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PROCESSOTC N° 05257/07

DENÚNCIAcontra o Prefeito Municipalde Barra


de Santana acerca de pagamento a Defensor
Público por serviços advocatícios eventuais
prestadosao município.Procedência.Imputação
de débito. Assinaçãode prazo para devolução.
Recomendação. Comunicação do fato à
DefensoriaPúblicaEstadual.

Trata o presente Processo de denúncia sigilosa recebida pela Ouvidoria deste Tribunal, em
25/06/2007, dando ciência de possiveis irregularidades ocorridas na gestão da Prefeitura
Municipal de Barra de Santana, em decorrência do pagamento de honorários advocatícios ao
Defensor Público do Estado, Sr. Admilson Villarim Filho, durante os exercícios de 2005 e 2006.

A Corregedoria procedeu à análise prévia da denúncia, antes da formalização de processo, e


constatou pagamentos de serviços eventuais ao senhor Admilson Villarim Filho, CPF nO
203.843.324-00, durante os exercícios de 2005, 2006 e 2007, nos valores totais anuais de R$
600,00, R$ 900,00 e R$ 400,00, respectivamente, conforme informações do SAGRES
MUNICIPAL, fls. 09/11 dos autos, concluindo pela procedência da denúncia, uma vez que
defensor público não poderia advogar na própria comarca, nem patrocinar interesse de parte não
beneficiária da justiça gratuita e nem receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
honorários, percentagens ou custas processuais, de acordo com os §§ 1° e 2°, do art. 134 da
Constituição Federal do Brasil, e das vedações constantes da Constituição do Estado da Paraíba
e da Lei Complementar nO 039/2002, que dispõe sobre a Defensoria Pública do Estado da
Paraíba Diante dos fatos, concluiu, conforme relatório de nO5312007:
1 - que o Prefeito Municipal de Barra de Santana, Sr. Manoel Almeida de
Andrade, deve devolver aos cofres públicos o pagamento irregular efetuado ao
Sr. Admilson Villarim Filho, no montante de R$ 1.900,00, recebidos durante os
três exercícios constatados na denúncia;
2 - pela comunicação à Defensoria Pública para que o servidor em questão seja
responsabilizado funcionalmente por meio de sindicância ou processo
disciplinar, instaurados pelo Defensor Público Geral, conforme artigos 103 e 105
da lC n° 29/2002.

Em seguida, 23/07/07, a documentação transitou pela Assessoria Técnica da Presidência, que


sugeriu a formalização de processo e encaminhamento à Auditoria, submetendo a matéria ao
Conselheiro Presidente.

Em 14/08/2007, o Presidente acolheu a denúncia, apesar da mesma não preencher os


requisitos de admissibilidade contidos no art. 2°, da Resolução RN TC nO02/2006, no que diz
respeito à ausência de qualificação e endereço do denunciante, determinando a formalização de
processos autônomos, relativamente aos exercícios de 2005 (PCA/2üü5 - Processo TC nO
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC N° 05257/07

2581/06 - já apreciado), 2006 e 2007, bem como a juntada do de 2006 ao processo de contas
anuais do mesmo exercício.

Formalizado o presente processo, referente às irregularidades do exercício de 2005, os autos


foram encamínhados ao Relator à época, que determinou notificação ao interessado, tendo o
mesmo apresentado justificativas, fls. 21/29.

A Auditoría, ao exame da defesa, fls. 31/32, não acatou as alegações do Prefeito de que os
pagamentos feitos referiram-se ao ressarcimento em face de deslocamentos realizados para
atendimento a cidadãos carentes do Município, evitando-se os deslocamentos mesmos para a
Comarca de Boqueirão, distante 50 Km, em vísta da escassez de defensores públicos no
Estado, concluindo, portanto, o órgão autditor pela ilegitimidade do pagamento realizado e pela
procedência da denúncia, com devolução aos cofres públícos, quanto ao exercício de 2005, do
montante de R$ 600,00 (seiscentos reais) pagos indevidamente ao defensor público Sr.
Admilson Villarim Filho, conforme valores discriminados à fI. 32 dos autos.

o Ministério Público Especial, em pronunciamento constante do Parecer nO224/09, fls. 33136,


ressalta que a Constituição do Estado da Paraíba repete disposição normativa da atual
Constituição Federal, vedando ao defensor público receber honorários, percentagens ou custas
processuais, como também exercer advocacia fora das atribuições institucionais; proibição que
também é confirmada pela Lei Complementar Estadual nO39/2002. Esclarece o Parquet ainda
que mesmo que ficasse evidenciada a tutela do interesse dos mais necessitados e a inexistência
de patrocinio de causas do ente político, o fato de ter recebido auxílio de transporte para custear
despesas pessoais de locomoção já constitui motivo para mácula do gasto público. Diante
dessas considerações, opinou pela procedência da denúncia, no que tange aos valores
indevidamente recebidos pelo Sr. Admilson Villarim Filho, pela integral devolução ao erário
público por parte do ordenador da despesa e comunicação do fato à Defensoria Pública Estadual
para apuração da responsabilidade administrativa do agente público.

É o relatório, tendo sido procedidas as notificações de praxe.

De acordo com as conclusões da Auditoria e do Parecer Ministerial, o Relator vota no sentido de


que este colegiado: (I) julgue procedente a denúncia formulada contra o prefeito Municipal de
Barra de Santana, Sr. Manoel Almeida de Andrade, no que tange a valor indevidamente pago a
Defensor Público, durante o exercício de 2005; (11) determine a devolução ao erário, por parte do
ordenador da despesa, do montante de R$ 600,00 (seiscentos reais), indevidamente pago, no
exercício de 2005, ao Defensor Público Admilson Villarim Fílho; (111) recomende ao Prefeito para
que decline do cometimento da falha nestes autos anotada; e (IV) comunique o fato à Defensoría
Pública Estadual para apuração da responsabilidade administrativa do Defensor Público
Admilson Villarim Filho.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
PROCESSO TC N° 05257/07

Vistos, relatados e discutidos os autos do Processo TC n° 05257/07, que trata da denúncia


formulada contra o prefeito municipal de Barra de Santana, Sr. Manoel Almeida de Andrade,
acerca de irregularidades por este praticadas, durante o exercício de 2005, ACORDAM os
Conselheiros do Tribunal de Contas do Estado da Paraíba, na sessão realizada nesta data, por
unanimidade de votos, em:
(I) julgar procedente a denúncia no que tange ao valor pago indevidamente a Defensor
Público, durante o exercício de 2005;
(11) imputar o débito no valor de R$ 600,00 (seiscentos reais) ao citado ordenador da
despesa, relativo ao montante indevidamente pago, no exercício de 2005, ao Defensor
Público Admilson Villarim Filho;
(111) assinar o prazo de 60 (sessenta) dias, a partir da publicação deste ato, para
recolhimento voluntário ao erário municipal, sob pena de cobrança executiva, desde
logo recomendada, conforme o disposto no art. 71, § 4° da Constituição do Estado da
Paraiba;
(IV) recomendar ao Prefeito para que decline do cometimento da falha nestes autos
anotada; e
(V) comunicar o fato à Defensoria Pública Estadual para apuração da responsabilidade
administrativa do Defensor Público Admilson Villarim Filho.

Publique-se, intime-se e pra-se.


TC - Plenário Min. João Agripino, Joã ess a, 29 de abril de 2009.

Conselheiro

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Procuradora Gera! do Ministério
Público junto ao TCE!PB

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