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14/04/2008
Central Destino de Produção Cap. 28
Inspirada no original de
Janete Clair
Colaboração de
Eduardo Secco
Direção
Claudio Boeckel e Marco Rodrigo
Direção Geral
Luiz Fernando Carvalho
Núcleo
Luiz Fernando Carvalho
Personagens deste capítulo
Atenção
“ Este texto é de propriedade intelectual exclusiva da TV DESTINO LTDA e por conter informações confidenciais, não
poderá ser copiado, cedido, vendido ou divulgado de qualquer forma e por qualquer meio, sem o prévio e expresso
consentimento da mesma.No caso de violação do sigilo, a parte infratora estará sujeita às penalidades previstas em
lei e/ou contrato.”
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 2
BÁRBARA — Socorro!
PEDRO — Já tô chegando!
PEDRO — Acorda, dona! Não fecha os olhos! A senhora precisa ficar acordada!
CORTA PARA:
NILO — Bom-dia.
NILO — É? É muito bom sabê que uma moça bonita como a senhora fica feliz
quando eu tô por perto.
CORTA PARA:
PEDRO — Moça, acorda. Pelo amor de Deus, num vai morrê aqui nas minha
mão. Moça.
PEDRO — Caiu, sim senhora. É melhor não se mexer. Vô até a fazenda buscar
alguém pra ficar aqui com a senhora enquanto eu chamo o médico.
PEDRO — Moça, num faça isso. Num é bom. Se a senhora tiver machucado...
BÁRBARA — Ai!
PEDRO — Não posso levar a senhora no cavalo. É melhor ficar aqui enquanto eu
chamo alguém pra ajudar.
BÁRBARA — De jeito nenhum! Não vou ficar sozinha nesse meio de mato. Eu
posso ser atacado por algum bicho. Um boi, uma vaca... um tatu!
PEDRO — Imagina, dona. Sei como é povo da cidade. Não tá acostumado com
as coisa daqui.
PEDRO — Imagina. Vi o cavalo disparando com a senhora. Tinha que vir ajudar.
BÁRBARA — Bárbara.
BÁRBARA — Sou. (p) Nossa, eu nunca reconheceria você. Não te vejo desde a
época que nós éramos crianças.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 5
PEDRO — Mas acho melhor a senhora ir na frente e eu ir atrás. Vai ficar mais
fácil de subir.
BÁRBARA — Me ajuda?
BÁRBARA SORRI PARA PEDRO. ELE A AJUDA A SUBIR NO CAVALO E LOGO DEPOIS
MONTA. OS DOIS FICAM BEM PRÓXIMOS, UM POUCO ENVERGONHADOS. Sonoplastia:
“VAI DAR SAMBA” – DANIEL. EDUARDA CHEGA DE JEEP, VÊ OS DOIS E DESCE,
INDO AO ENCONTRO DE PEDRO E BÁRBARA. TONHO TAMBÉM CHEGA À CAVALO.
PEDRO — Eu mesmo.
BÁRBARA — Deu muito trabalho subir nesse cavalo. Pode deixar que o Pedro me
leva.
PEDRO — A gente já pode ir? Quanto mais rápido tratar do seu pé, melhor.
CORTA PARA:
PEDRO — Acho que não. Se tivesse quebrado ela sentiria muita dor.
BÁRBARA — Não. Não precisa. Eu fico um tempo aqui com o pé pra cima e logo
melhoro. Vou ficar ótima.
BÁRBARA — Mas será que... será que esse médico daqui é de confiança?
PEDRO SORRI.
PEDRO — A senhora pode ficá tranqüila que o Dr. Pirillo é muito bom. Vem até
gente de fora pra se consultá com ele.
TODOS RIEM.
PEDRO — A senhora pode ficar tranqüila que isso não vai acontecer. Eu mesmo
já quebrei a perna e foi Dr. Pirillo quem cuidou de mim. Pode vê que eu
tô inteiro.
BÁRBARA — Se eu não for, vocês vão ficar falando na minha orelha, não vão?
BÁRBARA — Então eu vou! Mas se ficar com o pé torto eu mato um por um.
DIOGO — O Pedro?
EDUARDA — É. Ele conhece o médico. Acho melhor do que chegar um de nós lá.
Ainda mais com essa epidemia. O hospital deve estar cheio.
PEDRO — Claro. Com o maior prazer. Se a dona Bárbara não tiver nada contra
eu levo ela.
BÁRBARA — Imagina que eu vou ser contra. Já que me salvou, faz o serviço
completo.
BÁRBARA — Adoro andar com a corte à minha volta, mas não precisa. Já tô dando
trabalho demais.
CORTA PARA:
BÁRBARA — Tô ótima. Quero chegar logo nesse hospital. Odeio ficar assim.
PEDRO — Num minuto a gente chega lá. Vô andar devagar pro jeep não
chacoalhar muito e a senhora não sentir tanta dor.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 8
CORTA PARA:
DONANA — Umas hora melhora e outras piora. Vamo logo embora daqui que deve
de tê gente precisando da cama.
JULIANO — Vamo.
CORTA PARA:
LUCENA — Mas olha só quem eu encontro por aqui! Meu amigo Juliano!
JULIANO OLHA ASSUSTADO PARA LUCENA, MAS TENTA NÃO DEMONSTRAR SEU
TEMOR.
JULIANO — Lucena.
LUCENA — Fiquei sabendo do que lhe aconteceu. Mas que barbaridade. Aonde o
mundo vai acabá com uma violência dessas, não é mesmo?
JULIANO — Pois é.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 9
LUCENA — Eu inté ia lhe fazê uma visita, mas sabe como é a vida. A gente fica
nessa correria e quando vê, o tempo passou e não se fez o que precisava.
LUCENA — Espero que o amigo num fique chateado comigo. Que me perdoe por
essa falta.
LUCENA — Claro. Num quero atrapalhá a vida de ninguém. Qualqué dia eu passo
lá na sua casa pra gente conversá com mais calma. Lembra os velhos
tempos.
LUCENA — Vai beato. Acho que ocê já aprendeu a lição. Num vai mais se metê a
besta.
DONANA — Num sei. Parecia que ocês tavam falando uma coisa, mas pensando
outra.
DONANA — Juliano, ocê respeita a sua mãe! Minha cabeça ainda tá muito boa e se
eu tô falano que tinha uma coisa estranha na conversa de ocês é porque
tinha.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 10
CORTA PARA:
PADRE — Mas a senhora está querendo mudar tudo o que já havia sido
programado. Está subvertendo tudo!
HILDA — Padre, a quermesse vai ficar muito melhor assim. Mais organizada,
mais bonita, mais elegante. Muito melhor do que quando estava sendo
organizada pela parteira dos maltrapilhos.
PADRE — Dona Hilda, Jesus Cristo não se vestia de ouro. Era um homem pobre,
com vestes simples.
HILDA — E não é verdade, Padre?! Mas nós não estamos aqui pra discutir os
modelitos de Jesus e sim a quermesse. Ainda hoje eu lhe trago o desenho
com a disposição nova das barracas. A festa vai ser um sucesso!
HILDA SAI.
PADRE — Ah, meu Pai! O que eu fiz pra merecer isso? Essa história vai acabar
em confusão.
CORTA PARA:
PEDRO CHEGA COM BÁRBARA. NARA A RECONHECE E FICA SEM AÇÃO. Sonoplastia:
“AI QUEM ME DERA” – CLARA NUNES.
PEDRO — A senhora espera aqui que eu vou lá dentro falar com o médico e já
volto.
BÁRBARA — Tá bem.
PEDRO VÊ NARA.
PEDRO — Que bom que ocê tá aqui. Nara, essa é a dona Bárbara, filha do seu
Heitor.
NARA FICA OLHANDO PARA A FILHA SEM DIZER NADA. BÁRBARA PERCEBE E
ESTRANHA.
NARA — Tá.
PEDRO — Dona Bárbara caiu do cavalo e machucou o pé. Você fica com ela
enquanto eu falo com o Doutor Pirillo?
PEDRO — Nara, ocê tem certeza que tá bem mesmo? Não tá sentindo nada?
NARA — É.
BÁRBARA ESTÁ INCOMODADA COM A FORMA COM QUE NARA OLHA PARA ELA.
NARA — Eu sô índia. Morava em aldeia quando era pequena. Nóis têm o nosso
jeito de cuidá das doença.
BÁRBARA — Deve ser por isso que existem tão poucos índios. Eu prefiro esperar o
médico. Obrigado pela preocupação.
CORTA PARA:
SALIN — Ela foi pro hotel. Será que... Será que ela aceitava dar uma volta na
praça comigo? Quem sabe comer uma pipoca? (p) Não, Salin. Claro que
ela vai dizer não. Imagina que um mulherão daqueles vai querer alguma
coisa com você. (p) Mas ela tá sozinha. (p) Não. É melhor eu ficar quieto
no meu canto. Ela vai é rir de mim. (p) Se bem que tanta gente já ri. Não
ia ser novidade nenhuma. Vai que ela aceita!
SALIN — É isso! Eu vou falar com ela! Salin, tá na hora de você tomar
vergonha nessa sua cara velha e tomar uma atitude. Se você quer a
alemã, precisa lutar por ela.
CORTA PARA:
LINO — Mas por que, dona Frida? A senhora escreve tão bonitinho. Têm uns
número pequenininho. Parece inté de professora.
FRIDA — Du sagst nur dummheit! Como você falá besteira, Lino! Eu estou
querendo dizer que o hotel está faturando pouco.
FRIDA — Você é maluco. Eu não entendo nada de cinema. Além do mais, não
tenho dinheiro pra fazer nada.
SALIN ENTRA.
FRIDA — Lino, saia daqui antes de começar a falar besteira. Vá cuidar do seu
trabalho! Já me atrapalhou demais!
LINO SAI.
SALIN — Será que… Será que eu poderia conversar um pouco com a senhora?
SALIN — Me ajudar?
FRIDA — Sim. O senhor disse que veio até aqui pra falar comigo.
SALIN — Ah! Claro! É verdade. Eu... Vim pra falar com a senhora.
SALIN — Sabe o que é, dona Frida? Eu... eu nem sei por onde começar.
FRIDA — Seu Salin, eu estou ficando um pouco confusa. Afinal de contas, qual
é o sachgebiet?
ZÉ MARTINS ENTRA.
ZÉ MARTINS — Boa-tarde.
ZÉ MARTINS — Já tava bem, mas agora que lhe vi, tô melhor ainda.
SALIN — Não acredito. Não acredito que esse intromedito apareceu logo agora!
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 15
SALIN — Tô… tá…tá… tô res… tô resmungando nada não. Pigarro. Ando com
uma tosse.
ZÉ MARTINS — Precisa se cuidá. Gente velha que nem ocê num pode descuidá com a
saúde.
SALIN — Que velho? Que velho? Você bebeu? Nós temos a mesma idade!
ZÉ MARTINS — Nós temos a mesma idade e você é japonês. Até parece que eu tenho a
sua idade.
ZÉ MARTINS — Claro.
ZÉ MARTINS — Mas eu tô falano a mais pura verdade. Vim aqui pra lhe fazê um
convite.
FRIDA — Um convite?
SALIN — Um convite?
ZÉ MARTINS — Queria saber se a senhora aceita dar uma volta na praça comigo.
ZÉ MARTINS — Isso. A gente pode comê uma pipoca e dispois ficá orvindo a banda
no coreto. O que a senhora acha?
SALIN — Vai?
LINO ENTRA.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 16
FRIDA — Lino, eu vou sair pra dar um passeio com o seu Zé Martins. Você
toma conta de tudo enquanto eu estiver fora.
FRIDA OLHA PARA SALIN E SE LEMBRA DE QUE ESTAVA FALANDO COM ELE.
SALIN — Não é nada, não. Nada de importante. Outra hora a gente conversa.
ZÉ MARTINS — Claro que ele tem. Se tá falando é porque tem, não é mesmo, Salin?
SALIN — É.
ZÉ MARTINS — Então agora nós já podemos ir pro nosso passeio, dona Frida.
SALIN — Até.
FRIDA E ZÉ MARTINS SAEM. SALIN FICA OLHANDO COM TRISTEZA PARA A PORTA.
LINO PASSA O BRAÇO EM TORNO DO OMBRO DO AMIGO.
LINO — Não precisa mentir pra mim, seu Salin. Já faz tempo que eu vejo que
o senhor arrasta asa pra dona Frida. Asa, não. O senhor arrasta é o
passarinho inteiro, com o perdão da palavra.
SALIN — Eu não sei mais o que faço pra conquistar essa gringa. O infeliz do Zé
Martins tinha que chegar agora? Tinha? Qualquer dia eu acabo
colocando o nome dele na boca do sapo!
SALIN — Como não?! Foi só aquele... aquele... foi só aquele chegar aqui que
ela até esqueceu que tava falando comigo.
LINO — Seu Salin, como eu sou uma pessoa muito boa, eu vou lhe ajudar.
SALIN — E por acaso você entende alguma coisa disso? Nem saiu das fraldas.
Não têm nem idade pra essas coisas.
SALIN — Sei.
LINO — O senhor tá duvidando? Sabe como é que eu sou conhecido aqui pela
região?
SALIN — Qual é?
LINO — Tô falando sério, seu Salin! O senhor pode ficar tranqüilo que eu vou
pensar num jeito do senhor conquistar o coração da dona Frida.
SALIN — Tá bom... Arrasa Corações. Vou embora que é o melhor que eu faço.
SALIN SAI.
LINO — Pode duvidar, seu Salin. Pode duvidar. O senhor vai ver do que o
Arrasa Corações é capaz.
CORTA PARA:
CORTA PARA:
CELESTE — Mas você pode me explicar o motivo dessa viagem tão repentina?
HEITOR — Não é tão repentina assim, Celeste. Eu sabia que teria de ir até
Divinéia em breve. Aproveito que o Diogo e a Bárbara estão lá e nós
voltamos juntos.
CELESTE — Tem gato nessa tuba, Heitor. Isso tem a ver com a hidrelétrica, não
tem? Com a história de que a construtora vai mesmo ser a responsável
pela obra?
HEITOR — É claro que tem. Mas isso não é nenhum segredo. Eu tenho de fazer
alguns contatos políticos, falar com alguns aliados...
CELESTE — Claro. Pelo que deu pra perceber, até agora a tal da Eduarda não
conseguiu nada. Incompetente. Se você não colocar a mão na massa, a
coisa não vai andar.
HEITOR — A Eduarda está limitada no campo de ação. Reconheço que ela não
pode mesmo fazer muita coisa. Foi tudo arrumado em cima da hora. Ela
fez o que pôde.
CELESTE — Mala feita. Agora você já está pronto para embarcar pra Divinéia e
resolver essa história toda de uma vez por todas.
CELESTE — Não quero nem me lembrar disso. Não bastasse ter de ir pra lá, ainda
ficar na casa daquela criatura tão doce que é a sua mãe.
HEITOR — Você tá exagerando. Eu sei que a dona Hilda não é a pessoa mais fácil
do mundo, mas você, com toda a sua desenvoltura, a sua elegância...
HEITOR RI.
HEITOR — Exatamente. Com a sua paciência. Tenho certeza de que vai conseguir
sobreviver há alguns meses lá.
HEITOR — Você pode ficar aqui. Não quero lhe obrigar a fazer algo que você não
queira. Eu preciso voltar à Divinéia por causa do trabalho, mas você não.
CELESTE — E você acha mesmo que eu vou ficar apartada do meu marido? Heitor,
nós moramos na mesma cidade e quase não nos vemos por causa do seu
trabalho...
HEITOR — Exagerada.
CELESTE — Não. Eu não sou exagerada. É a mais pura verdade. Morando com
você, eu quase não lhe vejo, imagina então se você for viver lá no fim do
mundo. De jeito nenhum! Eu casei pra ficar ao lado do meu marido.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 20
HEITOR — Meu amor, não posso mais ficar aqui jogando conversa fora. Preciso
ir. Você pensa direito e vê qual é a melhor opção.
CORTA PARA
O MÉDICO SORRI.
PIRILLO — Não, dona Bárbara. Foi como eu pensei. Não teve nenhuma fratura.
Só uma torção mesmo.
PIRILLO — Vai.
BÁRBARA — Acabou a minha excursão pantaneira. Tá certo que a cidade não têm
muitas opções, mas a gente sempre arranja um jeito de se divertir.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 21
NARA — Mas é melhó ocê fica quietinha, porque assim sara logo.
BÁRBARA OLHA PARA NARA COM UMA EXPRESSÃO DE QUEM NÃO GOSTOU DO
COMENTÁRIO.
BÁRBARA — Pode deixar, dona índia. Eu já sou bem grandinha pra saber o que é
melhor pra mim.
PEDRO AJUDA BÁRBARA. TODA VEZ QUE OS DOIS FICAM PRÓXIMOS, DEVE HAVER
UMA CERTA TENSÃO. UMA ATRAÇÃO FORTE QUE DEIXA OS DOIS
CONSTRANGIDOS.
BÁRBARA PEGA A RECEITA DAS MÃOS DO DR. PIRILLO E SAI JUNTO COM PEDRO.
PIRILLO — Nara?
PIRILLO — Nara?
NARA — Eu?
PIRILLO — É.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 22
NARA SAI.
CORTA PARA
NARA — A minha filha. Ela tava do meu lado. Falou comigo. É a minha filha.
A minha Bárbara.
CORTA PARA:
EDUARDA — Obrigado.
RITA — É só isso?
RITA — Licença.
CHRISTIANE — Eu... Eu queria saber como você está. Da última vez que nós nos
falamos...
CHRISTIANE — Reencontrou?
CHRISTIANE — Sua filha está ótima, Diogo. Apesar da distância do pai. Ela chora
todas as noites. Eu nem sei mais o que dizer pra ela.
DIOGO — Foi pra isso que você ligou? Pra fazer com que eu me sinta culpado?
CHRISTIANE — Não. Eu liguei pra saber quando é que você volta pra casa. Você
ainda lembra que tem uma, não lembra?
CHRISTIANE — Espero que o seu tio não tenha feito a sua cabeça. Nem ele nem o seu
irmão matuto.
DIOGO — Será que você precisa ser tão desagradável? Você não pára nem um
minuto pra perguntar o que eu estou sentindo, ou o que eu quero fazer?
CHRISTIANE — Não preciso, meu querido. Eu lhe conheço como a palma da minha
mão. Sei muito bem o que você quer. Quer se enfiar nesse país medonho,
nessa cidade infeliz.
DIOGO — Chega! Chega, Christiane. Se você for começar com os seus ataques,
eu vou desligar o telefone agora mesmo.
EDUARDA PARECE GOSTAR DE VER QUE A CONVERSA ENTRE O CASAL NÃO VAI
BEM.
CHRISTIANE — Diogo, eu vou lhe dizer de novo. Eu não volto para o Brasil! Não
volto de jeito nenhum, você entendeu?!
CORTA PARA
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 25
CHICA — Cadê o povo dessa casa? Isso aqui tá sempre cheio de peão na porta.
NINGUÉM APARECE.
CHICA — Diaxo! Num têm uma viva arma nessa porcaria dessa fazenda?
CHICA SORRI.
CHICA — E eu sempre quis sabe como é essa casa por dentro. Deve de sê uma
belezura. (p) É. Acho que num têm mal nenhum eu dá uma espiada. Se
chega argúem eu falo que tô procurando o Pedro. Num vô tá mentindo.
Vim inté aqui pra fala com ele mesmo.
CORTA PARA
CHRISTIANE SAI DA APATIA EM QUE ESTAVA AO OUVIR ISSO. ESTÁ COM MUITA
RAIVA.
CHRISTIANE — É isso mesmo que você ouviu, Diogo. Se você resolver voltar pro
Brasil, esquece que têm uma filha.
FOGO SOBRE TERRA Capítulo 28 Pag.: 26
DIOGO — Christiane...
CHRISTIANE — Eu pego a Vivi, sumo no mundo e você nunca mais vê a sua filha!
CHRISTIANE — Seria! Seria louca pra fazer isso e muito mais! Experimenta!
DIOGO — Christiane!
FIM DO CAPÍTULO