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Senhor Presidente,
Senhoras Senadoras,
Senhores Senadores,
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Lula falhou ao nomear os principais da equipe, de setores
importantes, como a Justiça e a Saúde, nos quais começou com ministros
ruins, foi trocando e foi piorando, foi mudando e foi ficando cada vez mais
lastimável. No Ministério da Fazenda, o presidente da República contou
com o acaso. Estava a distribuir os uniformes e quando viu só faltavam a
camisa 10 e o enroladíssimo prefeito de Ribeirão Preto Antônio Palocci. Os
mais próximos do então presidente eleito esperavam algum cargo em troca
do papel de Palocci na campanha de 2002, mas nunca que fosse exatamente
o comando da economia. Pode ser mentira de quem diz que o presidente às
vezes se sente deus, mas é verdade que acerta por linhas tortas. Aproveitou
quase seis anos de notícias sempre boas sopradas de todo lado do mundo e
governou com tranquilidade. Quando a crise chegou, o País estava
preparado, pois o Plano Real o havia deixado com uma estabilidade inédita,
que perdura.
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a essas inverdades curriculares. O problema é que o governo vai virando
tema de gracejos, a ponto de, nos comentários à reportagem sobre o canudo
falso de Amorim, alguém questionar se o diploma de torneiro mecânico do
Presidente existe mesmo ou falta ser convalidado por alguma dissertação.
Um dos contos em que Lula caiu foi liderar o bloco dos esfarrapados
e, com isso, conseguir uma vaga no Conselho de Segurança da ONU. No
estapafúrdio planejamento de Amorim, pois uma bobagem dessas deve ter
sido esquadrinhada, o Brasil perdoaria dívida de países africanos e
atribuiria as crises aos olhos azuis dos europeus, rosnaria com os Estados
Unidos e seria um gatinho com a Bolívia, ouviria atentamente Chávez e
berraria com Bush. Nessa toada, seria automaticamente o representante dos
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pequenos e os membros permanentes, China, Estados Unidos, França,
Reino Unido e Rússia, se sentiriam pressionados a ampliar o Conselho de
Segurança apenas para satisfazer o pleito de Amorim. Claro, deu tudo
errado, como é praxe nas ações do chanceler. Como ele gosta demais de
aparecer, uma espécie de José Dirceu mirim, leva-se a supor que o ministro
deve ter sonhado com a Presidência da República. Da caixa craniana de
onde se extraem semelhantes embustes, falta apenas esse.
Do Itamaraty para o Planalto? Sim, por que não? Seu esquema era
assim: eu consigo colocar tais brasileiros em postos-chaves de organismos
internacionais, incluo o Brasil no Conselho de Segurança das Nações
Unidas, cuido da América como xerife de quintal, ah, o Presidente Lula vai
acabar me notando como político. Ora, o José Dirceu tombou pelo
mensalão, o Palocci foi moído por um caseiro e a nova opção do Presidente
para sua sucessão caminha para ter o desempenho eleitoral do Marronzinho
e a performance de Lívia Maria, os Roussef de 1989, ah, pode sobrar para
mim. Isso é Amorim raciocinando e quando ele pensa é um perigo.
Continua suas divagações. Meu antecessor, Fernando Henrique Cardoso,
elegeu-se e reelegeu-se Presidente da República. E ele nem era dos quadros
do Itamaraty. Por que não eu, diplomata de carreira há 44 anos? É, Amorim
é capaz de bolar uma tolice dessas, mas, como já se viu, tudo que sai
daquele cérebro brilhante resulta em presepada.
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deve fazer longe das câmeras. Vamos rememorar a sucessão de equívocos
do Itamaraty nesse episódio:
Segundo, Márcio Barbosa tinha de contar com o Brasil não por ter
nascido aqui, mas por ser o melhor. A agência é de Cultura, Educação e
Ciência, Barbosa é um intelectual ligado às três áreas, foi presidente do
Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, respeitado nos cinco continentes.
Passa pelo chefe de Amorim dizendo não ter paciência nem vontade
de ler. Por isso, o ministro o convence a endossar um queimador de livro.
Se a promessa fosse a de incinerar os exemplares também dos demais
idiomas, a ajuda brasileira teria se ampliado;
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mas o chanceler afirma que Zelaya não é asilado ao mesmo tempo em que
está desautorizado pelo presidente Lula a entregar o ex-chefe de Estado da
Nicarágua a quem o derrubou do poder. O volume de princípios de
diplomacia violados nos dois dias de Zelaya no papel de embaixador
brasileiro não pode ser maior que a alegada amizade entre o derrubado líder
hondurenho e o presidente brasileiro.
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No futuro, o presidente Lula vai ser lembrado como o operário que
governou num período de prosperidade globalizada, com crescimento
universalizado e o acesso de multidões a bens de consumo dos quais
viviam alijadas. Mas se o responsável pelo Bolsa Família fosse Celso
Amorim, o Brasil estaria catando corpos nas ruas com pá-mecânica, tantos
seriam os mortos de fome, contados aos milhares por dia em todas as
regiões. Nesse momento, Amorim estaria comemorando os baixos índices
de obesidade entre as camadas mais simples da população, explicando com
sua voz de pato de desenho animado como seis anos de dieta rígida deixam
qualquer um em forma. Felizmente, o cacife de Amorim não serviu de
parâmetro para as demais nomeações.
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vão ter muito trabalho para corrigir o tempo em que a política externa
brasileira foi guiada por uma caricatura.
Muito obrigado.