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ÍNDICE
1 – INTRODUÇÃO........................................................................................................... 2
2 ÁREA SUPERFICIAL ESPECÍFICA........................................................................... 3
3 CARGAS ELÉTRICAS................................................................................................. 4
3.1 Origem das cargas elétricas............................................................................... 5
3.2 Ponto de carga zero........................................................................................... 8
3.3 Dispersão e floculação....................................................................................... 9
4 ADSORÇÃO E TROCA DE ÍONS............................................................................... 11
4.1 Energia de ligação entre colóides e íons........................................................... 11
4.2 Poder tampão do solo........................................................................................ 15
4.3 Determinação da CTC....................................................................................... 16
5 ACIDEZ DO SOLO....................................................................................................... 17
5.1 Introdução.......................................................................................................... 17
5.2 Origem da acidez do solo.................................................................................. 19
5.3 Componentes da acidez do solo........................................................................ 21
5.4 Parâmetros da acidez do solo............................................................................ 23
5.5 Interpretação dos resultados de acidez do solo.................................................. 25
6 SOLOS ALAGADOS E SOLOS AFETADOS POR SAIS........................................... 27
6.1 Modificações químicas em solos alagados........................................................ 27
6.2 Modificações químicas em solos afetados por sais........................................... 28
7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA............................................................................ 29
1 – INTRODUÇÃO
Como a fase líquida do solo funciona como uma intermediária entre a fase sólida e a
planta, neste capítulo serão abordadas as principais propriedades químicas e fenômenos físico-
químicos ocorrentes na interface sólido-solução do solo.
A área superficial específica (ASE) é a medida da área da superfície das partículas por
unidade de peso (expressa em metros quadrados por grama). A ASE de uma massa de partículas
aumenta proporcionalmente com a diminuição do diâmetro dela, conforme ilustrado na Figura 2.
Tabela 1 Relação hipotética entre o tamanho médio das partículas e a área superficial
específica em 1 grama de solo.
Aresta da partícula Número de ASE Fração do solo
(mm) partículas (m2 g-1) correspondente
10 1 0,0006 Cascalho
1 1.000 0,006 Areia grossa
0,1 1.000.000 0,06 Areia fina
0,01 1.000.000.000 0,6 Silte
0,001 1.000.000.000.000 6 Argila
3 CARGAS ELÉTRICAS
As cargas elétricas do solo são fundamentais para a sustentação do crescimento e
desenvolvimento das plantas porque são elas as responsáveis pela retenção dos nutrientes essenciais
no solo. Se isso não ocorresse, os nutrientes seriam levados pela água que infiltra no solo durante as
chuvas (processo conhecido como lixiviação). Por causa das cargas, especialmente dos
argilominerais e matéria orgânica, o solo funciona como um reservatório que estoca nutrientes,
liberando-os para a solução do solo em pequenas quantidades, de onde as plantas podem absorvê-
los.
As estruturas dos minerais do solo não são perfeitas, ocorrendo falhas, distorções e
substituições de átomos dentro da rede cristalina. Esses defeitos internos da estrutura cristalina
geralmente resultam em desbalanços elétricos dos minerais, fazendo com que apresentem,
permanentemente, cargas, as quais irão se manifestar na superfície dos minerais.
Os minerais das frações silte e areia, devido ao seu maior tamanho e menor ASE, não
manifestam facilmente na superfície suas cargas oriundas dos desbalanços. Além disso, os minerais
das frações mais grosseiras são geogênicos, isto é, provenientes da rocha matriz, possuindo menos
defeitos pela menor ocorrência de substituições de átomos. Já os minerais da fração argila
normalmente são pedogênicos, isto é, formados pela recristalização a partir de átomos orginários do
desmonte dos minerais do material de origem. Com isso, os minerais da fração argila possuem
maior número de imperfeições, gerando mais cargas elétricas. Assim, as frações mais grosseiras
(silte e areia) exercem pouca influência sobre o conteúdo total de cargas de um solo.
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Além das cargas originadas das imperfeições dos minerais, chamadas cargas permanentes,
nas bordas das argilas podem ocorrer reações físico-químicas com a fase líquida do solo, gerando
cargas na superfície das argilas. Essas cargas são formadas principalmente pela adsorção ou
dessorção de íons hidrogênio nos grupos funcionais das argilas, gerando, respectivamente, cargas
positivas ou negativas. Essas cargas, por sua característica dinâmica, são de efeito temporário e
variam conforme a concentração de hidrogênio na solução do solo, ou seja, variam com o pH do
solo. Por esse motivo, essas cargas são chamadas de cargas variáveis ou cargas dependentes do
pH.
Fenômeno semelhante ocorre com o material orgânico adicionado ao solo, que vai sofrendo
transformações físico-químico-biológicas até atingiram o tamanho coloidal, quando passa a ser
chamado de matéria orgânica ou húmus do solo. Durante essas transformações, várias ligações
moleculares são quebradas, restando radicais químicos com cargas elétricas. Por seu amorfismo, a
matéria orgânica possui ASE muito maior que os argilominerais e, conseqüentemente, uma
quantidade de cargas expostas muito maior que eles, conforme mostrado na Tabela 2.
grande, ou seja, quanto maior a ASE do mineral, maior será a probabilidade da manifestação das
cargas deste na superfície (Figura 3).
Como a geração de cargas pela substituição isomórfica ocorre no interior dos argilominerais
durante a sua formação, essas cargas são imutáveis enquanto o mineral existir e, por isso, são
chamadas de cargas permanentes.
Substituição isomórfica
com manifestação da
carga na superfície
- O - Al – O – Si – O – Si – O – Al – O – Si – OH
- O - Al – O – Al – O – Mg – O – Al – O – Al – OH
- O - Si – O – Si – O – Si – O – Si – O – Si – OH
- O - Si – O – Si – O – Si – O – Si – O – Si – OH
Substituição isomórfica
- O - Al – O – Mg – O – Al – O – Al – O – Al – OH sem manifestação da
- O - Si – O – Si – O – Si – O – Al – O – Si – OH carga na superfície
- O - Si – O – Si – O – Si – O – Si – O – Si – OH
- O - Mg – O – Al – O – Al – O – Al – O – Al – OH
- O - Si – O – Si – O – Si – O – Al – O – Si – OH
e octaedros voltam a apresentar cargas negativas. Por outro lado, se o pH da solução do solo
diminuir (aumento da concentração de H+), as cargas negativas dos oxigênios das bordas dos
argilominerais serão bloqueadas (Figura 3). Pelo exposto, a formação de cargas negativas nas
bordas dos argilominerais é dependente do pH do meio e, por isso, essas cargas são chamadas de
cargas variáveis ou cargas dependentes do pH.
Figura 4 Formação de cargas negativas nas bordas dos argilominerais por causa do
aumento do pH do meio.
Nos solos tropicais a fração argila é composta principalmente por argilas do tipo 1:1 e
óxidos de ferro e alumínio. Como a formação de cargas por substituição isomórfica é baixa nestes
tipos de minerais, as cargas desses solos são, em sua grande maioria, do tipo dependente do pH.
Além dos argilominerais, as cargas variáveis também ocorrem na matéria orgânica do solo,
onde a variação do pH é que rege a quantidade e o caráter (negativo ou positivo) das cargas.
Existem vários grupos funcionais na matéria orgânica que podem ter seus hidrogênios dissociados e
apresentarem cargas negativas (Figura 5), mas os principais são os radicais carboxílicos e fenólicos.
De modo geral, a quantidade de cargas que podem ser geradas pela matéria orgânica é muito grande
por causa de sua alta ASE e número de grupos funcionais.
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Um parâmetro importante nos solos de cargas variáveis é o ponto de carga zero (PCZ). O
PCZ é o valor de pH no qual o colóide apresenta o mesmo número de radicais com carga positiva
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Os íons que estão afastados dos colóides a uma distancia tal que este já não exista força de
atração são chamados de “íons livres” e compõem a solução do solo (conforme ilustrado na figura
6). Já os íons atraídos pelos colóides, chamados de íons trocáveis, podem estar adsorvidos com
diferentes energias de ligação. Os íons próximos dos colóides são retidos com mais força, enquanto
aqueles mais afastados têm fraca energia de ligação. Assim, os íons próximos dos colóides podem
estar ligados a estes através de ligações iônicas ou covalentes enquanto aqueles mais afastados estão
rodeados por moléculas de água (solvatados) e são atraídos pelo colóide por forças eletrostáticas (do
tipo Van der Waals ou pontes de hidrogênio).
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Várias nomenclaturas são utilizadas para descrever a adsorção dos íons aos colóides. Elas
dão idéia da energia de ligação entre eles e, portanto, da probabilidade de rompimento da ligação e
retorno do íon para a solução do solo.
a) adsorção química - ocorre quando há a ligação iônica ou covalente entre o colóide e o
íon, sendo dificultada sua passagem da fase sólida para a líquida. Há três tipos de
adsorção química: complexação, quelação e precipitação.
i. Complexação – É o tipo mais comum de adsorção química e ocorre na
superfície dos colóides. O íon complexado é retido com alta energia ao colóide
(ligação iônica ou covalente). Algumas bibliografias ainda trazem os temos
“oclusão” e “fixação”, os quais são sinônimos de complexação, mas estão em
desuso.
ii. Quelação – É um tipo especial de complexação que ocorre nos colóides
orgânicos ou em moléculas quelantes, os quais adsorvem especificamente um
íon não por apenas uma, mas por duas ou mais ligações (Figura 8).
iii. Precipitação – É um tipo de adsorção química onde o íon é precipitado, ou seja,
forma um complexo estável e praticamente irreversível.
b) adsorção física - ocorre quando há a ligação físico-química de baixa energia entre o íon
e o colóide. Essa interação ocorre através de forças eletrostáticas como forças de Van
der Waals (Keeson, Debye e London) e pontes de hidrogênio. A adsorção física não
ocorre na superfície do colóide, mas sim a uma certa distância dele apenas por efeito do
seu campo elétrico. São forças de pequena magnitude e permitem a troca rápida de íons
entre a fase sólida e a solução do solo, compondo a parte mais ativa da CTC e a da
CTA.
A integração de vários fatores ligados ao íon e ao colóide determina o tipo de energia que
poderá ocorrer. Dentre eles, os mais importantes são a valência do íon, o grupo periódico do íon, o
tamanhos do íon, o grau de hidratação do íon, a concentração do íon na solução do solo e a
seletividade do colóide.
a) Valência do íon – quanto maior a valência, maior será a energia de ligação ao colóide.
O hidrogênio é uma exceção, pois se comporta como se fosse polivalente.
b) Grupo periódico do íon – elementos de transição (das famílias “B” da tabela periódica)
formas compostos de maior energia de ligação que os metais alcalinos e alcalinos
terrosos.
c) Tamanho do íon – quanto menor o íon, mais fortemente pode ser adsorvido.
d) Hidratação do íon – quanto mais hidratado for o íon, com menor força ele será
adsorvido. A hidratação é inversamente proporcional ao tamanho e valência do íon.
e) Concentração do íon na solução – o aumento da concentração de um íon na solução
provocará maior adsorção do mesmo, deslocando os demais adsorvidos que estejam em
menor concentração.
f) Seletividade do colóide – certos colóides têm maior preferência para a adsorção de
certos cátions, conforme abaixo:
Ilita: Al3+ > K+ > Ca2+ > Mg2+ > Na+
Caulinita: Ca2+ > Mg2+ > K+ > Al3+ > Na+
Montmorilonita: Ca2+ > Mg2+ > H+ > K+ > Na+
Matéria orgânica: Mn2+ > Ca2+ > Mg2+ > NH4+ > K+ > Na+
De maneira geral, pela integração dos fatores ligados aos íons acima listados, a energia de
adsorção deles com os colóides segue a seguinte ordem:
CÁTIONS: Al3+ = H+ = Fe3+ > Zn2+ = Cu2+ = Mn2+ = Fe2+ > Ca2+ > Mg2+ > NH4+ > K+ > Na+
Por causa das cargas dos colóides, o solo tem a capacidade de reter uma grande quantidade
de íons nos colóides e manter apenas uma pequena quantidade destes na solução do solo. Isso evita
a lixiviação excessiva dos nutrientes pela água que percola no solo.
Por outro lado, se existem nutrientes adsorvidos no complexo de troca, não há carência para
as plantas, pois quando elas absorvem um nutriente da solução do solo, rapidamente este é reposto
pela fase sólida. Isso ocorre porque há um equilíbrio químico dinâmico entre a fase sólida e a
líquida. Também, quando algum nutriente é adicionado ao solo pela fertilização, há aumento de sua
concentração na solução e a maior parte acaba sendo adsorvida ao solo e disponibilizado na solução
apenas em pequenas quantidades. Por isso, diz-se que o solo tem capacidade de tamponar a
solução do solo, liberando íons quando a solução está em baixa concentração e retendo quando o
íon está em alta concentração. O poder tampão do solo pode ser visualizado, esquematicamente,
como um sistema de vasos comunicantes (Figura 9), onde há um grande reservatório (fases sólida)
interligado e em equilíbrio com um pequeno reservatório (solução do solo), de onde os nutrientes
são retirados (absorvidos ou lixiviados). Como são interligados, a retirada de íons do pequeno
reservatório é reposta pelo reservatório maior, mantendo o equilíbrio entre os dois compartimentos
(Figura 8).
Solução do solo
FASE SÓLIDA
acarretarão em cargas que, em ultima análise, são a CTC. Na Tabela 3 pode-se observar a CTC
média de alguns minerais e da matéria orgânica.
Caulinita 7 – 30 0–1
Óxidos - 2–4
Micas 40 – 150 10 – 40
Vermiculita 500 – 800 100 – 150
Montmorilonita 600 – 800 80 – 150
Matéria orgânica 800 - 900 200 - 300
5 ACIDEZ DO SOLO
5.1 INTRODUÇÃO
Muito tempo e eventos transcorrem entre a presença de uma rocha e sua transformação em
um solo. Este solo, sendo o produto resultante dos fatores de formação, manterá ou não algumas
características químicas do material de origem, dependendo da intensidade de cada um dos fatores.
Solos formados em regiões quentes e úmidas são geralmente ácidos mesmo que o material
de origem não o seja. Na Tabela 6 estão os resultados da análise química de três rochas e de solos
formados a partir delas. Observa-se que as rochas, finamente moídas, têm uma reação próximo à
neutralidade, enquanto que os solos gerados são ácidos, têm menor quantidade de nutrientes e maior
quantidade de alumínio e ferro. Isso mostra que a acidez do solo é um processo natural e sua
origem está em diversas reações que ocorrem no solo, as quais serão descritas a seguir.
Tabela 6 Composição química elementar de três rochas e três solos formados a partir
dessas (Adaptado de Bohnen, 2000).
Característica ARENITO BASALTO GRANITO
química Rocha solo rocha solo rocha solo
pH em água 6,9 4,2 6,9 4,9 7,3 4,6
Cálcio (%) 0,20 0,01 0,81 0,07 0,40 0,02
Magnésio (%) 0,10 0,03 0,17 0,08 0,20 0,04
Potássio (%) 0,10 0,07 3,85 0,15 4,07 0,25
Sódio (%) 0,04 0,04 0,19 0,04 4,02 0,04
Alumínio (%) 1,70 3,10 6,00 10,60 6,60 2,10
Ferro (%) 0,29 1,02 4,40 11,90 0,38 1,14
5.2.1) Chuva
Inicialmente, a fonte de acidez para o solo é a água da chuva, que têm pH ácido pos causa
de sua reação com o gás carbônico da atmosfera, conforme descrito na reação abaixo.
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Devido a esta reação ser praticamente instantânea quando o alumínio está na solução do
solo, embora não seja um ácido, por gerar H+ rapidamente ele é considerado como tal. Por isso,
convencionou-se dizer que a acidez do solo é composta por H+ + Al3+.
5.2.4) Respiração
A degradação inicial da rocha pelo efeito da acidez da água libera nutrientes desta, os quais
possibilitam a nutrição dos microrganismos e plantas. Estes liberam para a fase líquida e gasosa do
solo o CO2 da respiração que, pela mesma reação descrita anteriormente, geram bicarbonato
(HCO3-) e hidrogênio (H+).
(como ácido cítrico, fítico, maleico, etc.) e de cadeia longa (como ácidos húmicos e ácidos
fúlvicos), os quais também têm alta concentração de hidrogênios.
e elementos tóxicos. A determinação da acidez ativa é feita em uma suspensão de solo e água (na
relação 1:1 ou 1:2,5), onde mede-se o pH (atividade ou concentração de íons H+) através da imersão
de um eletrodo de vidro ligado a um potenciômetro. O pH também pode ser medido em soluções
salinas ao invés de água, como por exemplo KCl 1 mol L-1 ou CaCl2 0,01 mol L-1.
A acidez potencial do solo (acidez trocável + acidez não trocável), representada pelo H+ +
Al3+, é determinada pela adição de um sal tamponado à pH 7,0, normalmente o acetato de cálcio
[(CH2COO)2Ca pH 7,0] e o H+ + Al3+ extraídos são determinados por titulação com NaOH e os
resultados são expressos em centimols de carga por quilograma de solo (cmolc kg-1).
A quantidade de base (calcário) para neutralizar a acidez do solo e elevar o seu pH a um
patamar pré-estabelecido deve ser suficiente para neutralizar não só a acidez ativa, mas também a
acidez potencial. Como a acidez total do solo é devida principalmente ao teor de alumínio trocável
do solo (acidez trocável) e da quantidade de hidrogênios adsorvidos (acidez não trocável), solos
com a mesma acidez ativa (pH em água) podem ter diferentes necessidades de calcário para
correção da acidez, conforme visualizado na Tabela 7. Nela observa-se que a necessidade de
calcário do solo têm uma estreita relação com os teores de argila e matéria orgânica do solo,pois
esses fatores estão intimamente relacionados à quantidade de H+ adsorvidos nos colóides do solo.
T -1
(cmolc kg ) = Ca2+ + Mg2+ + K+ + Na+ + H+ + Al3+
V (%) = (S / T)*100
Para a fertilidade do solo, de modo geral, a saturação com alumínio não deve ser superior a
15%, pois em valores maiores aumenta muito a probabilidade de ocorrência de toxidez às plantas.
Porém, este valor varia de 10 a 20%, conforme a cultura utilizada. O valor m também é utilizado na
classificação de solos, sendo atribuído o termo álico quando o solo possuir m > 50%.
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O uso isolado de um dos parâmetros da acidez não traz informações conclusivas sobre as
características de um solo. É necessário utilizar conjuntamente os parâmetros. Por exemplo, um solo
“x”, com T = 20 cmolc kg-1 e S = 10 cmolc kg-1, tem valor V = 50%. Já um solo “y”, com T = 20
cmolc kg-1 e S = 10 cmolc kg-1, também tem valor V = 50%. Entretanto, o solo “x” apresenta um teor
absoluto de cátions básicos bem mais elevado, o que significa melhor fertilidade do solo. Da mesma
maneira, dois solos com o mesmo valor T (ex. T = 20 cmolc kg-1) podem ter diferentes valores de
saturação por bases (ex. solo A, V = 70%; solo B, V = 30%). Assim, dois solos somente terão
fertilidade equivalente se possuírem o mesmo valor T e V.
A classificação dos parâmetros da acidez e do complexo sortivo (valores S, V, m e T)
diferem quando utilizados para fins de fertilidade do solo e classificação de solos, mas de maneira
geral, podem ser classificados conforme a Tabela 8.
disponibilidade
N, P, K, Ca, Mg, S, B, Mo
Al
Solos posicionados em cotas mais baixas na paisagem, principalmente nas várzeas, estão
sujeitos à saturação com água ou alagamentos periódicos. Essa condição de anaerobiose provoca
uma série de modificações químicas que fazem com que o comportamento destes solos seja
diferentes do dos solos drenados.
As modificações decorrentes da anerobiose são observadas não só em várzeas alagadas
(incluso solos irrigados por inundação), como também em microsítios de pouca aeração nos solos
drenados.
Quando o solo é alagado, a água ocupa o espaço da fases gasosa do solo, comprimindo o ar
remanescente no interior dos agregados, o que acarreta em sua destruição. Assim, logo após o
alagamento o solo atinge uma consistência semi-fluída, onde a agregação é inexistente.
A substituição do ar para a água no espaço poroso restringe as tocas gasosas entre a
atmosfera e o solo e o oxigênio remanescente no solo é rapidamente consumido pelos
microrganismos aeróbicos do solo. Após a extinção do oxigênio no solo, os organismos aeróbicos
obrigatórios morrem e a população microbiana remanescente é composta pelos microrganismos
aeróbicos facultativos e anaeróbicos. Esses organismos obtêm energia pela oxidação da matéria
orgânica do solo, mas ao invés de utilizarem o oxigênio como aceptor final de elétrons na cadeia
respiratória, transferem os elétrons dos compostos orgânicos para outros compostos oxidados,
transformando NO3- em N2, Mn4+ em Mn2+, Fe3+ em Fe2+, SO42- em H2S, ente outros. Na
classificação de solos, o alagamento é responsável pela pelo processo de gleização dos solos e o
aparecimento de mosqueados.
Solos afetados por sais são solos com altas concentrações de sais solúveis no complexo de
troca, as quais podem comprometer ou impedir o crescimento das plantas. Os solos afetados por
sais podem ser classificados como salinos (apresentam altas concentração de sais solúveis), sódicos
(alta concentração de sódio trocável) e salino-sódicos (alta concentração de sais e de sódio). No
Brasil, ocorrem principalmente na região nordeste.
A presença de altas concentrações de sais nos solos ocorre, principalmente, quando uma ou
mais situações seguintes ocorrem: a) Material de origem rico em sais; b)Baixa ou nula ocorrência
de chuvas, não tendo precipitação suficiente para a lixiviação do excesso de sais; c) Alta
evapotranspiração; d) Regiões com aporte de sais por estarem próximas ao mar.
A caracterização dos solos afetados por sais é feita através do pH em água, condutividade
elétrica e porcentagem de saturação por sódio trocável (PST), segundo a Tabela 10. A percentagem
de saturação com sódio é dada pela fórmula PST = (Na+ / T)*100.
Tabela 10 Classificação dos solos afetados por sais (adaptado de Sparks, 1995).
Classificação CE pH em água PST
-1
dS m %
Solos salinos >4 < 8,5 < 15
Solos sódicos <4 > 8,5 > 15
Solos salino-sódicos >4 < 8,5 > 15
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7 BIBLIOGRAFIA RECOMENDADA
MEURER, E. J. Fundamentos de Química do Solo.Porto Alegre: Ed. Gênesis, 2000, 174 p.
KAMINSKI, J. Corretivos da Acidez do Solo. Santa Maria: UFSM, 1989, 224 p.