tornar-se uma questão de debate da sociedade. Organizações de colaboração para
o desenvolvimento podem contribuir neste aspecto por meio de:
• envolvimento de empresas em seus projetos. Assim a empresas teriam uma
visão melhor dos problemas que ocorrem no cultivo da soja. O risco de tal
estratégia é que as empresas utilizem essa ajuda relativamente pequena como
álibi para não terem que adequar sua forma de aquisição de matérias-primas.
Outra alternativa é desvincular o ágio pago pelo cultivo da soja Socialmente
Responsável do fornecimento de fato.
• informação ao público sobre os problemas no cultivo de soja. Para influenciar
as empresas deve ficar claro para os consumidores em quais produtos a soja é
utilizada.

4.2 Soja orgânica

A produção de soja orgânica oferece possibilidades. Como no futuro (por volta do


ano 2005) as exigências para produção de ração animal orgânica provavelmente se
tornarão mais rígidas, a escassez de matérias-primas ricas em proteínas de origem
orgânica no mercado irá aumentar. Isto oferece perspectivas para a torta de soja

25
orgânica. Há, porém, um grande risco: de que, a partir das considerações pela
produção regional, as importações de matérias-primas para ração animal orgânica
sejam proibidas.

Conclusão
A produção de soja orgânica oferece perspectivas porque toda cadeia produtiva tem
organização separada da cadeia produtiva da soja convencional. A infra-estrutura
desta cadeia ainda precisa ser construída em sua maior parte e Tradin está disposta
a participar disso. Ao assumir estes investimentos, porém, as partes devem se
orientar acerca de mercados compradores alternativos para a torta de soja
orgânica, caso o mercado da União Européia deixe de existir pela adoção de
regulamentos mais rígidos acerca da produção regional.

26
Fontes ________________________________________________________________________________________

Bibliografia

Anônimo, 2001. Statistisch Jaarboek 2000. Publicatie Productschap Margarine,


Vetten en Oliën, Rijswijk.

Anônimo, 2002. Eko-monitor. Jaarrapport 2001. Publicatie Platform Biologica,


Utrecht.

Anônimo. 2001. Toekomst voor de veehouderij. Agenda voor een herontwerp van
de sector. Rapportage Commissie Wijffels.

Hin, C.J.A., P. Schenkelaars en G.A. Pak, 2001. Agronomic and environmental


impacts of the commercial cultivation of glyphosate tolerant soybean in the USA.
Rapport Centrum voor Landbouw en Milieu, Utrecht.

Hirsch, D., 2001. Soy (trade) flows in the Netherlands. Inventory in organic soy in
the Nedherlands. Rapport Fusion21, Amsterdam.

Websites

www.oilworld.de

www.agro.nl/mvo

www.pdv.nl

www.unitedsoybean.org

Entrevistas telefônicas

Dhr. W.J. Laan (Unilever)


Mevr. G. Nuytens (Ministerie LNV)
Dhr. A. Heuvel (Reudink Voeders)
Dhr. J. Lebouille (Sofine Foods B.V.)
Mevr. N. Bakker (Milieudefensie)
Dhr. W. Brunnekreef (Nutreco)
Dhr. Hut en dhr. De Bruin (Cargill)
Tradin
Mevr. L. de Boer (CLM)

27
28
Anexo 1 - Aplicações da soja na indústria
de alimentos _________________________________________________________________________

Derivados de soja esmagada

Óleo de soja Lecitina Farelo e fibra de soja Concentrado e isolado


de soja
Cremes para café Como Emulsificante Produtos farináceos Alimentos para bebês
Óleo comestível Produtos de Pães Alimentos dietéticos
panificação
Variedades substitutas Massas Produtos assados Produtos de panificação
de leite
Margarina Confeitos Produtos dietéticos Doces
Maionese Chocolate Alimentos naturais Pães
Molhos para saladas Produtos lácteos Produtos farináceos
Óleo para saladas Molho para saldas Bebidas alimentícias
Pastas para passar no Em produtos Produtos de carne
pão alimentícios
Óleos vegetais para Alimentos dietéticos Leite hipo-alergênico
frituras
Alimentos naturais Massas
Anti-espumante Película para embutidos
Fermento ‘Carne’ vegetal
Álcool Alimentos dietéticos
Anti-spat-
Middel[1]
Margarina
Estabilizador
Gordura comestível
Aromatizantes
Solvente
Assados
Confeitos

1[1] Substâncias que evitam que a gordura espirre ao se realizar frituras

29
Derivados de soja obtidos por outras formas de processamento

Grãos inteiros Grãos de soja Farinha de soja Leite de soja e tofu Molho de soja,
descascados integral miso, tempeh
Soja verde Confeitos Pães Sobremesas Condimentos
picantes
Brotos de soja Bolachas doces e Confeitos Sorvetes cremosos Substitutos de
salgadas carnes
Grãos de soja Coberturas Massas para Iogurte Sopas
fritos fritura
Alimentos dietéticos Sobremesas Substitutivos lácteos Molhos
congeladas
‘Manteiga’ de soja Bebidas lácteas Alimentos naturais Temperos prontos

Café de soja Panquecas Molhos para saladas Alimentos naturais

Alimentos naturais Base para tortas Maionese

Doces Molhos

30
Anexo 2 - Aplicações técnicas de
derivados de soja ______________________________________________________________

Derivados de óleo Fibra

Óleo de soja Lecitina Farelo e fibra de soja

Produtos Álcool Espessante


anticorrosivos
Produtos anti- Substituto de leite Substâncias químicas
estáticos para bezerros

Óleo lubrificantes Cosméticos Antibióticos


Detergentes Substâncias Emulsões asfálticas
dispersantes
Óleo diesel Tinta de escrever Produtos de limpeza

Produtos Agrotóxicos Cosméticos


desinfetantes
Isolantes elétricos Pigmentos para Adjuvantes de
tinta fermentação
Resina epoxy Borracha Tinta (à base d’água)

Agrotóxicos Sprays Subst. farmacêuticas

Tinta de escrever Plástico


Tinta Poliésteres
Produtos oleosos Agrotóxicos
Sabonete/xampu Indústria têxtil
Vinil
Cimento à prova
d’água

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Anexo 3 - Esquemas das formas de
processamento e derivados na planta de
esmagamento de soja e refinarias de óleo
de soja _______________________________________________________________________________________
Soja em grão

Limpeza
Secagem
Quebra
Cascas
Descascar
Condicionar
Laminar
Fibras / farelo

Torta de soja

Tratamento com
Farinha de soja hexano Óleo de soja
desengordurada bruto

Triturar Remoção de Purificação das


Fibras de soja
carboidratos proteínas

Concentrado de Isolado de soja Degomagem


Soja quebrada
soja Neutralização
Branqueamento
Desodorização
Moagem Prensagem Texturização

Farelo de soja Concentrado de Isolado de soja Óleo de soja Lecitina de soja


soja prensado prensado refinado

Prensar Hidrogenação
Transeterificação

‘Pellets’ de Margarina
farelo de soja Óleos

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Anexo 4 - Outras formas de
processamento da soja ________________________________________________

Processo de produção Processo de produção Processo de produção

Tofu farinha de soja integral Molho de soja

Soja em grão Soja em grão Soja em grão

Limpeza Limpeza Fermentação


Esmagamento na Descascar
água

Peneirar
Okara* Soja Molho de soja
descascada

Moagem
Aquecer Fibra

Farinha de soja
Leite de soja
integral

Concentrar

Leite de soja
concentrado

Coagular

Tofu 1. * N.T. parece tratar-se da casca do grão de soja

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