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Aquilo que a verdade descobrir não pode contrariar aos litros sagrados, quer do
Antigo quer do
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1. A patrística
2. A escolástica
A escolástica é a filosofia cristã que se desenvolve desde o século IX, tem o seu
apogeu no século XIII e começo do século XIV, quando entra em decadência.
Continua a aliança entre razão e fé, aquela sempre considerada a "serva da teologia".
Com freqüência as disputas terminam com o apelo ao princípio da autoridade, que
consiste na recomendação de humildade para se consultar os intérpretes autorizados
pela Igreja. No entanto, a partir do século Xl, com o renascimento urbano,
começam a surgir ameaças de ruptura da unidade da Igreja, e as heresias anunciam o
novo tempo de contestação e debates em que a razão busca sua autonomia. Inúmeras
universidades aparecem por toda a Europa e são indicativas do gosto pelo racional,
tornando-se focos por excelência de fermentaçao intelectual. Durante muito
tempo predomina na Idade Média a influência da filosofia de Platão, considerada mais
adaptável aos ideais cristãos. O pensamento de Aristóteles era visto com desconfiança,
ainda mais pelo fato de os árabes terem feito interpretações tidas Como perigosas
para a fé. A partir do século XIII, Santo Tomás utiliza as traduções feitas
diretamente do grego e faz a síntese mais fecunda da escolástica. e que será conhecida
como filosofia aristotélico-tomista. Daí para frente a influência de Aristóteles se fará
sentir de maneira forte, sobretudo pela ação dos padres dominicanos e mais tarde dos
jesuítas, que desde o Renascimento, e por vários séculos, mostraram-se empenhados
na formação dos jovens.
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Aristóteles não será conhecido na Idade Média a não ser a partir do século XIII,
quando suas obras são traduzidas para o latim. No entanto, no século VI. Boécio
traduzira a lógica aristotélica, tecendo um comentário a respeito da questão da
existência real ou não dos universais. O universal é o conceito, a idéia, a essencia
comum a todas as coisas (por exemplo, o conceito de homem). Em outras palavras,
perguntava-se se os gêneros e espécies tinham existência separada dos objetos
sensíveis: as espécies (como o cão) e os gêneros (como os animais).
teriam existência real"? Ou seja, selam realidades, idéias ou apenas" palavras? Essa
questáo é retomada nos séculos XI e XII, alimentando longa polêmica, cujas soluções
principais são: o realismo, o conceptualismo e o nominalismo. Os realistas, como
Santo Anselmo e Guilherme de Champeaux, consideram que o universal tem realidade
objetiva (são res, ou seja, "cOisa"). É evidente a influência platônica do mundo das
idéias. No século XIII, Santo Tomás de Aquino, já conhecendo Aristóteles, é partidário
do realismo moderado, segundo o qual os universais só existem formalmente no
espírito, mas têm fundamento nas coisas. Para os nominalistas, como Roscelino, o
universal é apenas um conteúdo da nossa mente, expresso em um nome. Ou seja, os
universais são apenas palavras, sem nenhuma realidade específica correspondente.
Essa tendência reaparece no século XIV com Guilherme de Ockam, franciscano que
representa a reação à filosofia de Santo Tomás. Pedro Abelardo, grande mestre
da polêmica, opta pela posição conceptualista, intermediária entre as duas anteriores.
Para ele os universais são conceitos, entidades mentais. Podemos analisar o
significado dessas oposições a partir das contradições que estahelecem fissuras na
compreensão mística de mundo medieval. Sob esse aspecto, os realistas são os
partidários da tradição, e como valorizam o universal, a autoridade, a verdade eterna,
representada pela fé. Por outro lado os nominalistas consideram que o individual e
mais real, indicando o deslocamento do critério da verdade da fé e da autoridade para
a razão humana. Naquele momento histórica essa última posição representa a
emergência do racionalismo burguês em oposição às forças feudais que deseja
superar.
Exercícios
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Texto complementar
(Santo Tomás de Aquino ,Súmula contra os gentios, Os pensadores, São Paulo. Abril
Cultural, 1973, p. 70.)