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Professores do privado aderem à manifestação

PEDRO VILELA MARQUES

Os cerca de cinco mil professores do ensino privado não-superior inscritos na Federação Nacional dos
Professores (Fenprof) estão disponíveis para entrar na Marcha da Indignação que vai juntar milhares de
professores em Lisboa, no sábado. Esta é a convicção que os responsáveis pelo sector na federação sindical
apresentaram ao DN. No entanto, esse números podem subir ainda mais se os cerca de seis mil professores de
escolas privadas filiados na Federação Nacional dos Sindicatos da Educação decidirem juntar-se ao protesto,
embora a FNE não tenha dado indicações nesse sentido.

Só o Sindicato dos Professores da Grande Lisboa tem 2500 associados que dão aulas em escolas privadas, de
entre cinco mil professores do privado, que não pertencem ao ensino superior, inscritos na Fenprof. Cerca de
10% dos 50 mil do total nacional. E segundo Graça Sousa, responsável da Fenprof por esse sector, há uma
anormal mobilização entre esses docentes para o protesto, o que pode representar um importante reforço para
os organizadores da manifestação deste fim-de-semana. "O protesto de sábado extravasou reivindicações
isoladas de professores para se transformar numa luta pela dignificação da carreira docente. Embora não se
consiga quantificar o número de professores do privado que vão participar na manifestação deste fim-de-
semana, existe uma grande mobilização deste sector, que costuma ser menos interventivo neste género de
protestos. Isto só é possível pela postura arrogante do ministério da Educação que criou um grande identificação
entre toda a classe docente".

Já o presidente da Associação do Ensino Privado discorda de Graça Sousa. Para João Alvarenga, os professores
que trabalham fora do ensino público não têm o direito de se manifestarem na Marcha da Indignação. "Não
tenho conhecimento de qualquer mobilização, nem sequer faz sentido que isso aconteça, porque não está em
causa uma questão que os atinja directamente", argumenta João Alvarenga, que também dirige um colégio em
Barcelos. "Uma manifestação deve ser feita quando o trabalhador se sente prejudicado, o que não acontece
neste caso, em que os professores do privado não têm razões de queixa. Os professores não se devem
manifestar por questões políticas". Ainda assim, João Alvarenga assegura que o modelo de avaliação dos
professores instituído no privado foi bem estudado e negociado em conjunto com as frentes sindicais, pelo que
até ficava feliz se servisse de exemplo para a avaliação do ministério.

Neste ponto, tanto o presidente das escolas do ensino privado como Graça Sousa estão completamente de
acordo. Também a sindicalista da Fenprof garante que o sistema de avaliação dos docentes adoptado há dois
anos pelo ensino privado funciona sem problemas de maior, e que devia servir de exemplo ao ministério da
Educação. "O regime encontrado para o privado foi aplicado de forma lenta, sem corridas, onde foi previsto um
regime experimental e se estabeleceu uma comissão de acompanhamento para analisar casos de incorrecta
aplicação", exemplifica Graça Sousa, que realça ainda o facto de o processo se basear na auto-avaliação. |

In: DN, 6/03/08

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