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PROCESSO TC N° 02.091/07
Objeto: Prestação de Contas Anuais
Órgão: Defensoria Pública do Estado da Paraíba

Prestação de Contas Anuais - Exercício de 2006.


Pela regularidade das contas do Sr. Francisco
Gomes de Araújo e pela Irregularidade das
contas do Sr. Otávio Gomes de Araújo.
Aplicação de multa.

Vistos, relatados e discutidos os presentes autos do processo TC n° 02.091/07, que trata da


prestação de contas da DEFENSORIA PÚBLICA DO ESTADO DA PARAÍBA, relativa ao exercício
de 2006, tendo como gestores o Sr. Francisco Gomes de Araújo (de 01.01 a 09.01) e o Sr. Otávio
Gomes de Araújo (de 10.01 a 31.12.2006), ACORDAM os Conselheiros Membros do TRIBUNAL
DE CONTAS DO ESTADO DA PARAÍBA, à unanimidade, em sessão realizada nesta data, na
conformidade do relatório e do VOTO do Relator, partes integrantes do presente ato formalizador, em:

I) Julgar regulares as contas do Sr. Francisco Gomes de Araújo, no período de 01 a 09 de janeiro do


exercício 2006, na qualidade de gestor da Defensoria Pública do Estado;
H) Julgar irregulares as contas do Sr. Otávio Gomes de Araújo, no período de 10/01 a 31/12,
relativamente ao exercício 2006, na qualidade de gestor da Defensoria Pública do Estado;
IH) Aplicar ao Sr. Otávio Gomes de Araújo, Defensor Geral do Estado da Paraíba (período de 10.0I a
31.12.2006), muIta no valor de R$ 2.805,10 (dois mil, oitocentos e cinco reais e dez centavos),
conforme dispõe o art. 56-H, da Lei Complementar Estadual n° 18/93; concedendo-lhe o prazo de
30 (trinta) dias para recolhimento voluntário ao Fundo de Fiscalização Orçamentária e Financeira
Municipal, conforme previsto no art. 3° da Resolução RN TC n° 04/200 I, sob pena de cobrança
executiva a ser ajuizada até o trigésimo dia após o vencimento daquele prazo, da Constituição
Estadual;
IV) Assinar o prazo de 90 (noventa) dias à atual gestão para que adote providências no sentido de
restaurar a legalidade quanto ao desenvolvimento de atividades típicas de defensores públicos por
assessores especiais, bem quanto à ocorrência de atos de promoção de defensores de forma
irregular, e apure, em processo administrativo, a efetiva prestação de serviços, em 2006, por parte
dos Defensores Públicos relacionados às fls. 5I 91524 dos autos, e encaminhe ao TCEIPB a
respectiva documentação comprobatória;
V) Comunicar formalmente ao Governador do Estado no sentido de dotar a Defensoria Pública de
autonomia financeira, se eventualmente pendente tal providência;

Presente ao julgamento a representante do Ministério Público Especial.


R istre-se, publique-se e cumpra-se.
João Agripino, João Pessoa-PB, em 10 de LUUJIJ--UJ~' UJ'

Cons.FERNANDfY/I~9-frRJ,GIUESCATÃO
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Procurador ANDRE CARLO TORRES PONTES


( REPRESENTANTE DO MINISTÉRIO PÚBLICO
TRIBUNAL DE CONTAS DO EST ADü
Processo Te n° 02.091/07
Trata o presente processo da Prestação Anual de Contas da Defensoria Pública do
Estado da Paraíba, exercício 2006, enviada a esta Corte dentro do prazo legal, tendo como
gestores o SI. Francisco Gomes de Araújo - de 01.01.2006 a 09.01.2006 - e o SI. Otávio
Gomes de Araújo - de 10.01.2006 a 31.12.2006.

Do exame da documentação pertinente, a Unidade Técnica emitiu relatório com as


seguintes considerações:

A Defensoria Pública do Estado da Paraíba foi estruturada através da Lei n° 39, de 15


de março de 2002, e tem por função a prestação gratuita de assistência jurídica e
judiciária aos que não possuem condições financeiras de arcar com custas processuais
e honorários advocatícios, com competências que lhe são peculiares, dentre elas:

I - promover, extrajudicialmente, a conciliação e a mediação entre as partes em


conflitos de interesses;

II - patrocinar ação civil, ação penal privada e a subsidiária da pública;

III - patrocinar defesa em ação penal, em ação civil e reconvir;

IV - atuar como Curador Especial, nos casos previstos em Lei;

V - exercer a defesa da criança, do adolescente, do idoso e da mulher;

VI - atuar junto aos estabelecimentos policiais e penitenciários;

VII - assegurar aos seus assistidos, em processo judicial ou administrativo, e aos


acusados em geral, o contraditório e a ampla defesa;

VIII - atuar junto aos Juizados Especiais;

IX - patrocinar a defesa administrativa e judicial de servidores públicos CIVIS e


militares, que comprovadamente não disponham de recursos para fazê-lo.

A Lei n" 7.944, de 10 de janeiro de 2006, que trata do Orçamento Anual para o
exercício sob exame fixou a despesa em R$ 305.497,00. Houve, também, a abertura de
créditos suplementares num total de R$ 111.426,28. A despesa efetivamente realizada
somou R$ 268.226,36;

A despesas correntes responderam por 99,65% do total executado, das quais


destacaram-se os gastos com diárias, somando R$ 120.543,55, representando 45,10%;

Não houve processos de regime de adiantamento;

Não foram realizadas licitações. No entanto, ainda vigorava no exercício o Contrato n°


13112005, decorrente da Carta Convite do tipo Menor Preço n° 004/2005, celebrado
com a empresa de Serviços e Vigilância Ltda, que no exercício implicou em despesa
no valor de R$ 49.099,72;

Não há registro de denúncias sobre irregularidades.


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO
Processo TC n° 02.091/07

Além dos aspectos acima mencionados, a Unidade Técnica constatou diversas


irregularidades, o que ocasionou a notificação do gestor responsável, tendo o mesmo acostado
defesa, fls. 532/677 dos autos.

Do exame dessa documentação, a Unidade Técnica emitiu novo relatório entendendo


remanescerem as seguintes irregularidades:

Não encaminhamento do Relatório de Atividades, violando o disposto no art. 2°,


inc. IV, alínea "b" da Resolução RN TC n° 08/2004.

Argumentou o defendente que todos os relatórios das atividades qualificando as ações


desenvolvidas pela Defensoria Pública no exercício de 2006, foram a seu tempo
encaminhados à Corregedoria Geral da Defensoria Pública, uma vez que a Constituição
Federal assegura autonomia funcional e administrativa ao Órgão. O art. 103 da Lei
Orgânica da Defensoria determina que a "Corregedoria Geral é o órgão de fiscalização da
atividade funcional e da conduta dos membros e dos servidores da instituição", não sendo,
portanto, competência dessa Corte de Contas.

A Auditoria esclarece que a finalidade do mencionado relatório é fornecer dados para uma
análise operacional da gestão de recursos. Afirmar que o Tribunal de Contas não possui
competência para exercer a fiscalização de qualquer profissão, seja ela de Advogado, Juiz,
Membro do Ministério Público, ou de servidores da Justiça, não condiz com a
irregularidade apontada, pois o Relatório citado é uma peça gerencial de análise.

Ausência de autonomia financeira, administrativa e orçamentária do órgão,


violando o disposto no art. 134, § 2° da CF/88.

A defesa argumenta que apesar desse artigo garantir a autonomia financeira e


orçamentária, cabe ao chefe do Poder Executivo a sanção da norma, pois ao Defensor
Público, nomeado que é pelo Governador do Estado, lhe foi negado a imposição
constitucional. Vale dizer que, durante o exercício sob exame, não houve qualquer
provisão orçamentária concedendo autonomia financeira a Defensoria Pública, não
passando esta de mera Secretaria de Estado e, ainda, as prerrogativas conferidas ao
Defensor Público Geral, conforme incisos XII e XIII, do art. 25, da LCE 39/2002, no
tocante a dar posse e dispensar os servidores da Instituição, são exclusivas do Governador
do Estado.

A Unidade Técnica entende que o Governador do Estado, o Defensor Público Geral e o


Presidente da Assembléia Legislativa devem ser recomendados a tomarem as medidas
cabíveis para garantir ao Órgão a autonomia necessária ao desenvolvimento de suas
atividades administrativas e instuticionais nos termos da Carta Maior.

Defensores Públicos remunerados sem a correspondente comprovação da


prestação do serviço.
TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo TC n° 02.091/07

o defendente discordou do relatório elaborado pela Auditoria. Todavia, informou que está
fazendo novo levantamento dos trabalhos realizados pelos Defensores e, por isso, solicitou
o prazo de 30 (trinta) dias para a entrega dessa documentação.

A Unidade Técnica permaneceu com seu entendimento inicial, informando, ainda, que até
o fechamento do presente relatório não houve a entrega de qualquer relatório por parte do
gestor daquele órgão.

Sonegação do relatório consolidado da freqüência dos Defensores Públicos por


parte da Chefia do Gabinete do Órgão, violando o disposto no art. 55, inc. VI da
LÜTCE.

o interessado não apresentou a documentação na presente defesa e argumentou não ser


função da Chefia de Gabinete encaminhar o relatório anual consolidado, e sim de quem
detém o poder de fiscalizar as atividades funcionais dos membros e demais funcionários
da Instituição, que no caso é da Corregedoria-Geral.

Assessores Especiais desenvolvendo atos típicos de Defensores Públicos.

Alega o defendente que os Defensores Públicos são regidos por Lei própria tendo os seus
direitos e deveres bem delineados nas Leis Complementares Federal 80/94 e Estadual
3912002, além da própria Constituição Federal. Que não existe lei que proíba o
profissional da advocacia de assinar qualquer petição, mormente, quando o faz em defesa
dos menos favorecidos, ainda mais quando provado que não houve usurpação de função,
tampouco de prerrogativas.

A Unidade Técnica esclarece que os atos típicos e institucionais de Defensores Públicos


devem ser exercidos, com exclusividade, por defensores integrantes dos respectivos
quadros, existindo clara inviabilidade de prática de iniciativas processuais por assessores
integrantes de estrutura de apoio, em substituição aqueles, o que cria ofensa aos comandos
da Lei Complementar n° 039/2002. O caso em tela está contido no Inquérito Civil Público
n° 042-N2006.

Atos de promoção e ascensão de Defensores para a classe DP-4, com base no


artigo 94 da Lei Complementar n° 39/02.

Entende a Unidade Técnica que a referida norma, disposta no capítulo II da Lei - Das
Disposições Transitórias -, tem caráter transitório, cujos efeitos se exauriram no tempo,
não podendo ter sido invocadas para efetuar novas promoções, sob pena de violação ao
que dispõe os artigos 50, 51 e 52 da mesma.

Ao se pronunciar sobre a matéria, o Ministério Público junto ao Tribunal, por meio do


Douto Procurador André Carlo Torres Pontes, emitiu o Parecer n" 774/2009 ratificando o
posicionamento da Unidade Técnica, entendendo, no entanto, que as irregularidades relatadas
não podem ser atribuídas ao ex-gestor Francisco Gomes de Araújo que somente gerenciou a
Defensoria Pública, em 2006, durante nove dias, uma vez que não há impugnação específica a
atos de despesa durante este curto período de gestão.
TIDBUNALDECONTASDOESTADO

Processo Te n° 02.091/07
Ante o exposto, pugnou o Parquet para que esta Corte de Contas decida:

1) Julgar regulares as contas do Sr. Francisco Gomes de Araújo, relativamente ao período


de O1 a 09 de janeiro do exercício 2006, na qualidade de gestor da Defensoria Pública
do Estado;

2) Julgar irregulares as contas do Sr. Otávio Gomes de Araújo, no período de 10/01 a


31/12, relativamente ao exercício 2006, na qualidade de gestor da Defensoria Pública
do Estado;

3) Aplicar multa ao Sr. Otávio Gomes de Araújo por sonegação de informações e


descumprimento de decisão normativa do Tribunal, nos termos do art. 56, VI e VIII,
da LCE 18/93;

4) Assinar prazo à atual gestão para que apure, em processo administrativo, a efetiva
prestação de serviços, em 2006, por parte dos Defensores Públicos relacionados às fls.
519/524 dos autos, e encaminhe ao TCEIPB a respectiva documentação
comprobatória;

5) Assinar prazo á atual gestão para que adote providências no sentido de restaurar a
legalidade quanto ao desenvolvimento de atividades típicas de defensores públicos por
assessores especiais, bem quanto à ocorrência de atos de promoção de defensores de
forma irregular, conforme apontou a Auditoria;

6) Comunicar formalmente ao Governador do Estado no sentido de dotar a Defensoria


Pública de autonomia financeira, se eventualmente pendente tal providência;

7) Recomendar diligência à atual gestão para prevenir a repetição das demais


irregularidades apuradas nos autos.

É o relatório. Houve a notificação do interessado para a presente sessão.


TRIBUNAL DE CONTAS DO ESTADO

Processo TC n° 02.091/07

VOTO
SI. Presidente, Srs. Conselheiros,

Considerando as conclusões a que chegou a equipe técnica, assim como o parecer


oferecido pelo representante do Ministério Público junto ao Tribunal, VOTO para que os Srs.
Conselheiros membros do Egrégio Tribunal de Contas do Estado da Paraíba que:

a) Julguem regulares as contas do SI. Francisco Gomes de Araújo, relativamente ao


período de 01 a 09 de janeiro do exercício 2006, na qualidade de gestor da Defensoria
Pública do Estado;

b) Julguem irregulares as contas do SI. Otávio Gomes de Araújo, no período de 10101 a


31112, relativamente ao exercício 2006, na qualidade de gestor da Defensoria Pública
do Estado;

c) Apliquem multa ao SI. Otávio Gomes de Araújo, no valor de R$ 2.805,10, por


sonegação de informações e descumprimento de decisão normativa do Tribunal, nos
termos do art. 56, VI e VIII, da LCE 18/93;

d) Assinem prazo de 90 (noventa) dias à atual gestão para que adote providências no
sentido de restaurar a legalidade quanto ao desenvolvimento de atividades típicas de
defensores públicos por assessores especiais, bem quanto à ocorrência de atos de
promoção de defensores de forma irregular, e apure, em processo administrativo, a
efetiva prestação de serviços, em 2006, por parte dos Defensores Públicos
relacionados às fls. 519/524 dos autos, e encaminhe ao TCEIPB a respectiva
documentação comprobatória;

e) Comuniquem formalmente ao Governador do Estado no sentido de dotar a Defensoria


Pública de autonomia financeira, se eventualmente pendente tal providência.

É o voto. _~

~:Vie~rÜho
~orRelator

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