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FotoRio 2009: Fortia Femina e Pedra & Luz - Bom Jesus da

Lapa.

A cada dois anos ocorre no Rio de Janeiro o FotoRio – Encontro Internacional de


Fotografia do Rio de Janeiro, evento ligado ao Festival da Luz, que agrega uma série de
projetos fotográficos ao redor do mundo. O FotoRio tem como grande objetivo divulgar e
democratizar a fotografia no Brasil, para isso, nos meses de Junho, Julho e Agosto de 2009,
foram montadas centenas de exposições, organizados debates e atividades sobre fotografia
em todo o Rio de Janeiro.
Um dos espaços que comporta grandes exposições é o Centro Cultural Justiça
Federal, no centro da capital fluminense. Dentre as dez exposições apresentadas no espaço,
duas merecem maior destaque e atenção. Fortia Femina e Pedra & Luz – Bom Jesus da
Lapa são duas séries de retratos em preto e branco, com personagens bastante distintos,
porém com a utilização de um recurso que me chamou a atenção. Os personagens
retratados são desligados do espaço à sua volta com o uso de um fundo branco. Apesar de
ser um recurso típico da fotografia de estúdio, nestes dois casos esta opção ganha novo
significado.
Fortia Femina, o fotógrafo carioca André Arruda apresenta, em uma belíssima série,
retratos nus de mulheres fisiculturistas. Neste primeiro caso as fotos são feitas em estúdio,
porém o fundo branco tem aqui uma função mais presente do que costuma neste tipo de
fotografia. A oposição entre o corpo escuro das personagens e o fundo branco dá um
profundo destaque a elas, além de criar um recorte visual muito importante para estabelecer
os detalhes do corpo de cada uma, peça fundamental dentro deste trabalho. O branco serve
também neste caso para destacar ainda mais a força e a postura das personagens, garantindo
toda a atenção para seu corpo.
André Arruda consegue neste trabalho apresentar de maneira delicada os dois lados
de suas personagens. O fotógrafo não tira a força de nenhuma destas mulheres, física ou de
sua personalidade, e ainda lhes garante sua feminilidade, tornando o ensaio realmente
completo.
Já em Pedra & Luz – Bom Jesus da Lapa a construção das fotografias, apesar de
baseadas no mesmo recurso, é bastante distinta. A exposição de Gustavo Malheiros
apresenta os personagens característicos das romarias nordestinas. Apesar de baseada no
mesmo estilo de construção visual, Fortia Femina e Pedra & Luz alcançam objetivos
diferentes com o mesmo recurso.
Neste caso os retratos não foram feitos em estúdio, portanto a utilização do fundo
aparece como uma forte opção do fotógrafo, que leva este aparato aos seus personagens e
não o contrário. Pedra & Luz ganha muita força e interesse graças a esta opção. Com esta
construção Gustavo Malheiros pode se preocupar exclusivamente com a construção e
apresentação visual de seus personagens, estes que por si só já seriam de grande interesse,
devido ao grande impacto visual que possuem.
Mais uma vez a suspensão do fundo age como recorte e como intensificador de
contraste entre personagem e espaço, garantindo força e profundidade aos homens e
mulheres apresentados. Este trabalho também prende a atenção pelo contraste visual interno
de cada uma das pessoas apresentadas. Todos os personagens carregam, além da força
interna já citada, a força e a densidade impostas pelo fotógrafo.
Fica assim o destaque para as grandes exposições destes dois fotógrafos cariocas,
que conseguem grande atenção dentro da miríade de ótima exposições que é o FotoRio
2009.

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