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BIOGRAFIA

MARCELO DONATI
2009
© Bloptical Ed Motta Fan Club 2009
Ed Motta – Biografia_________________________________________________________________________________________

ED MOTTA – BIOGRAFIA
“Ed Motta, sofisticação, simplicidade e música!” (Sérgio Herval)

Introdução
Ed Motta tornou-se, em aproximadamente três décadas de carreira
musical, um artista global, agregando à sua obra sons e artistas do mundo
todo, sempre se pautando não pelo estilo, mas pela qualidade. Desde o rock,
primária influência, até as trilhas sonoras de filmes e musicais, passando pelo
funk e soul que permearam o início de seu sucesso, pelo jazz e pop lapidado,
onde grupos como Steely Dan e artistas do selo jazzístico Strata-East o
levaram a caminhos mais ousados, pela música brasileira de alta qualidade
(resgatada quando Ed estava fora do país), até por diversos outros gêneros,
como reggae, samba, disco, blues, progressivo, african jazz, be bop, fox, e
muitos etceteras...

Sintetizar o estilo de Ed Motta é redundante e injusto com a gama de


música que o cerceia, e que sofre constante mutação. Se fosse necessário
simplificar em apenas um parágrafo, poder-se-ia dizer que Ed compõe e grava
sua música passeando por inúmeros estilos, sem nunca perder o brilho de uma
boa música pop como Stevie Wonder faz, cantando com a entrega de Donny
Hathaway, e produzindo e arranjando com o apuro técnico e rigor altamente
musical dos grandes do Steely Dan.

ED MOTTA – BIOGRAFIA (DÉCADA A DÉCADA)

Década de 70 – A música atrelada a Ed desde o princípio


Eduardo Motta nasceu em 17 de agosto de 1971, no Rio de Janeiro. Logo
cedo, foi tomando contato profundo com a música, tendo paixão desde
garoto por Stevie Wonder. A disco music e o samba-canção embalavam a casa
dos Motta, juntamente com Earth, Wind and Fire e, obviamente, os discos de
um tio cantor, irmão da mãe de Ed, de nome Sebastião.
No final dos anos 70, o blues e o hard rock picaram o jovem Ed, que
apaixonado por Thin Lizzy, Led Zeppelin, Rory Galagher, Free, Humble Pie e
todo o boom rock britânico, integra (já no comecinho dos 80), sua primeira
banda, de nome Kabbalah.
Na década de 70 também surge em Ed o espírito de colecionador, atividade
que o acompanha desde então. Primeiro com bottons, revistas de rock, vinis,
peixes, quadrinhos, fanzines.

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Década de 80 – O início do sucesso


O rock puro e simples já não era suficiente para o apurado gosto de Ed, que
descobriu em Jeff Beck a ponte entre o tradicional rock e a pegada funk soul
que trazia reminiscências de sua imberbe vida. A partir daí, mergulhou fundo
em grupos como The Gap, B.T. Express, Kool And The Gang, James Brown,
Isaac Hayes e a música negra. Logo viria a vontade de ‘fazer um som’.
Conheceu no meio da década de 80 o jovem guitarrista Luiz Fernando
‘Comprido’ e, em meio a jams em estúdios cariocas, nasceria o Expresso
Realengo.
Alterado oficialmente para Conexão Japeri (idéia do fotógrafo Henyo
Barreto), o grupo foi um dos primeiros do Brasil a compor e gravar funk de
qualidade internacional. ‘Manuel’ é o exemplo mais perfeito e duradouro disto:
desde que foi lançada, nunca mais saiu da lista das mais pedidas pelos fãs de
Ed.
A banda era formada por: Ed, que além de cantar, metia-se com vários
instrumentos, como guitarra, percussão e teclados; Comprido nas guitarras;
Bombom no baixo; Fran Bouéres na percussão; Fábio Fonseca nos teclados; e
Marcelo Pereira na bateria.

E logo veio o primeiro disco: “Ed Motta e Conexão


Japeri” (Warner, 1988). Com os sucessos ‘Manuel’,
‘Baixo Rio’, ‘Vamos Dançar’, ‘Lady’ e ‘Parada de Lucas’,
produção de Ed e Vitor com co-produção de João
Barone (que tocou bateria no hit Manuel) e direção
artística de Liminha, o álbum rapidamente capitaneou
Ed e banda ao sucesso nacional, tocando nas rádios de
todo o Brasil.
Mas, apesar de todo o sucesso da banda, Ed não sucumbia à democracia de
uma banda e desejava alçar vôo solo e mais alto...

Década de 90 – Os vôos de Ed
Década, com certeza, que mais registra mudanças na vida de Ed Motta.
Primeiro, ao embarcar em carreira ‘definitivamente’ solo.
Com a ajuda inestimável do parceiro Bombom, com
quem dividiu a composição, gravação e produção, Ed
Motta lançou em 1990 o disco “Um Contrato com
Deus” (Warner). Bombom, único remanescente da
Conexão Japeri, ajudou Ed a firmar-se como artista
independente musicalmente. Gravou todos os
teclados do disco, além de ser o responsável por todas
as letras. E com a dica dada pelo tio Tim, as músicas
não se orientavam apenas por funks animados, mas
incluíram também grandes baladas, como a que abre o disco, ‘Do You Have
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Other Love?’. Houve espaço também para as experimentações, como as várias
vinhetas que pontuam o disco. E o sucesso radiofônico veio pelo hit
‘Solução’, que passou a fazer par com ‘Manuel’. ‘Já’, ‘Sombras do meu
Destino’, ‘Body’, ‘Um Jantar pra Dois’ e a faixa título foram outros destaques.

Nunca satisfeito nem limitado em seus rumos musicais, realizou em seguida


um disco mais conceitual. Novamente com a ajuda de
Bombom, e altamente influenciado pelo maravilhoso
pop de Steely Dan, Ed Motta gravou o cult “Entre e
Ouça” (Warner, 1992). A gravadora não entendeu a
proposta e não auxiliou muito financeiramente (“o
orçamento era de um artista underground jamaicano”,
conta); Ed continuou firme, chamou grandes músicos,
inclusive os que vinham tocando com ele na turnê do
disco ‘Contrato’, e seguiu em frente, no disco que
também inaugurou o famoso edmottês, scats vocais que viraram sua marca
registrada.
Pela ousadia de fazer ‘Entre e Ouça’, pagou um preço alto: tímidas vendas e
pouco reconhecimento (que só veio mais tarde, já que o disco é consenso
entre os fãs como um dos melhores de sua obra). Nesta época, Ed inaugura
seus shows no exterior, tocando inclusive em Paris e Londres.
Com este disco, outra parceria se fez presente: Ed conhecera Edna Lopes na
divulgação do disco ‘Contrato com Deus’, e ela passou a cuidar da arte gráfica
de todos os trabalhos lançados por Ed; é de Edna a arte de ‘Entre e Ouça’.

Desgostoso com os rumos profissionais, e ainda ‘devendo’ um disco para a


gravadora, Ed permitiu que a Warner transformasse o
registro de um show em um álbum para cumprir o
contrato. E assim foi lançado “Ed Motta ao Vivo”
(Warner, 1993), registro de um show da turnê
‘Contrato com Deus’, onde Ed não participou nem da
escolha da capa. O destaque deste show é o medley
final, um mix de seus hits ‘Manoel’ e ‘Solução’ com
vários clássicos da soul music.
Por muitas razões, Ed não gosta deste disco e nem o
considera como item de sua discografia oficial (no show faltava um membro
do naipe de metais e há algumas falhas técnicas), mas é fato que o disco
angariou muito mais fãs, e é preferido por muitos justamente por registrar ao
vivo as ótimas performances de Ed e banda, ratificando o talento e qualidade
dos álbuns de estúdio.

E assim, findada as obrigações, em 1994, Ed e a (futura) esposa Edna


embarcaram para Nova York, onde o músico pode se aprofundar na cultura e

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arte que tanto gostava, e que por outro lado, abriu-lhe a cabeça para a riqueza
da música brasileira.
Chegando a gravar no estúdio do ídolo Donald Fagen um disco que nunca viu
a luz do dia, Ed voltou ao Brasil com a cabeça repleta de idéias, e enquanto
reunia faixas para um novo disco, participou em diversos
discos e tributos, além de trilhas para o cinema e
comerciais para a TV.
Um dos filmes é “Pequeno Dicionário Amoroso”, que
conta com trilha sonora original de Ed Motta e João
Nabuco, cuja faixa principal, a música “Falso Milagre do
Amor” iria ser regravada no disco de Ed.

E o próximo disco de inéditas de Ed seria um marco em sua carreira; a volta


ao pop radiofônico, mas carregada de inovações e texturas que lhe são
peculiares.

“Manual Prático para Festas, Bailes Afins Vol. 1”


(Universal, 1997) assinalava uma nova gravadora e uma
nova fase, onde Ed delegou as letras para autores
diversos e cuidou com zelo apurado das músicas,
gravando vários instrumentos, e compondo e
arranjando para orquestra, apoiado por incríveis
músicos. A parceria com Rita Lee rende o hit ‘Fora da
Lei’, e o começo da parceria com o letrista Ronaldo
Bastos produz as jóias ‘Vendaval’, ‘Por Você Ser Mais’, ‘A
Flor do Querer’, ‘Dias de Paz’ e ‘Falso Milagre do Amor’.
As músicas retomam o clima funk dos primeiros discos,
bem como as baladas soul e as vinhetas (‘A Loja do
Subsolo’ é uma grata surpresa).
A volta às rádios abarrota a agenda de shows, Ed percorre
o Brasil em turnê (e também os EUA, cantando com o
ídolo Roy Ayers) e grava especiais para a TV, além de aumentarem os convites
para gravar com outros artistas, outras trilhas e até para a Disney (primeiro em
“O Corcunda de Notre Dame”, e depois “Tarzan” e outros filmes).

Da safra que produziu o primeiro ‘Manual’, muito ainda se podia esperar, pois
Ed já tinha material para fazer o segundo volume, mas a gravadora o
incentivou a lançar um disco de remixagens e novas versões dos novos (e
velhos sucessos).
Em 1998, lançou então “Remixes e Aperitivos”
(Universal), um petisco musical que, de ‘novo’, teve apenas
a faixa ‘Você Mentiu pra Mim’ (uma versão para ‘You
Fooled Me’, da dupla Grey & Hanks). Não há músicas do
disco ‘Entre e Ouça’, talvez justamente pela proposta de
trabalhar apenas com faixas mais ‘radiofônicas’.
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2000 – Os caminhos musicais se


aprofundam; a carreira, mais ainda
“As Segundas Intenções do Manual Prático”
(Universal, 2000) dá continuidade ao primeiro Manual,
com várias músicas deliciosamente pops (a faixa de
abertura ‘Mágica de um Charlatão’), sucessos prontos
para a rádio (‘Colombina’, nova parceria vencedora
com Rita Lee), o line up de músicos que acompanharam Ed na turnê anterior,
somado a outros igualmente excelentes como Liminha, Jota Moraes, Fábio
Fonseca e Ed Lincoln. As parcerias com diversos letristas também
prosseguem a contento, com as participações de Lulu Santos, Zélia Duncan,
Chico Amaral, Nelson Motta, Ronaldo Bastos, Blake Amos e Doc
Comparato.
O álbum “As Segundas Intenções”, apesar de pop na essência, fornece pistas
de que a mente fervilhante de Ed Motta nunca está sossegada ou satisfeita, e
surgem timidamente novos caminhos musicais, como a faixa final ‘A Tijuca
em Cinemascope’, instrumental ousado e embebido de influências líricas e
orquestrais.

E para confirmar este novo caminho, Ed Motta conclui


a fase na gravadora Universal ‘ganhando’ o disco
“Dwitza” (2002).
De início recebido com estranheza pelo público, Dwitza
abriu as portas da Europa para Ed Motta, que incensou
o disco pela grandiosidade das composições e fidelidade
do som (gravado apenas com instrumentos e
equipamentos analógicos e isento de compressão/reverberação digital).
As influências de Ed afloram em temas-tributos a vários mestres, como Dom
Salvador, Moacir Santos, e a diversidade ecoa em samba, afro-jazz, valsa, e
outros. A voz é alçada a instrumento melódico e o edmottês impera. Só duas
músicas tem letras: ‘Doce Ilusão’ e ‘Coisas Naturais’. ‘Valse Au Beurre Blanc’
é uma relação de nomes de vinhos e queijos, enquanto que ‘Lindúria’, com seu
fake English, é uma ode à sua esposa.

Antes de fazer Dwitza, Ed Motta juntou-se a outro Motta (Nelson Motta)


para criar a trilha sonora do filme de Daniel Filho, “A Partilha” (2001),
quando criou temas inspiradíssimos como ‘Apaixonada’, ‘Risos na Noite’ e
‘Tardes de Verão’.

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Em 2003, Ed aporta em sua nova gravadora, a Trama. Com plena liberdade


nos estúdios, Ed se dedica a confluir um amálgama de influências, estilos e
inspirações para gerar um álbum pop até no nome,
“Poptical” (Trama, 2003). Pela primeira vez, Ed permitiu
que fossem gravadas as sessões de gravação de um disco, e
é onde podemos sentir de perto toda a magnitude do
compositor e arranjador Ed Motta, que cuida passo a
passo da gravação de cada instrumento, checando com os
músicos as intenções e nuances de cada take.
O disco possui um hit logo de cara, a parceria com Seu
Jorge na divertida ‘Tem Espaço na Van’, com uma pegada funk aliada a uma
nova visão de arranjo, onde os teclados e sintetizadores fazem às vezes dos
metais e cordas. A faixa de abertura, ’Minha Casa, Minha Cama, Minha Mesa’,
já mostra que Ed quer ir muito mais além, numa harmonia sofisticada dentro
de um universo afro-jazz-brazuca. Há no universo poptical espaço para baladas,
temas disco, canções à la Mancini, foxes, rumbas e mais. As parcerias também
embelezam o álbum, onde a música de Ed se alia às canetas de Adriana
Calcanhoto, Nelson Motta, Daniel Carlomagno, Jair Oliveira, Chico Amaral,
Zélia Duncan e outros.
Entra em cena também o novo parceiro, Jean-Paul ‘Bluey’ Maunick, líder do
grupo inglês Incognito, que letrou a acústica ’The Rose that Came to Bloom’,
onde Ed dá espaço até para Scriabin. Ed realizou uma turnê no Japão
juntamente com a banda Incognito para promover este disco
e o repertório de Dwitza (Ed gravou no disco dos ingleses a
faixa título do álbum ‘Who Needs Love’).

Uma inovação proposta pela gravadora foi o lançamento de


versões remixes de ‘Tem Espaço na Van’ e ‘Que Bom Voltar’.

Com o sucesso de Poptical, é chegada a hora de gravar um DVD para


registrar as performances de Ed e banda, que conquistaram a Europa
(inclusive no North Sea Jazz Festival) e Japão.
Assim, em São Paulo, é gravado o show que se tornaria “Ed Motta em
DVD”, e também o CD duplo “Ed Motta ao Vivo” (Trama, 2004),
lançamento premiado pela APCA - Associação Paulista de Críticos de Arte.

O DVD tenta compilar um pouco de cada fase de sua


carreira, começando com um medley do disco Dwitza,
focando no disco Poptical, e relembrando todos os
sucessos, de ‘Manuel’ a ‘Fora da Lei’, de ‘Solução’ a
‘Vendaval’, todas com novas roupagens, além de resgatar
a música ‘Entre e Ouça’. Uma participação não prevista
dá o charme ao final do DVD, onde Ed divide o piano
com sua mestra Tânia Maria.
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Além do show, há o making of do disco Poptical, uma pérola para os fãs, que
podem ouvir e ver detalhes de gravação de cada faixa, recheados de
comentários inspirados de Ed e banda.

Em meio a participações em tributos, songbooks, álbuns e shows de vários


artistas – a participação no DVD Roupacústico, do grupo Roupa Nova é um
dos destaques –, Ed vai recolhendo seus temas para a gravação de mais um
disco, sempre com o objetivo de surpreender-se.

Em 2005, é lançado “Aystelum” (Trama), mais um


ousado trabalho, que retoma temas instrumentais
começados no disco Dwitza (o spiritual jazz
‘Awunism’, o samba-jazz ‘É Muita Gig, Véi!’, e
‘Patidid’), formações inusitadas, como ‘Balendoah’,
que tem duas baterias e dois baixos, evidencia o flerte
com o samba na suingada ‘Phármacias’ e em ‘Samba
Azul’ (dueto com Alcione), e retoma com força total
as trilhas musicais (com a gravação de três faixas do seu Musical “7”, peça
teatral com texto de Charles Moeller e letras de Claudio Botelho). Nei Lopes
assina duas letras, e Ronaldo Bastos, uma.

Com apenas uma faixa considerada ‘radiofônica’ (‘A Charada’), o disco relega
Ed a uma extravagante minoria na música nacional, mas a vaidade notória do
músico não o deixa se preocupar com a reação do público, e ele se regozija
fazendo arte como uma criação divina e intelectual. E atesta:
“A arte não pode ser feita para o público. Acho menor a arte
que é absolutamente dirigida”.

Em 2005 e 2006, Ed retoma seu trabalho de produtor,


cuidando do disco ‘Atlas’ do grupo Jazzinho. E participa de
muitos outros trabalhos, gravando com Zélia Duncan, Zé Ricardo, Bluey e
outros.

Depois de uma pausa de três anos sem gravar material próprio, Ed avança
mais uma jogada na sua obsessão de se reinventar e se surpreender.
Em 2008, lança “Chapter 9” (Trama), um disco com
várias novidades. A primeira delas é que o músico
gravou todos os instrumentos, de maneira bem
minimalista. A idéia de ‘one man band’ surgiu nas
gravações das demo tapes do disco em São Paulo em
2007 (Ed sempre se utiliza disso para melhor mostrar
as idéias para os músicos), onde incentivado por João
Marcelo Boscoli, da Trama, resolveu manter as

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gravações originais como sendo as definitivas.


Outra diferença: a língua inglesa, que perambulava em praticamente todos os
seus discos, aporta pra valer agora, com todas as músicas em inglês. Para
auxiliá-lo nesta empreitada, contou com as letras lisérgicas do artista inglês
Robert Gallagher. A exceção fica para a lúgubre faixa de abertura, ‘The Man
from the Oldest Building’, com letra de Cláudio Botelho.
As músicas, soturnas à primeira vista (como ‘Twisted Blue’), com toques de
rock setentista, como ‘Tommy Boy’s Big Mistake’, e pop inglês (o hit ‘You’re
Supposed To...’), surpreendem ao revelar uma abordagem espontânea de Ed
Motta.
As influências provem de vários lados, mas Ed aponta para o trabalho de
Scott Walker como o grande norteador do disco.
Entretanto, ‘Chapter 9’ não é hermético, e apresenta muitas outras facetas,
como a reggae ‘The Sky is Falling’, ou a ensolarada ‘The Runaways’ (que traz
de volta as influências de Stevie Wonder e Steely Dan).

As novidades não param por aí: Chapter 9 foi o primeiro cd de Ed Motta


disponibilizado de maneira gratuita pela web, num projeto de parceria entre a
gravadora e grandes empresas. Bom para os fãs, melhor para o artista (ou
vice-versa!)

E pouco mais de apenas um ano depois, Ed já entrega nas prateleiras das lojas
mais um disco novo, fruto de sua nonstop creative mind. E desta vez o clima é
festivo!

“Piquenique” (Trama, 2009) já começa com uma


inovação: Ed aventurou-se, ao lado da esposa Edna, a
compor as letras. O casal é responsável por todas as
letras do disco, exceção feita à faixa ‘Nefertiti’, com
letra da sempre parceira Rita Lee.
Outra novidade de Piquenique: é o primeiro disco de
Ed a ter um single virtual, da música ‘Mensalidade’,
com download patrocinado.
As músicas retomam o clima pop lapidado do disco “Manual Prático”, com
faixas remetendo ao inicio de carreira de Ed. ‘Minha
Vida Toda Com Você’ é funky e romântica.
‘Mensalidade’ e ‘Pé na Jaca’ tem temas irreverentes à
moda de ‘Manuel’. ‘Pé na Jaca’ conta com o baixo de
Liminha. Todos os outros baixos ficaram a cargo de
Robinho, ou do próprio Ed, que ao lado do co-
produtor Silvera, cuidaram da maioria dos
instrumentos. Outros músicos que participam deste
disco: Leandro Cabral e Renato Fonseca (teclados); Jessé Sadoc (trumpete e
flugelhorn); Marcelo Martins (sax e flauta); Marya Bravo (voz);
Ed Motta – Biografia_________________________________________________________________________________________
‘A Turma da Pilantragem’, que homenageia o grupo de mesmo nome, tem
participação da cantora Maria Rita, que emoldura o ar vintage da música e a
sedução inocente da letra.
A paixão por quadrinhos (belgas, de preferência!) fica expressa na primorosa
‘Nicole Versus Cheng’.
E ainda há muitos sabores novos na cabeça de Ed, desaguando em canções
como ‘Bel Prazer’, ‘Tanto Faz’ (lindo trabalho de guitarras), e a espiritual ‘O
Mestre e o Aprendiz’.
‘Carência no Frio’ é, sem hesitar, uma das mais lindas baladas de Ed Motta,
harmonizando o brilho das trilhas da Disney e de grandes musicais a uma
tristeza ímpar na letra.
Engana-se quem pensa que o disco foi propositamente pensado como ‘pop
para as rádios’. Na verdade, a veia compositora de Ed se manifesta de várias
maneiras, e na época logo após o lançamento de Chapter 9, sobraram idéias e
temas que não encaixaram naquele disco por serem justamente mais solares e
animadas, e a inspiração do músico continuou caminhando por temas tão
vivos e alegres quanto, e daí surgiu o conjunto de canções que deram origem a
Piquenique, cujo título entrega um conceito de simplicidade sofisticada.
As inspirações, como sempre gigantescas, passeiam por Chuck Brown,
Robson Jorge e Lincoln Olivetti, Cheryl Linn, Salsoul Orquestra, Vince
Montana, Steely Dan e muito mais...

O universo musical de Ed é tão amplo e irrestrito que é impossível


pressupor para quais lados caminharão seus novos trabalhos, e é justamente
isso que move e comove os fãs: a ansiedade pelas novidades do sempre
inquieto Ed Motta. E a certeza de uma arte sempre ‘maior’.

Marcelo Donati (novembro, 2009)

Bloptical Fan Club


http://www.ed-motta.blogspot.com/

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DISCOGRAFIA E PARTICIPAÇÕES
Discografia oficial:

1988 - Ed Motta e Conexão Japeri

1990 - Um Contrato com Deus

1992 - Entre e Ouça

1993 - Ao Vivo

1997 - Manual Prático Para Festas, Bailes e Afins

1998 - Remixes e Aperitivos

2000 - As Segundas Intenções do Manual Prático

2001 - Dwitza

2003 - Poptical

2005 - Aystelum

2008 - Chapter 9

2009 - Piquenique
Ed Motta – Biografia_________________________________________________________________________________________

Trilhas Sonoras de Filmes e Curtas:

curta (1991) Leonora Down - direção de Flávia Alfinito

(1996) O Corcunda de Notre Dame

curta (1997) Nino - direção de Flávia Alfinito

(1997) Pequeno Dicionário Amoroso – trilha sonora

curta (1998) Famine – direção de Patricia Alves Dias

curta (1999) De janela para o cinema - direção de Quiá Rodrigues

(1999) Tarzan - Trilha Sonora (Disney)

A Nova Onda do Imperador – “Mundo Perfeito”


(2000)
(Disney)

(2001) A Partilha –Trilha por Ed Motta e Nelson Motta

(2003) Sexo, Amor e Traição

(2007) Caixa Dois

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Songbooks e Compilações Especiais (estúdio):

(1994) Castelo Rá-tim-bum - “Felino Sabidão”

(1996) Aldir Blanc 50 Anos – “Crescente e Fértil” (música de Ed Motta, letra


de Aldir)

(1996) CD dos Hinos Placar - “Hino do Botafogo”

(1996) Songbook Antonio Carlos Jobim Intrumental vol. 2 – “Red Blouse”


(com Ricardo Silveira)

(1996) Songbook Antonio Carlos Jobim, vol. 4 – “Olha Maria” (com Leandro
Braga)

(1996) Songbook Antonio Carlos Jobim, vol. 5 – “Imagina” (com Leandro


Braga e Beth Bruno)

(1997) Djavan Songbook vol. 1 – “Samurai”

(1997) Edu Lobo & Chico Buarque - Álbum de Teatro – “Bancarrota Blues”
(com Guinga)

(1998) Marcos Valle Songbook - Vol. 1 – “Rockin’ You Eternally”

(1998) Marcos Valle Songbook - Vol. 2 – “Os Grilos” (com Joice)

(1999) Chico Buarque Songbook Vol.8 – “Bye Bye Brasil” (com João Donato)

(1999) João Donato Songbook Vol. 1 – “Bananeira”


Ed Motta – Biografia_________________________________________________________________________________________

(1999) Songbook João Donato Vol. 3 – “Everyday”

(2000) Canções, Versões – “Fascinante Ritmo” (Fascinating Rhythm,de


Gershwin)

(2003) Songbook João Bosco Vol. 3 – “Bijuterias” (com Burnier e Cartier)

(2005) Incognito & Rice Artists Remixed – Feed Your Soul - Ed Motta e
Bluey – “Where the Leeves Broke”

(2005) Timoneiro: Herminio Bello de Carvalho - BOX - “Folhas no Ar”


(com Zélia Duncan)

Participações em discos de outros artistas (estúdio):

(1988) Alcione – Celebração – “Mesa de Bar”

(1989) Skowa e a Máfia – La Famiglia – “Deus me Faça Funky”

(1991) Blues Etílicos IV – “Hard Times”

(1991) Cassiano – Cedo ou Tarde – “Know-How”

(1991) Gilberto Gil - O Eterno Deus Mudança – “O Eterno Deus Mudança”

(1991) Marisa Monte – Mais – “Ainda Lembro”

(1991) Patrícia Marx – Incertezas – “Um Ano Eu Sei” (música de Ed Motta e


Bombom)

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(1994) Blues Etílicos – Salamandra – “People Get Ready”

(1995) Flávio Guimarães – Little Blues – “Honest I do”

(1996) Guinga - Cheio de Dedos – “Ária de Opereta”

(1999) Ivete Sangalo – Ivete Sangalo – “Medo de Amar”

(1999) Mondo Grosso e Lino Crizz – “Cenário”

(2000) Ebony Vox - Ebony Vox – “Eu te vejo em tudo”

(2000) Guinga –Suite Leopoldina – “Par Constante”

(2000) Beth Bruno – Luz – “Rainbow’s End” (música de Ed Motta) e


“Imagina”

(2001) Bossacucanova & Roberto Menescal – Brasilidade – “Garota de


Ipanema”

(2001) Morelenbaum 2 & Sakamoto - Casa – “Imagina”

(2001) Paula Lima – É Isso Aí – “Perdão Talvez” e “As Famosas Gargalhadas


do Yuka”

(2001) Quarteto Maognay – Cordas Cruzadas – “A Foggy Day in


Teresópolis” (música de Ed Motta)

(2002) Jair Oliveira – Outro – “Amor e Saudade + Toy Piano (Vinheta 2)”
Ed Motta – Biografia_________________________________________________________________________________________

(2002) Luciana Mello – Olha pra Mim – “Um Contrato com Deus”

(2002) Sandra de Sá – Pare, Olhe, Escute – “Pare, Olhe, Escute” (Stop, Look,
Listen)

(2002) Flávio Henrique & Chico Amaral – Livramento – “Hotel


Maravilhoso”

(2003) Chico Pinheiro - Meia-Noite, Meio-Dia – “Essa Canção”

(2003) Edson e Tita Lobo – Gosto Tanto – “Something Divine”

(2003) Flávio Venturini - Essential Brazil – “Nascente”

(2004) Uma tarde com Bud Shank e João Donato - "Black Orchid" (Cal
Tjader) Ed Motta: contrabaixo

(2004) Incognito - Who Needs Love – “Who Needs Love”

(2006) Jazzinho – Atlas – “Stress” e “Simetrie” (álbum produzido por Ed


Motta)

(2008) Francis Hime – Álbum Musical – “À Meia Luz”

(2009) Congresso (banda chilena) – disco ainda não lançado

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Discos ao vivo de outros artistas, projetos, programas e tributos, em CD ou DVD

(1988) DVD Marisa Monte – MM – “These Are the Songs”

(1998) Luau MTV – “Fora da Lei” – “Daqui Pro Méier” – “Caso Sério”

(2000) Tributo a Tim Maia – “Azul da Cor do Mar”

(2001) Mário Adnet - Moacir Santos: Ouro Negro CD 1 – “Orfeu“

(2001) Olha que Coisa mais Linda - Uma Homenagem a Tom Jobim – “Por
Toda Minha Vida”

(2001) Palco MPB– “Caso Sério/Lígia” – “Colombina”

(2001) Um Barzinho, Um Violão, vol. 1 – “Azul da Cor do Mar”

(2001) Um Barzinho, Um Violão, vol. 2 – “Caso Sério”

(2003) Casa de Samba - Ed Motta e Miltinho – “Meu Nome É Ninguém”

(2004) Roupa Nova – Roupacustico DVD – “Bem Simples”

(2002) Ed Motta & Alex Attias – “Patinete” – “Sus 4 Jam”

(2002) Natures Plan featuring Ed Motta (2002) “Without Words”

(2005) Zé Ricardo e Convidados ao Vivo – “Beijo do Olhar”

(2009) Baile do Simonal - Tributo a Wilson Simonal – “Lobo Bobo”


Ed Motta – Biografia_________________________________________________________________________________________

Alguns jingles para TV, Rádio e Internet

Campari
Brahma Chopp – “Irresistível”
Nissan Tiida – “Walk on By”
Tênis Dharma
Campanha Natal Multiplan 2007 (Shopping)
Sabonete Albany – “Diferentemente Lindo”

Bootlegs - exclusivos do Bloptical

(1998) Direct TV (Bourbon Street)

(1998) Manual Pratico Ao Vivo no Sesc Pompéia

(1999) Ao Vivo em Salvador

(2001) DVD As Segundas Intenções ao vivo (Multishow)

(2003) Ed Motta e Incognito Brass Section Live

(2004) Live at North Sea Jazz Festival

(2007) Ed Motta en La Trastienda (Argentina)

(2009) Bourbon Street (Sala do Professor Buchanan's)

(2009) SESC Santo André - Piquenique Tour

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Marcelo Donati

Ed Motta por Outros:

(1999) Fat Family - Fat Family – “O Tempo Todo Para Mim” (música de Ed
Motta)

(1996) Edson Cordeiro - Terceiro Sinal – “Aos Pedaços” (música de Ed Motta)

(2001) Gal Costa - Gal de Tantos Amores – “Apaixonada”

(2002) Lulu Santos - Programa – “Walkpeople” (musica Ed Motta e Marcos


Valle)

(2002) André Leono - A Conquista – “No Meu Coração Você Vai Sempre
Estar”

(2004) Anderson Soares - Muito Soul – “Entre E Ouça”

(2004) BR6 - A Capella – “Falso milagre do amor”

(2005) 7 - Sete, O Musical - trilha de Ed Motta, peça de Cláudio Botelho e


Charles Moeller

(2008) Chris Greene - Soul and Science 2 Electric Boogaloo - “Amalgasantos”

(2008) Lua – Lua – “Dias de Paz”

(2008) Cláudia Rezende – Movimentos Raros – “Como Dois Cristais”

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