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CURSOS ON-LINE – DIREITO CONSTITUCIONAL – CURSO REGULAR

PROFESSOR GUSTAVO BARCHET

AULA 02: NORMAS CONSTITUCIONAIS

1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS

Muito se discutiu e ainda se discute no que toca à imperatividade ou carga


cogente das normas jurídicas, ou seja, sua aptidão para impor-se aos seus
destinatários e obrigar-lhes a conduzir-se nos termos por ela determinados.
Uma adequada compreensão da matéria parte de duas premissas básicas:
(a) toda e qualquer norma jurídica possui imperatividade, potencial
jurídico para impor-se aos seus destinatários, produzindo efeitos jurídicos
sobre as relações jurídicas da qual participam; (b) a imperatividade não se
manifesta com a mesma intensidade em todas as normas jurídicas, ou
seja, as normas jurídicas, conforme sua categoria, possuem graus
diversos de imperatividade.
Nesse contexto, são duas as categorias básicas em que se dividem as
normas jurídicas: as normas cogentes e as normas dispositivas.
As normas cogentes possuem imperatividade em grau absoluto, no sentido
de que impõe aos seus destinatários independentemente de sua anuência.
É, no caso, de nenhuma valia a vontade do sujeito: basta que a situação em
concreto da qual ele participe amolde-se à hipótese em abstrato prevista na
norma jurídica, e esta incide automaticamente, disciplinando a relação
jurídica.
Como subespécies de normas cogentes temos as normas preceptivas, que
obrigam a uma certa conduta; e as proibitivas, que vedam determinado
comportamento.
Ilustrando a exposição, trazemos o art. 1.245 do Código Civil/2002,
segundo o qual: “Transfere-se entre vivos a propriedade mediante o
registro do título translativo no Registro de Imóveis”.
É exemplo de norma cogente preceptiva, pois obriga seu destinatário a
certo comportamento. Nos seus termos, todo aquele que desejar adquirir
uma propriedade (imóvel) deverá necessariamente levar a registro o título
translativo, pois só tal conduta o torna efetivamente proprietário,
integrando o imóvel ao seu patrimônio. Não basta ao interessado, no caso,
a posse de um contrato de compra e venda e dos comprovantes de
pagamento do valor acordado. A propriedade só se transfere, o imóvel só se
torna seu, se levar tal contrato, com a prova da quitação, a registro no
Registro de Imóveis.
Pode-se citar, como segundo exemplo, o art. 426 do Código Civil/2002, que
reza: “Não poderá ser objeto de contrato a herança de pessoa viva”.
Trata-se, aqui, de uma norma cogente proibitiva, fulminando a validade de
quaisquer contratos desta natureza. A todos, portanto, é vedada celebração
de contratos cujo objeto seja a herança de pessoas ainda vivas, sendo
absolutamente nula qualquer disposição contratual em sentido contrário.

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As normas dispositivas, por sua vez, são aquelas que estabelecem uma
regra, mas permitem que seus destinatários disponham de forma diversa da
nela estabelecida. É o caso, por exemplo, do art. 427 do Código Civil/2002,
que dispõe: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso”.
Segundo o dispositivo, se alguém (proponente) faz uma proposta de
contrato a outrem (aceitante), regra geral vincula-se a ela, se a outra parte
concordar com a proposta nos termos originalmente formulados. Esse
efeito, todavia, pode ser sustado pelo proponente, se este, ao elaborar a
proposta, ressalvar expressamente que se reserva o direito de desistência
(ou quando o contrário resultar da natureza do negócio ou de circunstâncias
do caso, como consta no dispositivo).
Como se percebe, o art. 427 estipula uma regra para dada situação
(proposta de contrato), disciplinando seus efeitos jurídicos (vinculação do
proponente à sua proposta). Permite, entretanto, que a parte estabeleça
efeito diverso (não se vinculando à proposta apresentada), mediante sua
manifestação de vontade (ressalvando que não se vincula à proposta).
Temos aqui, então, uma típica norma dispositiva: regula dada situação, mas
apenas no silêncio das partes participantes da relação jurídica. Ela incide,
pois, de forma supletiva, regulando a relação jurídica frente à omissão das
partes em disporem de forma diversa daquela nela estipulada.
Perceba-se que a norma dispositiva goza de imperatividade, apenas em
grau menor que a norma cogente. Esta incide sempre, independentemente
de vontade das partes, ao passo que a norma dispositiva pode ter sua
incidência afastada pela vontade individual. Contudo, se não houver tal
manifestação de vontade, regrando a relação jurídica em termos diferentes
do estipulado na norma dispositiva, ela incide integralmente. E esta é,
precisamente, sua imperatividade.
Concluímos, então, reforçando as duas afirmações antes formuladas: toda e
qualquer norma jurídica é imperativa, mas varia o grau de imperatividade
conforme o tipo de norma jurídica de que se trate, se cogente ou
dispositiva.
Tal conclusão aplica-se em tudo e por tudo às normas constitucionais, como
veremos a seguir.
A doutrina constitucional italiana, analisando o tema, num estágio inicial
dividiu as normas constitucionais em duas categorias: normas preceptivas
e normas programáticas, assim consideradas as normas constitucionais
que instituem programas de ação para o Estado.
Tal concepção foi inicialmente elaborada reconhecendo efeitos jurídicos
distintos às duas categorias de normas constitucionais: os impositivos
(imperativos) e os meramente indicativos, aqueles aplicáveis às normas
preceptivas, e estes, às normas programáticas.
Posteriormente, tal concepção evoluiu, de forma que a doutrina italiana
passou a reconhecer que todas as normas constitucionais, qualquer que
seja sua natureza e seu conteúdo, são detentoras imperatividade,
produzindo efeitos jurídicos sobre seus destinatários e regulando as
relações jurídicas que constituem seu objeto. Assim, uma visão inicial, que
vislumbrava as normas programáticas como simples orientações de
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conduta, sem maior efeito vinculante para os Poderes Públicos, evoluiu para
uma construção teórica em que essa espécie de norma não consiste apenas
num aconselhamento, sendo também um comando, uma determinação a
ser obedecida pelo ente estatal.
Reconhecido o fato de que as normas programáticas, tais como as
preceptivas, são detentoras de imperatividade, partiu a doutrina italiana
para o estabelecimento das diferenças entre uma e outra categoria de
norma constitucional, arquitetando tais diferenciações a partir de três
aspectos: os destinatários, o objeto e a natureza dessas normas.
Quanto aos destinatários, seriam programáticas as normas dirigidas ao
legislador, encarregado da elaboração da legislação infraconstitucional, e
preceptivas, as endereçadas ao magistrado e aos cidadãos em geral. Em
termos gerais, tal distinção afigura-se correta, pois as normas
programáticas destinam-se precipuamente ao legislador, a quem cabe
disciplinar os programas a serem executados pelo Estado. Não há como se
negar, todavia, que de forma indireta elas também alcançam os demais
agentes estatais, e mesmo aos cidadãos em geral, uma vez que eles
estarão sujeitos à legislação editada em obediência à norma programática.
Com relação ao objeto, seriam programáticas aquelas que recaíssem sobre
a atuação do Estado e preceptivas as direcionadas ao indivíduo, seja para
regular suas relações jurídicas com o Estado, seja para disciplinar suas
relações privadas.
Quanto à natureza, programáticas seriam as normas caracterizadas por
um elevado grau de abstração, de imprecisão ou mesmo de imperfeição,
isto é, normas que não possuíssem todos os elementos estruturais
necessários à plena definição de seu conteúdo, e que não prescrevessem
sanções específicas para sua inobservância, requerendo, para sua plena
aplicação, o trabalho do legislador infraconstitucional. Já as normas
preceptivas seriam as normas dotadas de todos os elementos estruturais
necessários à deflagração imediata e integral de seus efeitos.
Vista as diferenças propostas pela doutrina italiana entre as normas
programáticas e as preceptivas, retornando ao ponto principal até aqui
abordado, podemos concluir que toda e qualquer norma constitucional, pelo
só fato de compor o estatuto fundamental do Estado, independente de
quaisquer outras considerações, goza de imperatividade, produzindo, em
maior ou menor grau, efeitos jurídicos sobre seus destinatários.
Prosseguindo na matéria, é indispensável a percepção de que a Constituição
é composta de duas modalidades básicas de dispositivos – princípios e
normas -, que apresentam diferenças quanto aos tipos de efeitos jurídicos
produzidos. Para a análise desta diferença recorreremos às lições de Gabriel
Dezen Junior.
Ensina o Professor que os princípios constitucionais, por sua maior
subjetividade e generalidade ou, de outro modo, menor concreção e
densidade semântica (comparativamente às normas), permitem amplas
possibilidades de interpretação e aplicação, o que lhes confere um tempo de
vida superior ao das normas, destinando-se precipuamente a direcionar o
trabalho do legislador no momento de elaboração da norma e a servir como
parâmetro de verificação da compatibilidade da legislação ordinária com a
Constituição, em especial com os próprios princípios constitucionais.

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Enfim, presta-se o princípio constitucional, essencialmente, para a


verificação da constitucionalidade da legislação ordinária em vigor e para a
orientação da legislação ordinária futura, que deverá consagrar os valores
neles corporificados. Esses são os dois principais tipos de efeitos jurídicos a
que se destinam os princípios.
As normas constitucionais, por sua vez, objetivam tipos diversos de
efeitos jurídicos. Caracterizadas (em comparação com os princípios) por
uma maior concreção e densidade semântica, por um grau mais elevado de
precisão e detalhamento, oferecem ao intérprete menores possibilidades
interpretativas, o que restringe seu tempo de vida útil. Visam, basicamente,
a reger a relação jurídica que constitui seu objeto, a disciplinar a situação
em concreto que se amolda à sua precisão abstrata, a aferir sua
constitucionalidade.
Apenas para ilustrar a diferença, transcreveremos dois dispositivos
constitucionais:
“Art. 37. A administração direta e indireta de qualquer dos Poderes
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios obedecerá
aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade
e eficiência, e, também, ao seguinte:
(...)
II – a investidura em cargo ou emprego público depende de
aprovação prévia em concurso público de provas ou de provas e
títulos, de acordo com a natureza e o grau de complexidade do cargo
ou emprego, na forma da lei, ressalvadas as nomeações para cargo
em comissão, declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
(...)”
O caput do art. 37 enumera cinco princípios constitucionais de observância
obrigatória por toda a Administração direta e indireta, qualquer que seja o
Poder ou a esfera de governo que ela integre. Perceba-se que a
Constituição, neste dispositivo, limita-se a identificar tais princípios,
conferindo ao intérprete da Carta uma ampla gama de possibilidades
interpretativas, uma variedade de sentidos e definições que ele pode
descobrir inserido no princípio, o que permitirá sua aplicação numa
infinidade de situações. É evidente que a previsão não objetiva uma
situação em especial, não visa a regular um caso específico, ao contrário,
destina-se ela a abranger um sem-número de casos em que poderão incidir
os referidos princípios, os quais, ademais, devem ser valorizados pelo
legislador, ao elaborar as diversas leis aplicáveis à Administração, bem
como pelo magistrado, que deverá decretar a nulidade, por inconformidade
com a Constituição, de qualquer ato normativo ou concreto que afronte a
disposição.
Já o inc. II do art. 37, que traz uma norma constitucional, é de aplicação
muito mais restrita. Trata-se de dispositivo que estabelece uma dos
requisitos indispensáveis para a específica hipótese que regula: provimento
de cargos efetivos e empregos públicos. Prescreve, pois, uma condição para
que os cargos efetivos e empregos públicos sejam validamente preenchidos
– aprovação em concurso público – e sua utilidade essencial reside aí. O
dispositivo aplica-se exclusivamente a tal situação, e não permite
praticamente nenhuma margem de interpretação na sua aplicação: ou
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houve a aprovação em concurso público, ou é inconstitucional o ato de


provimento.
Em conclusão, temos, de um lado, os princípios constitucionais, de menor
densidade semântica e maior grau de abstração, características que
possibilitam ao jurista amplas possibilidades de interpretação, assegurando-
lhes uma maior longevidade. São úteis, principalmente, como orientação
para a legislação futura e verificação da compatibilidade da legislação
anterior à Constituição.De outro lado, temos as normas constitucionais,
diferenciadas pela maior densidade semântica e menor nível de abstração,
características que limita suas possibilidades de interpretação e acarretam
menor longevidade. Prestam-se, principalmente, para a regulação da
situação específica nela normatizada.
Como último ponto introdutório, cabe apenas ressaltar que todos os
dispositivos constitucionais gozam de superioridade hierárquica sobre a
legislação ordinária. No Brasil, acompanhando a tendência contemporânea,
adotamos um conceito formal de Constituição, e, consequentemente, um
conceito formal de supremacia da Constituição (assunto que abordaremos
com mais vagar em outra aula), de modo que todo e qualquer dispositivo,
pelo só fato de estar prescrito em nossa Constituição, goza de supremacia,
de superioridade hierárquica sobre as demais normas integrantes de nosso
ordenamento jurídico.
Reunindo os apontamentos até aqui formulados, temos, então, que na
análise das normas constitucionais três pontos devem ser ressaltados:
1º) toda Constituição é composta de dois tipos de dispositivos, princípios e
normas, os primeiros caracterizados por um maior grau de generalidade e
abstração, o que permite inúmeras interpretações de seu sentido e sua
aplicação em uma infinidade de situações diversas. Já as normas são
dispositivos de maior concreção, maior nível de detalhamento, o que reduz
consideravelmente as possibilidades interpretativas. Ademais, destinam-se
a regular situações específicas;
2º) todos os princípios e normas constitucionais, por estarem prescritos na
Constituição, gozam de superioridade hierárquica com relação à legislação
ordinária. Qualquer divergência é decidida necessariamente em seu favor;
3º) é veemente negada pela moderna doutrina constitucionalista a
possibilidade de existirem dispositivos constitucionais despidos de
imperatividade, de eficácia jurídica. Em maior ou menor grau, conforme o
tipo de dispositivo ou a maior ou menor precisão de sua redação, todos os
dispositivos constitucionais possuem eficácia jurídica, imperatividade, carga
cogente, regulando as relações jurídicas que constituem seu objeto e seus
respectivos destinatários.
A seguir, apresentaremos rapidamente os conceitos de validade (ou
validez), vigência e eficácia das normas constitucionais. Apenas uma
observação: no decorrer da aula, quando empregarmos o termo normas,
estaremos utilizando-o com sentido mais genérico, significando dispositivo,
com o que estão englobados também os princípios. Nossa escolha decorre
da forma como a matéria é usualmente tratada pela doutrina.

2) VALIDEZ, VIGÊNCIA E EFICÁCIA:

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Inicialmente, trataremos destes três institutos aplicáveis à generalidade das


normas jurídicas.
Nesse contexto, validade significa que a norma jurídica foi produzida em
conformidade com os preceitos, materiais e formais, da
Constituição.
A validez não deve ser confundida com a vigência, sendo esta a aptidão
da norma para produzir efeitos jurídicos. Uma fez produzida a norma,
ela ainda não está apta à produção de efeitos jurídicos, ela ainda não vige,
por ainda não ter poder para impor seus comandos aos seus destinatários.
A vigência – a aquisição de seu caráter de obrigatoriedade – pode ser
definida de dois modos: (a) por expressa prescrição na própria norma, que
em seu texto define o momento em que se iniciará sua vigência; ou (b) pela
aplicação das regras da lei de Introdução do Código Civil (LICC), incidentes
quando omissa na matéria a própria norma. Assim, se a própria norma não
define o período a partir do qual começa a vigorar, aplicam-se as normas da
LICC, segundo as quais, frente a tal omissão, a vigência da norma inicia-se
45 depois de sua publicação, no Brasil, e 90 dias, no exterior.
Eficácia, por sua vez, pode ser compreendida sob duas perspectivas
distintas. Pela primeira, corresponde à efetiva observância da norma
pelos seus destinatários; a denominada eficácia social. Pela segunda,
corresponde à aptidão da norma para a produção de efeitos jurídicos,
independentemente da real sujeição dos destinatários a seus preceitos; a
chamada eficácia técnica ou jurídica.
Transladando tais conceitos para o Direito Constitucional, temos que:
- no que toca à validade, esta perde a relevância no que toca à própria
Constituição, uma vez que a obra do poder constituinte originário não está
sujeita a qualquer regra de norma ou de fundo. Logo, nada a ser alegado
quanto à sua validade. Esta adquire relevo, todavia, quanto às alterações
promovidas no texto constitucional. Tais alterações estão sujeitas material e
formalmente aos preceitos da Constituição. Logo, serão inválidas quando
desconformes para com eles;
- quanto à vigência, nada de novo, pois corresponde à data em que a
Constituição, já promulgada e publicada, entrou em vigor, ou seja, adquiriu
aptidão para produzir efeitos jurídicos. A Constituição de 1988, por
exemplo, entrou em vigor em 05 de outubro de 1988, embora alguns de
seus dispositivos tenham tido sua vigência diferida, por determinação neles
mesmo contida;
- quanto à eficácia, aplicam-se também os conceitos anteriormente
apresentados. A eficácia técnica ou jurídica confunde-se com a vigência:
desse modo uma Constituição vigente é juridicamente eficaz, e vice versa.
Este é o sentido usual de eficácia.
Já a eficácia social exige mais: não basta que a Constituição esteja em
vigor, é necessário que ela efetivamente seja obedecida por seus
destinatários, é indispensável que estes reconheçam sua posição de
estatuto supremo do Estado e conformem sua conduta aos seus comandos.
Desse modo, uma Constituição vigente pode não possuir de eficácia social,

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o que ocorre quando, apesar de estar formalmente em vigor, é


desconsiderada pelos seus destinatários.
Na verdade, o mais comum é que a Constituição, genericamente falando,
goze de eficácia social, enquanto que algumas de suas normas são despidas
da mesma. Assim, a Constituição, como um todo, possui eficácia social,
sendo acatada pelos seus destinatários, mas alguns de seus dispositivos são
por estes desconsiderados, gozando somente de eficácia jurídica.
Passemos, agora, ao tópico principal dessa unidade.

3) CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS CONSTITUCIONAIS

3.1) CLASSIFICAÇÃO NORTE-AMERICANA


A doutrina norte-americana construiu uma classificação que até hoje
mantém sua utilidade no estudo das Constituições escritas, diferenciando as
normas constitucionais em auto-aplicáveis ou auto-executáveis e não auto-
aplicáveis ou não auto-executáveis.
As normas constitucionais auto-aplicáveis ou auto-executáveis são
aquelas que possuem todos os elementos necessários à integral
produção de seus efeitos jurídicos, não requerendo, para tanto,
complementação pela legislação ordinária. São normas cuja redação desce
a um nível de precisão, de detalhamento, que permite sua imediata
aplicação, independentemente da edição de quaisquer outras normas
infraconstitucionais.
As normas constitucionais não auto-aplicáveis ou não auto-
executáveis, ao contrário, são aquelas que requerem necessariamente
complementação pela legislação ordinária, como requisito para a integral
deflagração de sua eficácia jurídica. São normas cuja construção não conta
com todos os elementos estruturais de uma norma jurídica, o que impede a
plena produção de seus efeitos até que venham a ser complementadas pela
legislação ordinária.

3.2) CLASSIFICAÇÃO DE AZZARITTI


Gaetano Azzaritti, doutrinador italiano, classificou as normas constitucionais
em duas modalidades: normas preceptivas e normas programáticas,
aquelas detentoras de imperatividade, de eficácia jurídica, estas
despidas de imperatividade, equiparando-se a um enunciado de
natureza política ou filosófica.
Na sua visão, apenas as normas preceptivas seriam verdadeiras normas
jurídicas, pois detentoras de eficácia jurídica, do poder de impor-se aos
seus destinatários e obriga-los a conformar sua conduta com os preceitos
nela contidos. As normas programáticas, apesar de constarem da
Constituição, não seriam efetivamente normas jurídicas, pois destituídas de
eficácia jurídica. Teriam o valor de meros aconselhamentos, sem obrigar
seus destinatários a agir nos termos por ela indicados.
A classificação de Azzaritti foi formulada nos primórdios dos estudos
constitucionalistas na Itália, quando então se admitia, como vimos, um

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fenômeno contraditório: a existência de normas no ordenamento jurídico


supremo do Estado – sua Constituição – que não seriam efetivamente
normas jurídicas, já que não tinham poder de impor-se aos seus
destinatários.

3.3) CLASSIFICAÇÃO DE CRISAFULI


Todavia, essa concepção italiana inicial logo caiu por terra, com a obra de
Vésio Crisafuli, que classificou as normas constitucionais em três
modalidades: normas programáticas, normas imediatamente
preceptivas e normas de eficácia diferida.
Sem adentrar nos pormenores de seu raciocínio, importa-nos destacar que
este doutrinador superou a visão italiana inicial, que reconhecia efeitos
meramente indicativos às normas programáticas, as quais passaram a ter
reconhecida sua condição de verdadeira norma jurídica, pois detentoras de
eficácia jurídica.
Seu ponto de vista logo se consolidou, e, a partir de então, é tranqüilo o
entendimento de que todas as normas constitucionais, justamente pelo fato
de constarem no estatuto jurídico supremo do Estado, são normas jurídicas
propriamente ditas, de cumprimento obrigatório pelos seus destinatários.

3.4) CLASSIFICAÇÃO DE RUY BARBOSA


A classificação desse eminente jurista nada mais é, na verdade, do que a
transposição para o Direito Constitucional brasileiro da classificação norte-
americana, que dividiu as normas de uma Constituição em duas categorias:
normas constitucionais auto-aplicáveis ou auto-executáveis e normas
constitucionais não auto-aplicáveis ou não auto-executáveis.
Aqui como lá, as normas auto-executáveis são aquelas que possuem todos
os elementos necessários à plena produção de seus efeitos jurídicos,
estando aptas para tanto já no momento em que a Constituição entra em
vigor. Não requerem, pois, a edição de legislação ordinária que complete
seus preceitos.
Por outro lado, as normas não auto-executáveis são normas incompletas,
porque não elaboradas com todos os elementos necessários à integral
deflagração de sua eficácia jurídica. De um modo geral, são normas que
estabelecem princípios a serem observados pelos órgãos estatais, ou
mesmo pela coletividade, ou que dispõem sobre programas a serem
executados pelo Estado, exigindo regulação pela legislação ordinária como
requisito para a produção da totalidade dos efeitos jurídicos pretendidos
pelo legislador constituinte.
Advirta-se, entretanto, que tais normas, com a entrada em vigor da
Constituição, mesmo antes de editada a legislação complementar, já tem
aptidão para a produção de efeitos jurídicos, pois sua inserção na
Constituição automaticamente revoga toda a legislação ordinária precedente
incompatível com seus preceitos, e torna inconstitucional toda a legislação
ordinária posterior que apresente o mesmo vício. Negar-se tais efeitos é
negar a essas normas a condição de normas jurídicas, o que é refutado pela
doutrina constitucional contemporânea.

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As normas não auto-executáveis são, enfim, normas jurídicas que, desde a


entrada em vigor da Constituição, já produzem os efeitos jurídicos acima
indicados, estando a produção da plenitude de seus efeitos condicionada à
elaboração da legislação infraconstitucional requerida.

3.5) CLASSIFICAÇÃO DE LUIZ ROBERTO BARROSO


Luiz Roberto Barroso elaborou uma classificação em que reconhece três
grupos distintos de normas constitucionais, (a) as normas constitucionais
definidoras de direitos; (b) as normas constitucionais de organização e
(c) as normas constitucionais programáticas.
As normas constitucionais definidoras de direitos têm por objeto a previsão
dos direitos e garantias fundamentais.
As normas constitucionais de organização têm por objeto o estabelecimento
de regras relativas à organização do Estado e ao exercício do poder,
tratando de temas como forma de Estado, forma e regime de Governo,
separação dos Poderes, meios de aquisição e perda do poder, entre outros.
E as normas programáticas, por sua via, são aquelas que estabelecem
finalidades para a ação estatal.

3.6) CLASSIFICAÇÃO DE CELSO BASTOS E CARLOS AYRES BRITO


Os citados mestres produziram uma classificação que subdivide as normas
constitucionais em dois grandes grupos: as normas de aplicação,
subdivididas, por sua vez, em regulamentáveis e irregulamentáveis; e
as normas de integração, que apresentam como subtipos as normas
completáveis e as normas restringíveis.
As normas de aplicação são as normas da Constituição que já possuem
todos os elementos necessários para a produção da totalidade de seus
efeitos jurídicos, pois apresentam em seu corpo os três os elementos lógico-
estruturais de uma norma jurídica: hipótese, mandamento e conseqüência.
Tais normas já regulam suficiente a matéria que é seu conteúdo,
estabelecendo com precisão a hipótese em que se aplicam, a conduta a ser
observada, e as conseqüências da sua incidência.
Subdividem-se em normas de aplicação irregulamentáveis, que não
admitem complementação pela legislação ordinária, restringindo-se seu
disciplinamento à própria Constituição; e normas de aplicação
regulamentáveis, que permitem sua complementação pela legislação
infraconstitucional.
Já as normas de integração são aquelas que não possuem, em si
mesmas, aptidão para a produção de efeitos jurídicos na forma desejada
pelo legislador constituinte, por não apresentarem em seu corpo alguns dos
três elementos lógico-estruturais. Para a produção de tais efeitos faz-se
indispensável o disciplinamento infraconstitucional.
Subdividem-se em normas de integração completáveis, que tem na
elaboração da legislação ordinária a condição para a produção integral de
seus efeitos; e normas de integração restringíveis, que permitem sua
limitação pela legislação infraconstitucional.

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3.7) CLASSIFICAÇÃO DE ZAGREBELSKI


Zagrebelski constrói sua classificação tendo por critério diferenciador a
eficácia das normas constitucionais, a partir do que estabelece duas
modalidades de normas constitucionais: as normas de eficácia direta e as
normas de eficácia indireta, estas, subdivididas em normas de eficácia
diferida, normas de princípio e normas programáticas.
As normas constitucionais de eficácia direta são aquelas que possuem uma
estrutura redacional suficientemente completa para produzir
imediatamente todos os efeitos jurídicos a que se predispõem, sendo
passíveis, desde sua prescrição no texto constitucional, de aplicação pelo
Poder Judiciário e pela Administração Pública, e de observância pelos
indivíduos em geral.
Normas de eficácia indireta, por seu turno, são aquelas que não possuem
uma estrutura completa, a qual deve ser objeto de elaboração pela
legislação infraconstitucional. Subdividem-se em
-a) normas de eficácia diferida, como as que prescrevem as linhas gerais de
certos órgãos e entidades, ficam sua efetiva criação a cargo da legislação
ordinária;
b) normas de princípio, que se limitam a prever o valor jurídico (isonomia,
razoabilidade etc), ficando a cargo da legislação ordinária definir suas
múltiplas aplicações (embora o Autor não negue que a própria previsão do
princípio, a partir de sua interpretação pela doutrina e pela jurisprudência,
pode gerar, por si só, conseqüências jurídicas); e
c) normas programáticas, que estabelecem programas a serem postos em
funcionamento pelo Estado, tanto a nível legislativo como executivo.

3.8) CLASSIFICAÇÃO DE MARIA HELENA DINIZ


A Professora Maria Helena Diniz elaborou uma classificação em que são
identificadas quatro espécies de normas constitucionais: as normas
supereficazes ou com eficácia absoluta; as normas com eficácia plena;
as normas com eficácia restringível e as normas com eficácia relativa
complementável.
As normas supereficazes ou com eficácia absoluta, nas palavras de Gabriel
Dezen Junior, são aquelas “dotadas de efeito paralisante de toda a
legislação infraconstitucional com elas incompatíveis, as quais vêm sendo
identificadas nas cláusulas pétreas”.
As normas com eficácia plena, por sua vez, são as normas constitucionais
que não requerem complementação pela legislação ordinária, já possuindo
todos os elementos indispensáveis para a produção imediata da totalidade
de seus efeitos jurídicos. Nas palavras da Professora, “consistem, por
exemplo, nos preceitos que contenham proibições, confiram isenções,
prerrogativas e que não indiquem órgãos ou processos especiais para sua
execução”.
Já as normas com eficácia restringível são as normas da Constituição que,
desde sua entrada em vigor, já possuem todos os elementos necessários

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para a integral produção de seus efeitos jurídicos, admitindo, entretanto,


que tais efeitos sejam restringidos pela legislação infraconstitucional.
E, por fim, as normas de eficácia relativa complementável (subdividas em
normas de princípio institutivo e de princípio programático), que não
possuem, por si sós, condições para a integral produção de seus efeitos
jurídicos, para o que se faz indispensável a complementação pela legislação
infraconstitucional.

3.9) CLASSIFICAÇÃO DE JOSÉ AFONSO DA SILVA


É da autoria do Professor José Afonso da Silva a famosa classificação das
normas constitucionais em (a) normas constitucionais de eficácia
plena, (b) normas constitucionais de eficácia contida e (c) normas
constitucionais de eficácia limitada.
Normas constitucionais de eficácia plena são aquelas que, desde a entrada
em vigor da Constituição, estão aptas a produzir na integralidade os efeitos
jurídicos a que se predispõem. São normas, portanto, que trazem em si
mesmas todos os elementos necessários à plena deflagração de seus
efeitos, sem necessidade de normatização infraconstitucional posterior que
as complemente. Em virtude disso, possuem aplicabilidade direta,
imediata e integral.
Norma dessa espécie encontra-se, por exemplo, no art. 5o, II, da CF, o qual
dispõe que “ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei”. O dispositivo estabelece o princípio da legalidade,
de imediata e integral aplicação, independentemente da elaboração de
qualquer norma complementar.
Normas constitucionais de eficácia contida, por sua vez, são aquelas que
possuem todos os elementos necessários à imediata produção de
seus efeitos, mas admitem que os mesmos sejam restringidos pela
legislação infraconstitucional, por certos conceitos jurídicos nela
mesmo prescritos ou mesmo por outras normas constitucionais.
Considera-se que tais normas têm aplicabilidade direta e imediata, como
as normas de eficácia plena, porque aptas a produzir imediatamente seus
efeitos, mas não integral, porque admitem restrição na amplitude de tais
efeitos.
Como apontado, as normas de eficácia contida podem ter seus efeitos
limitados por força da legislação infraconstitucional, por determinados
conceitos jurídicos largamente aceitos ou por outras normas constitucionais.
Como exemplo do primeiro caso – restrição pela legislação
o
infraconstitucional – podemos citar o art. 5 , XIII, da CF, segundo o qual “é
livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as
qualificações profissionais que a lei estabelecer”. O dispositivo traz um
direito assegurado a todos, independentemente de lei, mas admite uma
legislação posterior que estabeleça os requisitos para o exercício de
determinado trabalho, ofício ou profissão, desta forma restringindo o seu
alcance.
Aplicada a regra a um caso concreto, temos que atualmente não há
qualquer regulação sobre o ofício de massagista, não há qualquer requisito

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de cumprimento obrigatório para aqueles que pretendem exercer o ofício.


Logo, tal exercício é, até o presente momento, livre para todos os
interessados. Entretanto, o art. 5º, XIII, da CF, autoriza que seja editada
uma lei estabelecendo requisitos para o ofício, a partir do que poderão atuar
como massagista somente aqueles que preencherem os requisitos legais. É
esse o raciocínio que envolve a compreensão de toda e qualquer norma
constitucional de eficácia contida.
No segundo caso, a restrição se dá por força de determinados conceitos
jurídicos, amplamente aceitos pela doutrina e pela jurisprudência, em
função de sua antiga e constante utilização pela legislação, como “interesse
público”, “bons costumes”, “segurança nacional”, “ordem pública”, entre
outros. Tais conceitos estão previstos na própria norma de eficácia contida,
e sua interpretação pode implicar na redução de seus efeitos.
É o que pode ocorrer, por exemplo, na aplicação do inc. XXV do art. 5º da
CF. Reza o dispositivo que “no caso de iminente perigo público, a autoridade
competente poderá usar de propriedade particular, assegurada ao
proprietário indenização ulterior, se houver dano”. A interpretação da
expressão “iminente perigo público” pelas autoridades competentes
implicará em restrição na aplicação do instituto previsto na norma (a
requisição administrativa)
E, temos, como terceira hipótese de redução dos efeitos das normas de
eficácia contida, as demais normas constantes da Constituição. O inc. XII do
art. 5º da CF, por exemplo, assegura o direito à inviolabilidade da
correspondência, mas tal direito admite restrições no estado de sítio, pela
aplicação do inc. III do art. 139 da CF.
Por fim, existem as normas constitucionais de eficácia limitada, aquelas
que não foram elaboradas com todos os elementos indispensáveis à plena
produção de seus efeitos, necessitando, para tanto, da edição de uma
legislação infraconstitucional posterior que as complemente. Enquanto não
editada essa legislação, não estão aptas para a produção integral de seus
efeitos. Em função disso, afirma-se que sua aplicabilidade é indireta,
mediata e reduzida.
Não se conclua, a partir disso, que as normas de eficácia limitada, por si só,
não possuam qualquer eficácia jurídica. Elas detêm, independentemente de
qualquer providência complementar, uma eficácia mínima, também
denominada negativa, adquirida desde o momento da entrada em vigor da
Constituição, qual seja: a revogação da legislação anterior com ela
incompatível e a inconstitucionalidade da legislação posterior que, do
mesmo modo, afronte seus preceitos.
Exemplo de norma de eficácia limitada é a prescrita no art. 5o, VII, da CF,
segundo o qual “é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”.
O dispositivo estabelece um direito, mas o mesmo é passível de exercício
somente quando editada a lei nele requerida. Todavia, desde a entrada em
vigor da Constituição, independentemente de legislação ordinária, por si só
revogou eventual legislação anterior que vedasse a assistência religiosa nas
entidades civis (p. ex., hospitais) e militares (p. ex., quartéis) de internação
coletiva, e tornou inconstitucional qualquer norma posta em legislação
superveniente que pretenda estabelecer essa proibição.

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As normas constitucionais de eficácia limitada admitem subdivisão em


duas modalidades: normas constitucionais de princípio institutivo e
normas constitucionais de princípio programático.
Normas constitucionais de princípio institutivo são as que prescrevem
os traçados gerais de estruturação e as atribuições de órgãos,
entidades ou institutos, determinando ao legislador ordinário que, com
maior ou menor liberdade, edite lei que estabeleça efetivamente tais
órgãos, entidades ou institutos, e especifique suas atribuições.
A norma constitucional de princípio institutivo pode ser impositiva (normas
de princípio institutivo impositivas), quando impõe ao legislador ordinário,
como dever, a elaboração da legislação, como se observa, por exemplo, no
§ 7º do art. 144 da CF (“A lei disciplinará a organização e o funcionamento
dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de maneira a garantir a
eficiência de suas atividades”); ou pode ser permissiva (normas de
princípio institutivo permissivas ou facultativas), quando confere ao
legislador uma mera faculdade, uma competência de exercício não
obrigatório, como se observa, por exemplo, no § 8º do art. 144 da CF (“Os
Municípios poderão constituir guardas municipais, destinadas à proteção de
seus bens, serviços e instalações, conforme dispuser a lei”).
Ademais, perceba-se que, nos dois exemplos citados, a norma
constitucional estabeleceu alguns elementos de observância obrigatória
quando da elaboração da legislação ordinária: no primeiro caso, a lei que
regulará a organização dos órgãos de segurança pública deverá estabelecer
regras que assegurem sua eficiência; no segundo, a lei local que criar a
Guarda municipal poderá atribuir-lhe somente as atribuições de proteção
dos bens e serviços e instalações municipais, sem possibilidade de
ampliação dessa competência.
Entretanto, a prescrição desses elementos limitadores da competência
legislativa não é uma regra geral, pois a norma constitucional pode outorgar
a competência sem estabelecer qualquer restrição em seu próprio texto,
como se nota, por exemplo, no art. 128, § 5º, da CF, que faculta aos
Procuradores-Gerais da União e dos Estados a elaboração de projeto de lei
que disponha sobre a organização, as atribuições e o estatuto dos
respectivos Ministérios Públicos, sem prescrever qualquer elemento
limitativo de tal competência. Entenda-se: a própria norma que prevê a
competência não traz qualquer limitação, o que não significa que estas não
existam, a partir da aplicação de outras normas constitucionais.
Pode-se citar, também, o art. 33, o qual determina, simplesmente, que “a
lei disporá sobre a organização administrativa e judiciária dos Territórios”; e
o art. 91, § 2o, conforme o qual “a lei regulará a organização e o
funcionamento do Conselho de Defesa Nacional.
Normas constitucionais de princípio programático, segunda categoria de
normas de eficácia limitada, são as normas constitucionais que instituem
programas de ação para o Estado.
Na lição do Professor Vicente Paulo, com base nos ensinamentos de José
Afonso da Silva, as normas programáticas:
são aquelas (de eficácia limitada) pelas quais o constituinte, em vez
de regular, direta e imediatamente, determinados interesses, limitou-

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se a lhes traçar os princípios para serem cumpridos pelos seus órgãos


(legislativos, executivos, jurisdicionais e administrativos), como
programas das respectivas atividades, visando à realização dos fins
sociais do Estado. Constituem programas a serem realizados pelo
Poder Público, disciplinando os interesses econômico-sociais, tais
como: realização da justiça social; valorização do trabalho; amparo à
família; combate à ignorância etc.
Em tais normas, o constituinte não remete simplesmente à lei o seu
intento; estabelece como finalidade um princípio, mas não impõe
propriamente ao legislador a tarefa de executá-los, requer, na
verdade, uma política de seus órgãos, pertinentes à satisfação dos
fins propostos (...)
São, em suma, normas caracterizadas por um alto grau de abstração,
estabelecendo um programa de ação para o Estado, os objetivos a serem
nele perseguidos e os princípios a serem observados na sua persecução. A
eficácia dessas normas é, efetivamente, em parte limitada ou, melhor
dizendo, diferida, pois sua aplicabilidade plena pressupõe a atuação do
Estado, por qualquer de seus Poderes, elaborando a legislação necessária
para a completa deflagração de seus efeitos ou adotando medidas concretas
com a mesma finalidade. Possuem, todavia, um efeito jurídico imediato,
independente de qualquer construção normativa posterior, a chamada
eficácia negativa, anteriormente mencionada, que é a vedação à
elaboração de normas que disponham de forma contrária às suas
prescrições e a revogação de toda e qualquer norma ordinária
eventualmente existente que disponha em sentido contrário.
As normas programáticas são normas típicas das Constituições dirigentes.
Relembrando, tais Constituições são aquelas que se voltam precipuamente
para o futuro, estipulando programas de ação para o Estado. Ora, são
justamente as normas programáticas que prescrevem tais programas, logo,
podemos inferir que não só as normas programáticas são típicas de
Constituições dirigentes, mas que uma Constituição é assim classificada
justamente por conter em seu texto normas programáticas.
Ilustrando a exposição, trazemos como exemplo de norma programática o
art. 170 da Constituição, o qual dispõe que a “ordem econômica, fundada
na valorização do trabalho e da livre iniciativa, tem por fim assegurar a
todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados
os seguintes princípios (...)”. O dispositivo prescreve os elementos que
embasam a ordem econômica, os objetivos que dentro dela devem ser
alcançados e os princípios que nela devem ser respeitados. A eficácia
negativa dessa norma consiste, pois, precisamente, em impedir a
elaboração de qualquer norma que contrarie suas disposições. A partir da
edição da legislação que a regule, pormenorizando-a e ampliando em muito
seu leque de aplicação, teremos o que poderíamos chamar de eficácia
positiva de uma norma programática: sua aplicação integral, plena, em
obediência à vontade do legislador constituinte originário.
Segundo José Afonso da Silva, há três tipos de normas programáticas: (a)
normas programáticas relacionadas com o princípio da legalidade
(como o inc. XXVII do art. 7º, que assegura a “proteção em face da
automação, na forma da lei”); normas programáticas relativas aos

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Poderes Públicos (como o art. 227, § 1º, segundo o qual “o Estado


promoverá programas de assistência integral à saúde da criança e do
adolescente...” e o art. 218, segundo o qual “o Estado promoverá e
incentivará o desenvolvimento científico, a pesquisa e a capacitação
tecnológicas”); e normas programáticas referentes à ordem econômico-
social em geral (como o art. 178, caput, segundo o qual “a lei disporá
sobre a ordenação dos transportes aéreos, aquático e terrestre ...”).
Encerrando, compilamos lição de Vicente Paulo sobre a diferença entre as
normas de eficácia contida e limitada:
“a) com a promulgação da Constituição, a força de tais normas é
distinta: as normas de eficácia contida são de aplicabilidade direta e
imediata, vale dizer, o direito nelas previsto é imediatamente
exercitável, desde a promulgação da Constituição; as normas de
eficácia limitada são de aplicabilidade indireta e mediata, vale dizer,
não produzem seus plenos efeitos desde a promulgação da
Constituição, ficando o exercício do direito nelas previsto dependente
da edição de regulamentação ordinária;
b) ambas requerem normatização legislativa, mas a finalidade dessa
normatização ordinária é distinta: nas normas de eficácia contida, a
norma regulamentadora virá para restringir, para impor limites ao
exercício do direito (que, até então, desde a promulgação da
Constituição, era amplamente exercitável); nas normas de eficácia
limitada, a norma regulamentadora virá para assegurar, para tornar
viável o exercício do direito (cujo exercício, até então, estava
impedido);
c) a ausência de regulamentação implica conseqüências distintas: em
se tratando de norma de eficácia contida, enquanto não houver
regulamentação ordinária, o exercício do direito é amplo (a legislação
ordinária virá para impor restrições ao exercício desse direito); em se
tratando de norma de eficácia limitada, enquanto não houver
regulamentação ordinária, o exercício do direito permanece obstado,
impedido (a legislação ordinária virá para tornar viável o exercício
desse direito).”

3.10) NORMAS CONSTITUCIONAIS DE EFICÁCIA EXAURIDA


As normas constitucionais de eficácia exaurida (ou de aplicabilidade
esgotada), definidas por Uadi Lammêgo Bulos, são aquelas que já
produziram todos os efeitos jurídicos para os quais foram editadas,
sendo encontradas no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT).
Exemplificativamente, podemos citar como norma constitucional desta
espécie a contida no art. 3º do ADCT, que prevê o processo de revisão
constitucional, a ser instaurado uma só vez, após 05 anos da promulgação
da Constituição.
Esta norma já foi aplicada em 1994, quando, então, foi instaurado o
referido processo, dele resultando a edição de seis emendas (emendas
constitucionais de revisão). Como não há possibilidade de ser iniciado um

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novo processo desta natureza, a norma prescrita no referido dispositivo é


de eficácia exaurida, tendo encerrado a produção de seus efeitos jurídicos.

QUESTÕES DE PROVAS ANTERIORES

1 (CESPE/Auditor do TCDF/2002) As normas constitucionais


programáticas, enquanto não-realizadas mediante atividade estatal
administrativa ou legislativa, não podem revogar atos normativos
anteriores que disponham em sentido colidente com o princípio nelas
substanciado.

2 (CESPE/Analista Legislativo – Câmara dos Deputados/2002) -


Quanto aos destinatários, as normas programáticas de natureza
concreta e perfeitas diferem das normas preceptivas pelo fato de
serem destinadas tanto para a atividade do Poder Judiciário quanto
para o Poder Legislativo.

3 (CESPE/Analista Legislativo – Câmara dos Deputados/2002) - As


normas programáticas podem ser consideradas semelhantes no que
diz respeito à matéria e ao destinatário e se diferenciam no que
concerne à eficácia.

4 (CESPE/Defensor Público da União – 2004) - Embora as normas


programáticas sejam alvo de críticas, ao menos parte da doutrina as
reconhece; considerando-as existentes, o destinatário dessas
normas, juridicamente, é o Poder Executivo.

5 (CESPE/Procurador Federal de 2ª Categoria – AGU - 2004) - As


normas programáticas são normas jurídico-constitucionais de
aplicação diferida que prescrevem obrigações de resultados, e não
obrigações de meio, sendo, no caso brasileiro, vinculadas ao princípio
da legalidade ou referidas aos poderes públicos ou dirigidas à ordem
econômico-social.

6 (CESPE/Procurador Consultivo – MP TCE/PE – 2004) - No caso das


normas constitucionais conhecidas como programáticas, assim como
no das classificadas como de eficácia limitada, é juridicamente válido

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o advento de norma infraconstitucional que lhes seja contrária,


justamente porque a eficácia delas é deficiente.

7 (ESAF/AFRF/2002) - Assinale a opção correta.


a) É típico de uma Constituição dirigente apresentar em seu corpo
normas programáticas.
b) Uma lei ordinária que destoa de uma norma programática da
Constituição não pode ser considerada inconstitucional.
c) Uma norma constitucional programática, por representar um
programa de ação política, não possui eficácia jurídica.
d) Uma Constituição rígida não pode abrigar normas programáticas
em seu texto.
e) Toda Constituição semi-rígida, por decorrência da sua própria
natureza, será uma Constituição histórica.

8 (ESAF/AFRF/2003) – Assinale a alternativa correta:


a) A norma constitucional programática, porque somente delineia
programa de ação para os poderes públicos, não é considerada
norma jurídica.
b) Chama-se norma constitucional de eficácia limitada aquela emenda
à Constituição que já foi votada e aprovada no Congresso Nacional,
mas ainda não entrou em vigor, por não ter sido promulgada.
c) Somente o Supremo Tribunal Federal – STF está juridicamente
autorizado para interpretar a Constituição.
d) Da Constituição em vigor pode ser dito que corresponde ao modelo
de Constituição escrita, dogmática, promulgada e rígida.
e) Os princípios da Constituição que se classificam como cláusulas
pétreas são hierarquicamente superiores às demais normas
concebidas pelo poder constituinte originário.

9 (ESAF/AFT/2003) - Analise as assertivas a seguir, relativas à


eficácia das normas constitucionais e às concepções de constituição,
e marque com V as verdadeiras e com F as falsas; em seguida,
marque a opção correta.
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas de eficácia contida são de
aplicabilidade direta e imediata, no entanto, podem ter seu âmbito de
aplicação restringido por uma legislação futura, por outras normas
constitucionais ou por conceitos ético-jurídicos.
( ) Segundo a melhor doutrina, as normas constitucionais de eficácia
limitada são do tipo normas declaratórias de princípios institutivos
quando: determinam ao legislador, em termos peremptórios, a

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emissão de uma legislação integrativa; ou facultam ao legislador a


possibilidade de elaborar uma lei, na forma, condições e para os fins
previstos; ou possuem esquemas gerais, que dão a estrutura básica
da instituição, órgão ou entidade a que se referem, deixando para o
legislador ordinário a tarefa de estruturá-los, em definitivo, mediante
lei.
( ) A concepção de constituição, defendida por Konrad Hesse, não
tem pontos em comum com a concepção de constituição defendida
por Ferdinand Lassale, uma vez que, para Konrad Hesse, os fatores
históricos, políticos e sociais presentes na sociedade não concorrem
para a força normativa da constituição.
( ) Para Hans Kelsen, a norma fundamental, fato imaterial
instaurador do processo de criação das normas positivas, seria a
constituição em seu sentido lógico-jurídico.
( ) A constituição, na sua concepção formal, seria um conjunto de
normas legislativas que se distinguem das não constitucionais em
razão de serem produzidas por processo legislativo mais dificultoso, o
qual pode se materializar sob a forma da necessidade de um órgão
legislativo especial para elaborar a Constituição – Assembléia
Constituinte – ou sob a forma de um quorum superior ao exigido para
a aprovação, no Congresso Nacional das leis ordinárias.
a) V, F, V, F, V
b) V, F, F, V, V
c) F, V, V, V, F
d) F, F, F, V, V
e) V, V, F, V, V

10 (ESAF/AFRF/2005) - Sobre conceito de Constituição e suas


classificações e sobre a aplicabilidade e interpretação de normas
constitucionais, marque a única opção correta.
a) Segundo a doutrina do conceito de constituição, decorrente do
movimento constitucional do início do século XIX, deve ser afastado
qualquer conteúdo que se relacione com o princípio de divisão ou
separação de poderes, uma vez que tal matéria não se enquadra
entre aquelas que se referem de forma direta à estrutura do Estado.
b) Uma constituição não-escrita é aquela cujas normas decorrem de
costumes e convenções, não havendo documentos escritos aos quais
seja reconhecida a condição de textos constitucionais.
c) De acordo com o princípio da máxima efetividade ou da e. ciência,
princípio de interpretação constitucional, a interpretação de uma
norma constitucional exige a coordenação e combinação dos bens
jurídicos em conceito, de forma a evitar o sacrifício total de uns em
relação a outros.

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d) O art. 5º, inciso XXII, da Constituição Federal de 1988, que


estabelece “Art. 5º [...] inciso XXII – é garantido o direito de
propriedade”, é uma norma constitucional de eficácia contida ou
restringível.
e) O princípio de interpretação conforme a constituição não pode ser
aplicado na avaliação da constitucionalidade de artigo de uma
Emenda à Constituição promulgada pelas Mesas da Câmara dos
Deputados e do Senado Federal.

11 (FCC/Auditor – TCE/MG – 2005) - A norma constitucional que


dispõe que o Estado promoverá e incentivará o desenvolvimento
científico, a pesquisa e a capacitação tecnológicas é, quanto à
aplicabilidade, uma norma
(A) auto-executável.
(B) incondicionada.
(C) programática.
(D) condicionada.
(E) de eficácia contida.

12 (FCC/Procurador – TCE/PI – 2005) - Em matéria de interpretação


e aplicabilidade das normas constitucionais, a doutrina brasileira
predominante sustenta que
(A) as normas constitucionais de eficácia contida são as que só
produzem todos os seus efeitos ao serem regulamentadas por norma
infraconstitucional.
(B) as normas constitucionais de eficácia plena gozam de presunção
de constitucionalidade e, por isso, são hierarquicamente superiores às
de eficácia contida e às de eficácia limitada.
(C) o Poder Judiciário, na sua função institucional primordial de
interpretar e aplicar as leis, é o principal destinatário das normas
constitucionais programáticas, por força do principio da unidade da
constituição.
(D) a declaração de inconstitucionalidade parcial, sem redução de
texto, é uma das hipóteses de aplicação da interpretação conforme a
constituição.
(E) a contradição entre normas constitucionais originárias deve ser
resolvida mediante a declaração de inconstitucionalidade da norma
que mais atinja os valores constitucionalmente protegidos.

13 (FCC/Procurador – PGE/SE – 2005) - Consideradas Considera-se


de eficácia limitada a norma constitucional segundo a qual

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(A) é vedada a utilização pelos partidos politicos de organização


paramilitar (art. 17, § 42).
(B) ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei (art. 52, lI).
(C) é livre o exercicio de qualquer trabalho, oficio ou profissão,
atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer (art. 52,
XII I).
(D) é direito dos trabalhadores urbanos e rurais a proteção em face
da automação, na forma da lei (art. 72, XXVII).
(E) a casa é asilo inviolável do individuo, nela ninguém podendo
penetrar sem consentimento do morador, salvo nos casos
previstos na Constituição (art. 52, XI).

14 (FCC/Analista Judiciário – Área Judiciária – TRE/MG – 2005) -


Considere o que segue:
I. Compete à União elaborar e executar planos nacionais e regionais
de ordenação do território e desenvolvimento econômico e social.
II. Os Estados podem incorporar-se, entre si, subdividir-se ou
desmembrar-se para se anexarem a outros, ou formarem novos
Estados ou Territórios Federais, mediante aprovação da população
diretamente interessada, através de plebiscito, e do Congresso
Nacional, por lei complementar.
Essas normas constitucionais são denominadas, respectivamente, de
eficácia
(A) plena de principio institutivo e de eficácia limitada ou contida.
(B) absoluta de principio programático e de eficácia contida de
princípio institutivo.
(C) limitada de principio programático e de eficácia limitada de
principio institutivo.
(D) relativa restringivel e de eficácia plena de principio programático.
(E) absoluta de principio institutivo e de eficácia limitada de principio
programático.

15 (FCC/Procurador MP TC AM/2006) - Considerando a classificação


doutrinária predominante no tocante à aplicabilidade das normas
constitucionais, a norma constitucional que estabelece que “ninguém
será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude de lei”,e que expressa o princípio da legalidade,é norma
(A) de eficácia plena e de aplicabilidade
(B) de eficácia limitada e de aplicabilidade dependente de lei
posterior.

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(C) de eficácia contida e de aplicabilidade diferida.


(D) programática e dependente de medidas administrativas para sua
concreção
(E) de caráter institutivo e dependente de norma posterior que lhe
fixe o alcance.

Gabarito:

1. E
2. E
3. E
4. E
5. C
6. E
7. A
8. D
9. E
10. D
11. C
12. D
13. D
14. C
15. A

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