Edição # 5, Outubro de 2003, São Paulo.

(1)

VOCIS
Temas:
Educ. / Cid.
Contos
Reflexão
Fwd-Mail

O aluno estava imerso naquela prova, aflito pensamentos: “Tanto tempo perdido, tanto esforço

○
○
para resolver o super problema de matemática. A em vão... Bem que eu podia ter ido ao cinema com

○
professora lhe havia dado o ultimato, então dessa

○
a Julieta. Se eu continuar distante ela vai acabar

○
vez ele não podia bobear. Por uma semana seu me trocando por um branquelo qualquer... Ó vida...

○
○
mundo se havia resumido aos estudos. Livros e Ô dó... Mas nem tudo está perdido. Hoje à noite

○
○
livros, cálculos e mais cálculos, e ele ainda não tinha volto a ser feliz!!! Por nada deixarei de ler a nova

○
entendido como resolver a questão. Entre um

○
edição do VOCIS!!!”

○
raciocínio falido e outro, ele se perdeu em

○
SEBASTIÃO SALGADO
O Grupo VOCIS gostaria de agradecer, de
antemão, os elogios dos nossos leitores. E
aqui vai o sentimento de um deles.

MENSAGEM DO NORTE

Eu queria passar uma mensagem de

○

agradecimento ao grupo VOCIS. Na verdade, eu Refugiados do Vietnã

○

nunca pensei que ia gostar de ler esses jornaizinhos

○
○

do VOCIS. Eu achei que esse grupo era mais uma

○

desculpa para falar o que não se deve na internet.

○
○

A realidade é totalmente diferente. turma” só em períodos de férias universitárias.

○

Comecei a ficar um VOCIS-addict. Leio todos os Assim sendo, tenho aquela sensação de estar perto
○
○

jornais VOCIS e ainda os imprimo para encaderná- de todos os brasileiros (e obviamente das
○

los e fazer uma coleção dos jornais VOCIS. Mas por brasileiras) o ano inteiro, e fazer parte integrante
○
○

quê tanto interesse pelo VOCIS ? Eu gosto do jeito de uma opinião brasileira. É o eloqüente
○
○

que o jornal é feito. Para começar, se baseia no sentimento que o VOCIS traz para mim, estudante
○

princípio que todos podem escrever e publicar seu no estrangeiro que, em muitas situações, sente
○
○

texto se esse for argumentado. E isso é o que traz a saudades da “galera do Brasil”. Nesse meu
○

leveza de espírito do jornal. entusiasmo participarei assiduamente das edições

○
○

Muitos temas são discutidos em cada edição e do VOCIS mandando meus textos e opiniões
○

nenhum deles tem algum relacionamento quando eu tiver algo para compartilhar.
○
○

obrigatório com o outro. Isso traz ao leitor uma

○
○

leitura agradável, que distrai e que não quer enfiar

○

nada na cabeça. Muitas opiniões divergentes são

○

O apelido que me atribuíram : Lelex

○

abertamente divulgadas e, desse jeito, o leitor pode

○

se fazer uma opinião mais balanceada dos fatos

○
○

atuais ou universais. Além de tudo, esse jornal me

○

dá aquela impressão que estou conversando com

○
○

os ”amigos” num bar de São Paulo, e isso é muito

○
○

agradável para pessoas como eu que moram no

○

estrangeiro e que têm aquela impressão de ser “da * Lelex é estudante universitário em Paris, França
○
○

Site: www.vocis.kit.net E-mail: vocis@uol.com.br

 Edição # 5, Outubro de 2003, São Paulo. (2)
ou um de seus familiares praticarem furto.

○
○
EDUCAÇÃO E CIDADANIA Ou seja, o legislador terá criado as leis já pensando

○
em quem ele quer ver atrás das grades. Isso, na

○
○
O que os olhos nem verdade, não é novidade. Esse é apenas um dos jeitos

○
implícitos de defender seus interesses. Existem

○
sempre vêem...

○
situações em que ele o faz mais abertamente, como

○
Zini
em relação aos crimes de “colarinho branco”, que são

○
○
Artigo 129 do Código Penal, lesão corporal: punidos de forma muito mais branda do que se espera,

○
“Ofender a integridade corporal ou a saúde de outrem”. desproporcionalmente ao dano que causam ao país.

○
○
Pena: detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano. Já me estendi o bastante. Minha intenção foi apenas

○
compartilhar o pouco que sei sobre os bastidores do

○
○
Artigo 155 do Código Penal, furto: “Subtrair, para si Direito, que é dos pontos mais interessantes dessa

○
ou para outrem, coisa alheia móvel”. matéria.

○
○
Pena: reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa.

○
○
Zini

○
Antes de explicar qual a relevância do que escrevi

○
acima, darei uma breve explicação do que se trata nos

○
○
dois parágrafos que seguem.

○
Em poucas palavras - simplistas, mas ilustrativas: SEBASTIÃO SALGADO
Direito é o conjunto de regras, provindas do Estado,
que devemos cumprir, ou então seremos castigados.
Essas regras se mostram, sobretudo, dentro de livros
especiais. Em particular, as regras referentes a crimes
(ex: matar alguém por vingança, tirar documentos
falsos, etc.) se reúnem, especificamente, no livro
intitulado Código Penal. Dentro do Código Penal, as
regras se manifestam através de vários artigos. Estes
artigos descrevem condutas proibidas, que, caso sejam
seguidas por alguém, farão com que este deva ser
punido. A punição varia dependendo da pena que
estiver descrita sob o artigo. Refugiados de Moçambique
Portanto, os artigos supracitados descrevem duas
condutas proibidas: (i) a lesão corporal. Exemplo: na
frente de uma boate, um jovem dá um soco no olho do
ex-namorado de sua companheira, que os estava
incomodando. Se o dano não é grande, o Estado
considera que o agressor já terá se desculpado com a
vítima entregando-lhe uma cesta básica; e (ii) o furto.
Exemplo: um homem entra em uma casa que não é
sua, e leva o aparelho de DVD para vendê-lo, sem o
proprietário ver ou saber. Caso seja condenado, o
acusado pelo furto não terá outro fim senão a cadeia.
Até aí, nada de impressionante. Mas através desse Refugiados da Etiopia
texto eu pretendo transparecer uma sutileza que deve
ter passado desapercebida aos olhos do leigo no
assunto e também do estudante de Direito. É um ponto
que foi levantado pela minha professora de Direito
Penal, e que me fez ver as leis com mais desconfiança
ainda.
Chega de rodeios. Percebam: ao punir mais
ferozmente o furto do que a lesão corporal de natureza
leve, o legislador penal está atribuindo um maior valor
à propriedade do que ao corpo. “Papagaiando” as
palavras da professora, isso se dá porque o legislador Prisão de crianças, Hong Kong
tem filhos que podem meter-se em brigas nas
discotecas, e ele pode de vez em quando pensar em
bater na sua mulher, mas não pensa na hipótese dele * fazem parte da seção “Refugiados e Migrantes”

Site: www.vocis.kit.net E-mail: vocis@uol.com.br

 Edição # 5, Outubro de 2003, São Paulo. (3)
negão se sentir ofendido, o segrega dos brancos. Mas o pior

○
REFLEXÃO

○
preconceituoso é ele, que é que esses líderes ganham a vida

○
considera sua negritude algo com um discurso de combate ao

○
O Preconceito Racial

○
inferior, e não eu! preconceito, mas os maiores

○
no Brasil Quanto à superexposição do preconceituosos são eles, pois

○
○

○
problema, imaginem se uma justamente vivem do preconceito

○
pessoa quisesse chocar as pessoas deles e dos outros!

○
○

○
Há muito desejo escrever sobre e resolvesse pagar um branquinho O preconceito também está

○
este tema que vem me causando para lhe colocar uma coleira e levá- presente na mídia. Alguém se

○
○

○
certos transtornos na vida. Tudo lo pra Avenida Paulista, onde lembra do quadro do Chico Anísio

○
começou no natal do ano passado montaria um realejo e pediria para “O Café Bola Branca?” Cujo jingle

○
○

○
quando ganhei uma camiseta ele mendigar. Agora imaginem a era:

○
escrito 100% BRANCO. Meu mesma cena, mas ao invés de um No café bola branca

○
○

○
sentimento inicial foi de alegria e branquinho, se pegasse um gente branca não vem,
○

○
euforia. Fui até algumas vezes ○ negrinho! Isso seria muito gente branca é um inferno

○
○

○
para a faculdade com ela, mas as engraçado (em relação à situação, gente branca é um inferno
○

○
pessoas olhando, e o instinto de não ao preconceito)! Mais quem é triste também
○

○
○

○
preservar meu corpo quando saía engraçado ainda seriam os rostos e quem não é de nada
○

○
da faculdade, me fizeram recear revoltosos e inconformados das fica lá na calçada
○

○
○

○
continuar usando a tal camiseta. pessoas na rua. Mas nada não vê o crioléu!
○

○
Mas, ora, não existem os núbios engraçado seria a pessoa O bizarro é que as pessoas não
○

○
○

○
que saem com aquelas camisetas apanhando por uma horda de se chocam com a música. Mas se
○

○
com dizeres semelhantes, como ao invés de falar de brancos, a
○

“100% NEGRO”? Garanto que se
eles saem com essas camisetas é
porque não tem medo de levarem
uma surra, ou até mesmo serem
baleados por brancos extremistas.
Até mesmo na faculdade, onde se
espera que existam pessoas mais
esclarecidas, eu já ouvi pérolas
sobre essa camiseta, tais como: “É
isso aí, tem que matar todos os
negão!”, “Tenho que vir pra
faculdade e ainda ver esse tipo de
○
○
SEBASTIÃO SALGADO música falasse de negros, todos
iriam se revoltar!
É óbvio que seria muita
hipocrisia colocar toda a culpa nos
negros, sendo que foi o homem
branco que os escravizou, que lhes
paga baixos salários, não lhes dá
educação de qualidade, e os
explora até os dias de hoje. Já ouvi
Trabalhadores na Índia comentários hilários na minha
própria família como: “Eu não sou
pessoas enfurecidas, só pelo fato preconceituosa, para mim os

○
○

coisa!” ou ainda, “Adorei sua de se expor um defeito que é deles negros são iguais a nós!” Mas eu
○

camiseta, abaixo ao regime de próprios. E vou ainda mais longe! penso sim, que o primeiro
○

○
○

cotas do governo!” Se um negro visse a segunda cena movimento para acabar com esse
○

Vemos então que a questão do ele pensaria: “Isso é inferiorizar os problema deve partir deles
○

○
○

preconceito no Brasil não é bem negros!” Mas se um branco visse a próprios, com mais auto-estima,
○

resolvida. Ela está presente, mas primeira cena, ele não pensaria: mais respeito aos outros e às
○

○
○

não de forma aberta. E na minha “Isso é inferiorizar os brancos!” Ele tradições.

○

opinião só com a superexposição poderia até pensar: “Isso é Enquanto os negros não
○

○
○

do problema é que conseguiremos inferiorizar o ser humano!” O que respeitarem a si próprios,

○

criar uma consciência nas pessoas em última análise (tomando como ninguém, nem brancos, nem
○

○
○

sobre o tema. É fato também que o argumento o exemplo citado) nos amarelos, nem vermelhos, os
○

preconceito está também na cabeça permite concluir que os negros, ao respeitarão.

○

○
○

dos próprios negros. Por exemplo, serem preconceituosos, não se

○

eu sou uma pessoa que não se consideram seres humanos!

○

○
○

considera preconceituosa (apesar Outro aspecto engraçado do

Paizão
○

de adorar zoar sobre o assunto, tema é a existência de movimentos

○

○
○

pois considero um tema muito negros que combatem o racismo,

○

que são um dos melhores

○

idiota). Portanto, se eu visse um

○

negro e falasse: “E aí negão!”, do exemplos de contradição que

○

existem! Pois a partir do momento

○

meu ponto de vista eu não estaria

○

sendo preconceituoso. Mas se o que o movimento é negro, ele já se

○

○
○

Site: www.vocis.kit.net E-mail: vocis@uol.com.br

 Edição # 5, Outubro de 2003, São Paulo. (4)
um cavalheiro à moda antiga (com passos pequenos,

○
CONTOS

○
demorados... porém esperançosamente efetivos).

○
Depois de quase 2 horas de aula, Zezinho sai ao

○
○
encontro de sua paixão, num restaurante ali perto.
Desilusões Amorosas

○
Encontram-se e começam a almoçar e a conversar.

○
○
Zezinho está convencido que de hoje, 6 meses depois,

○
Foks Kiko não passa. No meio da conversa ele solta uma

○
○
(in)direta para Ela. Ela meio envergonhada responde

○
Zezinho: jovem garoto supercomportado, educado, tudo o que ele não gostaria de ouvir: “você é muito

○
○
esperto; um rosto legal, simpático e... solteiro! Solteiro? legal mesmo, mas só vejo você como amigo”.

○
Não seria tudo que uma garota quer? Não! É, essa é a Desesperado ele sai correndo. E vai pra casa chorar as

○
○
realidade de Zezinho... Quem diria? pitangas. Mas ainda tinha a balada! Como eles iriam

○
Acompanhem um dia normal para Zezinho (curioso se falar? Ô dó!

○
○
para nós leitores) e vocês entenderão. Ao anoitecer, Zezinho ligou para seu amigo Rô, que

○
Zezinho começa sua rotina às 7 da manhã, acorda, passaria em sua casa para pegá-lo e irem juntos à

○
○
come, se veste e sai para a Facu. Ao entrar no elevador balada. Pouco tempo depois, lá estavam eles. Ao

○
ele encontra suas famosas “sogras”: 3 mulheres de encontrar sua Julieta, eles se falaram mas Ela mal lhe

○
○
meia-idade que o enchem de elogios, beijos, apertos respondia. Como de costume cavalheiresco, resolveu

○
de bochecha, e adorariam que ele namorasse suas comprar umas bebidas para ambos, e deixou seu
○
○
filhas... Estas filhas, nem o querem por perto (não me ○
amigo “cuidando” dela, para que ninguém se
perguntem por quê!)... aproximasse... Ao voltar, ele viu Romeu e sua Julieta
○
○

O elevador chega no subsolo, ele se despede, tenta se agarrando. Mas eles mal se conheciam! Estressado
○

esquecer sua “solterice” e entra correndo no carro para (para não dizer outra palavra), ele tomou as bebidas e
○
○

sair rumo ao seu destino. Como de costume, ele chega saiu da balada de Táxi. Chegou “breaco” em casa,
○

atrasado na Facu, mas antes de seus próprios perdeu a chave no poço do elevador (não perguntem
○

como!). Sem jeito, foi dormir no hall a procura de uma

○

professores... enfim... Ao passar pelo corredor, ele

○

encontra sua velha paixão do colégio! Ela era dele? luz no fim do poço do elevador: “Quando irei entender
○

as mulheres de hoje? Nasci na época errada? Minha

○

Não... nananinanão! Ela preferia um “peito-de-

○

pomba”, malhado (só fisicamente, né!), bonitão... vez chegará?”.

○
○

babaca que ficava com todas! Zezinho fica indignado

○

cada vez que pensa nisso, mas acelera o passo devido As vozes no seu sonho lhe disseram: “Nunca”.
○

a seu atraso, e entra na sala. “Talvez”. “...” Bip, bip, tocou o despertador.
○
○

Nada mais o abalará hoje. Especialmente hoje, ele

○

está feliz porque vai almoçar e sair pra balada com Foks Kiko
○
○

uma “amiga” que ele está tentando conquistar como

○
○

SEBASTIÃO SALGADO

Primeira Comunião em Oração de Agradeçimento

Juazeiro, Brasil em Oaxaca, Mexico
Antes do Casamento,
Sertão da Bahia

* fazem parte da seção “Outras Américas”

Site: www.vocis.kit.net E-mail: vocis@uol.com.br

 Edição # 5, Outubro de 2003, São Paulo. (5)
deixar nada aos outros que vivem

○
SEBASTIÃO SALGADO

○
REFLEXÃO e convivem ao seu lado? É possível

○
você ser totalmente insignificante

○
○
Meu mundo é seu para o seu mundinho? Bom, essas

○
perguntas são difíceis para se

○
mundo?

○
responder tão cedo. Uma coisa é

○
certa, se você se preocupar em

○
○
Ao reler um texto de uma edição viver bem com o seu mundo então

○
○
anterior do jornal VOCIS sobre o tudo o que fará será ditado pelo

○
Tempo, eu fiquei com vontade de seu coração. Se eu me esforço em

○
○
dar minha opinião sobre esse ser agradável, até mesmo para

○
assunto. Nesse texto, o Toad diz quem não é comigo, não é por

○
Estação em Bombay, Índia
○
que “se não for atrás do que o [seu] educação ou por interesse em

○
coração diz gostar, não seria muito receber algo em troca, é por que
○
○
proveitoso deixar algo nesse ○
estou cuidando do meu mundo
mundo”. Eu concordo tanto com como se estivesse cuidando da
○
○

isso, que eu quero desenvolver minha casa ou de mim mesmo. As

○

essa idéia insistindo na última coisas se tornam bem mais limpas

○
○

palavra da frase. e claras quando esse esforço é feito.

○

A minha grande questão é “o A vida não se torna mais fácil, mas

○
○

que é o Mundo”? Não pretendo pelo menos, menos ácida e rugosa.

○

analisar essa palavra como um Afinal, será isso a paz interior?

○
○

filósofo o faria. A minha opinião é Talvez, por que para fazer o bem
○

que o mundo é uma palavra que para os outros, você primeiro

○
○

parece universal, a mesma para precisa entender quem são os

○

todos: vivemos no “mesmo” outros e qual é a sua posição no

○
○

Mundo, ou ele se acha o “Dono” seu mundo e no mundo de cada Diferenças em Jacarta, Índia
○

do mundo? Na verdade essa um que faz parte do seu. Precisa

○
○

palavra é individual, ou seja, o agir sempre pensando nas

○

mundo é individual. Não vivemos repercussões de hoje e de mais

○
○

todos no “mesmo” mundo, mas tarde. O que você vai contar aos
○

cada um tem o seu mundo aonde seus netos na sua cadeira de

○
○

ele se desenvolve. Um nunca vai balanço? Viver em paz para

○

atingir outro mundo por que eu transmitir paz para os outros. Vou
○
○

simplesmente estou chamando de retomar essa frase muito boa da

○

avó do Toad “Après moi le

○

mundo tudo o que um ser humano

○

vê, toca, sente, ouve e desenvolve. déluge”. Mas enquanto estou aqui,
○
○

Muitas vezes pensando em “meu quero sol. Espero ter convencido

○

mundinho” em vez de “o Mundo” alguém que viver não é só

○

Mesquita em Jacarta
○

as coisas se esclarecem mais reclamar das coisas ruins, e

○

rapidamente. Bom, essa idéia pode idealizar as coisas boas. É só uma

○
○

não abalar você que está lendo, questão de “o que você quer na
○

mas eu estou convencido de que o vida” (sem querer plagiar o título

○
○

tempo poderá mostrar que vale a do texto do Toad (Edição #2

○

pena considerar esse ponto de VOCIS)).

○
○

vista.
○

Mas e agora como fica a frase do

○
○

Toad que diz que não vale a pena

○

deixar rastros no “seu mundinho” Lelex

○
○

se você não vai atrás do seu

○
○

coração? Aí essa frase, nessa

○

interpretação, leva outro ponto Cidade do Mexico

○
○

importante: o fato de “deixar

○

rastros”. Neste caso, o que

○
○

significa deixar rastros no seu

○

mundinho? É possível você não * fazem parte da seção “Megalópoles”

○
○

Site: www.vocis.kit.net E-mail: vocis@uol.com.br

 Edição # 5, Outubro de 2003, São Paulo. (6)

CONTO SEBASTIÃO SALGADO

A Macarena

O Menino-Bolo pergunta: “Senhor Rabugento, por

que Deus criou a Macarena e depois a destruiu?”.
Velho Rabugento responde: “Porque ele estava
testando a força de vontade dos homens, meu filho. E
ele acabou se decepcionando. Quando foi lançada foi
uma alucinação geral: o mundo parou e se uniu em
uma só coreografia. Nas igrejas, houve relatos de
pessoas de que, ao chegar no confessionário, ouviam
Afeganistão Angola
geralmente uns grunhidos, barulhos, cochichos. Eram
os padres sussurrando e cantarolando o grande hit.
Deus, então, vendo que os homens largaram tudo ao
ritmo proibido, vetou a música e fez a humanidade
esquecê-la como num passe de mágica. Agora ela é
exclusividade dos grandes salões do céu, onde todos
os anjos e santos dançaram exaustivamente por um
longo tempo”.
- Mas e agora, o que Deus está curtindo?
- Até pouco tempo, o céu estava sendo embalado ao
ritmo de Ragatanga, do grupo Rouge. Mas isso foi só
até o Divino descobrir que a música não passava de Mexico Croácia
uma mutreta do Coisa-ruim para dominar o reino dos
céus. Ele fez uma letra subliminar, com mensagens
demoníacas inclusas.
- E o que Deus fez?
- O primeiro passo foi reimplantar o rock n’ roll em
seus domínios. Assim sendo, astros póstumos como
Freddie Mercury e Curt Cobain foram perdoados e
puderam voltar ao paraíso - muito mais paraíso a partir
desse feito. E para garantir que outras músicas
“alteradas” não voltassem a tocar no céu, Deus mudou Brasil
pessoalmente suas letras, gerando hits Divinos como
“We Are the Monks”, “Smells Like a Holy Spirit” e
“Light My Life”.
- E o que aconteceu com o Coisa-ruim?
- Teve seu castigo. Como penitência, ele foi obrigado
a atuar no programa “A Praça é Nossa do Além”,
fazendo o papel do Homem da Praça e tendo que
contracenar com todos os comediantes já falecidos que
participaram do programa em vida.
- E acabou assim? Moçambique Ruanda
- Ah, aí o Fedorento ficou enfurecido de vez... O Feioso,
num último ato desesperado baixou no Presidente dos
EUA, George W. Bush e causou um grande strike na
ordem mundial.
- E agora Senhor Velho?
- Agora é esperar, pois é a vez de Deus dar o seu lance.
Tó, meu filho, pega dez cruzados. Vai comprar uma
revista de mulher nua, vai.

Martché Vietnã Índia

* fazem parte da seção “Crianças”

Site: www.vocis.kit.net E-mail: vocis@uol.com.br

Edição # 5, Outubro de 2003, São Paulo. (7)

NETNEWS

Nota da Edição Enquete do mês de

Outubro/03
Caros Leitores, aqui se concretiza mais uma
edição do VOCIS. Preparem-se para festejar Na sua opinião, para o crescimento
“meio” ano de VOCIS! do nosso país, é necessário se aliar
Poucos acreditaram, incluindo os realizadores a quem?
(no início), que esta idéia fosse durar. Mas
agora, nós todos esperamos que dure muitas - Estados Unidos (Alca)
vezes mais. - Europa
Ps: Curtam o nosso Artista de Outubro, idéia - Mercosul
da nossa amiga Zini que nos presenteou com o - Quatro Tigres (Sul da Ásia)
brilhantismo de um fotógrafo como artista - Rússia
deste mês.

Gratos, Grupo VOCIS.

Novidades no VOCIS:
- Sebastião Salgado, fotógrafo brasileiro, está estampado nesta Edição do VOCIS.
Entrem no nosso site para mais fotos. Lá, haverá um link para a sua página oficial.
- Não se esqueçam de votar na nossa Enquete! Ajudem o Brasil a crescer!
- Aguardem que o site está sendo reconfigurado. Dentro de pouco tempo, vocês
poderão ver um cronograma cultural de São Paulo.
- Ajudem-nos com novas idéias. Tudo é bem-vindo para fazer do seu VOCIS, um
jornal mais interessante e divertido.

PARTICIPEM E OBRIGADO!!!
Fwd-Mail
Fragmento de um texto de Nostradamus localizado em Dublin:

...”e próximo do terceiro ano do terceiro milênio uma besta barbuda descerá triunfante
sobre um condado do hemisfério sul espalhando a desgraça e a miséria. Será
reconhecido por não possuir seus membros superiores totalmente completos. Trará
com ele uma horda que dominará e exterminará as aves bicudas de bem e implantará
a barbárie por muitas datas sobre um povo tolo e leviano”...

Para quem quiser conferir:

Livro: Visão das Trevas, grandes catástrofes da humanidade. Pág. 102 -
Nostradamus, Editora Record

apresentado por Zini.

Site: www.vocis.kit.net E-mail: vocis@uol.com.br