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– Universidade Lusíada de Lisboa – Faculdade de Arquitectura e Artes – Licenciatura em Arquitectura (Mestrado Integrado) –

– História da Arquitectura Portuguesa Moderna e Contemporânea – 4º Ano – Turma V – Aluno n.º 11087208 – André Roldão S. Tribolet –

1. Enquadramento

É motivo de discussão entre diversos técnicos a decoração na arquitectura. Nomeadamente no Barroco a decoração foi amplamente
utilizada, subsistindo a dúvida: pode a decoração definir um estilo arquitectónico? Foi-nos proposto comentar o assunto, tendo como base
um texto do docente, Professor H. Bonifácio, para nos estruturar e nos fazer esclarecer exactamente o nosso entendimento sobre o
assunto. Para o efeito foram realizadas algumas consultas na internet e documentação que tratam sobre temas da arquitectura, definição
da mesma, de exemplos de arquitectura do Barroco português, que em conjunto com as aulas servem de fundamento à opinião final. É da
nossa ideia que fazendo uso do processo de consulta e análise de textos e exemplo será possível chegarmos a conclusões sobre o tema.

2. Temas Relevantes

De seguida apresenta-se algumas citações que influenciaram a opinião do discente na construção da sua opinião:

«(…)Bruno Zevi trata o espaço como forma objectiva cujo percurso histórico se resume na lenta e progressiva substituição da matéria pelo
vazio.(…)»

Citação retirada de http://www.arquitetura.ufmg.br/ia/teoria.html

«Ao falarmos de arquitectura tendemos a imaginar fachadas ornamentadas típicas de um estilo, materiais em consonância com as diferentes
épocas e em modelos que nos são fáceis de reconhecer característicos de uma cultura específica. Porem no estudo da arquitectura não é o aspecto
ornamental que se caracteriza como o elemento primordial cabendo este papel à mais elementar matéria moldável o “Espaço”.

Assim vemos que o estudo da arquitectura tem vindo a ser descurado ao longo dos tempos visto que este, ao contrário de outras artes como a pintura
ou escultura que se baseiam na modelação de matérias plásticas sólidas, se torna por vezes ambíguo para o cidadão comum pouco habituado a
definir algo que não seja palpável ignorando normalmente o espaço na sua forma.

(…)De outro modo também a luz e a sua orientação tal como a cor animam o espaço podendo ser em alguns casos um valor de atracção por si
próprias ajudando a dividir ou realçar determinado espaço.(…)»

Citação retirada de http://imagemcognitiva.blogspot.com/2007/11/bruno-zevi-saber-ver-arquitectura.html

«O Barroco dos períodos de «experimentação» e de «definição» (c. 1650 a c. de 1717), surge no Norte através de uma crescente decoração das
fachadas, utilizando-se essencialmente elementos retirados das gravuras maneiristas do norte da Europa, principalmente do «más importante de los
grabadores arquitectonicos de su tiempo» que foi Hans Vredeman De Vries (1526-1606). Nas cartelas, no enquadramento das aberturas e dos nichos,
aparece uma pujante decoração de festões, ferragens, e figuras helicoidais que, pelas suas formas túrgidas, vão dar às fachadas das igrejas e capelas
a exuberância e fantasia que lhes é negada pela arquitectura. Entramos, assim, num barroco cujo interior sacro vai desenvolvendo um esquema
decorativo, através da feliz conjugação formada por azulejo-pintura-talha (à qual acrescentaria para alguns casos o estuque), predominando no Norte
o revestimento de talha, e cuja simplicidade estrutural exterior, tanto na arquitectura religiosa como na arquitectura civil, é compensada pela introdução
de elementos decorativos, mais ou menos exuberantes, nas fachadas. São inúmeras as igrejas que se inserem neste movimento, entre as quais
merecem a nossa atenção as fachadas: das igrejas bracarenses de São Vítor – «cujo projecto de reconstrução, iniciado em 1686, pertenceu a um
engenheiro militar francês, Miguel Lescole» – de São Vicente, iniciada em 1689, e da Ordem Terceira de São Francisco, cujas obras começaram em
1694; e a da igreja da Congregação do Oratório do Porto, edificada entre os finais do século XVII e os primeiros anos do século XVIII, e cujo projecto
se poderá atribuir ao arquitecto-amador o padre Pantaleão da Rocha de Magalhães, falecido em 1703.»

Citação de Prof.ª Edna Prado, Aula 5 - Literatura - Barroco em Portugal e Literatura Infomativa

A palavra arquitectura tem a sua origem no grego, nas palavras arché, que significa primeiro ou principal, e tékton, construção, ou seja,
refere-se à essência da construção. A arquitectura tem como objectivo a concepção de todo o espaço construído pelo Homem, quer dizer,

– A sobreposição decorativa no Barroco Português: As artes plásticas como complemento do espaço. –


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QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2009
– Universidade Lusíada de Lisboa – Faculdade de Arquitectura e Artes – Licenciatura em Arquitectura (Mestrado Integrado) –
– História da Arquitectura Portuguesa Moderna e Contemporânea – 4º Ano – Turma V – Aluno n.º 11087208 – André Roldão S. Tribolet –

modela a matéria para criar um determinado objecto com um determinado objectivo pré-determinado. A partir desta sequência de ideias
compreendemos que a arquitectura, a essência da construção, modela a matéria, fazendo uso da técnica, da tecnologia, da ciência para
garantir o alcançar do objectivo pré-determinado. Desta forma a arte na Arquitectura está relacionada com um sentido estético claramente
necessário à prática de Arquitectura.

O Barroco vive do conflito, do contraste, reflecte o intensificar vivido na época do bifrontismo (Homem dividido entre a herança religiosa,
mística medieval e o espírito humanista, racional do Renascimento). Resulta da oposição contrastante de duas forças do existencialismo: fé
versus razão; corpo versus alma; Deus versus Diabo; vida versus morte; etc. Esse contraste é visível em toda a produção do período,
sendo frequente o jogo, o contraste de imagens e conceitos. No entanto o artista do Barroco não se limita a expor opostos, ele junta-os,
integra-os, é frequente imagens que procuram essa unidade, essa fusão. A visão barroca do mundo demonstra a fugacidade da vida, a
instabilidade, a mudança de tudo, das pessoas, do mundo, resultante da consciência do efémero. O pessimismo: a consciência a que
transitoriedade da vida produz, sendo frequente a ideia da morte, tida como expressão máxima da fugacidade da vida. A incerteza da vida e
o medo da morte fazem a arte barroca ser pessimista, marcada por algum desencantamento com o Homem e o mundo. A atracção por
cenas trágicas, por aspectos cruéis, dolorosos e grotescos, com imagens deformadas pelo exagero de detalhes, causando uma ruptura
com a harmonia e sobriedade clássica. A igreja católica, através da contra-Reforma, tenta recuperar o teocêntrismo medieval (Deus no
centro de tudo) e o Homem Barroco não perde a sua visão antropocêntrica (Homem no centro de tudo) fruto da época do Renascimento,
sintetiza os dois conceitos, procura a salvação religiosa através da lógica.

A arte da talha, muito desenvolvida na península ibérica, veio a ser uma das mais importantes expressões artísticas do Barroco,
privilegiando a transmissão dos princípios da Contra-Reforma, atraindo o crente de maneira subliminar, levando-o a aceitar as directrizes da
igreja. Apesar das diferentes interpretações que se verificaram nos diferentes países e regiões, determinadas por diferentes contextos
políticos, religiosos e culturais, este estilo apresentou algumas características comuns, como: a tendência para a representação realista; a
procura do movimento e do infinito; a tentativa de integração das diferentes disciplinas artísticas; emocional sobre o racional: o seu
propósito é impressionar os sentidos do observador, baseando-se no princípio segundo o qual a fé deveria ser atingida através dos
sentidos e da emoção e não apenas pelo raciocínio; busca de efeitos decorativos e visuais, através de curvas, contracurvas, colunas
retorcidas; violentos contrastes de luz e sombra; pintura com efeitos ilusionistas, dando-nos às vezes a impressão de ver o céu, tal a
aparência de profundidade conseguida; a amplitude, a contorção e a exagerada riqueza ornamental, ausência de espaços vazios e o gosto
pela teatralidade.

3. Directrizes Pessoais de Abordagem

Ao observarmos uma obra do Barroco, verificarmos o seu dinamismo de formas, quer provocado pela construção como pela decoração,
mas ambos definem o espaço, como tal a decoração é parte integrante da Arquitectura. A decoração, muitas vezes um extra, tem no
Barroco, um papel importantíssimo.

Assim sendo concluí-se que mesmo não sendo obrigatório, foram muitas vezes aplicados na arquitectura elementos decorativos que pela
local, maneira e forma alteram a percepção da arquitectura, transformando-a e integrando-se nela, resultando num novo objecto que
previamente não pertencia ao Barroco, mas que a partir dessa adição passa a pertencer (chamado Barroco Decorativo).

– A sobreposição decorativa no Barroco Português: As artes plásticas como complemento do espaço. –


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QUARTA-FEIRA, 27 DE MAIO DE 2009

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