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Avaliação "flexível" pode dar queixas

Os mecanismos de "flexibilização" da avaliação dos professores anunciados pela


ministra da Educação, como a dispensa da observação de aulas em
estabelecimentos onde esta actividade se revele impossível, podem levar a
"injustiças" nas avaliações e motivar alguns professores a requererem judicialmente
a nulidade das suas classificações.

O aviso é dos sindicatos de professores, que acusam o Ministério da Educação de


estar a "contornar" as regras que ele próprio definiu no decreto regulamentar
2/2008.

"O próprio decreto regulamentar já previa mecanismos de flexibilização para este


ano lectivo, como a observação de duas aulas em vez de três", lembrou Mário
Nogueira, da Fenprof. "Agora, o que o Ministério não pode fazer é dizer às escolas:
avaliem o que puderem", criticou. "Ou há a avaliação definida ou ela tem de ser
suspensa", considerou.

Em causa, segundo o sindicalista, estão possíveis "injustiças" causadas por


avaliações diferenciadas: "Numa escola, um professor fraco, que seja apenas
avaliado pelo critério da assiduidade, pode ter uma classificação excelente. E outro,
melhor, por que a sua escola já consegue avaliar todos os critérios previstos, acaba
pior classificado", exemplificou.

Para a Fenprof, o resultado de tudo isto pode ser o pedido de nulidade das
avaliações por professores pior classificados que não tenham sido avaliados em
todos os critérios.

Este argumento é subscrito por José Ricardo, presidente do Sindicato dos


Professores da Zona Centro (ZPZN), afecto à FNE: "Consideramos que há
possibilidade de os processos de avaliação poderem ser nulos, porque houve
orientações do Ministério da Educação que fizeram espoletar procedimentos nas
escolas quando o quadro jurídico ainda não estava completamente definido".

Esta estrutura defende mesmo que, actualmente, o Ministério da Educação e as


escolas da sua rede se encontram"legalmente impedidos" de praticar actos
relacionados com a avaliação de professores .

Em causa estão providências cautelares interpostas pelo Sindep/Fenei e pela


Fenprof, pelo menos uma delas já deferida pelo Tribunal Administrativo de Lisboa,
suspendendo a eficácia de um despacho do secretário de Estado da Educação
dando à presidente do Conselho Nacional de Avaliação, Conceição Castro Nunes, o
poder de produzir, em nome de todo o conselho, recomendações sobre os
procedimentos a seguir nas avaliações, o que esta fez.

"Em causa estão decisões sobernas dos tribunais", argumentou. "A atitude do
Ministério da Educação parece ser: 'Vamos para a frente e logo se vê", acusou.
"Parece que as pessoas são impunes e nada lhes acontece por violarem a lei. Quem
vier a seguir que feche a porta".

O Ministério da Educação, com o qual o DN tentou ontem sem sucesso falar, tem
defendido que as recomendações do conselho de avaliação não eram vinculativas.
In DN, 17/03/08

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