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1. CONSIDERAÇÕES INICIAIS
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As normas dispositivas, por sua vez, são aquelas que estabelecem uma
regra, mas permitem que seus destinatários disponham de forma diversa da
nela estabelecida. É o caso, por exemplo, do art. 427 do Código Civil/2002,
que dispõe: “A proposta de contrato obriga o proponente, se o contrário não
resultar dos termos dela, da natureza do negócio, ou das circunstâncias do
caso”.
Segundo o dispositivo, se alguém (proponente) faz uma proposta de
contrato a outrem (aceitante), regra geral vincula-se a ela, se a outra parte
concordar com a proposta nos termos originalmente formulados. Esse
efeito, todavia, pode ser sustado pelo proponente, se este, ao elaborar a
proposta, ressalvar expressamente que se reserva o direito de desistência
(ou quando o contrário resultar da natureza do negócio ou de circunstâncias
do caso, como consta no dispositivo).
Como se percebe, o art. 427 estipula uma regra para dada situação
(proposta de contrato), disciplinando seus efeitos jurídicos (vinculação do
proponente à sua proposta). Permite, entretanto, que a parte estabeleça
efeito diverso (não se vinculando à proposta apresentada), mediante sua
manifestação de vontade (ressalvando que não se vincula à proposta).
Temos aqui, então, uma típica norma dispositiva: regula dada situação, mas
apenas no silêncio das partes participantes da relação jurídica. Ela incide,
pois, de forma supletiva, regulando a relação jurídica frente à omissão das
partes em disporem de forma diversa daquela nela estipulada.
Perceba-se que a norma dispositiva goza de imperatividade, apenas em
grau menor que a norma cogente. Esta incide sempre, independentemente
de vontade das partes, ao passo que a norma dispositiva pode ter sua
incidência afastada pela vontade individual. Contudo, se não houver tal
manifestação de vontade, regrando a relação jurídica em termos diferentes
do estipulado na norma dispositiva, ela incide integralmente. E esta é,
precisamente, sua imperatividade.
Concluímos, então, reforçando as duas afirmações antes formuladas: toda e
qualquer norma jurídica é imperativa, mas varia o grau de imperatividade
conforme o tipo de norma jurídica de que se trate, se cogente ou
dispositiva.
Tal conclusão aplica-se em tudo e por tudo às normas constitucionais, como
veremos a seguir.
A doutrina constitucional italiana, analisando o tema, num estágio inicial
dividiu as normas constitucionais em duas categorias: normas preceptivas
e normas programáticas, assim consideradas as normas constitucionais
que instituem programas de ação para o Estado.
Tal concepção foi inicialmente elaborada reconhecendo efeitos jurídicos
distintos às duas categorias de normas constitucionais: os impositivos
(imperativos) e os meramente indicativos, aqueles aplicáveis às normas
preceptivas, e estes, às normas programáticas.
Posteriormente, tal concepção evoluiu, de forma que a doutrina italiana
passou a reconhecer que todas as normas constitucionais, qualquer que
seja sua natureza e seu conteúdo, são detentoras imperatividade,
produzindo efeitos jurídicos sobre seus destinatários e regulando as
relações jurídicas que constituem seu objeto. Assim, uma visão inicial, que
vislumbrava as normas programáticas como simples orientações de
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conduta, sem maior efeito vinculante para os Poderes Públicos, evoluiu para
uma construção teórica em que essa espécie de norma não consiste apenas
num aconselhamento, sendo também um comando, uma determinação a
ser obedecida pelo ente estatal.
Reconhecido o fato de que as normas programáticas, tais como as
preceptivas, são detentoras de imperatividade, partiu a doutrina italiana
para o estabelecimento das diferenças entre uma e outra categoria de
norma constitucional, arquitetando tais diferenciações a partir de três
aspectos: os destinatários, o objeto e a natureza dessas normas.
Quanto aos destinatários, seriam programáticas as normas dirigidas ao
legislador, encarregado da elaboração da legislação infraconstitucional, e
preceptivas, as endereçadas ao magistrado e aos cidadãos em geral. Em
termos gerais, tal distinção afigura-se correta, pois as normas
programáticas destinam-se precipuamente ao legislador, a quem cabe
disciplinar os programas a serem executados pelo Estado. Não há como se
negar, todavia, que de forma indireta elas também alcançam os demais
agentes estatais, e mesmo aos cidadãos em geral, uma vez que eles
estarão sujeitos à legislação editada em obediência à norma programática.
Com relação ao objeto, seriam programáticas aquelas que recaíssem sobre
a atuação do Estado e preceptivas as direcionadas ao indivíduo, seja para
regular suas relações jurídicas com o Estado, seja para disciplinar suas
relações privadas.
Quanto à natureza, programáticas seriam as normas caracterizadas por
um elevado grau de abstração, de imprecisão ou mesmo de imperfeição,
isto é, normas que não possuíssem todos os elementos estruturais
necessários à plena definição de seu conteúdo, e que não prescrevessem
sanções específicas para sua inobservância, requerendo, para sua plena
aplicação, o trabalho do legislador infraconstitucional. Já as normas
preceptivas seriam as normas dotadas de todos os elementos estruturais
necessários à deflagração imediata e integral de seus efeitos.
Vista as diferenças propostas pela doutrina italiana entre as normas
programáticas e as preceptivas, retornando ao ponto principal até aqui
abordado, podemos concluir que toda e qualquer norma constitucional, pelo
só fato de compor o estatuto fundamental do Estado, independente de
quaisquer outras considerações, goza de imperatividade, produzindo, em
maior ou menor grau, efeitos jurídicos sobre seus destinatários.
Prosseguindo na matéria, é indispensável a percepção de que a Constituição
é composta de duas modalidades básicas de dispositivos – princípios e
normas -, que apresentam diferenças quanto aos tipos de efeitos jurídicos
produzidos. Para a análise desta diferença recorreremos às lições de Gabriel
Dezen Junior.
Ensina o Professor que os princípios constitucionais, por sua maior
subjetividade e generalidade ou, de outro modo, menor concreção e
densidade semântica (comparativamente às normas), permitem amplas
possibilidades de interpretação e aplicação, o que lhes confere um tempo de
vida superior ao das normas, destinando-se precipuamente a direcionar o
trabalho do legislador no momento de elaboração da norma e a servir como
parâmetro de verificação da compatibilidade da legislação ordinária com a
Constituição, em especial com os próprios princípios constitucionais.
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Gabarito:
1. E
2. E
3. E
4. E
5. C
6. E
7. A
8. D
9. E
10. D
11. C
12. D
13. D
14. C
15. A
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