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MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO

UNIVERSIDADE LUTERANA DO BRASIL


CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO
TÉCNICAS RETROSPECTIVAS

CARTAS PATRIMONIAIS

Professor: Eduardo Rocha


Acadêmicas: Rafaella Riva
Tatiane Moro

SANTA MARIA/RS
2009
INTRODUÇÃO

Estudos das Cartas Patrimoniais do ano de 1937 a


1970.
1937 - DECRETO-LEI Nº. 25 DE 30 DE
NOVEMBRO DE 1937

CAPÍTULO I DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL


- Lei Nacional - PATRIMÔNIO HISTÓRICO E ARTÍSTICO NACIONAL, o conjunto dos
bens móveis e imóveis existentes no país e cuja conservação seja de interesse
público;
- Excluem-se obras de origem estrangeira;
- Possuirá quatro livros do Tombo, - do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico
- do Tombo Histórico, - do Tombo das Belas Artes, - do Tombo das Artes Aplicadas
CAPÍTULO III DOS EFEITOS DO TOMBAMENTO
- Sem prévia autorização do Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional, não se
poderá, na vizinhança da coisa tombada, fazer construção que lhe impeça ou
reduza a visibilidade, nem nela colocar anúncios ou cartazes, sob pena de ser
mandada destruir a obra ou retirar o objeto;
- O proprietário de coisa tombada, que não dispuser de recursos para proceder às obras
de conservação e reparação que a mesma requerer, levará ao conhecimento do
Serviço do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional a necessidade das
mencionadas obras, sob pena de multa correspondente ao dobro da importância
em que for avaliado o dano sofrido pela mesma coisa.
1956 - NOVA DELHI
Conferência Geral da Organização das Nações Unidas para a Educação,
Ciência e Cultura

Os sentimentos que dão origem à contemplação e ao conhecimento das obras


do passado podem facilitar a compreensão mútua dos povos. A história do
homem implica no conhecimento das diferentes civilizações; que é
preciso, portanto, que todos os vestígios arqueológicos sejam estudados,
eventualmente preservados e coletados.
- Aplica-se vestígios arqueológico, cuja conservação apresente um
interesse público do ponto de vista da história ou da arte;

Educação do povo
- A autoridade competente deveria empreender uma ação educativa para
despertar e desenvolver o respeito e a estima ao passado, através do
ensino de história, participação de estudantes, exposições, apresentação
clara dos sítios arqueológicos explorados. Os Estados Membros deveriam
adotar todas as medidas necessárias para facilitar o acesso do público a
esses sítios.
SÍTIO ARQUEOLÓGICO NA COLÔMBIA
Estudantes da Universidade Nacional da Colômbia fazem escavações em um
cemitério indígena com cerca de 1.500 anos, estimam os arqueólogos.
Ruínas foram descobertas por acaso, durante uma obra. Abril de 2008.

Imagem 01
Fonte: g1.globo.com
1961 - LEI Nº. 3.974 DE 26 DE JULHO DE 1961
- Os monumentos arqueológicos ou pré-históricos de qualquer natureza
existentes no território nacional e todos os elementos que neles se
encontram ficam sob a guarda e proteção do Poder Público;
- São proibidos em todo o território nacional, o aproveitamento econômico,
a destruição ou mutilação, para qualquer fim, das jazidas arqueológicas
ou pré-históricas conhecidas como sambaquis, casqueiros, concheiros,
birbigueiras ou sernambis, e bem assim dos sítios;
- Qualquer ato que importe na destruição ou mutilação dos monumentos
será considerado crime contra o Patrimônio Nacional.

CAPÍTULO II DAS ESCAVAÇÕES ARQUEOLÓGICAS REALIZADAS POR


PARTICULARES
- O direito de realizar escavações para fins arqueológicos, em terras de
domínio público ou particular, constitui-se mediante permissão do
Governo da União, através da Diretoria do Patrimônio Histórico e Artístico
Nacional;
- As escavações devem ser necessariamente executadas sob a orientação
do permissionário, que responderá, civil, penal e administrativamente,
pelos prejuízos que causar ao Patrimônio Nacional ou a terceiros;
CAPÍTULO III DAS ESCAVAÇÕES ARQUEOLÓGICAS
REALIZADAS POR INSTITUIÇÕES CIENTÍFICAS
ESPECIALIZADAS DA UNIÃO, DOS ESTADOS E DOS
MUNICÍPIOS
- A União, bem como os Estados e Municípios mediante
autorização federal, poderão proceder a escavações e pesquisas,
no interesse da arqueologia e da pré-história em terrenos de
propriedade particular, com exceção das áreas muradas que
envolvem construções domiciliares;
- Em casos especiais e em face do significado arqueológico
excepcional das jazidas, poderá ser promovida a desapropriação
do imóvel, ou parte dele, por utilidade pública.
1962 – RECOMENDAÇÃO PARIS PAISAGENS E SÍTIOS
RELATIVA A PROTEÇÃO DA BELEZA E DO CARÁTER DAS PAISAGENS E
SÍTIOS
- O homem algumas vezes submeteu a beleza e o caráter das paisagens e
dos sítios que fazem parte do quadro natural de sua vida, ao desenvolver
por vezes desordenadamente os centros urbanos, executar grandes obras
e realizar planejamentos físicos territoriais e instalações de equipamento
industrial e comercial;
- Reconhece que é preciso levar em conta as necessidades da vida coletiva
e sua evolução, assim é desejável estudar e adotar medidas para
salvaguardar a beleza e caráter das paisagens e dos sítios;
DEFINIÇÃO
Para efeitos da Recomendação, entende-se por salvaguarda da beleza e do
caráter das paisagens e sítios a preservação e, quando possível, a
restituição do aspecto das paisagens e sítios, naturais, rurais ou urbanos,
devidos à natureza ou obra no homem, que apresentem um interesse
cultural ou estético, ou que constituem meios naturais característicos.
As medidas preventivas deveriam visar a protegê-los dos perigos que os
ameaçam. Deveriam consistir no controle dos trabalhos e atividades
susceptíveis de causar dano às paisagens e aos sítios e, especialmente,
de:
a) Construção de edifícios públicos e privados de qualquer natureza. Seus
projetos deveriam ser concebidos de modo a respeitar determinadas
exigências estéticas;
b) Construção de estradas;
c) Linhas de eletricidade de alta ou baixa tensão, instalações de produção
e de transporte de energia, estação de rádio, televisão, etc.;
d) Construção de auto-serviços para distribuição dos combustíveis;
e) Cartazes publicitários e anúncios luminosos;
f) Desmatamento;
g) Poluição do ar e água;
h) Exploração de minas e pedreiras e evacuação de seus resíduos;
i) Captação de nascentes, trabalhos de irrigação, barragens, canais,
aquedutos, regularização dos cursos de água, etc.
j) Campismo;
k) Depósitos de material e de matérias usadas, assim como detritos e
dejetos domésticos, comerciais ou industriais.
MEDIDAS DE SALVAGUARDA

a) Controle geral por parte das autoridades competentes;


b) Inserção de restrições nos planos e urbanização e no planejamento em
todos os níveis: regional, rurais ou urbanos;
c) Proteção legal por zonas, das paisagens extensas;
d) Proteção legal dos sítios isolados;
e) Criação a manutenção de reservas naturais e parques nacionais;
f) Aquisição de sítios pelas coletividades públicas.

Os Estados Membros deveriam facilitar a tarefa dos museus existentes, com o


objetivo de intensificar a ação educativa já empreendida nesse sentido e
considerar a possibilidade de criar museus especiais, ou seções
especializadas nos museus existentes, para o estudo e a apresentação
dos aspectos naturais e culturais determinadas por regiões.
1964 – CARTA DE VENEZA

 CARTA INTERNACIONAL SOBRE CONSERVAÇÃO E


RESTAURAÇÃO DE MONUMENTOS E SÍTIOS.

Portadoras de mensagem espiritual do passado, as obras monumentais de


cada povo perduram no presente como testemunho vivo de suas tradições
seculares.
A humanidade consciente da unidade dos valores humanos, as considera
um patrimônio comum, e perante as gerações futuras, se reconhece
solidariamente responsável por preservá-las.
DEFINIÇÕES

A NOÇÃO DE MONUMENTO HISTÓRICO

Compreende a criação arquitetônica isolada, bem como um sítio


urbano ou rural que dá testemunho de uma civilização particular ou de
algum acontecimento histórico. Não só às grandes criações mas às
obras modestas que tenham adquirido com o tempo um significado
cultural.
FINALIDADE

 A CONSERVAÇÃO e a RESTAURAÇÃO dos monumentos visam


a salvaguardar tanto a obra de arte quanto o testemunho histórico.

CONSERVAÇÃO
A conservação dos monumentos é sempre favorecida por sua
destinação a uma função útil à sociedade, é portanto, desejável mas
não pode alterar à disposição ou a decoração dos edifícios.
CONSERVAÇÃO

 - O monumento é inseparável da história.


 - O deslocamento de todo o monumento ou de parte dele não pode
ser tolerado, exceto quando a salvaguarda exigir ou justificarem
razões de grande interesse.
 - Os elementos de escultura, pintura ou decoração que são parte
integrante do monumento não podem ser retirados a não ser que
essa medida seja a única capaz de assegurar sua conservação.
RESTAURAÇÃO

 - A restauração é uma operação que deve ter caráter excepcional.


 - Tem por objetivo conservar e revelar os valores estéticos e
históricos do monumento.
 - A restauração será sempre precedida e acompanhada de um
estudo arqueológico e histórico do monumento.
 - Quando as técnicas tradicionais se revelam inadequadas, a
consolidação do monumento pode ser assegurada com o emprego
de todas as técnicas modernas de conservação e construção.
RESTAURAÇÃO

 - Os elementos destinados a substituir as partes faltantes devem


integrar-se harmoniosamente ao conjunto, distinguindo-se, todavia,
das partes originais a fim de que a restauração não falsifique o
documento de arte e de história.
 - Os acréscimos só poderão ser tolerados na medida em que se
respeitarem todas as partes interessantes do edifício, seu esquema
tradicional, o equilíbrio de sua composição e suas relações com o
meio ambiente.
DOCUMENTAÇÃO E PUBLICAÇÕES

 - Os trabalhos de conservação, restauração e escavação serão


sempre acompanhadas pela elaboração de uma documentação sob
a forma de relatórios analíticos e críticos, ilustrados com desenhos
e fotografias.
 - Essa documentação será depositada nos arquivos de um órgão
público e posta à disposição dos pesquisadores.
1964 – RECOMENDAÇÃO PARIS
DEFINIÇÕES
 Para efeito desta recomendação, são considerados bens culturais, bens
imóveis e imóveis de grande importância para o patrimônio cultural de
cada país tais como:
 Obras de arte e de arquitetura;
 Manuscritos;
 Livros e arquivos;
 Bens de interesse histórico, artístico e arqueológico;
MEDIDAS RECOMENDADAS

 IDENTIFICAÇÃO E INVENTÁRIO NACIONAL DOS BENS CULTURAIS.

Cada Estado Membro deveria, na medida do possível, estabelecer e


aplicar procedimentos para a identificação dos bens culturais e
estabelecer um inventário nacional desses bens.
Um objeto cultural de propriedade privada deveria permanecer como
tal mesmo após sua inclusão no inventário nacional.
1968 – RECOMENDAÇÃO PARIS DE
OBRAS PÚBLICAS OU PRIVADAS
DEFINIÇÕES
A expressão bens culturais se aplicará:
- Bens imóveis;
- Edificações ou outros elementos de valor histórico, científico, artístico
ou arquitetônico, religiosos, incluindo os conjuntos tradicionais, os
bairros históricos das zonas urbanas e rurais;
- Imóveis do mesmo caráter que constituam ruínas ao nível do solo
como os vestígios históricos descobertos sob a superfície da terra;
- A expressão bens culturais se estende também ao entorno desses
bens
As medidas preventivas e corretivas deveriam ter por finalidade
assegurar a proteção dos bens culturais ameaçados por obras públicas e
privadas, tais como:
- Os projetos de expansão urbana, ainda que respeitem monumentos
protegidos por lei, mas possam vir a modificar a estrutura de menor
importância e, assim destruir as vinculações e o quadro que envolve os
monumentos nos bairros históricos;
- Obras similares em locais onde conjuntos tradicionais de valor cultural
possam correr perigo de destruição por não se constituírem em
monumentos protegidos por lei;
- Modificações inoportunos de edificações históricas isoladas;
- A construção ou alteração de vias de grande circulação;
-A construção de barragens para irrigação, produção de energia
hidroelétrica;
- Os trabalhos agrícolas;
- Os trabalhos exigidos pelo desenvolvimento de indústrias;

Os Estados Membros, deveriam garantir a conservação dos bens


culturais ameaçados por obras públicas e privadas, para a continuidade
e significação da histórica.
MEDIDAS DE PRESERVAÇÃO E SALVAMENTO

A preservação ou o salvamento dos bens culturais ameaçados por


obras públicas ou privadas deveria ser assegurada pelos meios abaixo:
-Legislação;

- Financiamento;
-Medidas administrativas;
- Métodos de preservação e salvamento dos bens culturais;
- Reparações;
- Assessoramento e Programas educacionais;
1970 – COMPROMISSO DE BRASÍLIA

1º Encontro dos governadores de estado, secretários da área cultural e


Prefeitos, no encontro promovido pelo Ministério da Educação e Cultura,
para o estudo das medidas necessárias à defesa do patrimônio histórico
e artístico nacional.
Para remediar a carência de mão de obra especializada, nos níveis
superiores, médios e artesanal é indispensável criar cursos visando à
formação de arquitetos, restauradores, conservadores de pintura,
escultura, arquivologistas e museólogos de diferentes especialidades,
orientados pelo Arquivo Nacional os cursos de nível superior.
 Recomenda-se utilização preferencial para casas de cultura, dos
imóveis de valor histórico e artístico cuja proteção incumbe ao poder
público;
 Sendo o culto ao passado deverão ser incluídas nos currículos
escolares do nível primário ao superior o conhecimento e a preservação
do acervo histórico e artístico.

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