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MANEJO DA

FERTILIDADE
DO SOLO
UM GUIA PRÁTICO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES
EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA
MANEJO DA
FERTILIDADE
DO SOLO
UM GUIA PRÁTICO PARA ALTAS PRODUTIVIDADES
EM SISTEMAS DE PRODUÇÃO AGRÍCOLA

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SUMÁRIO

Apresentação, 4
Atributos químicos do solo, 5
Atributos físicos do solo, 9
Atributos biológicos do solo, 16
Principais conceitos sobre Fertilidade do Solo, 18
Leis fundamentais da Fertilidade do Solo, 22
Macro e micronutrientes de plantas, 28
Cátions e ânions no solo, 32
Matéria orgânica do solo, 36
Absorção e mobilidade dos nutrientes, 41
Diagnose foliar e sintomas de deficiência visual, 46
Amostragem do solo, 55
Análise química e física da fertilidade do solo, 64
Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES), 76
Interpretação dos resultados da análise de solo, 79
Acidez do solo e calagem, 90
Gesso agrícola, 96
Referências bibliográficas, 99

3
Apresentação

A produção das culturas agrícolas é dependente, direta ou indiretamente, de


diversos elementos, como condições climáticas, características da espécie
vegetal, competição com outras plantas, ataque de pragas, incidência de
doenças e atributos do solo onde ela cresce.
Alguns destes fatores, como a competição com outras plantas e o ataque de
pragas, podem ser controlados, outros, como os fatores climáticos, não.
Entre os atributos do solo que podem influenciar a produção agrícola, destaca-
se a fertilidade do solo, que segundo o conceito mineralista proposto por Liebig
pode ser definida como “a capacidade intrínseca de um solo de fornecer
nutrientes às plantas em quantidades adequadas e em proporções convenientes,
com baixos teores de elementos tóxicos”.
O conceito tradicional de fertilidade do solo, entretanto, é insuficiente para
explicar determinados fenômenos, como a frequente obtenção de altas
produtividades em culturas sob sistema plantio direto em solos com valores de
indicadores da fertilidade considerados inadequados para o crescimento e
desenvolvimento das plantas.
Para contornar essa debilidade na concepção de que fertilidade é sinônimo de
atributos químicos do solo, pode-se considerar a fertilidade do solo como:
Um conjunto dinâmico que se reflete em boas propriedades físicas, químicas e
biológicas do solo, e que proporciona abundante desenvolvimento vegetal e da vida.
Neste material, você encontrará as informações necessárias para realizar o
manejo da fertilidade do solo em sistemas de produção agrícola de alta
produtividade.
Bons estudos!

SUMÁRIO 4
Atributos químicos do solo

O solo é composto de três fases (sólida, líquida e gasosa), com inúmeras reações
ocorrendo simultaneamente em cada fase e entre si, estando, portanto, em
constante atividade química.
A fase sólida é formada pelas partículas minerais, também conhecido como
material inorgânico (areia, silte e argila) e pelo material orgânico.
A fase líquida é composta pela solução do solo, que é constituída pela água
existente no solo. É na solução do solo que se encontram dissolvidos os nutrientes
essenciais e outros elementos que afetam o desenvolvimento das plantas.
Já a fase gasosa é formada pelos gases dissolvidos na solução do solo e que
circundam as partículas sólidas (O2, CO2, dentre outros), resultantes
principalmente dos processos bioquímicos de respiração das raízes e de
atividade de organismos vivos (macro e microrganismos).
A maioria das reações e interações químicas ocorrem em partículas de menor
tamanho no solo, denominadas coloides do solo.
Os coloides compreendem as partículas de diâmetro entre um mícron e um
nanômetro, compostos pela fração argila do solo e pela fração da matéria
orgânica do solo (MOS) que contém os ácidos húmicos e fúlvicos, ou seja, os
compostos mais reativos da MOS.
Devido aos diferentes tipos de minerais que compõem a fração argila e aos
diferentes compostos orgânicos, a fração coloidal é bastante heterogênea.
A fase sólida do solo é formada por vários tipos de minerais, em diferentes
arranjos químicos e estágios de intemperização, como os minerais primários e os
minerais secundários (2:1, 1:1 e os óxidos).

SUMÁRIO 5
Estes processos de formação dos minerais são características estáveis no solo, e
levam milhares de anos para acontecer, ou seja, não sofrem alteração pelas
práticas agrícolas adotadas.

Intemperismo dos minerais do solo

lâmina tetraedral
de silício
MICA lâmina octaedral
de alumínio
(2:1)
lâmina tetraedral
de silício

As micas são minerais primários do solo, importantes fontes de potássio. A unidade


fundamental de formação de um mineral silicatado é o tetraedro de silício (SiO4), que
consiste em quatro átomos de oxigênio coordenados por um átomo de Si no centro.
INTEMPERISMO

lâmina tetraedral
CAULINITA de silício
(1:1) lâmina octaedral
de alumínio

A caulinita é um exemplo de mineral do grupo dos filossilicatos, formado por uma


lâmina de tetraedros de silício e uma de octaedros de alumínio, do tipo 1:1,
possuindo muito pouca substituição isomórfica, o que se traduz em CTC restrita.

GIBBSITA lâmina octaedral


(hidróxido) de alumínio

A gibbsita possui estrutura cristalina octaédrica, constituída por dois planos de


oxidrilas, com um plano de átomos de alumínio entre eles. É encontrada na fração
argila de diversos solos altamente intemperizados das regiões tropicais.

SUMÁRIO 6
Os minerais primários são provenientes do material de origem do solo e
normalmente se encontram em solos jovens com menor grau de intemperismo,
principalmente nas frações granulométricas de maior diâmetro, como areia e
silte. Os principais minerais primários são a mica, o feldspato, a olivina, o
piroxênio, o anfibólio e o quartzo.
Os minerais secundários formados por argilominerais do tipo 2:1 (superposição
de duas lâminas de tetraedros de silício e uma de octaedro de alumínio),
ocorrem em solos pouco intemperizados, sendo os minerais mais conhecidos a
vermiculta, a ilita e a esmectita.
O conjunto dos minerais secundários são comumente denominados apenas de
argila.
Os minerais secundários apresentam grande número de cargas negativas
oriundas das substituições isomórficas, o que confere a estes solos Capacidade
de Troca de Cátions (CTC) de 80 a 200 cmolc kg-1 e fertilidade natural elevadas.
As propriedades físicas, entretanto, não são tão boas em relação aos solos com
predomínio de minerais 1:1 e óxidos, devido ao caráter de expansibilidade dos
minerais 2:1.
Os argilominerais do tipo 1:1 (uma lâmina de tetraedros de silício e uma de
octaedro de alumínio), tendo como principal mineral a caulinita, predominante
em solos bem intemperizados e que é originada pela destruição dos minerais
primários e pela intemperização de minerais 2:1, perdendo átomos de silício e
cátions básicos por lixiviação.
Estes solos são normalmente ácidos, com baixa disponibilidade de nutrientes e
baixa CTC pela menor quantidade de cargas negativas (de 3 a 10 cmolc kg-1)
oriundas do pequeno número de substituição isomórficas e sua estreita
entrecamada.
Os óxidos, hidróxidos e oxihidróxido (comumente denominados de óxidos) são o
último estágio do grau de intemperismo dos minerais de argila (solos altamente
intemperizados), sendo os principais e mais abundantes a goethita (α-FeOOH), a
hematita (α-Fe2O3) e a gibbsita [(ɣ-Al(OH3)]. A gibbsita se forma pela destruição
da lâmina de tetraedros de silício em cada uma das camadas dos minerais,
enquanto os óxidos de ferro se originam por reações de oxidação.
Os óxidos possuem baixa quantidade de cargas negativas (baixa CTC) e podem
apresentar cargas positivas, sendo a relação na quantidade entre cargas
positivas e negativas dependentes da faixa do pH.

SUMÁRIO 7
Além da baixa fertilidade natural, os óxidos podem reter cátions e ânions por
ligações covalentes (alta energia de ligação), principalmente o fósforo na forma
de fosfatos.
Outro componente da fase sólida do solo é a Matéria Orgânica do Solo (MOS)
que ocorre em diversas formas no solo, desde a fração não húmica representada
por resíduos orgânicos adicionados recentemente (produtos de origem animal,
vegetal ou microbiana) de baixo grau de decomposição, até a fração húmica que
já sofreu grande transformação no solo e resulta em compostos mais complexos
e sem fórmula definida.
Estes compostos orgânicos que compõem a MOS representam no máximo 5%
dos constituintes sólidos do solo, porém afetam de forma significativa a
dinâmica dos nutrientes no solo, principalmente devido à alta CTC dos
compostos mais humificados (de 300 a 1000 cmolc kg-1), pela complexação com
alguns elementos e por ser fonte de vários nutrientes (principalmente C, N, S, P
e B).
A fase líquida é representada pela água existente no solo, na qual existem íons
livres na forma hidratada, de complexos solúveis e de pares iônicos, dando
origem a solução do solo.
Estes elementos são provenientes dos processos de intemperismo dos minerais,
adição de fertilizantes e processos biológicos que liberam nutrientes orgânicos e
inorgânicos.
É nesta fase que a maioria dos elementos (macro e micronutrientes) estarão
disponíveis para a absorção e assimilação pelos vegetais.
Entretanto, a concentração de elementos na solução do solo é normalmente
baixa e muito variável, resultantes de diversos processos e reações que ocorrem
no solo, principalmente com a fase sólida.
O pH, a CTC, a capacidade de troca aniônica (CTA), a condutividade elétrica do
solo (CE), os teores dos elementos (macro e micronutrientes) e os teores de
MOS estão entre os principais indicadores básicos dos atributos e propriedades
químicas de um solo.
Estas características são influenciadas pelo tipo de manejo do solo adotado no
sistema agrícola, com exceção dos processos de formação dos minerais de argila
do solo.

SUMÁRIO 8
Atributos físicos do solo

A caracterização dos atributos físicos do solo ocorre basicamente pelo estudo do


tamanho e arranjo de suas partículas sólidas.
A textura do solo descreve o tamanho das partículas sólidas.
A estrutura do solo se refere a forma de arranjo destas partículas sólidas e
descreve a maneira como são agregadas, o que irá definir a configuração do
sistema poroso do solo.
Estas propriedades influenciam na capacidade de fornecimento de nutrientes,
de água e de ar contidos no solo, fatores que são essenciais para o
desenvolvimento do sistema radicular das plantas e que determinam como o
solo irá se comportar durante sua utilização.
A textura do solo é uma das características físicas mais estáveis e representa a
proporção dos diferentes tamanhos de partículas.
A textura normalmente não está sujeita a mudanças no solo decorrentes das
práticos de manejo agrícola, sendo considerada, portanto, uma propriedade
básica.
A estabilidade deste atributo faz com que seja uma característica importante na
descrição, identificação e classificação do solo.
Existem diversos sistemas de classificação para expressar o tamanho destas
frações, sendo o utilizado neste texto o Sistema Norte Americano desenvolvido
pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA).
Partículas com diâmetro > 2 mm como os matacões, cascalhos e outros
fragmentos mais grosseiros não são levados em consideração como parte da
fração terra fina, ao qual este termo textura é aplicado.

SUMÁRIO 9
Portanto, são considerados nestas frações granulométricas as partículas de
argila, areia e silte.
As partículas de areia possuem diâmetro entre 0,05 mm e 2 mm, ou seja, são
partículas relativamente grandes.
A sua forma pode ser arredondada ou angular, dependendo do grau de
desgaste ocasionado pelo intemperismo no processo de formação do solo.
O principal mineral que as compõem é o quartzo (SiO2).
Estas partículas são ásperas ao tato e geralmente visíveis. Devido ao maior
tamanho, as partículas de areia possuem área superficial específica (ASE) baixa,
apresentando baixa retenção de água, sendo os solos com o predomínio desta
fração mais propensos a serem deficientes em umidade.
Outro fator importante, as partículas de areia não são coesivas (não se mantêm
unidas umas às outras).
As partículas de silte possuem diâmetros menores que 0,05 mm e maiores que
0,002 mm, não sendo visíveis.
No tato apresentam sensação de sedosidade.
Possuem estrutura e formato semelhante à da areia (micropartículas de areia),
tendo o quartzo como mineral dominante.
Devido ao menor tamanho destas partículas, os poros entre as partículas são
menores em relação a areia, retendo mais água e permitindo menor drenagem.
E por causa da baixa capacidade de adsorção e coesão, as partículas de silte são
facilmente carregadas pelos fluxos de água, sendo os solos siltosos mais
suscetíveis à erosão hídrica.
Por fim a fração argila é composta por partículas de diâmetro menores que
0,002 mm, possuindo alta área superficial específica (ASE), grande capacidade
de adsorção, muita coesão quando seca e aspecto pegajoso quando úmido.
Devido ao seu pequeno tamanho, se comportam como colóide e possuem forma
laminar.
Cada tipo de mineral de argila (2:1, 1:1 ou óxidos) dependendo da sua
predominância confere diferentes propriedades ao solo.

SUMÁRIO 10
Com o conhecimento das proporções das frações argila, areia e silte procede-se
a classificação textural do solo.
As diferentes classes texturais fornecem uma ideia da distribuição do tamanho
de partículas e uma indicação do comportamento das propriedades físicas do
solo.
No total são 13 classes texturais, sendo três os grupos principais: solo arenoso
(textura grosseira), argiloso (textura fina) e franco (textura média).

SUMÁRIO 11
A estrutura do solo se refere ao arranjo das suas partículas em agregados ou
unidades estruturais.
A estrutura do solo define a disposição dos poros e dos agregados, influenciando
o fluxo de água, calor, aeração e a porosidade.
Estas propriedades são alteradas em função das práticas agrícolas (aração,
gradagem, calagem e adubação), afetando diretamente a estrutura do solo.
Desta forma, é possível mesmo que pouco, exercer determinado controle ou
influência sobre o arranjo destas partículas em agregados (estrutura do solo) e
na estabilidade dos agregados.
Parte-se do pressuposto de que solos bem estruturados oferecem melhores
condições para as plantas e a manutenção dessa estrutura se opõem ao da
degradação do solo.
Na avaliação da estrutura do solo, se procura por atributos para dimensionar a
porosidade e a distribuição dos poros por tamanho, assim como a estabilidade
das unidades que compõem a estrutura.
A densidade de partículas (Dp) é definida como a massa por unidade de volume
de “sólidos” do solo (ao contrário do volume do solo, que inclui o espaço
poroso), ou seja, a Dp não é influenciada pelo espaço poroso (espaço livre), e
consequentemente não está relacionada com o tamanho ou o arranjo das
partículas (estrutura do solo).
O atributo mais usual, entretanto, é a densidade do solo (Ds), que é definida
como a massa por unidade de volume de solo “seco”, e este volume inclui
partículas sólidas e o espaço poroso do solo (espaço livre entre as partículas).
A porosidade do solo ou porosidade total representa a porção do solo em
volume não ocupada por sólidos.
Assim, um determinado fator que influencie o espaço poroso
consequentemente irá afetar a densidade do solo.
Solos que possuem maior proporção de espaço poroso em relação ao volume de
sólido (maior volume de solo) possuem menor densidade que solos mais
compactados e com menor espaço poroso (menor volume de solo).
Os valores de densidade determinam apenas a porosidade total.

SUMÁRIO 12
Os solos de textura fina como no caso dos siltosos e argilosos, em geral possuem
menor densidade do solo (Ds) em relação aos solos arenosos.
Isto ocorre porque as partículas nos solos de textura mais fina se organizam em
unidades estruturais porosas, principalmente se o solo possui maiores teores de
matéria orgânica (MOS).
Nestes solos, além do espaço poroso entre os agregados, existe o espaço
ocupado por poros internos aos agregados (microporos). Esta condição permite
um maior espaço poroso total e uma baixa densidade do solo.
Já em solos arenosos, o conteúdo de MOS é normalmente mais baixo,
consequentemente as partículas sólidas estarão menos predispostas a formarem
os agregados e a densidade do solo será normalmente mais alta do que em solos
de textura mais fina.
Mesmo em quantidade similar de macroporos entre solos de textura fina e
arenosos, os solos arenosos possuem poucos poros internos em suas partículas
(microporos) apresentando menor porosidade total, diferentemente do que
ocorre em solos de textura fina.
Porém, é importante conhecer a distribuição dos poros por tamanho e não
somente a porosidade total que fornece informações de utilidade limitada.
Os microporos são importantes para a retenção e armazenamento de água no
solo, enquanto os macroporos são responsáveis para a drenagem e aeração.
A distribuição destes poros influencia o crescimento e desenvolvimento das
plantas e a existência de organismos vivos diversos, e não há valores
estabelecidos sobre qual seria a distribuição ideal entre macro e microporos.
Foi determinado como referência que a porosidade de aeração inferior a 10% é
prejudicial para a produção agrícola.
A densidade do solo também é importante para a resistência a penetração e
crescimento do sistema radicular no solo.
Altas densidades no solo podem ocorrer de forma natural ou decorrentes de
práticas no solo pela ação antrópica, como a compactação por exemplo.
O crescimento do sistema radicular é limitado em solos excessivamente densos,
devido a maior resistência à penetração, a má aeração, a redução do fluxo de
água e nutrientes no perfil do solo e ao acúmulo de gases tóxicos e exsudados
radiculares no sistema solo.

SUMÁRIO 13
As raízes das plantas penetram ou crescem no solo através dos poros,
principalmente pelos de maior tamanho.
Em poros pequenos, como nos microporos, a raiz deve empurrar as partículas de
solo aumentando o seu diâmetro, limitando até determinado ponto o
crescimento do sistema radicular.
A formação e a estabilidade de agregados são as mais importantes e difíceis do
manejo do solo, sendo o fator que mais influi no aumento da porosidade.
Resumidamente os agregados do solo são o resultado de diversos processos
biológicos, químicos e físicos que promoverão a união ou agrupamento das
partículas primárias (argila, areia e silte) em diferentes tamanhos e graus de
estabilidade (força de união).
A análise da estabilidade de agregados é normalmente feita nas camadas mais
superficiais do solo que é onde ocorre os principais processos e interações,
principalmente pela atividade biológica.
Os processos físico-químicos são mais expressivos e tendem a ser mais
importantes nos agregados de tamanho menor, principalmente associados a
fração argila (solos de textura fina) pela floculação por cátions bi e trivalentes (Al
e Ca), formação do complexo argilo-metal-humus, ou pelos óxidos de Fe e Al em
solos com o predomínio deste tipo de argila.
Enquanto, nos agregados maiores têm-se maior relevância dos processos
biológicos (macro e microrganismos) pela formação de grumos ou ação de
agentes cimentantes como resultado desta atividade, importante em solos
arenosos ou de baixo teor de MOS.
A matéria orgânica é o principal agente na formação e estabilidade de agregados
em todos os tipos de solos, por meio dos seus polímeros de carga e pela
atividade biológica do solo onde produto resultante (grumos ou agentes
cimentantes) estimulam a formação de agregados.
O sistema de cultivo adotado no solo pode ter diversos efeitos, favoráveis ou
desfavoráveis sobre a agregação.
Práticas de manejo que causam a movimentam do solo, como os convencionais,
possuem efeitos negativos, pois aceleram a oxidação da matéria orgânica,
reduzindo seu conteúdo e diminuindo os efeitos de agregação deste
componente.

SUMÁRIO 14
Em casos extremos pode causar a destruição dos agregados, acelerando os
processos erosivos, diminuindo a infiltração de água e a penetração das raízes.
Também pode-se citar que os sistemas de cultivos intensivos e por longos
períodos tem diminuído a agregação.
Portanto, as práticas de manejo que não causam perturbações no solo ou o
mínimo possível, mantendo ou aumentando a MOS como nos sistemas
conservacionistas (plantio direto, dentre outros), garantem a manutenção ou
melhoria da estabilidade estrutural superficial do solo.
Mesmo nos sistemas produção agrícola conservacionistas, o desenvolvimento e
a manutenção da estabilidade estrutural são o principal desafio.
A compactação do solo, por exemplo, é muito comum em áreas agrícolas e é
geralmente desencadeada pelo tráfego de máquinas em excesso ou em
condições alta umidade, ocasionando a formação de uma camada subsuperficial
densa e com alta resistência à penetração de raízes.
Temos o valor de 2 MPa como limite máximo de resistência à penetração de
raízes no perfil do solo sem que haja restrição ao seu crescimento e
desenvolvimento.
Uma maneira prática de inferir sobre a presença desse problema é através da
abertura de uma trincheira de 50 cm, com o auxílio de uma faca, perfuramos o
perfil do solo em várias profundidades verificando se há aumento da dificuldade
de perfuração, além de observar o aspecto visual.
Outra alternativa, dependendo da sua necessidade e de fatores como o
tamanho da área, é adquirir um penetrômetro, equipamento capaz de facilitar a
identificação da ocorrência de camadas compactadas no perfil do solo.
Visando contornar este problema, escarificação é a principal estratégia utilizada
no Brasil. Essa prática revolve o perfil do solo até a camada de aproximadamente
30 cm, rompendo a camada compactada.
Os cuidados necessários para evitar a ocorrência de nova compactação são a
execução de operações de preparo somente em condições de umidade
adequada e diminuir, sempre que possível, o número de passadas e o peso das
máquinas e implementos.

SUMÁRIO 15
Atributos biológicos do solo

A maioria das transformações e reações no solo são intermediadas ou sofrem a


influência de organismos vivos, promovendo de forma direta ou indireta
alterações no solo com reflexo nos demais e atributos do solo, e com efeito
sobre as plantas cultivadas.
Essas alterações biológicas podem ocorrer de forma natural no ambiente ou
serem induzidas pelo efeito antrópico.
No solo, os atributos biológicos são os mais sensíveis, sendo os mais utilizados
para distinguir os ambientes de produção e caracterizar os aspectos de
qualidade de um determinado solo em relação as práticas de manejo adotadas.
Entre os indicadores biológicos, podemos destacar a matéria orgânica, a
diversidade de espécies, a massa microbiológica, o nível de respiração do solo.
A biota do solo desempenha grande importância no funcionamento dos
ecossistemas, controlando a produtividade e a qualidade do solo, e o
crescimento/desenvolvimento das plantas.
A biota do solo é extremamente numerosa e variada, com os mais variados
tamanhos e ocorrendo nos habitats mais diversos do perfil do solo.
A microfauna do solo é composta pelos microrganismos do solo (fungos e
bactérias), os quais vivem livremente no solo ou associado às raízes das plantas
(micorrizas), por protozoários e nematóides.
A mesofauna, grupo com a maior diversidade de organismos, é restrita a poros
oxigenados (de maior tamanho) presentes nos solos, enquanto que os
organismos da macrofauna (minhocas e outros invertebrados de maior porte)
possuem a habilidade de criar seus próprios espaços, normalmente causando a
translocação de materiais do solo.

SUMÁRIO 16
No solo, estes organismos, principalmente do grupo da microfauna,
desempenham importante função na decomposição dos resíduos orgânicos,
pela transformação destes nutrientes orgânicos em formas inorgânicas
disponíveis para a assimilação pelas plantas, pela formação de outros compostos
orgânicos em diferentes graus de complexidade ou humificação, na estruturação
física do solo e por proporcionar condições para a ocorrência de outros
organismos.
Em relação aos microrganismos, os grupos mais abundantes são as bactérias e
os fungos, e são importantes agentes de degradação de material orgânico,
transformando-os em compostos orgânicos humificados.
São mais ativos em solos ácidos, apresentando grande versatilidade e
resistência. Alguns fungos, como os micorrizas, se associam às raízes no solo em
simbiose com benefício mútuo.
Dentro do grupo da microfauna, pode-se citar também os protozoários, que são
predadores de bactérias e outros microrganismos, enquanto os nematoides de
vida livre se alimentam da MO em decomposição.
O desenvolvimento e ocupação destes organismos no solo se restringe às
lâminas de água.
Já as bactérias atuam em diversos processos e possuem grande importância no
solo.
A maioria destes microrganismos são heterotróficos, obtendo C e N da matéria
orgânica e apenas uma pequena porção é autotrófica, sendo menos importante.
Determinadas bactérias, como dos gêneros Rhizobium e Bradyrhizobium, se
associam as raízes das plantas formando nódulos em leguminosas e fixam o
nitrogênio do ar.
É importante ressaltar que a biomassa microbiana participa ativamente das
reações do solo, como a mineralização.
A mineralização compreende a transformação dos nutrientes que estão na
matéria orgânica (na forma de proteínas, lipídios) para formas minerais
assimiláveis pelas plantas.

SUMÁRIO 17
Principais conceitos sobre Fertilidade do Solo

Sempre houve numerosas tentativas de se conceitualizar a fertilidade do solo.


A mais utilizada, talvez seja a idealização da fertilidade do solo com relação a
produtividade das culturas, sendo erroneamente considerado de forma
semelhante, como sinônimos, os termos fertilidade e produtividade.
E normalmente os conceitos apresentam várias limitações práticas e de
interpretações generalizadas.
Entretanto, a fertilidade vai muito além do que apenas produtividade, pois nem
sempre um solo fértil incorrerá em altas produtividades.
Como por exemplo, em condições de déficit hídrico, onde mesmo em condições
de alta fertilidade do solo, ocorrerá menores produtividades pela falta de água.
Ou seja, mesmo em condições de boa fertilidade houve queda na produção.
Assim como este exemplo, podemos ter questões de ordem física (impedimento
físico), biológica (organismos vivos do solo) e climáticas que também irão
interferir no desenvolvimento e crescimento das plantas.
Com o avanço tecnológico e das pesquisas, a fertilidade do solo passou a ser um
conjunto de fatores complexos envolvendo os atributos químicos, físicos e
biológicos.
Podemos até separar estes atributos para o estudo individualizado, mas no solo
eles interagem entre si, esboçando características diferentes e que irão definir o
potencial produtivo de um sistema agrícola como um todo.
A compreensão desta dinâmica, levando em consideração as particularidades
de cada solo, é de fundamental importância para a otimização da agricultura,
levando em consideração a sustentabilidade.

SUMÁRIO 18
A premissa de que um solo deve ser rico em nutrientes, embora essencial a
produtividade das culturas, não é mais a única e exclusiva condição na prática de
uma agricultura eficiente.
Estas variáveis influenciam direta e indiretamente, principalmente na capacidade
de um solo em fornecer nutrientes essenciais às plantas durante o seu ciclo.
A planta e a sua produção, passa então a ser apenas um dos indicadores da
fertilidade dos solos.
Porém, não há como ter produtividades adequadas sem um solo de fertilidade
alta, sem a aplicação de fertilizantes e corretivos.

Conceito de fertilidade natural


A fertilidade natural representa a condição do solo decorrente do seu processo
de formação, relacionados a gênese (material origem + ambiente + organismos
vivos + tempo).
O grau de formação do solo depende do grau de intemperismo a que foi
submetido no tempo, influenciando suas características químicas e físicas. Estas
características ocorrem naturalmente, são intrínsecas do solo e irão refletir a
fertilidade do solo “original”.
Solos de menor grau de intemperismo (solos jovens), são mais ricos em
nutrientes, principalmente, pela maior proporção de argilominerais 2:1 e menor
lixiviação de bases.
Enquanto, solos de maior intemperismo (maioria dos solos brasileiros), são mais
pobres em nutrientes, pela intensa lixiviação de bases e menor presença de
cargas devido ao seu maior grau de intemperismo (óxidos e argilominerais 1:1).
Para que as plantas cresçam e se desenvolvam, são necessários alguns fatores
indispensáveis, como: nutrientes, água, luz, temperatura, dentre outros.
No campo da fertilidade do solo, a ênfase á com relação aos nutrientes e as suas
dinâmicas no solo.
Os nutrientes são essenciais para o desenvolvimento das plantas.
De 90 a 97% dos nutrientes presentes nas plantas (tecido vegetal) são
compostos por carbono (C), hidrogênio (H) e oxigênio (O).

SUMÁRIO 19
Estes nutrientes ocorrem em abundância no meio ambiente, fornecidos pela
água e ar, e por isso são desconsiderados para o estudo da fertilidade do solo.
Os nutrientes de interesse na fertilidade do solo são divididos em duas classes,
os macronutrientes e os micronutrientes.
Estas duas classes são as mais difundidas e utilizadas, embora existam outras.
São cosniderados macronutrientes os elementos: nitrogênio (N), fósforo (P),
potássio (K), cálcio (Ca), Magnésio (Mg) e enxofre (S). Enquanto os
micronutrientes: boro (B), zinco (Zn), ferro (Fe), manganês (Mn), cobre (Cu),
molibdênio (Mo) e cloro (Cl).
Todos estes elementos, os macro e micronutrientes, são essenciais às plantas,
tendo apenas como diferencial a quantidade requerida pelas plantas. Os
macronutrientes são requeridos em maior quantidade, enquanto os
micronutrientes em menor quantidade.
Os solos brasileiros, em função de seu maior grau de intemperismo, que
representa mais de 80%, são pobres em geral nestes elementos.
Por isso, normalmente altas doses e frequentes uso de fertilizantes são
requeridas para se obter produtividades altas ou adequadas.

Conceito de fertilidade atual


A fertilidade atual se refere a condição de fertilidade do solo após a ação
humana (antrópica).
Esta ação causa modificações em algumas de suas características que a tornam
distintas em relação a natural.
Práticas de manejo para a correção e o fornecimento de nutrientes ao solo para
as culturas, como adubação (mineral, orgânica e organomineral) e calagem,
alteram principalmente as características químicas de um solo.
Portanto, a fertilidade atual representa o solo após o recebimento de práticas de
manejo para satisfazer as necessidades das culturas, ou seja, um solo
trabalhado. Estas práticas realizadas, de correção e adubação devem ser
consideradas na sua interpretação. As determinações dos nutrientes nas suas
formas trocáveis e, principalmente, disponíveis no solo são utilizadas na sua
caracterização.

SUMÁRIO 20
Conceito de fertilidade potencial
A fertilidade potencial se caracteriza pela fertilidade que pode se manifestar a
partir de determinadas condições ou situações nos sistemas agrícolas.
Alguma característica do solo pode estar limitando a real capacidade do solo em
ceder nutrientes para as plantas.
Como por exemplo, os solos ácidos, que são a maioria no Brasil, limitando a
disponibilidade de nutrientes e consequentemente a produtividade das plantas.
Na persistência destas características limitantes no solo, a sua capacidade de
fornecimento de nutrientes é reduzida, mesmo a fertilidade sendo alta.
Entre as principais características limitantes, nestes solos ácidos, têm-se o
alumínio (Al+3), que em níveis elevados é toxico às plantas e pode formar
precipitados com o fósforo, diminuindo sua absorção.
Portanto, mesmo em condições de alta fertilidade pelo fornecimento de
nutrientes via adubação, este elemento, limitaria o potencial produtivo, como
você pode observar na figura abaixo.
Produtividade do milho (kg ha-1)

10.000
8.000
6.000
4.000
2.000
0
Natural Gesso Calagem Natural + Calagem +
adubo adubo

Além do Al, outras características como por exemplo, a baixa disponibilidade de


Ca, Mg e P também interferem em condições de limitação, o que normalmente
se pode corrigir com adição de calcário, gesso e adubos fosfatados.
Pode-se citar também, em condições menos expressivas no Brasil, os solos de
caráter salino que apresentam altos teores de Na+, elevando o pH destes solos e
ocasionando a diminuição da disponibilidade de micronutrientes (Fe, Mn, Zn e
Cu).

SUMÁRIO 21
Leis fundamentais da fertilidade do solo

Lei da Restituição
A lei da restituição se baseia na necessidade de restituir ou devolver ao solo
aqueles nutrientes que foram absorvidos pelas plantas e exportados por ocasião
das colheitas, ou seja, os nutrientes que não foram reciclados no solo e saíram
do sistema.
Nesta lei, considera-se o esgotamento ou exaurimento dos nutrientes do solo,
em decorrência dos cultivos agrícolas sucessivos, como causa da diminuição da
produtividade das culturas.
Por esse motivo, é muito importante para a manutenção da fertilidade do solo, a
restituição dos nutrientes retirados do sistema.
Deve-se considerar não somente os nutrientes absorvidos e exportados pelas
colheitas das culturas, mas também, os perdidos do solo por lixiviação, adsorção,
entre outros fenômenos.

Lei do Mínimo (Lei de Liebig)


A lei do mínimo ou lei de Liebig, talvez uma das mais conhecidas, relaciona o
crescimento vegetal com a quantidade de um determinado nutriente presente
no solo (relação solo/planta).
O crescimento da planta está limitada pelo nutriente que se encontra em menor
proporção (quantidade) no sistema solo, em relação à necessidade ou exigência
das plantas.

SUMÁRIO 22
Este nutriente em condição de limitação no solo ou para a absorção das plantas,
levaria a uma condição de limitação do crescimento vegetal, mesmo os demais
nutrientes dentro dos níveis adequados as plantas.
A aplicação da lei do mínimo ou lei de Liebig é difícil, porque na prática, em
condições de campo, muitas vezes há diversos nutrientes ou fatores que limitam
a produtividade de uma determinada cultura.
Além disso, também ocorrem as interações tanto no solo quanto na planta pelos
nutrientes, o que dificulta a usabilidade prática desta lei.
A lei do mínimo estabelece uma razão de proporção direta entre a quantidade
do fator limitante da produtividade de uma cultura com um determinado
nutriente e a colheita, como você pode ver na figura abaixo.

Conforme a lei do mínimo ou lei de Liebig, o crescimento ocorre de forma linear


até um ponto de máxima devido à insuficiência ou escassez de outro fator que
se torna limitante para o crescimento vegetal, e que, se for suprido promove
outro pico de crescimento, até que um outro nutriente (ou fator) se torne o
limitante (novo ponto de máxima).

SUMÁRIO 23
Essa lei é muito ilustrada em aulas de fertilidade, por um barril, onde cada tabua
que forma o barril representa um elemento e tendo algumas tábuas deste barril
de diferentes alturas, onde a tábua com a menor altura representa o elemento
limitante e impediria de aumentar o volume de líquido do barril, pois ocorreria o
extravasamento do liquido. O aumento da tábua limitante permite aumentar o
nível de líquido dentro do barril até o limite de outra tábua, que passaria a ter
menor tamanho.

Com a verificação das limitações quantitativas da lei do mínimo, considerando


uma resposta linear relação à aplicação de um determinado nutriente no
sistema solo, na representação de uma função de resposta curvilinear, sua
utilização atual tem sido por meio de verificação exclusivamente meramente
qualitativa.
A presença de um nutriente em condições de insuficiência (baixa
disponibilidade, por exemplo) no solo irá reduzir a eficiência de resposta da
planta, mas não elimina completamente o efeito dos outros nutrientes sobre a
eficiência da planta.

SUMÁRIO 24
Lei de Mitscherlich
A Lei de Mitscherlich é uma derivação da lei do mínimo de Liebig, que relaciona
o crescimento de uma planta com fornecimento de nutrientes.
A resposta linear à aplicação de um determinado nutriente, em nível insuficiente
ou de escassez no solo, como a proposta por Liebig, é complementada por uma
resposta curva (curvilínea) em função da adição de um determinado nutriente,
em doses crescentes no solo, até atingir um nível ótimo ou máximo de
crescimento das plantas.
O modelo proposto por Mitscherlich complementa e corrige o modelo linear
proposto por Liebig, que observou que com o aumento progressivo das doses do
nutriente no solo deficiente neste determinado nutriente, a produtividade das
plantas aumentava ligeiramente no início, numa resposta inicialmente linear e,
estes aumentos se tornavam progressivamente menores até atingir um valor
(nível) máximo.
Neste nível máximo não ocorre mais respostas, ou estas são pouco expressivas,
em função do aumento das doses dos nutrientes fornecidos.
Um dos problemas ou limitações desta lei é que ela só considera até o ponto de
máxima, não considerando que a partir deste ponto de máxima (a partir da qual)
a produtividade das culturas decai progressivamente em função do aumento da
dose do elemento (toxidez, interações, dentre outros.)

Lei Do Máximo
Esta lei corrige a principal falha da Lei de Mitscherlich, levando, portanto, em
consideração na curva de resposta de uma determinada cultura em função da
dose de um determinado nutriente, e a resposta a partir do ponto de máxima na
curva.
A partir deste ponto de máxima determinado, ocorre o decréscimo na
produtividade em função do excesso dos nutrientes (toxidez, interação
antagônica, competição entre íons no solo, dentre outros).
Ou seja, se continuar aumentando ainda mais as doses de um determinado
nutriente acima do necessário para a uma cultura, se observa que os
rendimentos da cultura começam a reduzir gradativamente com o aumento da
dose.

SUMÁRIO 25
A Lei de Mitscherlich é demonstrada na figura a seguir:

10000

9000

Produtividade (kg ha )
-1

8000

7000

6000

5000
Organomineral= 4496 + 82,9x - 0,4x2 R2 = 0,89
Mineral = 4580 + 85,8x - 0,6x2 R2 = 0,87
4000
0 20 40 60 80

Dose de P (kg ha-1 )

Lei da Interação
A lei da interação também é uma variação mais atual da Lei do mínimo, onde
cada fator da produção de uma cultura será tanto mais eficaz quando os outros
estão mais perto do seu ótimo.
Esta lei demonstra que é difícil estudar de forma isolada apenas um fator de
produção, ou seja, cada fator deve ser considerado como parte do todo em um
conjunto, dentro do qual ele está relacionado com os outros de forma recíproca,
estando estes fatores em interação.
Diversos experimentos têm demonstrado que há interações entre os elementos
e outros fatores de produção na planta.
Ou seja, um ou mais elementos exercem influência mútua ou recíproca sobre os
diferentes estágios de crescimento e desenvolvimento de uma planta.
Entretanto, ainda há poucas informações sobre os mecanismos destas
interações no solo e na planta, sendo difícil de determiná-las na prática.

SUMÁRIO 26
As principais interações de nutrientes são:
ANTAGONISMO: A presença de um elemento diminui a absorção de outro
elemento;
INIBIÇÃO: Consiste na diminuição da absorção de um determinado elemento
provocada pela presença de um outro íon. Inibição competitiva ocorre quando
dois elementos competem pelo mesmo sítio do carregador, diminuindo a
absorção do nutriente que está em menor concentração. Inibição não
competitiva ocorre quando a ligação se faz em sítios diferentes, como uma
redução efetiva da velocidade máxima da absorção.
SINERGISMO: Neste tipo de interação a presença de um dado elemento
aumenta a absorção de outro. Ex.: o Ca2+, em concentrações não muito
elevadas, aumenta a absorção de cátions e de ânions devido o seu papel na
manutenção da integridade da plasmalema, o que tem consequência na prática
da adubação.

Lei da Qualidade Biológica


As práticas de correção e adubação do solo não tem como único objetivo
aumentar a produção, mas também aumentar a qualidade da produção e do
sistema agrícola como um todo.
A lei da qualidade biológica leva em consideração que a fertilidade do solo é um
conjunto de fatores complexos envolvendo os atributos químicos, físicos e
biológicos interagindo entre si.
Entretanto, a lei da qualidade biológica lei prioriza que aplicação de fertilizantes
e corretivos no solo deve ter como principal objetivo a melhoria da qualidade do
produto final, a qual deve ter prioridade sobre a produtividade do sistema como
um todo.
O excesso ou a deficiência de determinados nutrientes (ocasionados por
corretivos ou fertilizantes) nas plantas pode causar problemas ou efeitos
negativos sobre saúde daqueles que consumirem este produto final.
Por isso, esta lei é de difícil aplicação na prática e há pouca atenção por
cientistas e pesquisadores que têm denotado a qualidade do produto final
(produzido) a um nível de baixo ou de pouquíssima importância.

SUMÁRIO 27
Macro e micronutrientes de plantas

Diversos elementos químicos são indispensáveis para as plantas, sem os quais


não conseguem completar seu ciclo de vida.
Um dos principais meios de aferir quantitativamente é pela matéria de planta
produzida durante o seu crescimento e desenvolvimento.
A composição média de uma planta pode ser resumida, em média, em 80% de
água e 20% de matéria seca.
Esses 20% de matéria seca são constituídos de elementos químicos, que
podemos classificar em:
- ESSENCIAIS: estes são os elementos minerais na planta, sem os quais ela não
tem condições de viver (C, H e O são tidos como elementos orgânicos). São os
nutrientes de plantas.
- ÚTEIS: estes elementos não são essenciais, a planta tem condições de viver
sem eles. Entretanto, a sua presença nas plantas é capaz de contribuir para o
crescimento, produção, ou para a resistência a condições desfavoráveis do meio,
como clima, pragas e doenças. Exemplo: sódio para algodão e beterraba;
alumínio para a cultura do chá; silício para as gramíneas;
- TÓXICOS: quando estes são prejudiciais às plantas e que não se enquadram nas
classes anteriores. Ex.: Cd, Pb, Hg, Al, Ni, Se, F, Br, I, dentre outros.
Importante frisar que alguns elementos tidos como essenciais e/ou os úteis, em
relação a sua concentração no solo, na solução do solo ou na solução nutritiva,
podem ser considerados como tóxicos.

SUMÁRIO 28
Elementos Essenciais
Para um elemento ser considerado essencial, deve se enquadrar no critério
direto ou indireto de essencialidade.
- Critério Direto: Um determinado elemento é tido como essencial, quando faz
parte de um composto ou quando participa de uma ou mais reações sem a qual
a vida da planta é impossível.
Conforme este critério, o papel do elemento tem que ser esclarecido a nível
molecular (composto) ou por meio de reações metabólicas das quais participa
ou não (mapa metabólico). O Boro é o único elemento essencial que não
preencheu o critério direto, mas ele satisfaz o critério indireto.
- Critério Indireto:
a) a carência de determinado elemento impede que a planta complete o ciclo;
b) o elemento tem função específica - sintoma característico, sendo que só o
elemento pode corrigi-lo;
c) o elemento deve estar implicado diretamente;
Comprovada a essencialidade de um elemento por esse método, passará o
elemento a ser considerado nutriente mineral.
A separação entre macronutriente e micronutriente se baseia apenas na
concentração em que o elemento aparece na matéria seca.
MACRONUTRIENTES: C, H, O, N, P, K, Ca, Mg e S
(%) variando de 0,1 a 5,0%; ou g kg-1 variando de 1,0 a 50 g kg-1
MICRONUTRIENTES: Cu, Zn, B, Cl, Fe, Mn, Mo e Ni
ppm variando de 0,1 a 5.000 ppm; ou mg kg-1 variando de 0,1 a 5.000 mg kg-1
Os elementos C, O e H nas plantas tem origem na H2O e O2, compondo em
média 95% da matéria seca das plantas.
Os demais elementos têm origem no solo e são denominados de nutrientes
minerais.

SUMÁRIO 29
Esses são os de maior interesse no que se refere as aplicações em nutrição de
plantas, sendo divididos em:
Macro primários = N, P e K;
Macro secundários = Ca, Mg, S;
Micronutrientes = Cu, Zn, B, Cl, Fe, Mn, Mo e Ni

Classificação de Nutrientes Essenciais


Os nutrientes também podem ser divididos em 4 grupos, da seguinte forma:

1° GRUPO: C, H, O, N e S
Constituintes de compostos orgânicos, elementos essenciais envolvidos em
processos enzimáticos, sendo assimilados pelas plantas por reações de óxido-
redução.
São absorvidos na forma de CO2, HCO3-, H2O, O2, NO3-, NH4+, N2, SO42-, SO2,
através da solução do solo ou dos gases da atmosfera.

2° GRUPO: P, B e Si
Participam da esterificação dos grupos alcoólicos na planta, sendo que os
ésteres de fosfatos estão envolvidos em reações com transferência de energia.
São absorvidos nas formas H2PO4-, H3BO3 ou H2BO3-, H4SiO4 da solução do solo.

3° GRUPO: K, Na, Ca, Mg, Mn e Cl


Não apresentam funções bioquímicas específicas, atuando no estabelecimento
do potencial osmótico, ativação enzimática e balanceamento de ânions.
A forma predominante de absorção é de íons da solução do solo: K+, Ca2+, Mg2+,
Mn2+, Cl-, Na+.

SUMÁRIO 30
4° GRUPO: Fe, Cu, Zn e Mo
Presentes predominantemente na forma de quelatos, incorporado em grupos
prostéticos e transporte eletrônico.
São absorvidos na forma de íons ou quelatos da solução do solo.

Em outra divisão, é possível classificar os nutrientes em função de sua carga


eletrônica e quantidade presente na planta:
MACRONUTRIENTES ANIÔNICOS: N, P e S; CATIÔNICOS: Ca, Mg e K;
MICRONUTRIENTES ANIÔNICOS: Cl, Mo e B; CATIÔNICOS: Cu, Fe, Mn e Zn;

Exigência nutricional
A exigência nutricional se refere às quantidades de macro e micronutrientes que
uma determinada cultura pode retirar do solo, do adubo e do ar atmosférico.
- EXTRAÇÃO: quantidade de nutrientes extraídos pela planta inteira para
produzir;
- EXPORTAÇÃO: quantidade retirada pela colheita, ou seja, pela produção.
- MARCHA DE ABSORÇÃO: estudo da estreita relação entre a quantidade de
nutrientes na planta, o acúmulo de matéria seca e a idade da planta, permitindo
identificar:
1. A quantidade de nutrientes necessários para a produtividade;
2. A época de maior exigência da planta para cada nutriente;
3. Em qual parte da planta o nutriente se encontra em maior quantidade;
4. O quanto é exportado pela colheita e o quanto será necessário repor
(retornar ao solo para não o empobrecer ou esgotá-lo);
Pode-se também dividir a quantidade de nutrientes necessários para que a
planta se desenvolva e aqueles necessários para a produção.

SUMÁRIO 31
Cátions e ânions no solo

As partículas sólidas do solo (óxidos, minerais de argila e a matéria orgânica)


possuem cargas elétricas positivas e/ou negativas em suas superfícies.
Os óxidos e a matéria orgânica do solo (MOS) podem apresentar cargas
positivas, negativas ou ambas, enquanto os minerais de argila 1:1 e 2:1 possuem
somente cargas negativas.
Estes sítios de adsorção são importantes no solo, pois é neles que os elementos
se ligam, representando o reservatório de nutrientes no solo e o poder tampão.
Por isso, para a fertilidade do solo e para a nutrição de plantas, é importante que
um solo possua grande números de cargas.

Cargas permanentes
As cargas permanentes do solo são originadas principalmente por substituições
isomórficas que ocorrem nos minerais, e geram exclusivamente cargas negativas.
Estas cargas negativas serão ocupadas por íons livres de carga positiva (cátions),
com o intuito de manter a neutralidade elétrica do mineral, e ocupadas por
cátions que podem ser trocados por outros, o que denominamos de capacidade
de troca de cátions (CTC).

Cargas variáveis
Nas cargas variáveis (dependentes do pH) do solo, ocorre a alteração no número
e no tipo de carga (positiva e negativa) com a alteração do pH do solo. É o tipo
de carga que predomina em solos com alto grau de intemperismo, como a
maioria dos solos brasileiros (CTC de 5 a 15 cmolc kg-1).

SUMÁRIO 32
Estes solos apresentam baixa quantidade de cargas, sendo os minerais
predominantes com esta característica na fração argila, a caulinita e os óxidos.
Nestes solos a MOS é fundamental, pois possui grande quantidade de cargas
elétricas (CTC de 300 a 1.000 cmolc kg-1) .
A variação do tipo de carga e a quantidade nestes minerais se deve a adsorção
ou dessorção com a alteração do pH do solo dos íons H+ e OH-.
Quando o solo é muito ácido ocorrem cargas positivas e com o aumento do pH
ocorre o inverso gerando cargas negativas.
Nestes solos de carga variável existe em uma determinada faixa de pH em que o
número de carga negativas e positivas é igual, sendo denominado de ponto de
carga zero (PCZ).
O conhecimento do PCZ é importante para estes tipos de solos, pois determina o
balanço de cargas no solo e consequentemente influencia no manejo dos
nutrientes.
Ou seja, abaixo do PCZ o solo possui o predomínio de cargas positivas, enquanto
acima do PCZ predomina cargas negativas.
É importante frisar que nestes solos ocorrem os dois tipos de cargas, apenas
sendo balanceada a sua quantidade de acordo com o valor do pH.
Normalmente, nos solos brasileiros, o PCZ varia em torno de 3,5 a 6,0,
dependendo do tipo de mineral e do teor de MOS.
Em solos de cargas permanentes (minerais 2:1), o PCZ não tem importância
porque o número de cargas negativa é alto e não ocorre nenhuma alteração em
função dos valores de pH do solo.

Determinação da quantidade de cargas negativas (CTC)


Existem duas formas de determinar a capacidade de troca de cátions (CTC) no
solo, a efetiva e a determinada a pH 7,0.
A CTC demonstra o número de cargas negativa presentes no solo na condição de
pH na qual se apresenta., e se baseia na troca de cátion com estas cargas.
Portanto, a CTC é calculada pelo somatório de todos os cátions trocáveis que se
encontram ligados a estas cargas no pH em que atualmente o solo se encontra.

SUMÁRIO 33
A capacidade de troca de cátions (CTC) é expressa pela soma de Ca+2, Mg+2, Na+,
K+ e Al+3, a qual denominamos de CTC efetiva.

CTC efetiva (cmolc kg-1 ou mmolc kg-1) = Ca+2 + Mg+2 + Na+ + K+ + Al+3

A CTC efetiva não determina o total de cargas existentes ou o potencial de cargas


negativas do solo.
Desta forma, tem-se a CTC determinada em solução tamponada a pH 7,0, que
representará a soma das cargas existentes mais as que poderão ser criadas pela
dissociação de H+.
Nesta determinação ocorre a determinação de cargas negativas dependentes do
pH, que estão indisponíveis para a adsorção de cátions no valor de pH atual do
solo.
Os valores desta CTC (pH 7,0) são maiores do que a CTC efetiva.

CTC efetiva (cmolc kg-1 ou mmolc kg-1) = Ca+2 + Mg+2 + Na+ + K+ + Al+3 + H+

Cátions no solo
A maioria dos elementos requeridos ou em maiores quantidades pelas plantas
estão presentes no solo na forma catiônica (+), por isso uma maior relevância da
avaliação da CTC.
A forma de adsorção dos cátions e as cargas dos coloides do solo dependem da
sua forma química e a sua concentração na solução.
A forma dos principais cátions na solução é: Ca+2, Mg+2, Na+, K+, Al+3, Fe+2, Zn+2,
Cu+2, Mn+2, NH4+, dentre outros.
Os que estiverem em maiores concentrações competem entre si pelas cargas
negativas do solo, formando em sua maioria ligações do tipo eletrostática, com
menor energia de ligação. Enquanto os que ocorrem em menores
concentrações, podem formar ligações covalentes de maior energia de ligação
com os grupos funcionais e apresentar menor disponibilidade.

SUMÁRIO 34
A forma de ligação destes cátions afeta a disponibilidade de cada um na solução
do solo e, consequentemente, às plantas.
A maioria dos cátions formam ligações eletrostáticas no solo, de menor energia
de ligação, e, portanto, maior reversibilidade, demonstrando maior poder
tampão (Ca+2, Mg+2, K+, NH4+).
Com exceção de Fe+2, Zn+2, Cu+2, Mn+2, que tendem a formar ligações covalente,
de maior energia e menor reversibilidade, demonstram menor poder tampão a
solução, principalmente em valore menores de pH.

Ânions no solo
Apenas o N, P, S, B e Mo são absorvidos na forma de ânion. Os que se
apresentam em maior quantidade na solução do solo são o N na forma de NO3-
e o S (SO4-2), enquanto os fosfatos (H2PO4- e/ou HPO4), molibidatos (HMoO4- ou
MoO4=), borato (H4BO4-) normalmente apresentam menores teores na solução.
A maioria dos ânions se liga de forma covalente aos coloides do solo, formando
ligações de alta energia, diminuindo sua disponibilidade e consequentemente
seu poder tampão (capacidade de fornecimento à solução do solo).
Nesse tipo de reação covalente, o tipo de carga, se positiva ou negativa, pouco
irá importar, pois ocorrerá da mesma forma em ambas. O NO3- se liga
exclusivamente de forma eletrostática, com baixa energia de ligação,
permanecendo em sua grande maioria na solução do solo.
O fosfato, um dos principais ânions de interesse agrícola, além da forte interação
com os coloides do solo, pode formar vários precipitados, diminuindo ainda mais
a sua disponibilidade. Enquanto o nitrogênio, muito exigido pelas culturas, em
sua principal forma (NO3-) tem pouca interação com os coloides do solo, sendo
facilmente perdido do sistema principalmente por lixiviação.
A compreensão da dinâmica das cargas no solo e as interações dos íons com
estas partículas é essencial para o manejo eficiente da fertilidade do solo nos
mais variados sistemas agrícolas.
A interação e as formas dos elementos no solo controlam a disponibilidade na
solução do solo com efeito direto sobre as plantas cultivadas.

SUMÁRIO 35
Matéria Orgânica do Solo

Embora existam muitos resultados de pesquisa sobre a matéria orgânica do solo


(MOS), muito pouco se conhece sobre este tema de forma aprofundada,
limitando-se a assuntos superficiais e suas interpelações de forma direta e
indireta sobre os atributos químicos, físicos e biológicos nos mais variados
sistemas agrícolas.
Pode ser considerada o principal indicador da qualidade de um solo, e é
extremamente sensível em relação as práticas de manejo.
A MOS é o ponto chave que comanda os diversos processos no solo, sem a qual
não há possibilidade de um sistema agrícola eficiente, produtivo e sustentável.
Dentre as frações sólidas do solo a fração orgânica representa menos de 5% em
relação aos demais componentes (areia, silte e argila).
Mesmo em menor proporção, afeta fenômenos de grande importância para a
disponibilidade das plantas e na sustentabilidade e capacidade produtiva do
solo.
Nos solos tropicais e subtropicais, a MOS tem grande importância como fonte de
nutrientes, retenção de cátions de interesse agrícola, formação de complexos
com micronutrientes e elementos tóxicos (Al+3, Mn+2, dentre outros), agregação
e estabilidade de agregados, infiltração e retenção de água, aeração, e fonte de
carbono aos organismos vivos do solo, com especial ênfase aos microrganismos
(fungos e bactérias).
Sendo assim, um dos componentes “chave” na determinação da eficiência e do
potencial produtivo de um sistema agrícola é a Matéria Orgânica no Solo (MOS).

SUMÁRIO 36
A MOS existe em diversas formas no solo, representados pela fração não húmica
(resíduos orgânicos recém adicionados), na qual a origem do material
adicionada pode ainda ser visualmente reconhecida, até por último no processo
de transformação as frações húmicas que a sofreram grandes transformações
no solo (cadeias carbônicas mais complexas).
As características destas duas frações são bastante distintas em efeito sobre as
propriedades e atributos do solo e sobre a disponibilidade de nutrientes.
Os principais componentes da MOS são carbono, hidrogênio, oxigênio,
nitrogênio e outros elementos em quantidades normalmente pequenas.
As concentrações de nutrientes na MOS é extremamente variável, dependendo
do tipo e origem dos materiais e do estágio de decomposição.
Em média, na fração húmica a concentração de carbono varia de 40 a 50%,
enquanto a de nitrogênio é de cerca de 5%.
Nas condições de clima do nosso país, a temperatura exerce grande influência
sobre a dinâmica da MOS nas diferentes regiões brasileiras.
Em regiões mais quentes (tropicais), as temperaturas mais elevadas aumentam
as taxas dos processos e reações de origem química e bioquímica, que somados
à maior precipitação pluvial, resulta em uma decomposição mais rápida dos
compostos orgânicos, o que consequementemente reduz o conteúdo de MOS
no solo.
Já em regiões de clima temperado, como ocorre em grande parte da região Sul
do Brasil, onde os períodos de temperatura mais baixa (clima frio) diminuem os
processos e reações da MOS, favorecendo o seu maior acúmulo no solo.
Nestes solos, as taxas de decomposição são sazonais, variando conforme a
estação do ano, com maiores taxas em períodos de temperatura mais elevada e
menores taxas de decomposição em períodos mais frios.
O acúmulo de MOS no solo é, portanto, o resultado do balanço entre as perdas
por decomposição e os acréscimos por produção.
Diversos trabalhos tentam estabelecer modelos e parâmetros para a dinâmica
da MO nos solos, porém é extremamente difícil em virtude da grande variação
edafoclimática das regiões brasileiras, com comportamentos distintos em cada
uma delas.

SUMÁRIO 37
Frações não húmicas
A fração não húmica é composta de materiais pouco transformados no solo,
normalmente se reconhece sua estrutura, cadeias carbônicas menores e de
menor complexidade, sendo, de forma geral, de fácil assimilação no solo.
É representada por resíduos recém adicionados aos solos como os de: origem
animal, vegetal, urbana, industrial e dejetos.
Resíduos estes produzidos no solo ou adicionados a ele, tendo estágio de
decomposição anterior ao da fração mais humificada.
Seus componentes produzidos preservam parte das estruturas originais de
aminoácidos, taninos, ligninas, celuloses, hemiceluloses, proteínas, dentre
outros de fórmula conhecida.
A relação C/N destes materiais é bastante importante e variável. Resíduos com
relações C/N muito altas demoram mais para decompor os resíduos e um maior
consumo de N pelos microrganismos presentes no solo.
Em uma maior relação C/N (acima de 30:1) ocorre uma maior liberação de
energia por causa da maior quantidade de carbono.
Neste caso, o N é imobilizado pelos microrganismos, devido àalta quantidade de
C, que aumenta a população destes organismos que vão consumir o N do
sistema, indisponibilizando-os temporariamente.
Quanto mais baixa a relação C/N (15:1), mais fácil será a decomposição da MOS,
sendo o N liberado ao sistema.
Portanto a relação C/N é extremamente importante para estes tipos de
compostos orgânicos do ponto de vista da fertilidade do solo e nutrição de
plantas, pois determina o caminho imediato do N contidos nestes resíduos e
também de N mineral (inorgânico) disponível no solo.
Quando a população de microrganismo está crescendo em virtude da relação
C/N maior que 30:1 (consumindo carbono), o N proveniente da decomposição
destes resíduos e também o N mineral disponível no sistema é consumido pelos
microrganismos do solo em virtude de seu crescimento, reduzindo
consideravelmente sua disponibilidade às plantas.

SUMÁRIO 38
Quando a relação C/N for menor que 30:1, parte do N é novamente liberada
para o sistema por ocasião da morte e decomposição destes microrganismos
que antes haviam sido imobilizados.
Por este motivo, compostos ou resíduos orgânicos adicionados ao solo para fins
de adubação ou não com relação C/N baixa, devem ser adicionados aos solos em
épocas de cultivo em que as plantas precisam de N e outros nutrientes, para
absorvê-los.
Caso não sejam absorvidos, podem ser perdidos do sistema solo, principalmente
por lixiviação.
A decomposição destes resíduos orgânicos da fração não húmica, são
normalmente rápidos, principalmente, nas condições de clima e solo das regiões
brasileiras. Esta fração exerce grande influência sobre a população microbiana e
na complexação de cátions de interesse agrícola.

Frações húmicas
A fração húmica representa a fração da MOS mais estável e complexa,
constituída por moléculas de maior complexidade estrutural, alto peso
molecular, sem fórmula definida, cor escura no solo e alta área superficial
específica (ASE). São partículas bastante reativas.
Representa os últimos estágios de transformação dos componentes orgânicos do
solo por difíceis transformações e recombinações intermediadas por
microrganismos.
Estes compostos representam a matéria orgânica que se acumula nos solos, e
seus processos levam longos períodos de anos para que ocorra, ou seja,
representa a fração recalcitrante da MOS e pouco disponível aos processos de
conversão e ataque dos microrganismos, desde que não expostas, ao oxigênio
(aeração).
Essas macromoléculas orgânicas são constituídas por grande quantidade de
anéis benzenos e outros grupos funcionais em suas extremidades.
A presença de grande quantidade de sítios ionizáveis e a alta ASE, confere a
estes componentes orgânicos a capacidade de reagir com metais (complexação),
argilominerais e com os óxidos da fração argila, formando os complexo-argila-
metal-húmus (proteção e oclusão da MOS) e com várias outras moléculas
orgânicas reativas (defensivos agrícolas).
SUMÁRIO 39
Normalmente, nas faixas de pH que se encontram os nossos solos, estes
componentes orgânicos apresentam carga líquida negativa, ou seja, maior
quantidade de cargas negativas em relação as positivas, pela dissociação dos
grupos funcionais e ao baixo PCZ destes compostos em relação as partículas
primárias.
Os componentes da fração húmica possuem relação C/N aproximadamente de
10;1 a 12;1, liberando N apenas pela decomposição e não imobilizando o N
mineral livre do solo.
As principais frações que representam estes componentes são os ácidos
húmicos, fúlvicos e humina. Sendo este último, a humina, o que representa o
último grau de transformação da MO no solo, de maior complexidade e
estabilidade no sistema.
São estes componentes mais estáveis desta fração da MOS que garantem seu
acúmulo ao longo do tempo nos sistemas em que predominam a proteção e a
conservação do solo.
Vários materiais podem ser utilizados para incrementar a matéria orgânica do
solo. Os mas comuns são os estercos, como o esterco bovino, a cama de frango
e estercos ovinos, além do composto orgânico sólido, líquido e húmus de
minhocas.
Vale destacar que diversos outros materiais são utilizados, principalmente em
condições mais específicas referentes à disponibilidade.
Por exemplo, nas áreas próximas a indústrias de beneficiamento vegetal, como
as de arroz e mamona é comum a utilização da casca de arroz carbonizada e da
torta de mamona.
Atualmente, com o entendimento sobre as vantagens de se elevar os níveis de
matéria orgânica do solo e com a busca pela sustentabilidade da produção, tem
surgido outros materiais orgânicos como farinhas de sangue e de ossos,
subprodutos da indústria de beneficiamento animal, que são boas fontes de N,
Ca e P.
Para grandes áreas, o aumento gradual da MOS, ao longo dos anos, pode ser
obtido com relativo sucesso com o cultivo de plantas de cobertura do solo,
geralmente espécies vegetais da família Poaceae, e de adubos verdes,
predominantemente da família Fabaceae, em sistema de rotação ou de
consórcio com as culturas comerciais.

SUMÁRIO 40
Absorção e mobilidade dos nutrientes

A disponibilidade de nutrientes na rizosfera depende, dentre outros fatores, da


concentração do nutriente na solução do solo e do transporte destes até a
superfície radicular.
As plantas obtêm todos os nutrientes que necessitam ao seu desenvolvimento
da água existente no solo (solução do solo), por meio da absorção das raízes.
Os processos de absorção destes nutrientes contidos na solução do solo pelas
raízes podem ocorrer por: fluxo de massa, difusão e interceptação radicular.
A intercepção radicular ocorre quando os nutrientes são interceptados pelas
raízes durante o processo de crescimento no perfil do solo. Somente uma
pequena percentagem do nutriente total requerido é suprida por este processo.
Este mecanismo não é mais considerado no transporte de nutrientes, pois não
há a possibilidade de trocas diretas entre as partículas do solo e raízes, havendo
sempre a necessidade do meio líquido para que a absorção ocorra.
A água é constantemente absorvida pela planta para atender as necessidades
fisiológicas das plantas, e os nutrientes dissolvidos nela acabam sendo
absorvidos por fluxo de massa.
Por último, em virtude desta absorção, gera-se na superfície das raízes (rizosfera)
um gradiente de concentração na solução do solo, com teores mais baixos de
nutrientes próximo a ela e mais altos na região do solo mais afastada.
Este processo de formação de um gradiente, cria o movimento destes nutrientes
na solução por difusão, os nutrientes saem de uma região de alta concentração
para uma de menor, a fim de manter o equilíbrio químico.

SUMÁRIO 41
No solo, o nitrogênio, principalmente na forma de NO3-, forma que é pouco
adsorvida aos coloides do solo, permanece quase que em sua totalidade na
solução do solo.
Acompanhando, desta forma, o movimento da água no solo e sendo absorvido
principalmente por fluxo de massa.
O mesmo processo ocorre para o S, presente no solo principalmente na forma
de SO2, que é pouco adsorvido aos coloides.
O cálcio (Ca+2) e o magnésio (Mg+2) ocorrem em teores altos na solução,
podendo a interceptação radicular suprir de forma considerável a demanda pela
planta.
Por esta razão, o maior mecanismo responsável seria o fluxo de massa. Vale
ressaltar, que o fluxo de massa é o maior responsável por aportar quantidade de
nutrientes maiores as raízes.
Em virtude das baixas concentrações de P (H2PO4-) na solução e devido a sua alta
interação com os coloides do solo, este nutriente chega as raízes especialmente
pelo processo de difusão.
Isto também pode ocorrer com o potássio (K+), dependendo da sua
concentração no solo e a sua interação com a fase sólida. Entretanto, em altas
concentrações pode também apresentar o movimento por fluxo de massa.
Os processos de absorção de nutrientes dependem de um fator primordial que é
a presença de água no sistema, sem a qual todos os processos são paralisados
ou diminuídos (absorção, reações dos nutrientes, crescimento vegetal, dentre
outros).
Nesta água contida no solo estão os nutrientes que denominamos na fertilidade
do solo como disponíveis, pois serão os elementos ao qual as plantas terão
acesso.
Para os micronutrientes, ocorrem os dois processos de absorção, fluxo de massa
e difusão.
Os micronutrientes estão presentes em concentrações menores no solo e são
exigidos em menores quantidades, embora os dois processos de absorção
ocorram, em sua grande maioria estes elementos são absorvidos pelo
mecanismo de fluxo de massa.

SUMÁRIO 42
A forma de movimentação dos nutrientes no solo é bastante variável e altera de
forma significativa os mecanismos de absorção pelas plantas.
Fatores relacionados as características mineralógicas de cada solo influenciam
diretamente e indiretamente na disponibilidade dos nutrientes, assim como o
conteúdo de água existente no solo que é de vital importância para todos os
processos e reações.

Interações
Os nutrientes presentes no solo disponíveis para absorção pelas plantas podem
ser afetados por interações físicas, químicas e biológicas.
Dentre essas, eles sofrem interações iônicas, ou seja, como esses nutrientes são
elementos químicos, eles reagem entre si.
As interações que ocorrem entre os nutrientes podem ser favoráveis (sinérgicas),
quando um nutriente contribui na absorção de outro, ou desfavoráveis
(antagônicas), onde um nutriente pode prejudicar a absorção de outro.
Esta competição ocorre pela forma como ele é absorvido do solo para dentro da
planta e pelas diferentes concentrações dos nutrientes na solução do solo.
Para otimizarmos as adubações, visando uma máxima produtividade das
culturas, não podemos esquecer de que o equilíbrio entre os nutrientes é
fundamental, e que esse equilíbrio afeta vários processos na relação solo-planta,
desde o contato do nutriente com as células da raiz, sua absorção e
redistribuição.
Vale ressaltar que adubar é fornecer nutrientes necessários para as plantas se
desenvolverem, via fertilizante, descontando o que o solo oferta para a cultura
(observado por meio da análise de solo).
Essa eficiência da adubação é influenciada por outros quatro fatores: fonte,
dose, local e época de aplicação.
Como já citado, o antagonismo ocorre quando um nutriente diminui a absorção
de outro.
Por exemplo, esta interação pode evitar problemas de toxidez, onde Cálcio (Ca)
impede a absorção exagerada de Cobre (Cu).

SUMÁRIO 43
A interação pode ser também de inibição, competitiva ou não competitiva.
Na inibição competitiva eles disputam o mesmo canal de absorção, diminuindo a
absorção dos que estiverem em menor concentração na solução do solo,
geralmente ocorrendo com íons de valência semelhantes (Ca2+ e Mg2+; Fe2+ e
Mn2+; K+ e Na+).
Na inibição não competitiva os nutrientes não disputam o mesmo canal de
absorção, porém a presença de um determinado nutriente diminui a absorção
de outro.
Um exemplo disso é quando o excesso de K+ e Ca2+ na solução do solo induzem a
deficiência de Mg2+.
Já o sinergismo ocorre quando um nutriente aumenta a absorção de outro, por
exemplo, o Ca2+ em maiores concentrações aumenta a absorção de vários
cátions e aníons presente no solo.
Entretanto, há poucos estudos e pouco se conhece sobre as interações dos
nutrientes.
Em muitos casos de interações, há grandes divergências nas informações e nas
explicações.
É difícil de determinar se um elemento influenciará outro diretamente por
mecanismos específicos na planta, ou se apenas ocorre limitações de um sobre
outro (excesso ou deficiência), refletindo sobre a produção.

SUMÁRIO 44
Quadro resumo de macro e micronutrientes

CONTATO
NUTRIENTE SÍMBOLO FORMA ABSORVIDA MOBILIDADE
ÍON/RAIZ

MACRONUTRIENTES

NO3- (nitrato) e Fluxo


Nitrogênio N Móvel no solo e na planta
NH4+ (amônio) de massa

Potássio K K+ (cátion monovalente) Difusão Móvel no solo e na planta

Fluxo Imóvel no solo e na


Cálcio Ca Ca2+ (cátion bivalente)
de massa planta

Fluxo Imóvel no solo e móvel


Magnésio Mg Mg2+ (cátion bivalente)
de massa na planta

H2PO4- (Fosfato diácido) e Imóvel no solo e móvel


Fósforo P Difusão
HPO42- (fosfato ácido) na planta

Fluxo Móvel no solo e pouco


Enxofre S SO42- (Sulfato)
de massa móvel na planta

MICRONUTRIENTES

Fluxo Móvel no solo e nas


Cloro Cl Cl- (ânion monovalente)
de massa plantas

Fe2+ e Fe3+ (Cátion Pouco móvel no solo e na


Ferro Fe Difusão
bivalente ou trivalente) planta

Pouco móvel no solo e na


Manganês Mn Mn2+ (Cátion bivalente) Difusão
planta

Imóvel no solo e pouco


Zinco Zn Zn2+ (cátion bivalente) Difusão
móvel na planta

BO33- (Borato) e Fluxo Móvel no solo e imóvel


Boro B
B4O72- (tetraborato) de massa nas plantas

Cu+ (cátion monovalente) Imóvel no solo e pouco


Cobre Cu Difusão
e Cu2+ (cátion bivalente) móvel na planta

Móvel no solo e nas


Molibdênio Mo MoO42- (Molibdato) Difusão
plantas

Pouco móvel no solo e na


Níquel Ni Ni2+ (cátion bivalente) Difusão
planta

Fonte: EPSTEIN, E.; BLOOM, A. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. Londrina: Editora Planta, 2006
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006.

SUMÁRIO 45
Diagnose foliar e sintomas de deficiência visual

Desordens nutricionais que inibem pouco o desenvolvimento ou a produção não


são caracterizadas por meio de sintomas específicos e visíveis.
Os sintomas de deficiência do nutriente se tornam claramente visíveis quando a
deficiência é aguda e o nível de desenvolvimento e de produção foram
severamente afetados.
Ou seja, quando o sinal se torna visível ou aparente, a planta já vem sofrendo a
sua ausência há muito tempo.
A diagnose baseada em sintomas visíveis requer um sistemático
acompanhamento, comprovação por meio da análise química, muita prática e
conhecimento da cultura em questão.
Não se deve realizar, com base em sintoma visual de plantas, a recomendação
de adubos e corretivos no solo.
É necessário também se distinguir os sintomas foliares de deficiência de
nutrientes daqueles causados por pragas ou moléstias, principalmente, de
ordem fitopatológica, ou até mesmo fisiológica.
Sintomas de deficiência se manifestam predominantemente nas folhas, velhas
ou novas, dependendo se o nutriente em questão é facilmente translocado.
Clorose ou necrose no tecido vegetal são critérios importantes para a diagnose
visual.
Como regra, sintomas visíveis de deficiência nutricional são mais específicos que
os de toxidez de nutrientes, a menos que a toxidez de um nutriente mineral
induza à deficiência de outro.

SUMÁRIO 46
A diagnose visual pode se tornar muito difícil no campo quando ocorrem mais
de um nutriente deficiente ou a presença de um nutriente deficiente e um em
níveis tóxicos simultaneamente.
Um exemplo bastante comum é em solos inundados onde ocorrem
simultaneamente, toxidez de manganês e deficiência de magnésio.
A diagnose pode ser mais complicada pela presença de pragas, doenças e outros
sintomas, causados por injúrias mecânicas e danos de pulverização.
Para se diferenciar os sintomas de desordens nutricionais destes outros
sintomas, é importante levar em consideração que os sintomas de deficiência
nutricionais sempre têm uma distribuição simétrica e típica; folhas de uma
mesma posição (idade fisiológica) na planta apresentam sintomas semelhantes e
existe um nítido gradiente de intensidade dos sintomas das folhas mais velhas
para as folhas mais novas.
Para se fazer uma diagnose visual precisa, é útil recorrer a informações
adicionais, como análise de solo (química e física), umidade do solo, condições
climáticas, aplicação de fertilizantes, fungicidas, inseticidas, pesticidas.
A seguir, vamos discutir os principais sintomas de deficiência visual que os macro
e micronutrientes de interesse agrícola podem ocasionar:
Nitrogênio (N): as folhas mais velhas na planta são as primeiras a perder a
coloração verde, migrando para uma coloração em um tom de verde mais claro
até esboçar um tom amarelado num último estágio, às vezes pode ocorrer de se
tornarem quase esbranquiçadas (não muito comum). Como sintoma de sua
deficiência, as plantas apresentam crescimento e desenvolvimento reduzido,
além de que os componentes de produção (tanto produção quanto qualidade)
reduzidos significativamente.
Fósforo (P): no caso de plantas anuais, a deficiência de P reduz o poder
germinativo das sementes e crescimento lento das plantas já nos estágios iniciais
de desenvolvimento; nas folhas o sintoma visual aparece em folhas velhas
esboçando uma coloração roxa ou azulada; atraso no florescimento, menor
perfilhamento, gemas laterais em dormência, redução drástica da produtividade
e da qualidade de produção. Na agricultura brasileira é um dos nutrientes
“chave” devido a sua alta interação com a fase sólida do solo o que acarreta na
sua baixa disponibilidade, em especial nos solos argilosos, onde o caráter de
deficiência à planta pode ocorre com maior facilidade.

SUMÁRIO 47
Potássio (K): o K é um nutriente de extrema mobilidade na planta (tanto vertical
quanto horizontal), por isso, os sintomas de sua deficiência ocorrerão nas folhas
velhas; como último estágio da deficiência deste nutriente se caracterizará por
uma clorose no tecido vegetal das folhas velhas seguida de necrose das pontas e
das margens das folhas.
Cálcio (Ca): a deficiência de Ca nas plantas afeta os tecidos dos meristemas das
raízes e da parte aérea, por ser um elemento integrante e de grande importância
na parede celular vegetal, ou seja, um elemento “estrutural”. Sua deficiência
pode acarretar em gemas laterais dormentes; murchamento e morte de gemas
apicais ou terminais; no caso de tubérculos pode ocorrer a sua deformação
seguida de necrose dos tecidos internos; para frutíferas pode ocorrer a redução
de frutificação ou a formação de frutos com anormalidades; em sementes
ocorre a redução da sua produção ou até sua inibição; compromete o
crescimento e desenvolvimento do sistema radicular, podendo tanto reduzir
acarretar na morte do sistema radicular; em leguminosas pode ocorrer menor
nodulação.
Magnésio (Mg): plantas deficientes em Mg os sintomas se apresentam nas
folhas velhas com uma clorose internerval, evoluindo em casos mais severos de
sua deficiência para necrose do tecido vegetal.
Enxofre (S): o S é um elemento pouco móvel em relação a sua redistribuição
pela planta (baixa mobilidade vertical e horizontal). Inicialmente a sua
deficiência se manifestará em folhas novas, devido a sua baixa redistribuição,
ocasionando em clorose do tecido vegetal, redução do florescimento das plantas
e, nas leguminosas em específico pode reduzir a nodulação.
Cobre (Cu): é um nutriente imóvel na planta e a sua deficiência ocorre nas folhas
novas que podem se caracterizar por serem verde-azuladas e enroladas, ou,
deformadas e com as margens das folhas cloróticas; ocorre redução do
florescimento e na frutificação; exsudação de goma em espécies florestais e
frutíferas.
Zinco (Zn): é um nutriente móvel e sua deficiência aparece nos tecidos jovens
nas plantas, como: acarretar folhas novas de tamanho reduzido (pequenas),
alongadas e estreitas; comprimento dos internódios reduzido com a formação
de aparência em leque; folhas com aparência torta e tecido necrótico; em
condições de deficiência severa o florescimento e a frutificação são
significativamente reduzidos e, toda a planta pode ficar deformada e de porte
anã.

SUMÁRIO 48
Em geral, a deficiência de zinco ocasiona em redução do crescimento vegetal,
expansão foliar, alongamento de caule e frutificação.
Boro (B): inicialmente os sintomas de deficiência se apresentam nos tecidos
jovens das plantas, afeta órgãos de reserva e tecidos meristemáticos. Plantas
deficientes em B têm crescimento anormal; as regiões dos meristemas apicais
são as mais afetadas (morte de extremidades caulinares e pecíolos quebradiços);
folhas novas de tamanho reduzido, com deformação, quebradiças (pode ocorrer
rompimento de tecidos) e espessas; em casos de morte do meristema apical do
caule é comum o crescimento (regeneração) da planta pelas gemas laterais
(axilares).
Ferro (Fe): os sintomas aparecem inicialmente em tecidos mais jovens. A
deficiência de Fe pode acarretar clorose internerval do tecido foliar com apenas
as nervuras permanecendo verdes é o sintoma mais típico. Assim como, redução
do crescimento e desenvolvimento vegetal e, em casos mais severos na inibição
do crescimento dos primórdios foliares.
Manganês (Mn): os sintomas se sua deficiência ocorre em tecidos mais jovens,
com a clorose internerval de folhas novas, sendo a aparências das folhas
formando um tipo de rede verde sobre um fundo amarelo, enrolamento e
queda de folhas. Porém, vale ressaltar que no início os sintomas de deficiência
podem aparecer em tecidos mais velhos a planta.
Molibdênio (Mo): sua deficiência acarreta na clorose internerval das folhas
velhas, seguido de necrose das margens da folha e enrolamento. As folhas
tendem a se enrolar para baixo ou para cima. Em leguminosas, a deficiência de
Mo podem ocasionar em deficiência de N, pois o Mo é essencial para o processo
de fixação de N e na assimilação de nitratos.
Cloro (Cl): os sintomas de sua deficiência são inicialmente mais pronunciados
em tecidos mais velhos das plantas, com a redução do crescimento da planta,
murchamento das folhas por clorose e necrose, e raízes atrofiadas. É muito rara
deficiência de Cl e não se têm notícias de deficiências de cloro em condições de
campo, devido as pequenas quantidades que a planta necessita e pela adição de
adubos com a presença de Cl. Portanto, sendo mais comum sintomas de toxidez
pelo excesso de adubos com a presença deste elemento, onde a toxidez se
caracteriza pela queima das margens externas da folha.

SUMÁRIO 49
Quadro resumo dos macronutrientes
Os sintomas
Funções Sintomas de Sintomas de
Nutriente aparecem
bioquímicas deficiência excesso
primeiro
Amarelecimento Crescimento
Constituinte de aminoácidos,
e morte das excessivo da
amidas, proteínas, ácidos Folhas mais
N folhas; parte aérea,
nucléicos, nucleotídeos, velhas
diminuição do favorecendo o
coenzimas, etc.
crescimento. acamamento.
Necessário como cofator para
Clorose e necrose
mais do que 40 enzimas. Pintas necróticas
Folhas mais das folhas e
K Principal cátion para estabilizar nas folhas mais
velhas colmos mais
o turgor e manter a velhas.
velhos
eletroneutralidade celular.
Constituinte da lamela média
Pontos de
das paredes celulares. Indução de
crescimento são
Necessário como cofator por deficiência de
Folhas mais danificados ou
Ca algumas enzimas na hidrolise magnésio e/ou
novas mortos ("seca dos
do ATP e fosfolipídios. Atua potássio
ramos");
como mensageiro secundário provavelmente.
podridão apical".
na regulação do metabolismo.
Necessário para muitas Indução de
enzimas envolvidas na Clorose e necrose deficiência de
Folhas mais
Mg transferência de fosfato. das folhas mais potássio e/ou
velhas
Constituinte da molécula de velhas. cálcio
clorofila. provavelmente.
Componente de açúcares
Redução na
fosfato, ácidos nucléicos,
expansão, na área Pintas vermelho-
nucleotídeos, coenzimas, Folhas mais
P e no número de escuras nas folhas
fosfolipídios, etc. Importante velhas
folhas; coloração mais velhas
nas reações nas quais
verde mais escura
envolvem ATP.
Componente da cisteína,
Plantas são
cistina, metionina e proteínas. Clorose
Folhas mais cloróticas e
S Constituinte da coenzima A, interneval em
novas espigadas, e
tiamina pirofosfato, biotina, algumas espécies.
crescem pouco.
etc.
Fonte: EPSTEIN, E.; BLOOM, A. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. Londrina: Editora Planta, 2006
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006.

SUMÁRIO 50
Quadro resumo dos micronutrientes
Os sintomas
Funções Sintomas de Sintomas de
Nutriente aparecem
bioquímicas deficiência excesso
primeiro
Necrose das
Necessário para reações Folhas mais Murcha, clorose e
pontas e margens,
Cl fotossintéticas envolvidas na velhas ou mais bronzeamento das
amarelecimento e
evolução do CO2. novas folhas.
queda das folhas.
Manchas
Constituinte de proteínas Plantas cloróticas.
Folhas mais necróticas nas
Fe envolvidas na fotossíntese, Folhas novas com
novas folhas, manchas
fixação de N2 e respiração. clorose uniforme
amarelo-parda.
Deficiência de
Necessário para atividade de ferro induzida,
Estrias amarelas ao
algumas desidrogenases, Folhas mais depois manchas
Mn longo das nervuras.
descarboxilases, quinases, novas necróticas ao
Folhas mais finas
oxidases. longo do tecido
condutor.
Constituinte da álcool Clorose nas nervuras Indução de
Folhas mais
Zn desidrogenase, desidrogenase das folhas mais carência de fósforo
novas
glutâmica, anidrase carbônica. novas. e ou cobre.
Clorose reticulada
Constituintes das paredes Folhas secam e se
e queima das
celulares. Envolvido na Folhas mais enrolam, tornando-se
B margens das folhas
elongação celular e novas quebradiças. Morte
de ápice para a
metabolismo do DNA. da gema terminal.
base.
Amarelecimento
Componente do ácido das folhas, da base
Folhas mais Manchas (ilhas) verde
Cu ascórbico oxidase, citocromo para o ápice,
novas escuras -mosaico
oxidase, plastocianina, etc. seguindo a nervura
central.
Folhas recém- Estrias longitudinais
Constituinte da nitrogenase, Manchas amarelas
maduras ou curtas e cloróticas no
Mo nitrato redutase e xantina globulares do
folhas mais terço superior das
desidrogenase. ápice da planta.
novas folhas mais velhas.
Constituinte da urease e
Ni hidrogenases. Importante nas - - -
bactérias fixadoras de N2.

Fonte: EPSTEIN, E.; BLOOM, A. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. Londrina: Editora Planta, 2006
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006.

SUMÁRIO 51
SINTOMAS VISUAIS DE DEFICIÊNCIA NUTRICIONAL EM PLANTAS

Sintomas iniciais em folhas mais velhas

Cor verde clara (esmaecida) na folha, abrangendo nervuras e limbo. Com a


Nitrogênio
evolução da carência passa a clorose seguido de seca e queda das folhas.
Inicialmente diminuição do crescimento da planta, desenvolvimento de cor
verde escura, seguida de manchas pardas, pardo amareladas, pardo Fósforo
avermelhadas. Porte reduzido, pouco enraizamento.
Clorose em margens e pontas das folhas que, com o progresso da deficiência,
Potássio
evolui para queimadura; atingindo toda a folha.

Clorose interneval mantendo-se as nervuras verdes Magnésio

Sintomas iniciais em folhas mais novas

Morte de pontas de crescimento, internódios curtos, superbrotamento (tufos


Boro
de folhas), folhas deformadas e pequenas.

Folhas flácidas, por vezes gigantes, clorose reticulada. Cobre

Clorose interneval com reticulado fino, evoluindo para folha toda amarela. Ferro

Clorose interneval com reticulado grosso. Manganês

Folhas pequenas, internódios curtos e superbrotamento e, por vezes, clorose. Zinco

Folhas deformadas, com morte de pontos de crescimento e clorose nas pontas. Cálcio

Cor verde clara na folha. Clorose generalizada. Enxofre

Sintomas iniciais em folhas recém-maduras ou folhas mais novas

Amarelecimento em manchas ou generalizadas, folhas deformadas por má


Molibdênio
formação no limbo.

Sintomas iniciais em folhas mais velhas ou mais novas

Murcha, clorose e bronzeamento das folhas. Cloro

EPSTEIN, E.; BLOOM, A. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. Londrina: Editora Planta, 2006
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006.

SUMÁRIO 52
Quadro resumo dos nutrientes

Órgão da planta Sintoma dominante Causa da desordem

uniforme Mo (N,S)
clorose internerval ou
(Mn) (Mg)
folha velha, manchada
totalmente
desenvolvida
marginal (K)

Deficiência
necrose
internerval (Mn) (Mg)

uniforme Fe (S)
clorose internerval ou
folhas novas, Zn (Mn)
broto apical, manchada
ápice necrose (clorose) Cu, B (ca)
deformações Mo (Zn) B

folha velha, necrose marginal B, Cl (sal)


totalmente (clorose
desenvolvida temporária) internerval Mn (B)

folhas novas clorose uniforme Zn, Cu, Ni Toxidez

EPSTEIN, E.; BLOOM, A. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. Londrina: Editora Planta, 2006
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006.

SUMÁRIO 53
SINTOMAS VISUAIS DE EXCESSO DE NUTRIENTES EM PLANTAS

Atraso e redução de floração e frutificação e acamamento. Em geral, não


Nitrogênio
identificados.

Indução de deficiência de cobre, ferro, manganês e zinco. Fósforo

Indução de deficiência de cálcio e/ou magnésio provavelmente. Potássio

Indução de deficiência de magnésio e/ou potássio provavelmente. Cálcio

Indução de deficiência de potássio e/ou cálcio provavelmente. Magnésio

Clorose interneval em algumas espécies. Enxofre

Clorose reticulada e queima das margens das folhas de ápice para a base. Boro

Necrose das pontas e margens, amarelecimento e queda das folhas. Cloro

Manchas aquosas e depois necróticas nas folhas. Amarelecimento das folhas,


Cobre
da base para o ápice, seguindo a nervura central.

Manchas necróticas nas folhas, manchas amarelo-parda. Ferro

Deficiência de ferro induzida, depois manchas necróticas ao longo do tecido


Manganês
condutor.

Manchas amarelas globulares do ápice da planta. Molibdênio

Indução de carência de fósforo e ou cobre. Zinco

EPSTEIN, E.; BLOOM, A. Nutrição mineral de plantas: princípios e perspectivas. Londrina: Editora Planta, 2006
MALAVOLTA, E. Manual de nutrição mineral de plantas. São Paulo: Editora Agronômica Ceres, 2006.

SUMÁRIO 54
Amostragem do solo

O solo é um material heterogêneo, apresentando variação em suas propriedades


químicas, físicas e biológicas.
Estas propriedades podem ter grande variação em até poucas distâncias em
relação a uma amostra e outra.
Por estas razões, é importante se ater ao histórico de informações da área e ao
número de amostragens, com o intuito de garantir a maior representatividade
possível.
A amostragem de solo é uma das etapas mais importantes do manejo do solo,
pois o seu resultado fornecerá informações que serão utilizadas na
recomendação de práticas de calagem, gessagem e adubação.
Portanto, é uma etapa de muito importante para a maximização dos recursos e
para a eficiência do sistema agrícola.
Uma amostragem de solos mal planejada levará a informações equivocadas ou
pouco representativas da área cultivada, com impacto direto sobre as
recomendações e no manejo da fertilidade de todo o sistema.
As recomendações de calagem e adubação adotadas nas mais variadas regiões
brasileiras se baseiam nos resultados obtidos pela análise de solo.
Do ponto de vista da fertilidade, a análise do solo nos permite conhecer suas
caraterísticas químicas e físicas, fornecendo, principalmente, informações sobre
o pH que afeta a disponibilidade de nutrientes, o conhecimento de níveis de
críticos (ótimos) de nutrientes no solo para que não ocorra limitação da
produtividade das culturas e, se em caso de inadequados, que estes sejam
corrigidos pela adubação.

SUMÁRIO 55
Representatividade
A análise do solo realizada no laboratório, por mais bem realizada que seja, não
corrige o erro cometido na amostragem do solo da área ou da gleba.
A porção em estudo, a amostra, deve representar fielmente o todo do solo da
área ou gleba de onde provém, pois as características desse todo serão obtidas a
partir da extrapolação dos resultados provenientes da amostra.
Como não é possível analisar o solo todo, analisa-se uma fração ou parte deste,
ou seja, uma pequena porção, a amostra.
A amostra simples é a porção de terra coletada em cada local da gleba e a
amostra composta é a reunião das várias amostras simples coletadas.
Quando a amostra simples ou composta é entregue no laboratório ela é
preparada para a análise.
Após esse processamento, tomam-se amostras de trabalho para se proceder as
análises químicas.
A representatividade da amostra de solo é uma das principais causas de erro, e
quando não observada pode subestimar ou superestimar as doses de
fertilizantes e corretivos.
Porém, tem de se ter em mente que a grande heterogeneidade do solo é uma
característica intrínseca do solo e do seu manejo, que podem ser acentuadas
pelas práticas de adubação e calagem, o que torna difícil a sua
representatividade.
Em virtude desta grande variabilidade dos atributos, os procedimentos de
amostragem são baseados em buscar a representatividade de coleta e que nos
descreva corretamente a fertilidade do solo.
Uma das recomendações, baseadas em resultados de pesquisa, para a
amostragem de solo é a coleta de 20 amostras simples por amostra composta,
em qualquer área a ser amostrada.
Devido a heterogeneidade das áreas de lavouras comerciais, o tamanho da gleba
ou da área amostrada vem sendo reduzida significativamente ao longo dos anos,
na busca por maior precisão nas recomendações de calagem, gessagem e
adubação e nas tomadas de decisão sobre o manejo do sistema de produção
agrícola.

SUMÁRIO 56
Como pode ser observado na figura a seguir, após o número de 20 amostras
simples para cada amostra composta, o ganho de precisão não é significativo,
não justificando o trabalho em relação ao benefício obtido.

Portanto, quanto maior o número de amostras para compor a análise química da


fertilidade, maior será a precisão dos resultados obtidos, até o limite de 20
amostras simples.
Ou seja, com base nos resultados da figura acima, esta representatividade é
possível a partir de 20 coletas (subamostras).
Outros estudos, já demonstram que 10 amostragens (subamostragens) já seriam
suficientes.
A decisão sobre a quantidade de pontos a serem amostrados para formar uma
amostra composta depende da variabilidade e da importância de cada atributo a
serem estimados.
Normalmente, pH, CTC e teor de argila necessitam de menor número de
amostragens. Enquanto, Ca, Mg, K, P e micronutrientes em geral necessitam de
um maior número de amostragens para garantir a representatividade.
Dentro de amostragem para trincheiras e minitrincheiras, na representatividade
de uma área ou gleba de homogênea solo, se recomenda um número mínimo de
pontos capaz de representar a variabilidade.

SUMÁRIO 57
Como referência, recomenda-se de acordo com o tamanho da área amostral, um
número mínimo de amostras compostas:
- Até 10 hectares (ha): 3 a 5 pontos;
- De 11 a 50 ha: 6 a 10 pontos;
- De 51 a 100 ha: 11 a 15 pontos.
No caso para este tipo de amostragem (trincheira e minitrincheiras) há menos
pontos amostrais em relação a uma amostragem para fins de análise química
(análise de rotina).
Isto se deve ao maior trabalho e tempo para este tipo de amostragem, e pela
maior perturbação que causa no solo pela abertura das trincheiras.
Não se recomenda a divisão das áreas em glebas maiores que 100 ha, pois área
muito grandes dificultam os procedimentos de coleta com base na precisão e
representatividade.
Estas glebas devem ser formadas ou divididas numa área agrícola de acordo com
critérios técnicos, como: histórico de manejo e uso do solo (pelo menos os
últimos três anos se possível); tipo de cultura e estágio de desenvolvimento se
houver; textura do solo; declividade da área, caso maior 3%, dividir a encosta
em terços (superior, médio e baixada); e, classe de solo (caso seja possível
identificar).

(Raij, 2011)

SUMÁRIO 58
As glebas devem ser o mais homogêneas possível, em termos de vegetação,
solo, produtividade das culturas e práticas agrícolas anteriores. Por isso, é
importante buscar o máximo de informações (histórico) para auxiliar na melhor
divisão.
Áreas com manchas, que diferem do aspecto geral (solo, declividade, drenagem,
entre outros) devem ser amostradas separadamente.

Época de Amostragem
A amostragem pode ser realizada em qualquer época do ano. Porém, deve-se
considerar o tempo entre a preparação da amostra para a determinação e o
resultado final, devendo-se amostras o solo serem coletadas de dois a três
meses antes da semeadura ou da prática que se deseja realizar.
A análise de solo deve ser repetida numa área agrícola em intervalos que variam
de um a quatro anos. Este período depende da intensidade de adubação e
cultivos adotados. Em sistemas agrícolas mais intensivos, recomenda-se um
intervalo menor ou uma frequência de coleta maior de solos nas glebas.

Formas de amostragem
Os amostradores mais comuns utilizados para a coleta de solos estão
demonstrados na abaixo. A amostragem dos solos pode ser feita com qualquer
uma das ferramentas demonstradas, sendo em todos os casos que o solo seja
retirado de maneira uniforme em volume e profundidade.

(CQFS, 2016)

SUMÁRIO 59
As ferramentas mais comumente utilizadas são os trados e as sondas.
Os trados do tipo holandês, de caneca e calador tornam a coleta mais fácil e
rápida, além de permitir a retirada de amostras na mesma quantidade entre os
pontos e na profundidade correta. Enquanto a pá de corte, que pode ser
utilizada em qualquer caso, demanda mais tempo para a coleta.
A definição de uso do amostrador também depende das condições do solo,
como grau de compactação e teor de umidade do solo.
O trado de rosca e o holandês podem ocasionar em perdas durante o
procedimento de coleta da camada mais superficial do solo (1 a 2,5 cm), camada
de solo que é muito importante quando se trata do sistema de plantio direto.
Neste caso, se não tomada os devidos cuidados, a análise de solo pode
subestimar os atributos químicos do solo. Além de o volume de solos amostrado
variar em profundidade.
As perdas podem ser evitadas com o trado caneca ou fatiador, sendo
recomendados para coletas de solos da camada superficial (até 10 cm).
Porém, estes amostradores tem a retirada da camada coletada dificultada em
solos de textura argilosa ou muito argilosa, e com teores de umidade maior.
No caso de amostradores automatizados, instrumentos que são cada vez mais
comuns devido às facilidades, os princípios de coleta são os mesmos dos
realizados manualmente.
Os amostradores são equipados com um braço hidráulico, sendo acoplados a um
trator ou outro tipo de veículo automotor.
Normalmente, os amostradores acoplados são o de rosca em sua maioria e o
calador.
De cada gleba definida na área agrícola, devem ser retiradas diversas
subamostragens conforme anteriormente citado.
Devendo, para isto, percorrer a gleba definida e coletar as subamostras
aleatórias que irão compor a amostra composta.
O caminhamento mais comum é em ziguezague para garantir a homogeneidade
e representar toda a área. Nos pontos de coleta deve-se remover a vegetação
superficial do solo.

SUMÁRIO 60
Para culturas perenes (frutíferas e florestais) se recomenda a coleta na camada
de solo adubada (linha das plantas) e uma na entrelinha, esboçando melhor os
resultados obtidos.
Enquanto, na agricultura de precisão, se recomenda a coleta (subamostragem)
de três a seis pontos em torno do ponto escolhido (georreferenciado).
Em cada subamostra coletada, esta deve ser transferida para um recipiente
limpo ou isento do residual de algum produto que podem interferir no resultado
químico do solo.
Dentro deste recipiente, ao final da coleta de todos os pontos, deve-se quebrar
os torrões (agregados maiores), retirar resíduos vegetais, pedras, dentre outros
resíduos, e misturar o solo.
Caso a amostra esteja muito úmida, deixar secar ao ar antes do envio ao
laboratório.
A quantidade de solos para a análise depende do que será requerido, mas para
uma análise química básica ou completa, normalmente de 400 a 500 gramas de
solo seco é mais do que suficiente.

Camadas de amostragem
A camada de amostragem do solo corresponde a camada de 0-20 cm (camada
diagnóstica).
Para culturas com revolvimento do (sistema convencional) a camada coletada é
de 0-20 cm, enquanto para sistemas conservacionistas (sem revolvimento -
plantio direto) a camada a ser coletada é de 0-10 cm, com o monitoramento
eventual da camada abaixo dos 10 cm.
Para culturas perenes, espécies florestais e frutíferas, deve-se monitorar a
camada de 0-40 cm, se possível.
Em virtude do maior porte destas culturas e seu sistema radicular mais
profundo.
Outros casos, como o da gessagem, também levam em consideração a avaliação
de camadas de solo mais profundas, de 40 a 60 cm.

SUMÁRIO 61
A avaliação de camadas de solo abaixo dos 20 cm também em cultivos anuais
(lavouras), se faz interessante sempre que possível, a fim de monitorar a
construção da fertilidade do solo em profundidade, já que culturas anuais
(milho, soja, feijão, trigo etc.) podem seus sistemas radiculares explorar
profundidades maiores no solo.
No caso de sistema convencional, a coleta das amostras de solo deve ser
realizada preferencialmente logo após o preparo do solo, por causa da
homogeneização da camada com os nutrientes. Neste caso, a coleta das
subamostras podem ser feitas de formas aleatória.
Para o plantio direto, com adubação localizada, deverá ser realizada a
amostragem na linha de semeadura e na entrelinha, em virtude do não
revolvimento do solo.
No caso de adubação a lanço (como também ocorre em pastagens), a coleta
pode ser realizada de forma aleatória.

Agricultura de precisão
No caso da agricultura de precisão, se define o posicionamento geográfico por
GPS dos pontos a serem amostrados, assim como o número de subamostras a
serem retiradas em torno de cada ponto.
Neste sistema georreferenciado, estabelece-se a localização geográfica dos
pontos de coleta e da aplicação de insumos em taxas variáveis com elevada
precisão, permitindo a aplicação de doses ajustadas, de acordo com a
necessidade de cada região, estabelecida pela interpolação, refletindo em maior
precisão dentro da lavoura.
Para a amostragem na agricultura de precisão existem dois métodos básicos, a
amostragem sistemática em grades amostrais e amostragem dirigida
(amostragem por zonas de manejo).
A amostragem sistemática em grades amostrais, é efetuada em forma de grade
(“grid”), sendo mais indicada para áreas com maior variabilidade dos atributos a
serem avaliados.
O tamanho da grade (grid) deve ser menor em áreas com maior variabilidade,
sendo normalmente utilizado grids com 1 a 10 ha, porém este valor varia
conforme a precisão desejada.

SUMÁRIO 62
Dentro de grade definida, as subamostras que irão compor a amostra composta
(georreferenciada), são localizadas num raio de coleta em torno de 2 a 15 m em
relação ao centro de cada grade, como você pode ver na figura abaixo.
Recomenda-se em torno de 5 a 8 subamostras na coleta, ao redor deste ponto
georreferenciado.

raio
2 a 15 cm

A amostragem dirigida (amostragem por zonas de manejo) é recomendada


quando se tem conhecimento do histórico e ocorre a existência de rendimentos
diferenciados na lavoura ou área produtiva.
Imagens por sensoriamento remota (VANT´s, drones, etc.), mapas de
produtividade, dentre outras informações também podem ser utilizadas na
análise e geração das informações.
Com a área mapeada e georreferenciada, e após a análise de todas as
informações disponíveis, se divide a área agrícola (lavoura) em diferentes em
diferentes áreas ou zonas de manejo.
É importante que a subdivisão excessiva deva ser evitada, pois dificulta a
abrangência dos dados além do maior custo. A divisão de 3 a 6 zonas ou áreas
de manejo pode ser adequada para os objetivos da agricultura de precisão.
Para esta amostragem dirigida em glebas homogêneas, coletar subamostras de
forma aleatório (10 a 20) para compor a composta, sendo os procedimentos
iguais aos adotados em amostras convencionais (não georreferenciada). As
amostras serão georreferenciadas por GPS, com o intuito de possibilitar a coleta
na mesma posição.

SUMÁRIO 63
Análise química e física da fertilidade do solo

A análise do solo é a principal forma de diagnóstico das condições do solo e é


essencial para a recomendação de fertilizantes e corretivos nas lavouras
comerciais.
É possível afirmar, portanto, que a analise de solo é base do manejo da
fertilidade do solo em sistemas de produção agrícola para altas produtividades.
Atualmente, com os avanços científicos e tecnológicos, há diversas metodologias
e equipamentos para a análise química e física do solo. Cada uma apresenta
vantagens e desvantagens em relação às demais.
No Brasil, ocorrem variações nas metodologias de análise nas mais diferentes
regiões, sendo necessário se atentar aos manuais de análise adotadas em cada
uma destas regiões.
O mais importante é que as recomendações de adubação e de corretivos e a
interpretação dos resultados obtidos do solo sejam realizadas utilizando as
metodologias adotadas nestas regiões para não incorrer em erros.
Outro ponto importante, é que a análise de solo no laboratório, mesmo que
cercada de todos os cuidados e com os melhores equipamentos e métodos, não
corrige os problemas ou eventuais falhas de amostragem de solo no campo.
Ou seja, os resultados da análise irão apenas demonstrar os valores da amostra
de solo coletada e enviada para o laboratório.
Em virtude da grande variação de métodos de análise existentes, será
apresentado de uma forma mais geral os aspectos relacionados a análise para
fins práticos.
Podendo haver algumas diferenças ou variações de acordo com a região do
Brasil.

SUMÁRIO 64
Recebimento das amostras no laboratório para análise
São importantes os procedimentos adequados na recepção das amostras de solo
para que não ocorra trocas, erros nos cadastros ou na identificação das
amostras, pois estas falhas podem comprometer o resultado.
Existem diversas maneiras de se organizar os trabalhos no laboratório de análise
do solo, que dependem do número de amostras, quantidade e qualidade da
mão de obra e disponibilidade de equipamentos.
No entanto, algumas normas e protocolos devem ser seguidas, em especial na
identificação das amostras que recebem um número no momento da recepção.
Este número é interno do laboratório para as etapas de análise e difere da
identificação de campo.
Normalmente os laboratórios seguem rigorosos controles de qualidade e são
constantemente avaliados pelos órgãos competentes.
É importante verificar se o laboratório possui os selos que atestam a sua
qualidade e credibilidade. Assim como uma boa coleta de solo a campo, é
fundamental encaminhar as amostras para a análise em bons laboratórios.
Após o recebimento das amostras e os corretos procedimentos de identificação,
estas são encaminhadas para uma sala de preparo de amostra.

Secagem
Depois dos procedimentos de entrada no laboratório, procede-se a secagem da
amostra, a fim de minimizar as possíveis transformações que ocorrem no solo, e
que podem afetar os resultados.
Isto porque a umidade contida nas amostras que chegam ao laboratório pode
favorecer a mineralização da matéria orgânica.
As principais alterações que podem ocorrer são no pH, nitrogênio e enxofre
orgânicos. Quanto ao nitrogênio inorgânico, não é determinado atualmente nos
laboratórios de rotina e o enxofre só é determinado em poucos laboratórios.
Entretanto o pH, que é rotineiramente determinado e pode ter o verdadeiro
valor diminuído em até uma unidade se as amostras permanecem úmidas por
um tempo prolongado.

SUMÁRIO 65
A secagem das amostras de solo pode ser feita ao ar e na sombra. Nos
laboratórios são utilizadas estufas de circulação forçada de ar, com temperatura
entre 40°C e 60°C, dependendo das recomendações metodológicas.

Moagem e peneiramento
Depois de secas, as amostras devem ser passadas em peneiras com malha de 2
mm de diâmetro.
Este material de solo passante na peneira de 2 mm é denominado de terra fina
seca ao ar (TFSA) composto das partículas sólidas (areia, silte e argila) mais a
fração da MOS, utilizados para as determinações químicas.
Às vezes, após a secagem, pode-se formar torrões, que precisam ser destruídos
para que a subamostra que será tomada seja representativa.
Como não se podem desprezar estes torrões, há necessidade de se proceder ao
destorroamento, para que todo o solo passe pela peneira.
Isto pode ser feito em almofarizes de porcelana com pistilos ou em moinhos de
martelo, que dão maior rendimento ao processo.

Acondicionamento das amostras


O solo, após sofrer a secagem e o peneiramento, necessita ser acondicionado
em recipientes limpos e hermeticamente fechados.
Estes recipientes receberão o número de identificação do laboratório da
amostra inicial.
A quantidade de amostra a ser armazenada é ao redor de 300 a 400 g, embora
sejam necessários apenas 50 g no máximo para todas as análises de rotina
(análise básico).
Porém, é importante ter uma quantidade reserva para casos de algum problema
e que sejam necessário a repetição de uma determinada análise.
Esta amostra de solo é devidamente armazenada por um período de pelo menos
três meses pelos laboratórios, como medida de segurança em caso de
necessidade de repetição de alguma análise. Após este período as amostras
serão descartadas se não houver mais a sua necessidade.

SUMÁRIO 66
É importante salientar que estas solicitações em caso de necessidade de
repetição de análise podem ser feitas pelo cliente.
Em caso de dúvida em algum resultado de análise após a verificação do laudo, o
cliente pode solicitar uma nova análise, em caso de dados inconsistentes.
Além dos órgãos específicos externos que atestam e verificam a qualidade dos
resultados, os laboratórios também possuem amostras de controle (ou
referência).
Estas amostras de controle, com resultados definidos e atestados, permitem
controle interno da qualidade e a correção de problemas na rotina de análise,
caso identificados.
As amostras de controle são incluídas entre as amostras de rotina,
permanecendo desconhecidas ao operador de determinada análise e dispostas
aleatoriamente.
A inclusão destas amostras-controle possibilita a detecção de erros devido a
contaminações de bandejas, falha de operadores etc.
As amostras de controle analisadas frequentemente permitem que o
responsável pelo laboratório saiba da reprodutibilidade e da faixa de variação
dos resultados analisados.

Análise química da fertilidade


No Brasil há basicamente cinco programas de controle de qualidade, que
utilizam metodologias diferentes de análise, sendo: IAC (SP + 12 estados), ROLAS
(RS e SC), CELA (PR), PROFERT (MG + 3 estados), PAQLF (Brasil + 23 estados).
Por isso é importante se inteirar sobre o método utilizado em cada região.
Os métodos utilizados pelos laboratórios diferem com relação ao processo de
extração do solo de P, K, Ca e Mg, principalmente.
Para o P e K existem dois métodos, ou seja, o que envolve o uso de resina e o
que utiliza o extrator de Mehlich-1.
Para o caso do Ca e Mg, os laboratórios ligados ao programa interlaboratorial
IAC, utilizam a resina e os demais laboratórios utilizam o KCl.

SUMÁRIO 67
Análises acompanhadas pelos principais programas interlaboratoriais
Programas
Básicas Micronutrientes Outras
regionais
Material Al, Na, Cl, Mo, K+, NO3-,
N, P, K, Ca, Mg, S B, Cu, Fe, Mn, Zn
vegetal PO43-, SO42-
Argila, pH, pHSMP, P,
ROLAS B, Cu, Fe, Mn, Zn1 S
K, MOS, Al, Ca, Mg
pH, Al, H+Al, Ca+Mg,
CELA B, Cu, Fe, Mn, Zn
Ca, K, P, C, S
pH, H+Al, Presina, K,
IAC B, Cu, Fe, Mn, Zn
Ca, Mg, MOS
pH, Al, P, K, Al, S-SO42-, granulometria,
PROFERT B, Cu, Fe, Mn, Zn
Ca, Mg, MOS P-remanescente (Prem)
pH, H+Al, Al, P, K,
PAQLF
Ca, Mg, MOS

Fonte: Cantarella et al. (2001).

Métodos de análise de solo adotados pelos programas interlaboratoriais de proficiência


para laboratórios de análise de solo para fins agrícolas em operação no Brasil
Métodos do Programa
Determinação
IAC ROLAS CELA PROFERT PAQLF
MO WB (col.) WB WB WB (col.) WB (col.)
pH CaCl2 H2O CaCl2 H2O H2O
Al KCl KCl KCl KCl KCl
H + Al SMP SMP SMP Acetato/SMP Acetato/SMP
Índice SMP nd sim nd nd nd
P Resina Mehlich-1 Mehlich-1 Mehlich-1 Mehlich-1
K Resina Mehlich-1 Mehlich-1 Mehlich-1 Mehlich-1
Ca Resina KCl KCl KCl KCl
Mg Resina KCl KCl KCl KCl
Fosfato Fosfato Fosfato
S-sulfato nd nd
monocálcico monocálcico monocálcico
B Água quente - Água quente nd Água quente
Cu, Fe, Mn, Zn DTPA - Mehlich-1 nd Mehlich-1
Pipeta ou
Granulometria Densimetria nd nd nd
densimetria
Fonte: Cantarella et al. (2001).

SUMÁRIO 68
Matéria orgânica
Há vários métodos para determinar o teor de matéria orgânica do solo (MOS).
Dois métodos são os utilizados nas análises de rotina e se baseiam na oxidação
da matéria orgânica do solo por meio de mistura de dicromato e ácido sulfúrico.
O primeiro deles emprega a titulação (Walkley-Black) e é mais preciso, servindo
de calibração do segundo, que recorre à colorimetria e é menos preciso.
A diferença é que no primeiro é usado o dicromato de potássio e no método
colorimétrico, usa-se o dicromato de sódio, por ser um sal mais solúvel.
A matéria orgânica ativa e facilmente decomponível do solo é determinada por
estes dois métodos, sendo que 90 a 95% do carbono total é oxidado e medido.
O método Walkley-Black fornece resultados mais precisos que o método
colorimétrico, porém o método colorimétrico é mais rápido.

Potencial hidrogeniônico (pH)


O pH é determinado por potenciômetro na suspensão solo-água, na proporção
1:1 até 1:5 dependendo do método utilizado.
O mais comum nesta determinação é a proporção 10 cm3 de solo para 10 mL de
água.
Em alguns estados ocorre esta determinação em CaCl2 (pH sal) 0,01 mol L-1. O
objetivo dessas determinações é medir a atividade do íon H+ em suspensões de
solo.

Acidez potencial (H+AL)


Para a extração e determinação do Al+3 trocável e do H+ (ligado covalentemente)
no solo, há necessidade de reação mais enérgica do que a de troca iônica, como
é o caso da reação de neutralização, que envolve a extração com soluções de
sais tamponante ou misturas de sais neutros com soluções tampões.
A acidez potencial é extraída do solo com acetato de cálcio 1N com pH ajustado
7,0 sendo que são determinados os ions H+ e Al3+.

SUMÁRIO 69
Também pode ser determinada potenciometricamente após adição de solução
tampão SMP, em laboratórios que empregam esta metodologia.
No caso do método SMP o H+Al é obtido pela equação:

e 10,665 −1,1483.SMP
H + Al cmolc kg −1 =
10

Cálcio, magnésio e alumínio trocáveis


Estes nutrientes são extraídos por KCl (1mol L-1). O Al é determinado por
titulação com NaOH na presença de azul de bromotimol (ou fenolftaleína).
Em outra parte da alíquota, o Ca e o Mg, são determinados por
espectrofotometria de absorção atômica.
Alguns laboratórios determinam o Ca e o Mg por titulação, ambos com EDTA.
Neste caso, primeiramente é feita a titulação do Ca e Mg, e depois em seguida a
do Ca, se calculando o teor de Mg por diferença.
Outros laboratórios utilizam a extração destes elementos pelo método da resina
trocadora de íons.
A resina simula o processo de troca de íons do solo, das cargas positivas e
negativas, porém é um método um pouco mais trabalhoso, mas bastante
preciso.
Neste método, deve-se ater ao processo de preparação das resinas e lavagem no
procedimento. O Ca e o Mg determinados neste método, na alíquota extraída,
ocorre por espectrofotometria de absorção atômica.

POTÁSSIO
É a quantidade de potássio da solução do solo e o adsorvido as cargas. Pode ser
utilizado a extração por Mehlich-1, por resina trocadora de íons ou por acetato
de amônio, de acordo com a metodologia empregada.
A determinação nas alíquotas ocorre principalmente por fotometria de chama.
No caso do extrator Mehlich-1, nesta mesma alíquota se usa para a
determinação do P em colorímetro.

SUMÁRIO 70
Fósforo
Os dois principais métodos utilizados no Brasil são o extrator Mehlich-1 e o da
resina trocadora de íons.
Em ambas a quantificação ocorre por colorimetria, que é de fácil execução,
empregando na reação o molibdato de amônio e uma solução redutora.
Os extratores usando ácidos (Mehlich-1) não são as melhores opções para
extrair o P dos solos ácidos ricos em óxidos de Fe e Al, pois é comum a obtenção
de resultados excessivamente baixos de P em solos argilosos e as culturas
produzem bem mesmo sem adubação, indicando que o extrator não faz a
discriminação correta dos solos com possibilidade de resposta daqueles que não
tem essa possibilidade.
Já no P-resina, o processo de extração dá-se na suspensão aquosa de terra e
resina, ocorrendo à transferência do P lábil para a solução e é adsorvido na
resina. Este método representa melhor o P disponível e apresenta melhores
correlações com a absorção pelas plantas.

Micronutrientes
A quantificação do Cu, Fe, Mn e Zn extraídos do solo é feita por aparelho de
absorção atômica. O B é quantificado no extrato por colorimetria.
Para estes elementos, os extratores atualmente utilizados no Brasil são: DTPA
(ácido dietileno-triaminopentacético), EDTA (etilenodiamino-tetracético
dissódico), ácido clorídrico (para extrair Cu e Zn, nos laboratórios do programa
CELA) e duplo ácido ou Mehlich, de acordo com a metodologia e programa
proposto.
A determinação dos micronutrientes nos laboratórios não é realizada de forma
rotineira, e não está presente na análise básica. Porém estas análises são
realizadas se requeridas pelo cliente, sendo denominada normalmente de
análise completa.
Os extratores DTPA e EDTA são agentes complexantes de Cu, Fe, Mn e Zn. Ao
complexar os micronutrientes da solução do solo, o equilíbrio entre a fase sólida
e a solução do solo é deslocado no sentido da solução do solo, então outros íons
de Cu, Fe, Mn e Zn passam para a solução do solo e são complexados pelos
agentes quelantes.

SUMÁRIO 71
Extratores que utilizam as soluções ácidas solubilizam alguns compostos do solo
que contém os micronutrientes, liberando estes para a solução.
A quantificação de destes elementos nos extratos é feita em aparelho de
absorção atômica.
Para o boro (B) o processo de determinação é diferente dos demais.
Na determinação do B são usados vários extratores como água quente, solução
de Mehlich e solução de cloreto de cálcio 0,01M quente. A maioria dos
laboratórios utilizam o método da água quente.
Na alíquota obtida no processo de extração o B é determinado por colorimetria.

Análise física da fertilidade


No campo da física do solo existem diversas análises e métodos.
Para a fertilidade do solo, as análises se baseavam com maior ênfase na parte
química, sendo a análise física não rotineira e pouco comum.
A análise física mais utilizada e que faz parte da rotina é a textura do solo, que
expressa os teores ou proporções das partículas sólidas primárias (areia, silte e
argila).
Na análise básica do solo, é mais comum apenas aparecer os teores de argila do
solo, que do ponto de vista da fertilidade são mais importantes, pois é nelas que
estão presentes as cargas do solo dos minerais (argilominerais 2:1, 1:1 e óxidos).
E estas cargas são importantes para o manejo da fertilidade do solo e na
compreensão da dinâmica dos nutrientes.
Outras análises físicas como, a estrutura, densidade, porosidade, dentre outras,
não são corriqueiras, mas fornecem informações importantes sobre a qualidade
do solo.
Portanto, será tratado apenas da análise da textura, que é a que está presente
na rotina das análises de solo para fins de fertilidade.

SUMÁRIO 72
Análise granulométrica (textura do solo)
No laboratório
A análise granulométrica de partículas sólidas do solo consiste na determinação
da distribuição do tamanho das particulas em classes de areia, silte e argila.
Na classificação do solo, a textura dos diferentes horizontes é uma das
propriedades mais importantes a ser determinada.
A partir destas informações muitas conclusões podem ser tomadas com relação
ao solo, seu uso e seu manejo.
A textura do solo não é sujeita a mudanças em função de manejos, sendo
considerada uma característica básica do solo.
No Brasil o método padrão utilizado é o método da pipeta, sendo considerado o
mais exato para medir a concentração das partículas em suspensão.
No entanto, a ausência nos padrões metodológicos representa um entrave na
comparação de resultados na análise granulométrica.
No método da pipeta, a solução contendo argila é coletada com auxílio de uma
pipeta, numa profundidade e tempo determinados em função da temperatura
da água.
Já o método do densímetro se baseia no princípio de que o material altera a sua
densidade em suspensão, podendo ser relacionada às densidades com o tempo
de leitura e a temperatura, podendo-se quantificar as partículas do solo e seu
diâmetro.
Nos dois métodos de análise granulométrica, a dispersão das amostras é
realizada, com a utilização de 50 g de solo, 70 mL de água destilada, 10 mL de
NaOH 1 mol, duas esferas de nylon e agitação horizontal a 120 rpm por 4 horas.
Sendo a fração areia total obtida por peneiramento em malha 0,053 mm e a
fração silte por diferença em relação ao total de argila mais areia. Se utiliza 30 g
de solo para determinar a umidade e obter o fator de correção (fc) de cada uma
das seis amostras, calculando a massa da amostra corrigida de cada solo.
No método da pipeta, é calculado o tempo de sedimentação para a
determinação da fração argila, após a homogeneização da suspensão, seguindo
a lei de Stokes de acordo com a temperatura da água.

SUMÁRIO 73
Com o auxílio de pipeta volumétrica, coletando-se 50 ml de solução da proveta
de 1.000 ml contendo a fração argila à profundidade de 5 cm.
No método padrão do densímetro simplificado, o tempo de sedimentação para a
leitura da fração argila com uso do densímetro é de duas horas após a
homogeneização da amostra, seguindo a leitura da densidade da suspensão
diretamente na proveta de 1.000 ml.
A temperatura do líquido altera sua viscosidade e densidade, afetando a
velocidade de queda das partículas, sendo necessárias as correções nas leituras
do densímetro de Bouyoucos de acordo com a temperatura da suspensão, o
qual é calibrado para a temperatura de 20°C pelo método padrão.

No campo (avaliação prática)


Esta análise prática consiste em umedecer uma amostra de solo no campo e ir
trabalhando-a nas mãos entre os dedos, verificando ao tato a sensação que a
amostra oferece, em termos de aspereza, sedosidade ou plasticidade.

Frações Granulométrica do Solo e Sensações ao Tato Fração Granulométrica


Partícula (mm) Sensação ao Tato

Fonte: Albuquerque et al. (2010)

SUMÁRIO 74
O problema deste tipo de avaliação prática é que as partículas se encontram
misturadas nos solos, podendo ocorrer em confundimento das sensações, o que
dificulta a estimativa da proporção de cada fração (areia, silte e argila).
É necessário muito conhecimento do operador e que este já tenha uma boa
experiência de campo, e/ou que tenha realizado treinamento com amostras de
composição granulométrica bastante variável.
Existem muitos fatores que causam o mascaramento da granulometria do solo
nas avaliações de campo, e que podem levar a uma interpretação errônea da
classe textural do solo, dentre eles:
a) O teor de matéria orgânica: a matéria orgânica tende a tornar os solos
argilosos menos plásticos e pegajosos, o que embora seja uma característica
desejável do ponto de vista agrícola, por outro lado dá a impressão de que o
solo tenha menos argila do que realmente possui. Entretanto, nos solos
arenosos, a matéria orgânica tende a aumentar ligeiramente a característica de
plasticidade e pegajosidade, podendo imprimir uma sensação de que o solo seja
mais argiloso.
b) O tipo de argilomineral: solos com argilominerais 2:1 são naturalmente mais
plásticos e pegajosos do que aqueles com predominância de caulinita.
Comparando-se, por exemplo, dois solos com o mesmo teor de argila 40 %, o
solo com predomínio de montmorilonita (2:1) na fração argila irá parecer mais
argiloso do que um com predomínio de caulinita (1:1).
c) A estrutura do solo: alguns solos, em particular a classe dos Latossolos,
apresentam agregados granulares fortemente desenvolvidos, e principalmente
quando secos, se não formarem intensamente manuseados darão a impressão
que o solo tem muita areia, pois os agregados não se desfazem facilmente.
d) A proporção de areia grossa e areia fina: em solos com teores de argila maior
ou igual a 40 % é mais difícil perceber a sensação da areia fina ou muito fina,
conduzindo a interpretação que o solo é mais argiloso; ao contrário, quando
ocorre areia grossa ou muito grossa, a sensação da areia é geralmente
supervalorizada, dando a impressão de um solo com muita areia.

SUMÁRIO 75
Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES)

O Diagnóstico Rápido da Estrutura do Solo (DRES) é um método desenvolvido


pela Embrapa com o objetivo de avaliar a qualidade estrutural de um solo, sendo
de execução prática (simples e rápida), com o intuito de ter pouca intervenção
no local e ser de fácil entendimento e de fácil adoção pelos profissionais.
O DRES visa qualificar a estrutura do solo na camada superficial, se baseando em
características visuais das amostras na camada de 0 a 25 cm.
Para estas amostras a campo é feita a análise visual por observação do tamanho
e forma dos agregados e torrões desta porção do solo, distribuição e
desenvolvimento do sistema radicular e atividade biológica, além da verificação
de outras características de impedimento do solo, como a compactação ou outro
tipo de indicador de degradação do solo.
Portanto, vários fatores visuais são levados em consideração, bem como
informações de histórico de manejo da área avaliada.
A avaliação é feita a abertura de trincheiras pequenas (minitrincheiras) nas áreas
para avaliar os 25 centímetros superficiais do perfil do solo, pois é a camada
mais superficial do solo que sofre as maiores influências das práticas de manejo.
A partir dos critérios avaliados, os quais devem ser de rápida e fácil execução, se
atribui uma classificação por pontuação da condição deste solo que vai de 1 a 6,
onde a pontuação 6 representa o solo na melhor condição estrutural, e 1
representa um solo totalmente degradado.
Com as informações obtidas por meio desta ferramenta, pode-se propiciar a
identificação de áreas ou situações que podem requerer um estudo mais
aprofundado ou modificações e readequações ao sistema de manejo adotado.

SUMÁRIO 76
As informações obtidas por este método prático de avaliação das condições do
solo servem como indicação e suporte para as práticas de manejo do solo em
um determinado sistema agrícola.
No sistema de pontuação, notas 6 a 4 indicam solos em melhores condições e
devem ser consideradas, principalmente, quando houver a indicação ou
evidências de conservação ou recuperação do solo.
Nas notas de 3 a 1 representam solos em piores condições, o oposto das
condições anteriores (6 a 4), ou seja, existem indícios ou características de
condições de degradação do solo.

Escala de notas
Nota 6: mais de 70% de agregados entre 1 a 4 cm, e forte presença de estrutura
grumosa. Solos de melhor qualidade, distribuição de poros, alta atividade
biológica e visível (organismos vivos do solo), raízes abundantes, dentre outros.
Nota 5: com 50 a 70% de agregados entre 1 a 4 cm, com estrutura grumosa.
Parâmetros de indicação semelhantes ao de cima, representando um solo de
boa qualidade, mas que tem condições de ser melhoradas.
Nota 4: menos de 50% de agregados entre 1 a 4 cm, fraca presença de estrutura
grumosa. Distribuição de raízes desuniforme, indicando algum tipo de
impedimento (químico, físico ou biológico), atividade biológica do solo menos
visível. Porém, um solo ainda sem a evidência ou sinais visuais de condição de
algum tipo de degradação, sendo considerado um solo de qualidade razoável
(intermediária). Nesta condição, a alteração das práticas para a melhoria do
ambiente solo são normalmente mais rápidas em termos de resposta.
Nota 3: menos que 50% de agregados menores que 1 cm e maiores que 7 cm.
Maior resistência ao rompimento dos agregados ao tato, poucos poros,
atividade biológica visível, raízes mal distribuídas e com algum tipo de
impedimento. Início de sinais de algum tipo de condição de degradação do solo.
Esta nota indica problemas de manejo do solo e dos sistemas de produção,
sendo necessárias ações de readequação destas práticas com vistas a melhoria
do solo. Nestas condições em diante a resposta das práticas de manejo para a
melhoria do solo são mais lentas em termos de recuperação.

SUMÁRIO 77
Nota 2: com 50 a 70% de agregados menor que 1 cm e maior que 7 cm.
Agregados mais coesos e de difícil fragmentação (torrões), solo com estrutura
desagregada, pouca atividade biológica, porosidade pouco visível, raízes pouco
desenvolvidas, dentre outros. Solo com sinais evidentes de degradação, baixa
eficiência geral do sistema agrícola, devendo servir de alerta para medidas de
correção no manejo. As práticas de recuperação dependem da eficiência das
adequações, sendo necessário um maior tempo para a recuperação.
Nota 1: mais de 70% de agregados menor que 1 cm e maior que 7 cm. Torrões
coesos e de difícil fragmentação, baixa eficiência do sistema, atividade biológica
e porosidade praticamente ausentes, estrutura desagregada e pouca
estabilidade. Solos em condição de visível degradação, com sua qualidade e
funcionalidade comprometida. Necessidade urgente de práticas de recuperação
da qualidade do ambiente solo, para o aumento da eficiência do sistema agrícola
que está comprometido. Neste caso, as respostas são bem lentas e graduais,
mas necessárias para reverter em condição ruim.

Por meio destas avaliações, pode-se determinar o índice qualidade estrutural do


solo, com base na camada avaliada.
Este índice corresponde a média ponderada das notas atribuídas as camadas
avaliadas, ponderadas pela espessura a que corresponde dentro dos 25 cm.

SUMÁRIO 78
Interpretação dos resultados da análise de solo

O resultado da análise química do solo emitido pelo laudo num determinado


laboratório é o principal meio de avaliação da fertilidade do solo e de
recomendação para a aplicação de fertilizantes e corretivos do solo.
No Brasil não existe um padrão único para a interpretação dos resultados,
existindo diferentes métodos, tanto de análise química da fertilidade quanto dos
manuais de recomendação.
É importante o profissional estar atento aos métodos de análise e de
recomendação utilizados na região em que atua, para não ocorrer confusões e
consequentemente em recomendações errôneas.
Os métodos de recomendação (manuais de recomendação de adubação e
calagem) são baseados em resultados de calibração na resposta de uma
determinada cultura a um elemento, o qual é analisado por métodos químicos
(metodologias de análise) específicos que podem ser diferentes de uma região
para outra.
Portanto, deve haver uma sincronia correspondente ao método de análise
química da fertilidade do solo e o método de recomendação.
Isto parece ser óbvio, mas se verifica com frequência erros deste tipo, laudos de
análise realizados por métodos diferentes daqueles ao qual o manual de
recomendação se baseia.
E mesmo quando os métodos de análises são semelhantes entre algumas
regiões, os valores das faixas de interpretação (sistema de calibração) serão
diferentes, em virtude das diferenças de classes de solos e das condições
edafoclimáticas nas regiões brasileiras.

SUMÁRIO 79
O diagnóstico da fertilidade do solo é feito pelo enquadramento dos resultados
de análise de solo em faixas de valores em relação a resposta da cultura a
determinado elemento.
Estas classes ou faixas visam estabelecer referenciais para a recomendação de
adubos e corretivos no solo.
As classes são estabelecidas com base em resultados de pesquisa a campo,
considerando o rendimento relativo das culturas em diferentes condições e de
classes de solos.
Os métodos de calibração relacionam os teores disponíveis de um elemento no
solo e o rendimento das culturas.
Esta avaliação gera uma curva de resposta que permite estabelecer os níveis
críticos, onde acima deste a resposta das culturas a fertilizantes e corretivos é
pequena ou nula, e onde abaixo a resposta é maior.
Ou seja, acima do nível crítico há pouco incremento na produção pela aplicação
dos insumos e abaixo deste nível há limitação ou diminuição da produtividade.
A determinação das classes depende do método adotado, as classes dos
elementos ou faixas são estabelecidas por: muito baixo, baixo, médio, alto e
muito alto.
Entretanto, para alguns elementos ou em determinados métodos (manuais) se
determina apenas as classes de baixo, médio e alto.
Os faixas muito baixo, baixo e médio representam rendimentos relativos se
situam abaixo de 90% do rendimento máximo.
Normalmente, se considerar por este critério o nível crítico é de 90% do
rendimento relativo, onde superior a este (faixa alta e média) se obtém os
maiores rendimentos ou máxima eficiência econômica.
Os métodos de recomendação de fertilizantes têm como objetivo elevar a faixa
dos nutrientes a um nível alto (considerado ideal) e manter a fertilidade do solo
neste nível que é considerada a adequada.
Nesta faixa (alta) a quantidade de fertilizantes corresponde a adubação de
manutenção e de reposição dos nutrientes exportados pela cultura.

SUMÁRIO 80
Representação do estabelecimento das classes de fertilidade do solo em função
da aplicação de um determinado nutriente no solo e a sua resposta no
rendimento relativo das culturas. a) definição das classes. b) definição da dose
do nutriente a ser aplicado. (CQFS, 2016)

SUMÁRIO 81
Nos níveis muito baixo, baixo e médio a adubação é de correção, que implica nas
condições dos nossos solos em altas doses de fertilizantes para elevar fertilidade
para acima do nível crítico (faixa alta ou adequada).
Quanto maior a fertilidade do solo ou a faixa do nutriente, menor será a
quantidade de fertilizantes a serem adicionados ao solo.
As doses de recomendação no Brasil variam muito em razão dos diferentes
métodos de calibração existentes.
Portanto neste material será dado uma abordagem mais geral, com maior ênfase
a ideia dos métodos.

Adubação de correção, manutenção e reposição


Adubação de correção (C)
A adubação de correção (C) deve ser realizada quando os teores dos nutrientes
(P, K principalmente) são menores que o teor crítico, ou seja, quando o solo está
em condição de limitação da produção.
A aplicação de fertilizantes é necessária para elevar o teor de nutrientes à faixa
alta, considerada adequada, lembrando que os teores críticos ficam em torno de
90% do rendimento relativo.

Fonte: CQFS, 2016)

SUMÁRIO 82
Esta forma de adubação, em virtude da grande quantidade de fertilizantes que
exige para atingir o nível alto no solo, pode ser feita de forma total ou gradual.
A forma gradual normalmente é realizada por causa da questão financeira.
O preço dos fertilizantes representa uma grande parcela dos custos produtivos,
e para esta adubação, no caso de doses muito elevadas, pode se tornar inviável.
A adubação gradual também pode ocorrer em função do sistema de cultivo,
principalmente, em sistema de plantio direto recém iniciado, ou pelo tipo de
nutriente.
Como por exemplo o P, que em alguns solos (argilosos) possui forte interação
com os coloides do solo e que dependem da quantidade dos sítios de adsorção.
Normalmente, neste caso se utiliza para a adubação de P, a proporção de 2/3 no
1º cultivo e 1/3 no 2º cultivo, em relação a dose de 100% da recomendação.
No caso deste parcelamento e se houver cultivo, deve-se considerar a adubação
de manutenção e reposição juntamente com a dose recomendado na correção.

Adubação de manutenção (M)


Esta forma de adubação, a de manutenção (M), consiste em adicionar ao solo as
quantidades de nutrientes (P e K) exportadas pelas culturas mais as quantidades
estimadas perdidas pelo nutriente (Adsorção, lixiviação, entre outros).
Esta adubação costuma ser maior em sistemas convencionas de cultivo e
menores em sistema conservacionistas (menores perdas).
Dependem também da classe de solo, do grau de degradação do solo (processos
erosivos), das condições edafoclimáticas da região e da forma de aplicação, da
dose, da época e do local de aplicação dos fertilizantes.
Este tipo de adubação pode ser aplicado em todos os níveis ou faixas do solo,
com exceção do muito alto onde não há a necessidade de adubação.
O mais comum é a sua realização nas faixas médio e alto, a fim de manter a
fertilidade dentro do nível adequado, quando já feito a adubação de correção.
A quantidade de nutrientes a ser aplicada varia conforme a cultura, e até mesmo
dentro de uma mesma espécie pode ocorrer variações. Determinadas cultivares
podem ter maior ou menor exigência num determinado nutriente.

SUMÁRIO 83
Pode-se considerar também as diferentes condições edafoclimáticas de cada
região que irão interferir na resposta das culturas aos nutrientes.
Portanto, se recomenda verificar as tabelas de referências estabelecidas dos
manuais de adubação de cada região, as quais estabelecem as quantidades de
nutrientes a serem aplicadas neste tipo de adubação para cada cultura em
questão.

Adubação de reposição (R)


A adubação de reposição (R), consiste em adicionar a quantidades dos
nutrientes exportadas pelas culturas por ocasião das colheitas (grãos).
Este tipo de adubação é utilizado quando já houve correção da fertilidade do
solo, e este se apresenta no nível muito alto.
O intuito desta adubação é apenas repor o que foi retirado pela colheita das
culturas e manter a fertilidade no nível muito alto.
As doses de fertilizantes neste tipo de adubação são baixas em virtude da maior
fertilidade (fertilidade construída).
Nesta adubação se considera os elementos N, P e K e devem seguir as
recomendações para cada cultura, conforme as recomendações de cada manual
(ou método) a ser utilizado em determinada região.
Estes valores referenciais tabelados, apesar das variações nos valores das classes
e das recomendações, tem como ponto principal o rendimento ou a expectativa
de rendimento de uma cultura.
Como regra geral, para a estimativa da aplicação de fertilizantes, sugere-se como
base a expectativa de rendimento médio de cada área, das safras anteriores e
com máximo de similaridade climática possível.

Interpretação da análise de solo


A interpretação da análise para fins de recomendação de adubação e calagem,
representa a terceira etapa do ciclo.
O laudo da análise de solo é o veículo de transferência de informações dos
parâmetros avaliados no solo e operador (produtor, responsável técnico, etc).

SUMÁRIO 84
Ressalta-se que as etapas anteriores (coleta de solo e análise no laboratório)
devem ser realizados com os devidos cuidados para garantir a qualidade e a
confiabilidade dos resultados obtidos.
Os laudos apresentam diferenças em seus resultados expressos e nos
parâmetros nas diferentes regiões brasileiras, devido as particularidades e os
métodos adotados.
Lembrando que no Brasil há basicamente cinco programas de controle de
qualidade, que utilizam metodologias diferentes de análise, sendo: IAC (SP + 12
estados), ROLAS (RS e SC), CELA (PR), PROFERT (MG + 3 estados), PAQLF (Brasil +
23 estados).
Estes diferentes métodos originam em sistemas e métodos de recomendação
diferentes.
Deve-se seguir os manuais de recomendação com os valores de referência
tabelados para cada região em questão.
Para que, assim, seja possível uma correta interpretação dos resultados obtidos
nos laudos de análise do solo e uma adequada recomendação de fertilizantes e
corretivos para o solo de um determinado sistema agrícola.
Por exemplo, em algumas regiões na análise básica se tem o teor de argila
enquanto em outras não, assim como o pH em sal (Cacl2) presente em algumas
regiões e em outras não, pH SMP (índice SMP), enxofre (S-SO4=), dentre outras
diferenças.
De posse dos laudos com os resultados da análise de solo é muito importante
verificar os valores e suas coerências.
Caso seja necessário, em caso de dúvida ou algum resultado duvidoso, deve-se
solicitar a repetição da análise do parâmetro desejado ou das análises como um
todo.
Lembrando que os laboratórios guardam as amostras recebidas para análise por
um período de três meses antes do descarte.
Em caso de em uma nova análise os resultados continuarem inconsistentes,
deve-se considerar uma nova amostragem de solo, pois pode ter ocorrido erros
no processo de amostragem e coleta dos solos.

SUMÁRIO 85
Observação dos resultados e coerência dos valores
Devido as relações que existem entre alguns parâmetros de solo é possível
verificar de forma simples a coerência ou confiabilidade do resultado
demonstrado no laudo da análise de solo.
Sempre que possível, é importante ter dados sobre o histórico das práticas
adotadas no sistema agrícola, que irão fornecer informações para a conferência
dos resultados de análise de solo.
1. pH e Al trocáveis: sabe-se que em pH a partir de 5,2-,5,5 a presença de do Al
trocável deve ser igual a zero ou próximo. O mesmo serve para os valores
expressos em saturação por Al (%), que deve reduzir com o aumento do pH. Em
pH acima de 5,2 o Al trocável forma precipitados e polímeros que não são
disponíveis, sendo seus valores nulos;
2. pH em água: é normalmente maior que o pH em CaCl2, principalmente, se em
solos corrigidos;
3. pH na camada superficial: principalmente, em sistemas conservacionistas
(plantio direto) é maior que em camadas mais profundas, no caso de
amostragem de solo estratificada;
4. Valores de Ca e Mg altos: indicam algum tipo de correção no solo e valores de
pH muito baixos, sem coerência entre os valores. Isso vale para o contrário, com
valores de pH altos e teores de Ca e Mg baixos.
5. Relação entre o teor de P disponível e o teor de argila: o P tem forte
interação com a argila do solo, principalmente, se ocorrer o predomínio de
óxidos de Fe e Al.
6. Revisão dos cálculos: caso o laboratório tenha efetuado os cálculos de soma
de bases (SB), saturação por bases (V), relações, saturação por Al (m), dentre
outros, deve-se conferi-los;
7. Relação pH e V (%): na camada de 0-20 cm ocorre normalmente valores
médios. E, no caso de amostra de solo estratificada, valores de V (%) tendem a
ser maiores na camada mais superficial (sistemas conservacionistas);
8. Relação entre MOS e CTC: Maiores valores de MOS ou seu aumento, ocorre
uma tendência de aumento na CTC a pH 7,0. Lembrando que os compostos
orgânicos apresentam elevada CTC (300 a 1000 cmoc kg-1) em relação as
partículas sólidas primárias;

SUMÁRIO 86
9. Relação Ca/Mg: normalmente o teor de Ca é maior que o de Mg (Ca > Mg);
10. Perfil do solo: Em sistemas conservacionistas, para métodos que não
utilizam o de saturação por bases (V%), o teor de nutrientes (P, K, Ca, Mg,
micronutrientes) mais a MOS tendem a ser maiores na camada superficial.

Interpretação dos resultados de análise


Para a interpretação correta dos resultados obtidos e uma correta
recomendação de fertilizantes e corretivos, deve-se observar:
1. Em primeiro lugar e mais importante, se o extrator químico utilizado na
determinação química é mesmo utilizado no manual de recomendação, para o
qual foram obtidas as tabelas de referência para recomendação. Por exemplo: P
determinado pelo método da resina (usada no método de SP-IAC) e o P
determinado por Mehlich-1 (ROLAS – RS/SC).

*Mesmo em extratores iguais, pode ocorrer valores diferentes nas tabelas de


recomendação em razão do método de calibração, pois as respostas das culturas
são diferentes nas regiões brasileiras.

2. Sincronia entre os métodos de análise química e os valores tabelados nos


manuais de recomendação. Resultados obtidos em laboratórios com métodos
diferentes dos manuais de recomendação, irão ocasionar em recomendações e
interpretações errôneas;
3. Observar se os resultados do laudo de análise estão nas mesmas unidades das
tabelas de recomendação (g/kg, %, cmolc dm-3, mmolc dm-3, mg dm-3);
4. Utilizar, quando possível e se disponível no manual de recomendação, os
valores de referência tabelados específicos para a cultura de interesse. Alguns
manuais, apresentam métodos de recomendação específicos para grupos de
culturas ou culturas específicas (principalmente adubações de reposição);
5. Caso não haja a disponibilidade destes valores de referência específicos para
cada cultura, utilizar os valores de referência gerais para atingir os níveis de
fertilidade desejados (adubações de correção e manutenção);

SUMÁRIO 87
6. Interpretar os valores de acordo com as classes (muito baixo, baixo, médio,
alto, muito alto) e seguir as recomendações de adubação e correção indicados
no método (manual) utilizado para cada uma das classes (faixas) determinadas;
7. Seguir as recomendações ou consultar um responsável técnico para as
recomendações e interpretações, caso não tenha habilitação ou conhecimento
na área.

Valores de referência para interpretação da análise do solo

Acidez ativa Baixo Médio Adequado Alto Muito alto


pH (CaCl2) ≤ 4,49 4,50 a 4,89 4,90 a 5,59 5,60 a 5,89 ≥ 5,90
pH (H2O) ≤ 5,19 5,20 a 5,59 5,60 a 6,39 6,40 a 6,69 ≥ 6,70

Teor de Teor de P - Extrator Mehlich 1 (mg dm-3)


argila (%) Muito baixo Baixo Médio Adequado Alto
≤ 15,99 0 a 6,0 6,1 a 12,0 12,1 a 18,0 18,1 a 25,0 > 25,0
16,00 a 35,99 0 a 5,0 5,1 a 10,0 10,1 a 15,0 15,1 a 20,0 > 20,0
36,00 a 60,00 0 a 3,0 3,1 a 5,0 5,1 a 8,0 8,1 a 12,0 > 12,0
> 60 0 a 2,0 2,1 a 3,0 3,1 a 4,0 4,1 a 6,0 > 6,0

Teor de P - Resina trocadora (mg dm-3)


Situação
Muito baixo Baixo Médio Adequado Alto
Sequeiro 0 a 5,99 6,00 a 8,99 9,00 a 14,99 15,00 a 20,00 > 20,00

Teor de K (mg dm-3)


CTC a pH 7
Baixo Médio Adequado Alto
< 4,0 cmolc dm-3 ≤ 15,99 16,00 a 30,99 31,00 a 40,00 > 40,00
≥ 4,0 cmolc dm-3 ≤ 25,99 26,00 a 50,99 51,00 a 80,00 > 80,00
Para expressar o teor de potássio em cmolc dm-3, basta dividir o valor em mg dm-3 por 391

Teor de K (cmolc dm-3)


CTC a pH 7
Baixo Médio Adequado Alto
< 4,0 cmolc dm-3 ≤ 0,038 0,039 a 0,078 0,079 a 0,100 > 0,100
≥ 4,0 cmolc dm-3 ≤ 0,064 0,065 a 0,128 0,129 a 0,200 > 0,200

Al+3 e H+ + Al+3 (cmolc dm-3)


Acidez
Muito baixa Baixa Média Alta Muito alta
Trocável (Al+3) ≤ 0,20 0,21 a 0,50 0,51 a 1,00 1,01 a 2,00 > 2,00
Potencial (H+ + Al+3) ≤ 1,00 1,01 a 2,50 2,51 a 5,00 5,01 a 9,00 > 9,00

SUMÁRIO 88
Ca e Mg (cmolc dm-3)
Nutriente
Baixo Adequado Alto
Ca < 1,5 1,5 a 7,0 > 7,0
Mg < 0,5 0,5 a 2,0 > 2,0
Obs.: As relações Ca:Mg devem estar no intervalo entre 1:1 a no máximo 10:1. Relações Ca:Mg  estreita (<
2); adequada ( 2 a 10); e alta (> 10), respeitando-se sempre o mínimo de 0,5 cmoc dm-3 para o Mg.

Matéria Orgânica (g dm-3 ou g kg-1)


Textura
Baixa Média Adequada Alta
Arenosa <8 8 a 10 11 a 15 > 15
Média < 16 16 a 20 21 a 30 > 30
Argilosa < 24 24 a 30 31 a 45 > 45
Muita argilosa < 28 28 a 35 36 a 52 > 52

CTC a pH 7 (T, em cmolc dm-3)


Textura
Baixa Média Adequada Alta
Arenosa < 3,2 3,2 a 4,0 4,1 a 6,0 > 6,0
Média <4,8 4,8 a 6,0 6,1 a 9,0 > 9,0
Argilosa < 7,2 7,2 a 9,0 9,1 a 13,5 > 13,5
Muito argilosa < 9,6 9,6 a 12,0 12,1 a 18,0 > 18,0

%
Saturação
Baixa Média Adequada Alta
Por bases (V) ≤ 20 21 a 35 36 a 60 > 60
Por alumínio (m) ≤ 20 - - > 20

Relações Baixa Média Adequada Alta


(Ca + Mg) / K < 10 10 a 19 20 a 30 > 30
Ca/K <7 7 a 14 15 a 25 > 25
Mg/K <2 2a4 5 a 15 > 15
Respeitar os valores mínimos de 1,5 cmolc dm-3 para Ca; 0,5 cmolc dm-3 para Mg; e 0,10 cmolc dm-3 para K

mg dm-3
Nutriente
Baixo Adequado Alto
Fe3 < 31,0 31,0 a 45,0 > 45,0
S1 ≤ 4,0 5,0 a 9,0 ≥ 10,0
Mn3 < 1,9 2,0 a 5,0 > 5,0
Zn3 < 1,0 1,1 a 1,6 > 1,6
Cu3 < 0,4 0,5 a 0,8 > 0,8
B2 < 0,2 0,3 a 0,5 > 0,5

FÓRMULAS
Soma de bases (SB) = Ca + Mg + K Saturação por bases (V) = (100 x SB) / T
CTCe = Ca + Mg + K + Al Saturação de Al (m) = (100 x Al) / (Al + SB)
CTC a pH 7 (T) = Ca + Mg + K + H + Al

Fonte: SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. 2. ed.
Brasília, DF: Embrapa Informação Tecnológica, 2004. 416 p.

SUMÁRIO 89
Acidez do solo e calagem

A maior parte dos solos brasileiros, em função do alto grau de intemperismo e


intensa lixiviação de bases, é ácido pela presença significativa do íon H+.
O solo será mais ácido quanto menos ocupadas as cargas negativas por estes
cátions (Ca+2, Mg+2, K+ e Na+) e mais ocupadas por H+ e Al+3, representada pela
CTC (capacidade de troca de cátions).
A acidez do solo é um dos principais fatores que interferem no crescimento e
desenvolvimento das plantas cultivadas, pois afeta a dinâmica das cargas no solo
(solos de carga variável), presença ou não de elementos tóxicos e afeta a
disponibilidade dos nutrientes essenciais para as plantas.
O pH tem influência direta e indireta sobre os atributos químicos, físicos e
biológicos do solo, com reflexo significativo às plantas.
Caso a acidez não seja favorável ao sistema agrícola, medidas corretivas devem
ser tomadas no solo com antecedência para que não afetem as plantas
cultivadas.
É importante frisar que não é a atividade do H+ (pH) que prejudica o
desenvolvimento das plantas, e sim o seu efeito (da acidez) sobre os atributos
do solo e na disponibilidade de nutrientes.
A acidez do solo é medida pela atividade do íon H+ pelos valores de pH,
compondo uma escala que mede tanto a alcalinidade quanto a acidez.
A escala de pH varia de 0 a 14. Abaixo de 7,0 o meio é ácido (H+ > OH-), acima de
7,0 é alcalino (OH- > H+), e quando pH=7,0 o meio é neutro (H+ = OH-).

SUMÁRIO 90
A acidez dos solos podem ser classificadas em dois tipos: acidez ativa e acidez
potencial.
A acidez ativa é representada pela atividade do H+ livre na solução do solo,
afetando as reações dos nutrientes e sua disponibilidade para as plantas. Esta
acidez ativa é representada na análise do solo pelo valor de pH em água ou
solução salina.
A quantidade de H+ da acidez ativa é muito pequena, sendo necessário baixas
doses de uma base para neutralizar esta acidez, se não existisse o
tamponamento da fase sólida. Por exemplo, numa estimativa média seriam
necessários de 3 a 8 kg ha-1 de calcário para neutralizá-la.
Já a acidez potencial, é representada pelas quantidades de todas as fontes de H+
provenientes dos componentes sólidos (Al trocável, argila e MOS). Quanto
maiores os teores destes componentes sólidos no solo maior será a acidez
potencial, determinando a necessidade de calagem na proporção dos seus
valores.
Em média existem para cada um H+ na solução do solo (ativa) para 10.000 a
100.000 H+ nos componentes sólidos (potencial).
Portanto, a acidez ativa representa a reserva imediata de H+ à solução do solo,
ou seja, o poder tampão de H+ dos solos. Este efeito tamponante da acidez ativa
só ocorre quando o pH da solução for alterado. Desta forma, a acidez potencial é
representada pelos valores analíticos de H+Al do solo.

SUMÁRIO 91
Neutralização da acidez do solo
Existem outros tipos de materiais corretivos da acidez, porém, o material
corretivo mais utilizado na neutralização da acidez é o calcário (calagem), que é
composto de carbonatos de cálcio e magnésio, em teores variáveis.
O calcário (carbonato) é um sal de baixa solubilidade (média de 0,110 g L-1), mas
suficiente para neutralizar a acidez do solo, conforme reação abaixo:

A baixa solubilidade do calcário implica numa reação mais lenta no solo (efeito
residual) e numa maior quantidade (dose) a ser aplicada para a neutralização da
acidez.
Mesmo possuindo outros materiais corretivos de maior solubilidade e
reatividade, que implicariam em menores doses no solo para a correção da
acidez, o calcário é o material mais utilizado.
Além do menor preço, o que seria uma desvantagem do calcário (baixa
solubilidade), a alta dose a ser aplicada no solo por este material passa a ser
uma vantagem pela maior facilidade na uniformidade de aplicação, o que não é
possível com outros materiais mais solúveis, que com a menor dose dificultam a
uniformidade da aplicação, e ocasionando manchas de pH no solo.
A baixa solubilidade do calcário, promove uma reação no solo persistente ao
longo do tempo (efeito residual).
Dependendo do poder tampão e sobretudo se a dose a ser aplicada for muito
elevada, este efeito pode perdurar por décadas no solo.

SUMÁRIO 92
Alguns trabalhos no Brasil, especialmente em solos mais argilosos e com
maiores teores de MOS, têm demonstrado efeito residual de calcário por um
período de até quase 20 anos.
Enquanto em solos de menor poder tampão, como por exemplo os solos de
textura mais arenosa e/ou com menores conteúdos de MOS, o efeito residual
tem ocorrido num menor período de tempo, de aproximadamente 4 a 8 anos.
A calagem, portanto, é uma prática indispensável na agricultura para o aumento
da produtividade nos solos ácidos.
Os primeiros métodos de recomendação orientavam sempre incorporar este
corretivo da acidez na camada arável, que era mobilizada constantemente por
ocasião do preparo para o cultivo. Este método hoje já é cada vez menos
utilizado.
A incorporação, tem como vantagem aumentar a área de contato do calcário
com o solo, aumentando sua reação com o solo e a sua maior uniformidade de
distribuição no perfil do solo (0-20 cm).
Visto que, devido a baixa solubilidade do calcário, sua reatividade e
“mobilidade” no perfil do solo é mais lenta.
Nos dias atuais, com a predominância de sistemas de cultivo conservacionistas
do solo como o plantio direto, os corretivos e fertilizantes, são aplicados quase
que exclusivamente sobre a superfície do solo, sem incorporação.
Neste tipo de sistema, é comum a formação de gradientes de concentração no
perfil do solo, com a formação de uma camada superficial com teores
normalmente muito elevados (supercalagem), enquanto em profundidade pode
ocorrer menores concentrações, por vezes, abaixo do ideal para as plantas.
Em função disso, foram necessários estudos mais aprofundados sobre a
mobilidade dos processos resultantes da reação dos corretivos de acidez no
solo, dosagem, residual e métodos alternativos.

Métodos de determinação da calagem


Existem basicamente dois métodos no Brasil para a determinação da
necessidade de calagem, o método do tampão SMP e o método da saturação
por bases.

SUMÁRIO 93
No método SMP, o pH determinado em solução tampão (pHSMP) permite
estabelecer diretamente a dose de calcário a ser aplicada com base em valores
tabelados (CQFS-RS/SC, 2016).
Neste método se considera elevar o pH do solo a 6,5, 6,0 e 5,5 com relação ao
índice SMP.
No método da saturação por bases, a necessidade de calagem é determinada
pela elevação da saturação por bases (V%) a valores estabelecidos (tabelados)
para diferentes tipos de culturas, conforme fórmula abaixo:

𝑉2 − 𝑉1 × 𝐶𝑇𝐶
𝑁𝐶 𝑡 ℎ𝑎−1 =
𝑃𝑅𝑁𝑇
Onde:
NC = necessidade de calcário, em t ha-1, para a camada de 0-20 cm
V2 = saturação por bases adequados para cada cultura (%)
V1 = saturação por bases atual do solo (%)
CTC = capacidade de troca catiônica (mmolc dm-3)
PRNT = poder relativo de neutralização total do calcário

O resultado pode ser multiplicado pelo fator profundidade de incorporação (p),


em relação a profundidade:
- quando a profundidade for de: 0 a 10 cm, fator p = 0,5;
- quando a profundidade for de: 0 a 20 cm, fator p = 1,0;
- e quando a profundidade for de: 0 a 40 cm, fator p = 1,5.
Comparando a faixa de pH com a saturação por bases, teríamos
aproximadamente: pH 5,5 = ~65%, pH 6,0 = ~80%, pH 6,5 = ~85%.
A grande vantagem deste método para a determinação da calagem é a facilidade
de cálculo e a flexibilidade de adaptação às mais variadas culturas de acordo
com o seu nível de exigência nutricional.
Para as recomendações corretas, consultar os métodos e os valores de
referência tabelados para uma determinada região em questão.
Lembrando que os métodos de recomendação consideram um calcário nas
condições de 100% de PRNT, devendo-se fazer as correções de acordo com o
PRNT do calcário que irá ser utilizado na aplicação.

SUMÁRIO 94
Os valores de PRNT devem ser levados em consideração no momento da compra
do calcário, em virtude da correção em relação ao 100%.
Algumas vezes calcários de menores valores de PRNT quando corrigidos para
100% e mesmo com o preço de compra menor (mais barato), podem ser mais
caros no final em relação a um calcário de maior PRNT e com maior preço.

Classificação dos calcários


I – Quanto à concentração de MgO II - Quanto ao PRNT
Calcítico – menos de 5% de MgO A - PRNT entre 45,0% a 60,0%
Magnesiano – de 5% a 12% de MgO B - PRNT entre 60,1% a 75,0%
Dolomítico – acima de 12% de MgO C - PRNT entre 75,1% a 90,0%
D - PRNT superior a 90,0%

Indica-se o uso de calcário dolomítico (MgO > 12%) ou magnesiano (MgO = 6 a


12%) quando o teor de magnésio no solo for inferior a 7 a 10 mmolc dm-3 e/ou a
saturação de Mg na CTC for inferior a 13%.
O calcário é pouco solúvel em água e, por isso, é necessário que sua aplicação
seja realizada com antecedência para que possam ocorrer as reações a tempo
de beneficiar a cultura em sucessão. Para cultuas anuais, recomenda-se a
aplicação 90 dias antes da semeadura para calcários com PRNT < 90 e de 40 a 60
dias antes da semeadura para calcários com PRNT > 90%.
Para culturas perenes, a recomendação no plantio é a mesma das culturas
anuais, e na formação/produção deve ser aplicado 90 dias antes da 1ª adubação
para calcários com PRNT < 90 e de 40 a 60 dias antes da 1ª adubação para
calcários com PRNT > 90.
Já para as pastagens, a calagem antes da instalação segue as mesmas
recomendas das culturas anuais e, na sua produção, segue as mesmas
recomendações das culturas perenes se houver adubação ou no caso de não
haver adubações, a calagem após formada a pastagem deve ser realizada no
início do período chuvoso, independentemente do PRNT do calcário.

SUMÁRIO 95
Gesso Agrícola

O gesso agrícola, como é conhecido o sulfato de cálcio (CaSO4.2H2O), é um


subproduto da fabricação do ácido fosfórico da indústria de fertilizantes
fosfatados, pela ação do ácido sulfúrico sobre a rocha fosfatada.
Por sua característica e reação no solo, o gesso agrícola não é um corretivo da
acidez do solo.
Portanto, é um sal neutro e não altera os valores de pH do solo em razão da sua
aplicação. Desta forma, o gesso agrícola é classificado como um condicionador
de solo, melhorador do ambiente radicular e fonte de Ca (17%) e S (12%).
O gesso tem solubilidade de 2,5 g L-1, muito maior em relação ao calcário (0,110
g L-1), sendo sua reação no solo normalmente rápida, conforme reação abaixo:

CaSO4  CaSO4 + Ca+2 + SO4=

Dependendo das quantidades utilizadas, das condições edafoclimáticas da


região e sua mobilidade, o gesso pode permitir o aumento nos teores de Ca e S
em profundidade no solo, aumentando a saturação por bases (V) e reduzindo a
saturação por alumínio (m).
A redução do alumínio trocável (Al+3), tóxico às plantas, principalmente em
profundidade, ocorre pela formação de par iônico com o ânion sulfato (SO4=),
formando o sulfato de alumínio, que não é absorvido pelas plantas, reduzindo
sua toxidez.
Abaixo segue a reação do alumínio trivalente e ânion sulfato:
Al+3 + SO4=  AlSO4+ (não tóxico)

SUMÁRIO 96
O maior aprofundamento do sistema radicular, além da maior absorção de
nutrientes, pelo maior volume de solo explorado, também permite que as
plantas superem períodos de estiagem mais facilmente (déficit hídrico).
Em virtude destas características de melhorias, o gesso é considerado um
condicionador de solo.
Um dos principais cuidados e atenção em relação a aplicação de gesso nos solos
é com relação a seu efeito sobre a calagem.
O gesso possui solubilidade maior que o calcário e, portanto, se dissocia mais
rapidamente no solo, aumentando a concentração de Ca.
Dependendo da quantidade de Ca, se esta for muito alta, pode diminuir a
reatividade do calcário e o seu efeito sobre a correção do pH.
E o pH do solo afeta os atributos químicos, físicos e biológicos, afetando a
disponibilidade de nutrientes e o desenvolvimento das plantas.
Outro fator que se deve levar em consideração, é com relação a lixiviação de
cátions básicos no perfil do solo, onde o ânion sulfato, assim como na formação
de par iônico com o Al, pode formar par com cátions de interesse agrícola
(K2SO4, MgSO4, (NH4)2SO4) disponíveis na solução do solo e ocasionar a sua
movimentação no perfil do solo em regiões fora do alcance das raízes.
A elevação dos teores de Ca, pode deslocar estes cátions retidos nas cargas
negativas do solo (CTC) para a solução onde estará passível desta reação e aos
processos de perda.
Por isso, a gessagem também pode ser utilizada para aumentar a mobilidade
destes cátions básicos em profundidade nos solos com maior teor de argila,
onde a mobilidade destes nutrientes é limitada.
Desta forma, a aplicação do gesso agrícola pode contribuir com a construção do
perfil do solo, em termos de fertilidade, para o aumentar o volume de solo
explorado pelas raízes e, consequentemente, para elevar a produtividade dos
sistemas agrícolas.
Entretanto, esta técnica é de difícil execução e exige conhecimento técnico
muito aprofundado em ciência do solo.

SUMÁRIO 97
Recomendação de gesso
A recomendação da dose de gesso, ou gessagem, nos dois métodos a seguir são
baseados conforme descrito por Souza et al. (2001).
Para a estimativa da necessidade de gesso a ser aplicada, a amostragem de solo
deve ser realizada abaixo dos 20 cm no perfil do solo.
E, no caso deste método, se recomenda a avaliação na camada de 40 a 60 cm,
para a determinação do teor de Ca, argila e Al.
Se os teores de saturação por alumínio (m) forem maiores que 20%, Ca menor
que 0,5 cmolc kg-1, interpreta-se que há possibilidade de resposta ao gesso
(Souza et al., 2001).
A fórmula para a estimativa da dose de gesso (DG), segue abaixo:
DG (kg ha-1) = 50 x argila (%) ou DG (kg ha-1) = 5 x argila (g kg-1)
Conforme estes mesmos autores, pode-se determinar a DG de acordo com a
classe textural da tabela abaixo, sendo o efeito residual em solos arenosos em
torno de 5 anos e em solos muito argilosos de até 15 anos.

Textura do Solo Dose de Gesso (kg ha-1)

Arenosa 700

Média 1.200

Argilosa 2.200

Muito argilosa 3.200

SUMÁRIO 98
Referências bibliográficas

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SUMÁRIO 100
SOUSA, D. M. G. de; LOBATO, E. (Ed.). Cerrado: correção do solo e adubação. 2.
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de. Uso do gesso em sistemas de produção agrícola. Piracicaba, GAPE, 2008. 104
p.

SUMÁRIO 101
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DO SOLO PARA ALTAS
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PÁGINA DO CURSO

SUMÁRIO 102
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profissionais que atuam no setor agropecuário.
Nesse sentido, a busca pela excelência por esses profissionais se torna
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