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ESTADO DE SANTA CATARINA

MUNICÍPIO E COMARCA DE ITAJAÍ


JUÍZO DE DIREITO DA VARA DOS FEITOS DA FAZENDA PÚBLICA, EXECUÇÕES FISCAIS,
ACIDENTES DO TRABALHO E REGISTROS PÚBLICOS
Gabinete do Juiz Rodolfo Cezar Ribeiro da Silva
033.08.019966-9

Ação : declaratória de procedimento comum ordinário


Autor : FÁBIO RAPHAEL GONÇALVES FABENI
Réu : MUNICÍPIO DE ITAJAÍ
Autos nº : 033.08.019966-9

Vistos etc.

FÁBIO RAPHAEL GONÇALVES FABENI, já qualificado, em


causa própria (art.36 do CPC), ajuizou ação declaratória contra o
MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, onde alegou que é contribuinte de ISS (imposto
sobre serviços) ao ente público requerido e este, com base no Decreto
Municipal nº 8.454, de 20/12/2007, vem lhe exigindo pagamento de preço
público para impressão das ?notas fiscais avulsas? necessárias para o
recolhimento do tributo (fl.09). Disse que a cobrança é ilegal porque não
se trata de serviço colocado à disposição do contribuinte, mas sim de
atuação normal do Poder Público, razão pela qual deve ser custeado por
impostos.
Com amparo nos dispositivos legais pertinentes, pediu: a) a
concessão de antecipação de tutela para suspensão da cobrança;
b)citação do réu; c) confirmação da antecipação de tutela declarando que
o preço público oriundo da emissão do documento mencionado é ilegal;
d) condenação do réu ao pagamento de despesas processuais e
honorários advocatícios (art.20, §1º e 2º do CPC); e e) produção de
provas. Valorou a causa em R$ 100,00 (art.258 e 259 do CPC). Juntou
documentos (art.283 do CPC).
Distribuída (art.251, 2ª parte, do CPC) e recebida a inicial
(art.285, 1ª parte, do CPC), foi ordenado o seu registro (art.251, 1ª parte,
do CPC) e sua autuação (art.166 do CPC). Tutela antecipatória deferida.
O MUNICÍPIO DE ITAJAÍ, citado com as advertências do
art.285, 2ª parte, do CPC, apresentou resposta na forma de contestação
(art.300 do CPC), onde, quanto ao mérito, disse que a emissão da tal
nota fiscal avulsa é serviço facultativo prestado pela Administração ao
autor, que nem sequer está obrigado a emiti-la; que a relação jurídica no
caso é contratual e não legal. Por isso pode ser cobrado mediante preço
público de acordo com a legislação ora atacada. Pugnou, finalmente, pela
improcedência do pedido inicial, produção de provas.
A seguir, foi determinada a intimação do Autor para se
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manifestar sobre a contestação apresentada (art.326 e 327 do CPC) pelo


que rebateu as alegações do Réu e repisou os termos da inicial.
II – TUDO BEM VISTO E ANALISADO, DECIDO:
As condições da ação estão satisfeitas – possibilidade jurídica
do pedido, interesse processual e legitimidade (art.267, IV, do CPC) – e
concorrem os pressupostos de constituição e desenvolvimento válido e
regular do processo (art.267, VI, do CPC). Não houve reconhecimento de
pedido, renúncia a direito nem tampouco prescrição ou decadência
(art.269, II a V, do CPC). O órgão para julgamento é competente para
tanto com sua investidura e imparcialidade necessárias (art.5º, LIII, da
CF). As partes têm capacidade para litigar, estando preenchidos os
requisitos da petição inicial (art.282 do CPC) e sendo válida a citação do
réu.
Não há necessidade de produção de outras provas versando a
questão de mérito unicamente sobre direito e fatos já comprovados
documentalmente, encontrando-se ordenado o processo, de maneira a
comportar o julgamento antecipado, nos termos do art.330, I, do CPC,
salientando que ?o julgamento antecipado da lide, antes de ser uma
faculdade do julgador, é um dever, quando presentes os elementos para
tanto, tendo-se em vista os objetivos de celeridade, efetividade e
economia processual? (TJSC, AC nº 1998.003753-0).
O meritum causae cinge-se a verificar se é legal cobrança de
valor pela emissão de nota fiscal avulsa prevista no Decreto
Municipal nº 8.454/07.
O entendimento exposto na decisão de antecipação da tutela é
o melhor, sendo que, desde então, nada de novo foi trazido aos autos
que o modificasse.
O documento de fl.09 e a cópia do Decreto Municipal nº 8.454,
de 20/12/2007, (fl.08) bem comprovam a exigência do preço público
oriundo da confecção da ?nota fiscal avulsa? necessária ao pagamento
do ISS devido pelo autor.
O Poder Público não pode instituir cobrança de valores
objetivando cobrir despesas para exigir tributos, seja direta ou
indiretamente. Ainda que a nota fiscal avulsa não seja obrigatória, tem-se
que a imposição de cobrança para sua emissão pelo único órgão que a
monopoliza vem a obstar a normal atividade do autor, que terá que pagar
duas vezes em razão de uma mesma obrigação.
Consabido que eventuais despesas realizadas pelo erário para a
confecção e distribuição
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Uruguai, de recolhimento
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não podem ser suportadas pelo contribuinte, uma vez que inexiste
qualquer serviço que possa ser objeto de contraprestação.
E a jurisprudência catarinense há muito já assinalou ?que
eventuais despesas realizadas pelo erário para a confecção e distribuição
de carnês devem por ele mesmo ser suportados (TJSC, ACMS nº
2002.024796-6, de Joinville, Relator Des. Cesar Abreu).
E mais: ?'As despesas com a confecção e a remessa do carnê
para a cobrança de tributos é ônus que deve ser suportado pelo órgão
arrecadador, e não repassado ao contribuinte sob o equivocado rótulo de
'preço público' ou 'taxa de expediente' (TJSC, AI n. 2006.038867-2, de
Criciúma. Rel. Des. Luiz Cézar Medeiros, j. em 27.03.2007)? (TJSC,
Apelação Cível n. 2007.059729-8, de Blumenau, Relator: Des. Sérgio
Roberto Baasch Luz, j.12/03/2008).
Logo, imperiosa a procedência do pedido inicial (art.269, I, do
CPC).
III – DISPOSITIVO
ISSO POSTO, confirmo a decisão que antecipou a tutela e
JULGO PROCEDENTE o pedido formulado na ação autuada sob nº
033.08.019966-9, ajuizada por Fábio Raphael Gonçalves Fabeni contra o
Município de Itajaí, para declarar inexigível o preço público, baseado no
art.1º, II, do Decreto Municipal nº 8.454/07, quando da emissão da dita
?nota fiscal avulsa? necessária ao autor para o exercício de sua atividade
profissional. Declaro a extinção do processo, com resolução do mérito, ex
vi do art.269, I, do CPC.
Condeno o réu ao pagamento das despesas processuais – que
fica isento, conforme art.35, alínea 'h', da Lei Complementar nº 156/97 – e
dos honorários advocatícios, que, na forma do art.20, §§4º e 3º, do CPC,
fixo em R$1.000,00 (mil reais).
Sem reexame necessário (art.475, §2º, do CPC).
Após o trânsito em julgado, arquivem-se os autos.
Publique-se. Registre-se. Intimem-se.
Itajaí(SC), 21 de agosto de 2009.

RODOLFO CEZAR RIBEIRO DA SILVA


Juiz de Direito

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