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Viçosa/MG
Novembro – 2016
1
APRESENTAÇÃO
Aristóteles
2
Introdução
A agricultura constitui um marco na história da humanidade. Ao se tornar sedentário e
produzir alimentos, o homem alterou o rumo da sociedade que a milhares de anos constituía-
se de caçadores-coletores. A agricultura inicialmente se deu em solos de boa fertilidade,
normalmente próximos aos rios. Logo percebeu-se que o cultivo sucessivo levava a redução
da produtividade das culturas e a exaustão dos nutrientes do solo. Surge então o pousio das
áreas de cultivo. Mais tarde, a adição de estercos de animais, restos de vegetais ou cinzas ao
solo foi a maneira encontrada pelo homem para a recuperação e manutenção da fertilidade do
solo-surge então a adubação, que alterou os patamares de produtividades das culturas e
permitiu o aumento da produção de alimentos e o crescimento da população mundial.
O manejo nutricional é um dos importantes fatores de produção podendo afetar
grandemente a produtividade das culturas. A avaliação da fertilidade e o uso eficiente de
corretivos e fertilizantes, sobretudo em solos pobres, são fundamentais para obtenção de
maiores produtividades e melhor qualidade dos produtos agrícolas. Portanto, o conhecimento
e a pesquisa em fertilidade do solo devem ser plenamente usados no manejo dos solos e
orientação das correções das limitações nutricionais.
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SOL375-MÓDULO 1
Fases do Solo
Argila Silte Areia muito Areia fina Areia média Areia grossa Areia Muito Cascalho
fina grossa
0 0,002 0,02 0,05 0,2 0,5 1 2
Tamanho (mm)
Sistema Coloidal
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O solo pode ser considerado como um sistema disperso, uma vez que é constituído de
mais de uma fase, estando a fase sólida em estado de acentuada subdivisão. Há, portanto, um
sistema coloidal1 no solo, constituído de partículas diminutas, de tamanho coloidal, minerais
ou orgânicas, ou organominerais, como fase dispersa na solução (ou no ar) do solo, como
meio de dispersão. Nesse sistema, ocorrem muitas das reações químicas, físico-químicas e
microbianas de maior importância no estudo dos solos. Nessa fase dispersa, é que se
encontram as argilas.
1 Nos sistemas coloidais, componentes da fase dispersa (a fase constituída pelas partículas)
-9
apresentam, pelo menos, uma de suas dimensões entre 1 μm e 1 nm (1 nm = 10 m), e encontram-
se em uma segunda fase, o meio de dispersão (neste caso água ou ar).
5
quantidade de argila, forem mantidas constantes.
Cargas Negativas
b) Substituição Isomórfica
Durante a gênese de argilas do tipo 2:1, alguns átomos de Si dos tetraedros podem ter
sido substituídos por Al, bem como o Al dos octaedros pode ser substituído por Mg ou por
outros cátions de valência menor que a do Al3+ (Figura 2). A substituição do Si4+, que se
encontrava, inicialmente, neutralizando quatro cargas negativas por Al3+, irá condicionar
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sobra de uma carga negativa. De maneira semelhante, uma carga negativa será gerada pela
substituição de um Al3+ de um octaedro por um cátion divalente, como o Mg2+.
Deve-se ressaltar que o número de cargas geradas por este processo não é variável
com alterações do pH do meio.
c) Matéria Orgânica
Cargas Positivas
As cargas eletropositivas do solo têm sua origem nos óxidos e hidróxidos (óxidos
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hidratados) de Fe e Al, principalmente. Tal situação se dá de maneira mais significativa em
condições mais ácidas de solo. O esquema abaixo mostra que o hidróxido de Al (gibsita) pode
dar origem a cargas eletropositivas, eletronegativas ou permanecer com carga neutra na
superfície, dependendo do pH do solo (Figura 4).
De modo geral, o ponto em que o balanço de carga dos óxidos é nula corresponde a
um valor de pH na faixa alcalina. O PCZ (ponto de carga zero) é o pH em que o solo
apresenta carga líquida nula. Seu valor é variável de acordo com a natureza dos materiais
trocadores de íons constituintes do solo. Assim sendo, os óxidos de Fe e Al apresentam cargas
positivas em solos ácidos.
As cargas negativas são neutralizadas por íons eletropositivos, ou seja, pelos cátions, o
que se denomina adsorção catiônica. Na neutralização de cargas positivas pelos ânions tem-se
a adsorção aniônica. Os íons envolvidos nesse processo de adsorção ligam-se por
eletrovalência ou por covalência às partículas coloidais do solo. Os cátions mais envolvidos
quantitativamente nesse processo são: Ca2+, Mg2+, Al3+, H+, K+, Na+ e NH4+, sendo o Ca2+,
comumente, o mais abundante em alguns solos, enquanto, em outros, é o Al3+. Alguns
micronutrientes estão, também, sujeitos ao mesmo processo, embora em quantidades muito
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pequenas se comparadas aos cátions referidos anteriormente. Os íons adsorvidos às partículas
coloidais podem ser deslocados e substituídos, estequiometricamente, por outros íons de
mesmo tipo de carga, dando-se uma troca iônica.
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Capacidade de Troca Catiônica (CTC)
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(substituído) por um molc de outro cátion.
c) É um processo rápido
Muitas condições do solo têm influência sobre a CTC, dentre as quais: pH,
características dos cátions trocáveis, como valência e raio iônico hidratado, concentração da
solução e natureza da fase sólida.
A natureza dos cátions trocáveis afeta suas trocas no solo. A depender da densidade de
carga dos cátions, isto é, Z/r (Z = carga do íon e r = raio do íon hidratado) esses elementos
podem ser mais fortemente retidos no complexo sortivo. Os cátions que têm maior densidade
de carga são mais retidos nas cargas negativas do solo. Por isso, os cátions polivalentes são
geralmente mais fortemente retidos no solo. A sequência de preferencialidade de troca de
cátions para uma mesma concentração foi estabelecida por Hofmeister, sendo conhecida
como sequência de Hofmeister (Mengel & Kirkby, 1982), ou série liotrópica (Russel &
Russel,1973). Esta sequência é a seguinte:
Li+ <Na+ <K+ <Rb+ <Cs+ <Mg2+ <Ca2+ <Sr2+ <Ba2+<Al³+
A diferença na preferencialidade de troca entre cátions da mesma carga se deve à
diferença entre os raios iônicos hidratados (espessura da camada de hidratação do íon). O
Al3+, sendo trivalente, é mais fortemente retido que os divalentes. O H+, em razão de suas
propriedades específicas, com ligações preferenciais covalentes, não se comporta como
monovalente quanto à preferencialidade de troca. Seu papel depende, também, da natureza do
material trocador.
A concentração dos cátions na solução do solo afeta a preferencialidade de troca,
interagindo com a carga dos cátions envolvidos. Assim, à medida que se dilui a solução
mantendo-se constantes as proporções entre os cátions presentes, verifica-se um aumento na
preferência de troca dos cátions de menor pelos de maior valência. Em razão disso, em solos
de regiões úmidas, as bases vão sendo lixiviadas e o cátion que acaba predominando no
complexo é o Al3+. Por outro lado, em solos de regiões áridas e semi-áridas, a tendência é de
acúmulo de cátions monovalentes, principalmente o Na+.
A natureza do material trocador influi, principalmente, na densidade de cargas
negativas responsáveis pela CTC do solo, que se expressa em cmolc/kg. Em solos de regiões
tropicais, como na maior parte do território brasileiro, a matéria orgânica apresenta,
geralmente, maior participação no valor da CTC total.
Uma idéia da amplitude de variação destas características relacionadas com a CTC do
solo, bem como a sua divisão em classes, de acordo com a magnitude das mesmas, é dada no
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quadro abaixo (Quadro 1). Deve-se salientar que esta classificação é válida para solos de
regiões tropicais.
A acidez trocável é constituída pelo Al3+, o Mn2+ e em menor quantidade por Fe2+,
mais os íons de H+ que fazem parte da CTC efetiva. Como, em geral, a participação do Mn2+,
Fe2+ e do H+ é pequena em relação à acidez trocável, este valor é representado pelo Al
trocável (Al3+). Cátions de caráter ácido, como o Al3+ e o Mn2+, são considerados como
acidez trocável porque, em solução, pela hidrólise da água, geram acidez, de acordo com a
equação abaixo:
e) Acidez potencial
A determinação da acidez potencial (a pH 7,0) é feita utilizando-se como extrator uma
solução tamponada de acetato de cálcio 0,5 mol/L , pH 7,0. Esta acidez inclui tanto o H (H+
trocável e H de ligações covalentes que é dissociado com a elevação do pH) quanto o Al3+.
Por esse motivo é chamada de H + Al. O H covalentemente ligado representa as cargas
negativas dependentes do pH. Esta fração é chamada acidez dependente do pH.
f) Saturação pela acidez trocável (m)
A saturação pela acidez trocável (Al3+) representa a quantidade relativa (em termos
percentuais) da CTC efetiva (t) que está ocupada por Al3+. Ela é calculada pela seguinte
expressão:
O solo A (Quadro 6), com valor baixo de T, provavelmente tem sua fração argila
constituída por caulinita e óxidos de Fe e Al e, ou, o teor de argila do solo é baixo (solo
arenoso). Outro aspecto provável é a existência de baixo teor de matéria orgânica neste solo.
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A adição de matéria orgânica a este solo para aumentar, pelo menos temporariamente, seu
valor T, poderia ser recomendada. O valor de V é médio e a percentagem de saturação por
Al3+ (m) é baixa, em razão dos baixos valores de Al3+.
O solo B (Quadro 6), muito ácido, tem baixo V. Logo, alta participação da acidez
potencial (H + Al) no complexo de troca, podendo apresentar alta percentagem de saturação
por Al (m). Para uso agrícola, deverá ter o seu pH elevado por meio de calagem, o que irá
causar aumento dos valores de SB e V, aumentando, consequentemente, o seu pH e
diminuindo o valor de Al3+ e de m. Os valores de T e SB indicam que o material constituinte
da fração coloidal é mais ativo, provavelmente com teor de matéria orgânica mais elevado
neste solo, embora apresente poucas bases no seu complexo de troca.
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responsável pela fixação de P no solo, principalmente nos solos ricos em óxidos e hidróxidos
de Fe e Al. Uma reação desta natureza é apresentada de forma simplificada na figura 6.:
Os ânions que podem deslocar o P (H2PO4-) da fase sólida do solo com maior
eficiência são flúor (F-) e o silicato (H3SiO4-), seguido de sulfato (SO42-). O nitrato (NO3-) e o
cloreto (Cl-) não têm, praticamente, poder de substituir o fosfato. Pode-se dizer que a retenção
de nitrato e cloreto no solo se dá por adsorção não-específica, que tem caráter reversível.
Da mesma forma que a CTC, a capacidade de adsorção de ânions dos solos também
pode ser determinada em laboratório. Para tanto utilizam-se, usualmente, curvas de adsorção
conhecidas como “isotermas de adsorção”. Uma das mais utilizadas para ânions do solo, de
interesse na nutrição das plantas, é a isoterma de Langmuir, a qual permite determinar a
capacidade máxima de adsorção do ânion em estudo, como por exemplo a capacidade
máxima de adsorção de P (CMAP) e de sulfato (CMAS).
As plantas absorvem os nutrientes, na forma de íons, da solução do solo. Por sua vez,
na fase sólida é que está a reserva desses íons. Estes são repostos para a solução quando sua
concentração é diminuída, decorrente da absorção pelas plantas ou de algum outro tipo de
perda.
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denominadas:
- Fator quantidade (Q): é a reserva do íon disponível na fase sólida do solo, trocável como o
Ca2+, Mg2+, K+ ou lábil como para P, mas em equilíbrio com sua concentração na solução,
durante o ciclo de vida das plantas.
Figura 7. Relação entre os fatores intensidade (I) e quantidade (Q) para dois solos
hipotéticos, demonstrando a diferença de capacidade tampão para um dado nutriente.
Observa-se que o solo A tem maior CT (mais tamponado) que o solo B (∆Q/∆I do
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solo A > ∆Q/∆I do solo B – Figura 7). Na prática, pode-se dizer que, para a mesma dose de P
aplicada nos dois solos, o aumento da concentração de P em solução (I) será maior no solo B
do que no A.
Uma possibilidade para justificar isto seria o solo A ser mais argiloso que o solo B,
mantendo-se a mesma qualidade (atividade) de argila para ambos os solos.
Outra maneira de representar a inter-relação entre os fatores I, Q e CT é por meio de
um sistema de vasos comunicantes (Figura 8).
O diâmetro da tubulação da figura acima será muito maior para elementos adsorvidos
por troca iônica que para aqueles adsorvidos por covalência. O “transporte” indica que, para
uma planta absorver um nutriente, não basta que o solo seja capaz de cedê-lo; é necessário
que o nutriente seja transportado desde a solução, próximo às partículas sólidas do solo, até à
solução junto à raiz.
Resposta à adubação
800
(A) (B)
Produção (kg/ha)
600
400
200
800
(C) (D)
Produção (kg/ha)
600
400
200
0
0 50 100 150 200 250 300 0 50 100 150 200 250 300
Figura 9. Resposta das culturas à adubação. A: resposta linear; B: resposta curvilinear platô;
C:resposta quadrática e D: resposta nula
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A análise, interpretação e compreensão da resposta à adubação, baseia-se em princípios que
são denominados de leis da adubação.
Lei da restituição
“para manter a fertilidade do solo, deve-se restituir os nutrientes absorvidos pelas plantas e
exportados com as colheitas mais os perdidos no solo, ou seja, aqueles que não foram
reciclados”
Restrição: Eficiente e adequada desde que o solo tenha uma boa fertilidade
Conforme a Lei do mínimo a resposta é linear até um ponto onde se alcança um "plateau"
devido à insuficiência de outro nutriente que, então, se torna o limitante (visão quantitativa)
representada na figura 10.
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Lei dos incrementos decrescentes (Mitscherlich, 1930)
“Os aumentos de produção de uma cultura, obtidos pela adição de quantidades crescentes de
um nutriente, são decrescentes”, conforme ilustra a figura 11 e o quadro 3.
800
dy1 > dy2 > dy3 > dy4
700
dy4
600
dy3
Produção (kg/ha)
500 Produtividade de
dy2 máxima eficiência
econômica
400
dy1
300
200
100
0 50 100 150 200 250 300
dx1 dx2 dx3 dx4 dx5 dx6
Dose do nutriente (kg/ha)
Figura 11. Produção em função da dose aplicada do nutriente. Na medida em que se aumenta
a dose de fertilizante os incrementos de produtividade são cada vez menores.
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Quadro 3. Produção de algodão em função da adubação nitrogenada. Resultados médios de
15 experimentos em Latossolo Vermelho
• Lei da interação/equilíbrio
“Cada nutriente é mais eficaz quando os outros estão em quantidades mais próximas
do ótimo”. Ganhos em produtividades poderão ocorrer quando os nutrientes estão em
quantidades equilibradas no solo (Figura 12).
2300
2200 /ha P
0 kg
10
Produção (kg/ha)
2100
eração NxP
In t
2000
1900 sem P
1800 Efeito do N
1700
0 10 20 30 40 50 60
Dose de N (kg/ha)
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Figura 12. Modelo ilustrativo da interação N e P e ganho de produtividade.
Lei do máximo
Figura 13. Modelo quadrático de resposta à adubação indicando redução de produtividade nas
maiores doses do nutriente.
Figura 14. Tabela periódica dos elementos químicos e destaque para os nutrientes para as
plantas.
Critérios de essencialidade
Nutrientes são elementos essenciais às plantas. Para que um elemento seja classificado
como essencial, deve satisfazer alguns critérios (Arnon & Stout, 1939):
Critério 1: Um elemento é essencial se sua deficiência impede que a planta complete o seu
ciclo vital;
Critério 2: Para ser essencial, o elemento não pode ser substituído por outro elemento com
propriedades similares;
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“A presença de elementos químicos nas cinzas de uma planta não é indicador da
essencialidade dos diferentes elementos para esta planta”
25
As plantas absorvem íons da solução do solo conforme descritos no quadro 5.
Nitrogênio
Fósforo
Potássio
Cálcio
Seu movimento de ascensão acompanha o fluxo transpiratório pelo xilema. Por ter
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funções estruturais, é muito pouco remobilizado no floema para atender à demanda em locais
de crescimento ativo da parte aérea ou da raiz. O sintoma típico de deficiência de Ca é a má
formação das paredes celulares e o colapso dos tecidos jovens.
Magnésio
Sua deficiência caracteriza-se, tipicamente, por uma clorose internerval das folhas
totalmente expandidas - mais velhas.
Enxofre
Sua carência manifesta-se por clorose generalizada, muito semelhante à que ocorre
com deficiência de N, porém, iniciando-se em folhas mais jovens.
Ferro
Manganês
Boro
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qualidade. As brássicas são particularmente sensíveis à carência de B.
Cobre
Molibdênio
Zinco
Cloro
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CONTINUUM SOLO-SOLUÇÃO-PLANTA
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Figura 15. Modelo do sistema solo-solução-planta
A difusão, por sua vez, se deve ao movimento dos íons em meio líquido em função do
gradiente de concentração (Figura 18). Esse movimento da maior para a menor concentração
deve-se à formação de uma zona de depleção do nutriente nas regiões de absorção da raiz.
Isso ocorre para os nutrientes que encontram-se em baixas concentrações na solução do solo,
como P, K e Zn. A adaptação das leis de Fick para solos permitiu quantificar o transporte
difusivo. A primeira lei de Fick pode ser escrita na forma:
F = - D ∂C/∂x
em que D = D1 f I/Q
F: fluxo do nutriente, kg dm-2 s-1; D=coeficiente de difusão (dm2 s-1)
D: coeficiente de difusão, dm2 s-1; e D1=coeficiente de difusão do elemento em agua pura
2 -1
∂C/∂x: gradiente de concentração, kg (dm s )
dm-3 = conteúdo volumentrico de agua no solo (dm3 dm-3)
f=fator de impedancia (adimensional)
I/Q=inverso do fator capacidade
(2)
32
Figura 18. Esquema ilustrativo do transporte de nutrientes por difusão
Figura 19. Modelo ilustrativo do transporte de nutriente por diferentes poros do solo
33
Figura 20. Influência do conteúdo de água sobre a difusão dos nutrientes no solo.
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Figura 21. Efeito da compactação sobre a difusão e disponibilidade de P no solo.
D=densidade do solo de 0,9 a 1,3 kg dm-3 e mesma dose de P aplicada (450 mg dm-3).
Outro aspecto importante relacionado com a mobilidade dos nutrientes no solo diz
respeito a competição das raízes por nutrientes. Observa-se que, à medida que aumenta a
densidade de plantio ou população de plantas, a competição pelo nutriente mais móvel
aumenta grandemente, o que não acontece para o nutriente “ menos móvel no solo” (Figura
22). A competição pelo “ menos móvel” somente vai existir em pequena ou mínima
intensidade, uma vez que o transporte desses elementos ocorre predominantemente por
difusão, que ocorre em curtas distâncias. Assim, apenas naqueles locais onde raízes de duas
plantas se aproximam muito haverá competição entre elas pelo H2PO4-. Como o volume de
solo explorado pelas raízes de uma planta é, em média, 1 %, o contato de raízes entre plantas
vizinhas é bastante pequeno. Disso, pode-se dizer que a quantidade de P a ser utilizada em um
plantio de milho com 40 000 plantas/ha será, basicamente, a mesma a ser utilizada se essa
população for aumentada para 60 000 plantas/ha, para produtividades semelhantes nas duas
condições. Para N, esse aumento na densidade de plantio de milho requererá um aumento
expressivo na sua dose, comparativamente à recomendada para a menor densidade.
Figura 22. Competição entre plantas por nutrientes móveis e imóveis no solo.
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Amostragem de solo e planta para fins de avaliação da fertilidade do solo
Amostragem de solo
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curto, e devem ser pouco relevantes para culturas perenes de porte arbóreo, pela maior
extensão do sistema radicular.
A heterogeneidade ocorre também no sentido vertical (profundidade), pela
organização do solo em horizontes, muitas vezes com transições abruptas. As práticas de
manejo, como adubação e a localização do sistema radicular das plantas podem acentuar as
variações entre as camadas do solo. A profundidade de amostragem deve ser definida de
acordo com a cultura que está sendo ou será cultivada na gleba. Deve-se amostrar a camada
de solo que será explorada pelo maior volume do sistema radicular da planta que, usualmente,
é associado à profundidade de preparo do solo. Para plantio de culturas anuais ou de
estabelecimento de pastagens, amostra-se, geralmente, a camada de 0–20 cm; para pastagens
já estabelecidas, a amostragem pode ser de 0–10 cm e, para culturas perenes (café, fruteiras,
essências florestais, etc.), a amostragem deve ser feita por horizontes do solo. Por falta de
informações de horizontes, usualmente define-se camadas para a amostragem como, por
exemplo: 0–20, 20–40 e 40–60 cm, constituindo uma amostra composta horizonte ou por
camada por gleba. Amostras mais profundas podem também contribuir para conhecer
camadas subsuperficiais de culturas anuais e pastagens, o que muitas vezes é importante em
algumas tomadas de decisão, como para recomendação de gesso agrícola.
A variabilidade não é uniforme entre as características do solo. O pH do solo, o teor de
argila e MOS são características que apresentam menor variabilidade (menor coeficiente de
variação-CV), comparados aos teores de P, K e Ca, como demostrado no quadro 6.
Quadro 6. Coeficiente de variação (CV) de características química do solo em três regiões
distintas
Local P K Al3+ Ca + Mg MO pH
-------------------------------------- %---------------------------------------
Viçosa-MG 142 5
P > K > Ca+Mg > Al > MO > pH
Cascavel-PR1 100 7
P > Ca > Mg > Al > K > MO > pH
Ponta Grossa-PR1 40 7
P > Mg > K > Ca > Al > MO > pH
1
Fonte: Alvarez V. & Carraro (1974)
Como princípio, a amostragem visa obter a média da fertilidade do solo de uma determinada
área ou prover informações da estimativa da variabilidade dos nutrientes. Nesse sentido, o
esquema de amostragem pode ser dividido em duas categorias: ao acaso e sistematizada.
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Amostragem ao acaso (sistema convencional)
1º passo: dividir a área em unidades de amostragem-UA(glebas ou talhões)
Neste método de amostragem considera-se que os teores dos nutrientes no solo apresentam
variações aleatórias. Uma etapa importante nesse processo de amostragem é a definição de
áreas mais homogêneas (glebas) quanto a topografia, cobertura vegetal natural ou uso
agrícola, textura, cor, condições de drenagem do solo e histórico de manejo. Dentro da gleba,
a variabilidade é menor e permite a estimativa da fertilidade média do solo com um menor
número de amostras. A figura 23 demonstra a definição de glebas, de acordo com relevo e a
alocação dos pontos de forma aleatória, num caminhamento em zig-zag. Isso somente é
possível em áreas menores, normalmente inferior a 10 ha. Em maiores extensões de terra,
quando as glebas são também maiores, o uso de ferramentas de geoprocessamento é
imprescindível. A figura 24 demostra o uso de imagem georreferenciada para definição de
glebas conforme cobertura vegetal e histórico de uso da área e alocação de pontos de coleta
para localização com auxílio de GPS.
Figura 23. Exemplo de separação de glebas e caminhamento em zigue-zague para coleta das
amostras simples.
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Figura 24. Exemplo de separação de glebas com imagem georreferenciada e alocação de
pontos de coleta para localização com auxílio de GPS.
Por mais uniforme que seja a gleba, haverá, sempre, a variabilidade intrínseca ao solo
– meso e microvariações. As características químicas, em especial, têm intensa variabilidade
a curtas distâncias no solo. Para isso são retiradas várias amostras denominadas “amostras
simples”, cuja mistura homogênea irá formar a “amostra composta” a ser enviada ao
laboratório. São condições fundamentais que cada amostra simples tenha o mesmo volume de
solo e a mistura seja o mais homogênea possível. As amostras simples devem ser colocadas
em recipientes plásticos, para evitar a contaminação com metais, muito bem homogeneizadas,
obtendo-se então a “amostra composta”. Uma porção de aproximadamente 0,5 dm3 de solo
deve ser colocada em sacos plásticos ou caixa de papel, identificada e enviada para o
laboratório para análise. Caso seja necessário o preparo da amostra antes do envio para o
laboratório, esta deve ser seca a sombra sobre papel e passada sua totalizada por uma peneira
com malha de 2 mm para obtenção da terra fina seca ao ar (TFSA).
n=(t/2 CV/f)2
em que:
n=número de amostras simples
t/2=valor tabelado da distribuição t de students
CV=coeficiente de variação (%)
f= variação tolerada em torno da média (%)
50
variação dos erros (%)
40
30
20
10
0
20 40 60 80 100 120
Número de amostras simples/compostas
40
Uma diferenciação importante no método de amostragem ao acaso tem sido verificada em
sistemas de plantio direto, onde são observadas maiores variabilidades das características do
solo pela aplicação localizada de fertilizantes e ao não-revolvimento do solo por meio da
aração e gradagem. Neste caso, tem sido recomendada a coleta não de um único ponto, mas
de uma faixa ou vários pontos localizados transversalmente à linha de plantio, de modo a
representar a média da fertilidade entre a linha de plantio (influência direta da adubação
anterior) e a metade da entrelinha (pouco influenciada pela adubação anterior), conforme
ilustra a figura 28.
A adubação de culturas perenes também implicará num procedimento de amostragem
apropriado. As amostras simples devem ser coletadas na área sob a projeção da copa (figura
29), onde, usualmente, são feitas as adubações, há maior crescimento de raízes e maior
influência da queda de resíduos.
Figura 28. Amostragem em sistema de plantio direto mostrando a coleta transversal na linha
de adubação.
41
Figura 28. Amostragem de solo em áreas de culturas perenes e arbóreas.
Figura 31. Exemplos de ferramentas utilizadas para amostragem de solo. Tipos de trados da
esquerda para direita: tipo rosca, calador, holandês, caneco, sonda. No centro: furadeira
adaptada para coleta de solo e a direita: Quadriciclo adaptado para coleta de solo.
44
A amostragem de tecido vegetal para diagnose nutricional, normalmente folhas, baseia-se na
premissa de que existe uma relação entre os teores de nutrientes disponíveis no solo e os
teores de nutrientes na planta, e que, os aumentos ou decréscimos nas concentrações na folha,
correspondem aos aumentos ou decréscimos nas produtividades da planta, respectivamente.
A amostragem de folhas para diagnóstico nutricional deve ser feita em talhões, áreas com
maior homogeneidade dos plantios, em épocas definidas, coletando-se folhas em posições
específicas. A diagnose nutricional é feita pela comparação dos teores de nutrientes da
lavoura em diagnóstico com valores de referência, normas (Figura 32). É fundamental que as
condições de amostragem (época, parte colhida) sejam as mesmas usadas na elaboração das
normas. No quadro 7 são apresentadas sugestões para coleta de folhas para algumas culturas.
45
Figura 32. Distribuição da produtividade de lavouras em função da concentração de nutrientes
na folha.
46
Pastagem Folhas recém-maduras ou Primavera - verão 30 folhas
retiradas de todas as posições
na parte aérea
Fonte:5ªaproximação MG,páginas X
A análise química do solo baseia-se no uso de extratores (químicos ou resinas de troca) para
determinação da quantidade de nutrientes que se encontram no solo em formas disponíveis
para as plantas.
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100 100
Conteúdo de P (mg/planta)
80 80
60 60
40 40
20 20
r=0,31 r=0,98**
0 0
0 10 20 30 40 50 60 0 10 20 30 40 50 60
A correlação assegura que o extrator estime o nutriente disponível mas não estabelece
critérios para o diagnóstico da disponibilidade. Para isso, são realizados ensaios de calibração
do método (extrator) para estabelecer critérios de interpretação e definir doses do nutriente.
48
3500 35
3200 kg/ha- produção de MEF
30
Produtividade da soja (kg/ha)
3000
Figura 34. Produtividade de soja em resposta a Figura 35. Teor de P recuperado pelo extrator em
aplicação de doses P. MEF=máxima eficiência função das doses aplicada de P.
física e MEE= máxima eficiência econômica
O nível crítico (NC) do nutriente refere-se ao teor do nutriente no solo, extraído por um método, que
condiciona a produção de máxima eficiência econômica. Nos trabalhos de calibração tem-se atribuído
que a produção de MEE corresponde a 90 % da produção de MEF. Na prática, a MEE é variável e
depende da relação de troca dos insumos (fertilizantes) e do produto agrícola. Em situações em que a
produção está valorizada (preço alto) em relação aos fertilizantes, a produção de MEE poderá ser
maior que 90% da produção de MEF, muitas vezes pode atingir até 99 % da produção de MEF, como
demonstrado para o abacaxi (ref).
A partir do NC, são definidas as classes de disponibilidade do nutriente no solo (Figura 36),
considerando a produção relativa, assim constituídas:
Muito baixa- teor do nutriente no solo com expectativa de se obter menos que 50 % da
produção de MEF.
Baixa- Faixa do teor do nutriente no solo com expectativa de se obter entre 50 e 70 %
da produção de MEF.
Média- Faixa do teor do nutriente no solo com expectativa de se obter entre 70 e 90 %
da produção de MEF.
Alta- Faixa do teor do nutriente no solo com expectativa de se obter entre 90 e 100 %
da produção de MEF
Muito alta- teor no solo que indica boa reserva ou até excesso do nutriente, com
expectativa de resposta nula à adubação.
Dessa forma, foram elaboradas tabelas com as classes de disponibilidade de nutrientes para a
interpretação dos resultados de análise de solo. As tabelas de interpretação são encontradas
nos manuais de adubação de cada estado/região. Nas tabelas também são informados os NCs
dos nutrientes. Na 5ª aproximação de MG, os NCs correspondem o limite superior da classe
de disponibilidade média.
(ver e discutir tabelas de interpretação dos resultados de análise de solo nos manuais)
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Exercício. Calcular o ponto de máximo da curva (Figura 34) e encontrar o valor de x e y
correspondentes a 90 % da produção máxima. Calcular o teor de P no solo associado a 90 % y
máximo, usando a curva de recuperação do extrator (Figura 35).
50
Classe Produção Classe de
relativa (%) disponibilidade
100 (mg dm-3 de P)
90
Produtividade relativa (%)
8 12 18 26
Teor de P no solo (mg dm-3)
Figura 36. Definição das classes de disponibilidade de P no solo para o método calibrado
considerando a produção relativa.
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