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Práticas e modelos A.A.

das BE - DREN - T8
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O Modelo de auto-avaliação da BE no contexto da escola

1- Análise à realidade da escola onde exerço funções

Sendo a BE um sistema integrado e aberto à influência de outros sistemas


com os quais interage, a sua maior ou menor apropriação resultam em grande parte
da atitude e reconhecimento do órgão directivo. Neste âmbito, o processo de auto-
avaliação deve enquadrar-se no contexto da escola e ter em conta as diferentes
estruturas com as quais é necessário interagir, destacando-se a figura do Director, que
deve estar envolvido desde o primeiro momento, ser líder coadjuvante no processo e
aglutinar vontades e acções, para além de todos os outros agentes educativos cuja
participação é fundamental.
No caso concreto da BE da escola a que pertenço, há diversos factores
que me fazem constatar que nos encontramos no bom caminho, embora ainda com
diversas etapas a percorrer. A BE da Escola Sede está integrada na RBE desde 1997,
tendo-se constituído de imediato uma equipa coordenadora que iniciou formação na
área, a qual eu integrei no ano seguinte. No ano lectivo 2001/2002, assumi as funções
de coordenadora, com redução do tempo lectivo nos termos da lei em vigor. Desde
então tenho desempenhado o cargo nos mesmos moldes, com uma equipa que tem
sofrido algumas alterações. No presente ano lectivo, fui nomeada pelo Director
Professora Bibliotecária, praticamente a tempo inteiro, uma vez que lecciono a
disciplina de Área de Projecto a uma turma (90 minutos semanais). Realço o facto do
Presidente do Conselho Executivo, actual Director ter sido sempre a mesma pessoa,
ao longo destes anos, tendo acarinhado o projecto desde o início e partilhado das
nossas angústias, mas simultaneamente acreditando e promovendo a mudança.
Considero, por isso, ter havido um trabalho concertado entre a equipa da BE e o órgão
de gestão, sempre com um diálogo aberto e franco, na procura de soluções para todos
os problemas que foram surgindo. Refiro ainda que a BE tem sido representada no
Conselho Pedagógico, inicialmente apenas porque desempenhava o cargo de
Coordenadora de Língua Portuguesa e, como elemento da equipa da BE, acabava por
assumir as duas funções; mais tarde, como coordenadora da BE, passei a representar
a BE no CP, por imposições legais. A BE está ainda devidamente integrada nos
documentos estruturantes do Agrupamento (PAA, PE, RI) e é encarada pela
comunidade educativa como uma estrutura de apoio e desenvolvimento do processo
ensino-aprendizagem. Como factor positivo, registo o facto de, desde o ano lectivo

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2000/2001, após a constituição do Agrupamento, terem sido crescentes as actividades


de articulação com as BE/CRE dos JI e EB1, havendo um trabalho colaborativo
sistemático entre as duas responsáveis pelas BE do Agrupamento. Um outro aspecto
importante é o facto do Coordenador do Plano TIC (actual PTE) ser também, há já
alguns anos, elemento da equipa da BE.
Neste contexto, o actual modelo de auto-avaliação foi encarado como uma
necessidade e um desafio para a afirmação da BE, entendido como um instrumento de
melhoria contínua, sendo fundamental estabelecer uma forte ligação entre BE, Escola
e sucesso educativo. Com o conhecimento deste modelo e consequente compromisso
e envolvimento dos órgãos de gestão e pedagógicos, o processo será uma mais-valia
para a construção de uma biblioteca do séc. XXI, efectiva e de qualidade. Foi neste
sentido que já no ano lectivo anterior decidimos aplicar, a título experimental, o Modelo
de auto-avaliação da BE a todas as BE do Agrupamento (uma na EB 2 e 3 e quatro
nos JI/EB1), tendo sido precioso o contributo de todos os coordenadores das BE dos
concelhos vizinhos, reunidos periodicamente com a Coordenadora interconcelhia. A
constatação das dificuldades da implementação do Modelo foi imediata e desde então
foram reformuladas algumas estratégias de acção da BE.
A percepção do valor da BE e do seu papel e a necessária intervenção da
escola nem sempre tem sido uma realidade, devido a diversos constrangimentos,
entre os quais:
- Coordenadora da BE, até ao final do ano lectivo anterior, com a redução
da componente lectiva ao abrigo da legislação em vigor, assumindo ainda outros
cargos na Escola, dispersando o tempo em actividades demasiado diversificadas e
não conseguindo cumprir com rigor os objectivos da BE/CRE;
- Equipa da BE com um número insuficiente de horas atribuídas e pouca
formação na área;
- Alguns problemas na articulação com a Biblioteca Municipal (SABE por
enquanto inexistente, com possível viabilidade para breve, após inúmeras diligências,
apoiadas pela Coordenadora Interconcelhia);
- Catálogo informatizado apenas na BE da escola sede, disponibilizado
num só computador;
- Insuficiente articulação curricular entre a BE e os Departamentos;
- Dificuldade na realização de um trabalho colaborativo, tornando difícil
avaliar a contribuição da BE na consecução dos objectivos relacionados com a
aprendizagem, a formação e os resultados escolares dos alunos;

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- Resistência à mudança por parte de alguns elementos da comunidade


educativa;
- Ausência de práticas de avaliação baseadas em evidências;
-Ausência de práticas estruturadas de auto-avaliação relativamente ao
desempenho da BE, dificuldade em pensar em termos de resultados e impactos;
Apesar de todas estas dificuldades, no presente ano lectivo a equipa da BE
tem um maior entendimento, mais disponibilidade (duas professoras bibliotecárias,
com dispensa quase total da componente lectiva) e sente-se mais à vontade na
aplicação do Modelo, reconhecendo a sua contribuição na elaboração de um plano de
acção que integre objectivos e práticas que se adaptem à mudança e à ligação ao
currículo e ao sucesso educativo dos alunos.

2- Plano de Acção:

Medidas necessárias à alteração da situação e à sua consecução com sucesso

O modelo pressupõe a motivação individual dos seus membros e a liderança


forte do professor bibliotecário, que tem de mobilizar a escola para a necessidade e
implementação do processo avaliativo, com vista à melhoria através da acção
colectiva e possibilidades oferecidas pela BE.

Estratégias a desenvolver ao longo do ano, tendo como objectivo a aplicação


do Modelo de auto-avaliação:

 Apresentação do Plano de Acção da BE ao órgão de gestão e comunidade


educativa;

 Apresentação do modelo de auto-avaliação da BE ao Conselho


Pedagógico (CP) e tomada de decisão sobre o domínio a avaliar;
 Divulgação dos resultados da avaliação diagnóstica ( ex. análise SWOT );
 Apresentação das Etapas do processo – cronograma das acções
decorrentes da implementação do Modelo de auto-avaliação;
 Recolha de evidências: questionários a professores e alunos, entrevistas,
horários, estatística, registo de actividades, relatório de actividades da BE,
planificações,… (recolhas realizadas em diferentes momentos do ano
lectivo);
 Inclusão da BE no adequado perfil de desempenho;

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 Elaboração do Relatório final de auto-avaliação, discutido e aprovado em


CP. Deste relatório deve transitar uma síntese que venha a integrar o
relatório da escola, estabelecendo assim ligações entre a avaliação da BE
e a avaliação da escola;
 Definição de prioridades e propostas de melhoria – Plano de acção em
trabalho colaborativo com o CP e restantes estruturas educativas
(articulação de actividades conjuntas);
 Divulgação dos resultados em CP e restantes estruturas educativas;

O currículo e a forma como está organizado, bem como os valores,


modelos e práticas de transmissão / apropriação do conhecimento, são factores que
condicionam o sucesso da BE. Um dos maiores desafios para a BE do séc. XXI é
saber gerir a grande mudança. Em todo o processo, o Professor Bibliotecário deve ter
um grande destaque, designado por RossTodd como learning specialist. É ainda este
autor que reforça o trabalho e a liderança interventiva e actuante do professor
bibliotecário (coordenador) na formação para as Literacias e para a construção do
conhecimento. A liderança transformativa deve, segundo ele, ser orientada pela
recolha de evidências – evidence based practice. Esta liderança, associada ao
exercício de uma visão estratégica, é determinante no desenvolvimento e no sucesso
do processo de auto-avaliação, que, citando Eisenberg e Miller, significa:

- Ter atitude e capacidade de intervenção face aos problemas identificados.

- Reconhecer a oportunidade e ter sentido de agenda na abordagem dos


problemas e na apresentação de propostas e estratégias junto do órgão de gestão.

- Articular prioridades e objectivos com a escola os programas e projectos em


desenvolvimento.

- Desenvolver uma cultura de avaliação. Gerir as evidências recolhidas no


sentido de comunicar o valor da biblioteca escolar e corrigir os gaps identificados.

- Articular, colaborar e comunicar em permanência na escola e com outros


stakeholders.

É neste sentido que tento desempenhar o meu papel de Professora


Bibliotecária. Apesar dos constrangimentos ainda existentes, procuro seguir as linhas
orientadoras que me são exigidas – acção, compromisso e responsabilidade. O meu
objectivo é contribuir para a transformação da BE num espaço de conhecimento e não
apenas de informação (Todd, 2001).

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Com a implementação do Modelo de auto-avaliação da BE e consequente


envolvimento dos diferentes actores da comunidade educativa, torna-se possível
identificar as lacunas existentes e extrair responsabilidades colectivas face aos
resultados obtidos. Citando Elspeth S Scott, “Measuring success is not an end in itself;
it’s a tool of improvement”.

Braga, 15 de Novembro de 2009

BIBLIOGRAFIA

- Texto da sessão, disponibilizado na plataforma.

- Scott, Elspeth (2002) “How good is your school library resource centre? An
introduction to performance measurement”. 68th IFLA Council and General
Conference August. <http://www.ifla.org/IV/ifla68/papers/028-097e.pdf>
[14/10/2009]

- McNicol, Sarah (2004) Incorporating library provision in school self-evaluation.


Educational Review, 56 (3), 287-296. (Disponível na plataforma)

- Johnson, Doug (2005) “Getting the Most from Your School Library Media
Program”, Principal. Jan/Feb 2005 <http://www.doug-
johnson.com/dougwri/getting-the-most-from-your-school-library-media-program-
1.html> [14/10/2009]

- Modelo de Auto-Avaliação da Biblioteca Escolar – RBE, Novembro 200

5 Maria Helena da Mota Rodrigues

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