Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a transmissão de direitos e obrigações no direito das obrigações brasileiro. Resume os principais conceitos de cessão de crédito, assunção de dívida e sub-rogação pessoal e analisa como esses institutos se relacionam com a teoria geral das obrigações e da transmissão. A dissertação conclui que é possível construir uma teoria geral limitada da transmissão de posições jurídicas obrigacionais a partir do conceito de transmissão.
Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a transmissão de direitos e obrigações no direito das obrigações brasileiro. Resume os principais conceitos de cessão de crédito, assunção de dívida e sub-rogação pessoal e analisa como esses institutos se relacionam com a teoria geral das obrigações e da transmissão. A dissertação conclui que é possível construir uma teoria geral limitada da transmissão de posições jurídicas obrigacionais a partir do conceito de transmissão.
Este documento apresenta uma dissertação de mestrado sobre a transmissão de direitos e obrigações no direito das obrigações brasileiro. Resume os principais conceitos de cessão de crédito, assunção de dívida e sub-rogação pessoal e analisa como esses institutos se relacionam com a teoria geral das obrigações e da transmissão. A dissertação conclui que é possível construir uma teoria geral limitada da transmissão de posições jurídicas obrigacionais a partir do conceito de transmissão.
CESSO DE CRDITO, ASSUNO DE DVIDA E SUB-ROGAO PESSOAL
Dissertao de Mestrado em Direito Civil
Orientador: Professor Doutor Alcides Tomasetti Jr.
F a c u l d a d e d e Di r e i t o d a Un i v e r s i d a d e d e S o P a u l o S o P a u l o 2 0 1 1 iv NDICE
INTRODUO..................................................................................................................... 1 PRIMEIRA PARTE FIGURAS PARTICULARES 1. CESSO DE CRDITO................................................................................................. 11 1.1. Breve histrico.......................................................................................................... 11 1.2. Perfil contemporneo. Direito comparado. Anlise dogmtica: estrutura, funo e processo na cesso de crdito .......................................................................................... 14 1.2.1. Elementos de existncia, requisitos de validade e fatores de eficcia no processo de cesso de crdito ..................................................................................................... 27 1.2.2. A discusso sobre a abstrao da causa na cesso de crdito............................ 34 1.2.3. Eficcia da cesso de crdito ............................................................................. 37 1.3. Regime positivo brasileiro........................................................................................ 38 1.3.1. Cdigo Civil....................................................................................................... 38 1.3.2. Lei de Recuperao de Empresas e Falncia..................................................... 39 1.4. Algumas figuras especiais ligadas cesso de crdito............................................. 40 1.4.1. Cesso de crditos futuros ................................................................................. 40 1.4.2. Cesso de crditos em garantia.......................................................................... 42 1.4.3. Dao de crditos em cumprimento .................................................................. 43 1.4.4. A cesso fiduciria para cobrana ..................................................................... 44 1.4.5. Desconto bancrio ............................................................................................. 45 1.4.6. Factoring............................................................................................................ 46 1.4.7. Cesso de crditos para fim de consumo........................................................... 48 2. ASSUNO DE DVIDA.............................................................................................. 50 2.1. Breve histrico.......................................................................................................... 50 2.2. Perfil contemporneo. Direito comparado. Anlise dogmtica: estrutura, funo e processo na assuno de dvida ....................................................................................... 51 2.2.1. Elementos de existncia da assuno de dvida................................................. 52 2.2.2. Eficcia da assuno de dvida .......................................................................... 53 2.3. Espcies .................................................................................................................... 54 v 2.3.1. Assuno de dvida unifigurativa ...................................................................... 56 2.3.2. Assuno de dvida bifigurativa ........................................................................ 57 2.4. Regime positivo brasileiro........................................................................................ 57 2.4.1. Cdigo de Processo Civil................................................................................... 57 2.4.2. Cdigo Civil....................................................................................................... 58 3. SUB-ROGAO PESSOAL.......................................................................................... 59 3.1. Breve histrico.......................................................................................................... 59 3.2. Perfil contemporneo. Direito comparado. Anlise dogmtica: estrutura, funo e processo na sub-rogao pessoal ..................................................................................... 60 3.3. Transmisso vs. extino na sub-rogao pessoal .................................................... 62 3.4. Regime positivo brasileiro........................................................................................ 64 SEGUNDA PARTE INTERFACES 4. TEORIA GERAL DO DIREITO PRIVADO E TEORIA GERAL DAS OBRIGAES ............................................................................................................................................. 66 4.1. Teoria geral da relao jurdica ................................................................................ 66 4.2. Relao jurdica obrigacional ................................................................................... 79 5. TEORIA DO PATRIMNIO APONTAMENTOS..................................................... 97 6. TEORIA GERAL DA TRANSMISSO...................................................................... 100 6.1. Transmisso de posies jurdicas em geral ........................................................... 100 6.2. Transmisso de posies jurdicas reais ................................................................. 116 6.3. Teoria geral limitada da transmisso de posies jurdicas obrigacionais ............. 119 6.3.1. Transmisso de posies e manuteno da essncia da relao obrigacional. Modificao de elementos e modificao orgnica do todo...................................... 123 6.3.2. Transmisso com nexo derivativo e sem nexo derivativo em um ato de transmisso ................................................................................................................ 126 6.3.3. Hipteses de intransmissibilidade.................................................................... 127 6.3.4. Transmisso de posies jurdicas obrigacionais e repercusso sobre acessrios, garantias e excees................................................................................................... 128 CONCLUSES................................................................................................................. 142 vi BIBLIOGRAFIA............................................................................................................... 145 RESUMO........................................................................................................................... 167 RIASSUNTO..................................................................................................................... 169
1 INTRODUO
O escopo do presente trabalho consiste em investigar a viabilidade ou no da construo de uma teoria geral da transmisso em matria obrigacional se que o termo a ser empregado seja realmente este. Trata-se de aferir as possibilidades e as potencialidades dogmticas subjacentes edificao de uma especfica teoria geral (limitada) a partir do conceito de transmisso.
Nesse contexto, trs figuras pertinentes ao direito das obrigaes exigem uma anlise aprofundada, tanto em separado como unificadamente. So elas: a cesso de crdito, a assuno de dvida (que passou a ter parcial disciplina legal no direito brasileiro, nos arts. 299 a 303 do Cdigo Civil) e, finalmente, a sub-rogao pessoal. No se cuidar aqui, ao menos no detalhadamente, do exame da transmisso de posio contratual a qual tem sido objeto de pesquisas e escritos mais variados, no Brasil e em outros pases 1 , mas sim da transmisso, em apartado, das posies jurdicas subjetivas complexas crdito e dbito 2 .
A tipologia dos mecanismos dirigidos transmisso de posies jurdicas insertas em relaes obrigacionais pode ser assim apresentada 3 :
(i) transmisso singular de posio jurdica subjetiva ativa complexa crdito: (i.1) cesso de crdito (negocial, legal ou judicial); (i.2) sub-rogao pessoal (convencional ou legal);
1 Digno de referncia em apartado o livro de C. A. MOTA PINTO. Cesso da posio contratual. Almedina: Coimbra, 2003. H edio brasileira de 1985, contendo relevante captulo final sobre a matria em nosso direito (Cesso de contrato: Contendo parte tratando a matria conforme o direito brasileiro. So Paulo: Saraiva, 1985). Referida obra no se limita a cuidar da figura que o seu objeto central (cesso de posio contratual), trazendo, ainda, importantes consideraes (laterais) acerca da transmisso em geral no direito das obrigaes, bem como da cesso de crdito e da assuno de dvida. Cf., igualmente, na doutrina italiana, F. CARRESI. La cessione del contratto. Milano: Giuffr, 1950; R. CICALA. Il negozio di cessione del contratto. Napoli: Jovene, 1962. Na doutrina brasileira, D. CESAR. Estudo sobre a cesso do contrato. Tese (Livre Docncia) defendida na Faculdade de Direito da Universidade de So Paulo. So Paulo, 1955, p. 3- 107. 2 Sero, no entanto, feitas referncias ao instituto da cesso da posio contratual sempre que estas servirem ao objeto central do presente trabalho. 3 Cf., com alguma discrepncia, a tipologia formulada por C. A. MOTA PINTO. Cesso de contrato: Contendo parte tratando a matria conforme o direito brasileiro. So Paulo: Saraiva, 1985, p. 438. 2 (ii) transmisso singular de posio jurdica subjetiva passiva complexa dbito: assuno de dvida (negocial, legal ou judicial), a qual pode ser (ii.1) unifigurativa ou (ii.2) bifigurativa;
(iii) transmisso de ntegra posio jurdica contratual (vale dizer: transmisso da posio na relao obrigacional contratual) 4 , a qual posio complexa que pode englobar simultaneamente posies jurdicas subjetivas ativas e passivas: (iii.1) cesso negocial de posio contratual; (iii.2) cesso legal de posio contratual (a que C. A. MOTA PINTO denomina sub-rogao legal no contrato 5 , mas o termo no nos parece o melhor, consoante se explicar oportunamente).
A cincia do direito adquiriu, ao longo do tempo, a compreenso de que os elementos de uma relao jurdica obrigacional podem sofrer alteraes ao longo da sua vida, sem que com isso esta determinada relao perca a sua individualidade.
curioso notar que a questo do que venha a constituir a individualidade da relao obrigacional sofre uma mudana de perspectiva entre o direito romano e o direito contemporneo: se na Roma Antiga o elemento pessoal, assim como o objetivo, tinha um grande peso na individuao de uma relao, contemporaneamente esta funo de ndice de identificao recai primordialmente sobre o elemento objetivo. Tal fato talvez seja reflexo de um sistema econmico em que, para o bem e para o mal, o peso dos bens , no mais das vezes, maior do que o peso das pessoas.
Mas do entendimento de que a relao obrigacional pode sofrer alteraes subjetivas e continuar a ser mesma relao no advm, automaticamente, o entendimento sobre como tais alteraes subjetivas se operam, ou devem se operar.
H uma frase de F. C. PONTES DE MIRANDA que pode muito bem ser aqui lembrada, pela sua importncia mas no sem a advertncia de que o seu real alcance
4 Ou ainda: transmisso do complexo de posies jurdicas ativas e passivas que componham a ntegra posio jurdica contratual. 5 C. A. MOTA PINTO. Cesso de contrato: Contendo parte tratando a matria conforme o direito brasileiro. So Paulo: Saraiva, 1985, p. 69-77. 3 demanda algum esclarecimento ulterior: Em cincia, s se pode desejar a ascenso preciso matemtica 6 .
De fato, direito no matemtica. Mas a cincia do direito, enquanto cincia, deve sim aspirar ao ideal de preciso conceitual das cincias exatas, o que no tem sido observado por grande parte da doutrina ptria. Na realidade, e isso que importa ser bem compreendido, em se tratando do exame do fenmeno jurdico, h espaos em que cabe o mencionado objetivo de preciso matemtica como, destacadamente, em sede da terminologia e h espaos que com ele nada tem a ver (bastando lembrar a abertura que o sistema jurdico tem para o campo dos fenmenos sociais e para o campo dos valores).
Desde logo fica claro que o problema terminolgico se mostra central. Cumpre advertir que no h, nos diversos sistemas jurdicos e entre os diversos autores, qualquer uniformidade quanto ao uso das expresses sucesso, transmisso, transferncia, translao sub-ingresso, sub-entrada e circulao.
A maioria dos autores portugueses, como expe A. MENEZES CORDEIRO, fala em uma transmisso lato sensu de posies jurdicas, que englobaria como espcies a sucesso e a transmisso stricto sensu. A diferenciao entre estas duas noes , ento, apresentada nos seguintes termos: na sucesso, a posio jurdica permaneceria esttica, verificando-se, apenas, a substituio do seu sujeito anterior por um novo sujeito; na transmisso stricto sensu, por seu turno, a posio jurdica em questo realizaria uma movimentao da esfera do transmitente para a do transmissionrio. A. MENEZES CORDEIRO defende e adota a distino, divisando nela relevncia prtica: na sucesso, a posio jurdica permanece totalmente inalterada; pelo contrrio, na transmisso stricto sensu, a posio jurdica em tela, sem prejuzo da sua identidade, pode sofrer determinadas alteraes nas suas circunstncias circundantes 7 . O autor exemplifica do seguinte modo: A fenomenologia desta diferenciao claramente perceptvel na posse: A, possuidor,
6 Tratado de direito privado. Rio de Janeiro: Borsoi, 1959, v. 25, p. 208. 7 Tratado de direito civil portugus Volume II Direito das obrigaes Tomo IV Cumprimento e no cumprimento transmisso modificao e extino garantias. Coimbra: Almedina, 2010, p. 207-208. No mesmo sentido, J. OLIVEIRA ASCENSO: Confrontando com a transmisso, diremos que esta dinmica, e a sucesso esttica. Na transmisso, o direito passa de um sujeito a outro sujeito, sofrendo variao. Na sucesso, o direito mantm-se tal qual; um sujeito que substitui outro na posio que este ocupava, e portanto na titularidade do direito tambm. As diferenas na situao jurdica que se possam verificar s derivam da diferena das pessoas, e no da diversidade do ttulo (Direito civil Teoria Geral Volume III Relaes e situaes jurdicas. Coimbra: Coimbra, 2002, p. 146). 4 transmite a B a sua situao; se B estiver de m f, a sua posse de m f, de nada valendo a eventual boa f de A; D sucede na posse de C; se C estivesse de boa f, a posse de D considera-se de boa f, independentemente do comportamento deste 8 .
Portanto, de acordo com esta viso, na sucesso o sujeito entra na relao jurdica (fica implcito que esta entrada deve decorrer de situaes ex legis, ou melhor dizendo, no pode decorrer de negcios jurdicos orientados ao fim de transferir); na transmisso, h o trespasse da posio jurdica, apenas (como resultado de um ou mais negcios jurdicos transmissivos). A tnica da transmisso stricto sensu estaria, assim, na circunstncia de que o titular da posio quem a transfere ao novo sujeito, atravs de negcio jurdico voltado para este fim (que , precisamente, o ttulo desta transmisso), ao passo que na sucesso a posio no transferida pelo seu titular anterior, mas sim deferida pelo ordenamento jurdico por fora da ocorrncia de determinados fatos jurdicos. Haveria sucesso nos casos de fuso e ciso de sociedades, assim como na hiptese de sucesso mortis causa.
Esta construo, ainda que bastante lgica, e em grande parte aproveitvel, no deixa de oferecer algumas dificuldades. Em primeiro lugar, a oposio de imagens, esttica e dinmica, frgil: nos casos caracterizados como sendo de transmisso stricto sensu, no deixa de ser invocvel uma imagem de sucesso de sujeitos nos plos da relao jurdica. Ainda que haja algum tipo de alterao nas circunstncias circundantes, no se pode negar, se se deseja a harmonia com o modelo geral da relao jurdica e coerncia em termos de teoria geral, que h sucesso nos plos da relao obrigacional tambm nesse caso. Nem se pode dizer que na transmisso stricto sensu apenas a posio que vai ao novo sujeito, sem se ver o que acontece na relao, nem se pode dizer que na sucesso h apenas a mudana do sujeito no plo da relao, sem atentar-se para o que ocorre do ponto de vista da passagem da posio jurdica de um sujeito a outro.
Na doutrina italiana, por outro lado, podem ser encontradas aplicaes diferentes da que acaba de ser exposta, quanto aos termos transmisso, sucesso e
8 Tratado de direito civil portugus Volume II Direito das obrigaes Tomo IV Cumprimento e no cumprimento transmisso modificao e extino garantias. Coimbra: Almedina, 2010, p. 208. O exemplo trazido pelo autor, todavia, merece ressalva, na medida em que entendemos a posse como uma situao de fato protegida juridicamente, e no como uma posio jurdica, estritamente. Contudo, a ilustrao no deixa de ser til. 5 transferncia. U. LA PORTA, por exemplo, adota, em obra recente, uma oposio entre os conceitos de transferncia e de sucesso, sendo que o primeiro se revestiria de um carter de eficcia relativa, apenas em face do sujeito que transfere a posio (assim, h transferncia, e.g., entre o devedor e o assuntor de dvida no mbito da contratao entre eles na assuno bifigurativa 9 ); j o segundo conceito, o de sucesso, se liga fora expansiva contra terceiros, a oponibilidade para alm das partes que contrataram a transferncia (e.g., na assuno de dvida, a possibilidade de tocar a esfera jurdica do credor, bem como de outros terceiros) 10 .
I. GALVO TELES, trilhando ainda um outro caminho, assevera que, do ponto de vista da cincia do direito, os termos sucesso e transmisso podem e devem ser tomados como sinnimos, recomendando o seu emprego de modo indiferente 11 . Entendemos que, nesse ponto geral, tal postura no totalmente inaceitvel, no acarretando problemas do mesmo grau que os verificados, por exemplo, em sede da confuso com as diversas acepes subjacentes expresso cesso de crdito. Contudo, talvez no seja esta a soluo mais precisa.
O estabelecimento de diferenciao entre os termos poderia ser justificado a partir de dois ngulos: o primeiro, relativo construo de um sistema conceitual complexo, em que a cada vocbulo corresponde um conceito prprio e, mais do que isso, conseqncias jurdicas diversas; o segundo, de ordem didtica: se justificar uma diferenciao se a mesma servir para tornar mais claros os diversos aspectos do fenmeno em exame. No que tange ao primeiro ngulo, deve ser assinalada a tentativa de E. BETTI no sentido de reservar o termo sucesso para os casos de transmisso com nexo derivativo em
9 Importante assinalar que, na teoria de U. LA PORTA, o devedor habilitado a ser o sujeito que transfere a posio debitria no accollo, a posio dbito deveria considerar-se transmitida j com a contratao entabulada entre o devedor e o terceiro. Apenas, no haveria a sucesso (que se liga ao problema da oponibilidade da operao a terceiros, inclusive a sua repercusso sobre a esfera patrimonial do credor). A sucesso (que a substituio do sujeito na relao jurdica), esta sim dependeria da manifestao de vontade do credor, porque a lei o determina (e somente a lei pode dizer os casos em que deve ocorrer sucesso, no a autonomia privada). Cf. Lassunzione del debito altrui. In: CICU, Antonio (diret.); MESSINEO, Francesco (diret.); MENGONI, Luigi (diret.); SCHLESINGER, Piero (diret.). Trattato di diritto civile e commerciale. Milano: Giuffr, 2009, p. 409-423, especialmente 414-415. 10 U. LA PORTA. Lassunzione del debito altrui. In: CICU, Antonio (diret.); MESSINEO, Francesco (diret.); MENGONI, Luigi (diret.); SCHLESINGER, Piero (diret.). Trattato di diritto civile e commerciale. Milano: Giuffr, 2009, p. 409-423. 11 Direito das sucesses Noes fundamentais. 6. ed. Coimbra: Coimbra, 1996, p. 25. O autor esclarece que est a se referir, nesse contexto, ao termo sucesso em seu sentido amplo, e no no sentido restrito de sucesso por morte. 6 um ato de transmisso 12 , isto , os casos em que o sujeito transfere a sua posio jurdica ao sucessor, estabelecendo com isso uma proposta de separao entre a sucesso (englobando cesso de crdito e assuno de dvida) e a sub-rogao.
Do ponto de vista da etimologia, o verbo suceder significa entrar no lugar deixado por outrem 13 . J o verbo transmitir significa passar algo das mos de uma pessoa s mos de outra 14 .
A sucesso do sujeito. A transmisso da posio jurdica, ou do objeto (podendo-se, no entanto, reservar para o objeto o termo transferncia sempre se partindo do uso mais difundido na realidade social, mas buscando-se a harmonia com a linguagem tcnica). Por fim, o vocbulo circulao apresenta tambm um carter objetivo, contudo, traz nsita uma idia, uma imagem, ao menos subentendida, de repetio do fenmeno transferncia, isto , de ocorrncia potencial de mais de uma transferncia este o sentido de uma circulao stricto sensu, sem prejuzo do uso do termo, em senso lato, como sinnimo de transmisso 15 .
12 O que no se confunde com aquisio derivada, conforme assevera o autor (Teoria generale delle obbligazioni. Milano: Giuffr, 1955, v. III,2-IV, p. 68). Como se ver oportunamente neste trabalho, toda transmisso envolve uma aquisio derivada (no sentido de que a posio jurdica obtida pelo adquirente a mesma, com suas vantagens e vcios, que tinha o sujeito precedente), mas nem toda a transmisso envolve um nexo derivativo entre o ttulo do disponente e o ttulo do adquirente expresso em um ato de transmisso (na sub-rogao, o crdito antes deferido pela norma legal em razo do fato do adimplemento do que transferido pelo seu titular). 13 Nesse sentido, H. DE PAGE. Trait lmentaire de droit civil belge. Bruxelles: mile Bruylant, 1946, v. 9, p. 7. 14 F. C. DE DIEGO Y GUTIRREZ. Transmisin de las obligaciones segn la doctrina y la legislacin espaola y extranjera. Madrid: Victoriano Surez, 1912, p. 101. 15 A imagem que o vocbulo circulao evoca a de uma cadeia. Claro que, em sentido amplo, j se pode dizer que uma posio jurdica circulou no momento em que ela transmitida pela primeira vez (esse uso, alis, bastante comum em linguagem jurdica, e nada o desrecomenda). Mas, em sentido estrito, pode-se usar a palavra com mais preciso nos casos em que esto em jogo sucessivas transmisses, uma cadeia de transmisses de posies jurdicas (o sujeito A transmite para o sujeito B, o sujeito B transmite para o sujeito C, o sujeito C transmite para o sujeito D, e assim por diante). A ocorrncia dessa cadeia recebe especial relevo em sede de transmisso do domnio sobre bens imveis, pois elemento em funo do qual o sistema elege um princpio de abstrao da transmisso (diz-se, por vezes, do registro imobilirio) ou de causalidade, sendo que o primeiro privilegia o valor do impulso ao trfico econmico-jurdico, enquanto o segundo prioriza o valor da segurana jurdica. Igualmente, a imagem bastante aguda no que tange circulao dos ttulos de crdito. Deve-se reconhecer, claro, que h regras prprias acerca da transmisso desses ttulos, especficas do direito cambial, podendo-se, inclusive, teorizar que apenas circula o ttulo, visto que o direito de cada sujeito se funda no ato cambial precedente, e.g., o endosso, de modo que o ttulo do direito se modifica inteiramente, passando a residir apenas no ato que determina a transmisso o que leva a uma aproximao da aquisio de direitos incorporados em ttulos de crdito aquisio originria (cf. I. GALVO TELLES. Teoria geral do fenmeno jurdico sucessrio. Lisboa: s.e., 1944, p. 25). Mas a imagem da circulao e a sucessividade que ela invoca aqui tambm exerce uma funo, com relao ao princpio da inoponibilidade das excees: em relao aos sujeito cambirio que tambm sujeito na relao de base subjacente, admite-se a possibilidade, eventualmente, de levantamento pelo devedor daquela relao base, e 7 Adotado o rigor terminolgico que se acaba de propor, a figura da sucesso, j particularizada ao campo do direito das obrigaes, a seguinte:
A figura representativa da transmisso, por seu turno, a seguinte:
das defesas que ela implica. Vige, contudo, a inoponibilidade das excees uma vez que o ttulo circule (entre na cadeia de transmisses), de modo que o devedor no pode opor ao possuidor do ttulo as excees dedutveis das suas relaes com quaisquer dos sujeitos precedentes (cf. J. X. CARVALHO DE MENDONA. Tratado de direito comercial brasileiro. 4. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 1947, v. 5 2 Parte, p. 47). 8
H tentativas no direito portugus e italiano de construir um modelo generalizante em torno especificamente do termo sucesso. digno de nota o trabalho de A. DE CUPIS, sob o verbete Sucessione nei diritti e negli obblighi, na Enciclopedia del diritto 16 . Tambm a j referida anlise de E. BETTI, que privilegia o emprego do vocbulo sucesso ao vocbulo transmisso 17 .
O termo sucesso apresenta, contudo, um problema ligado realidade do ocorre na relao jurdica obrigacional com a substituio do credor ou do devedor. Imaginar que ocorre puramente a entrada do novo sujeito no respectivo plo da relao jurdica, com a sada do sujeito anterior, no totalmente preciso. C.A. MOTA PINTO lembra que na cesso de crdito h diversos poderes que no se transferem ao cessionrio, enumerando os poderes de resoluo, modificao, atualizao, desistncia e denncia do contrato 18 . Como se pode notar, so todos poderes ligados, do modo mais ntimo possvel, estrutura do fato jurdico contratual e regulamentao contratual. Ainda assim, enquanto poderes, se inserem no plano da eficcia e, portanto, figuram no mbito do conjunto das posies jurdicas que constituem o contedo da relao obrigacional o que equivale a dizer que esto na relao obrigacional. Portanto, o ingresso do novo credor no plo ativo da relao levaria suposio de que todos os poderes jurdicos associados a este plo ativo seriam tomados pelo sucessor, o que no verdade. Seria preciso, preliminarmente, realizar-se uma reconstruo da noo de sucesso, antes de sua utilizao em termos genricos.
Por esse motivo, e tambm em razo da preferncia que o enfoque objetivo dos mecanismos em estudo vem ganhando no direito comparado, em detrimento do enfoque subjetivo (em grande parte devido expanso da influncia das vises norte-americana e inglesa, como decorrncia da globalizao e da intensificao da comparao jurdica), preferiu-se dar a este trabalho o ttulo de Transmisso em direito das obrigaes, e no de Sucesso em direito das obrigaes. No que este conceito a ser devidamente desenvolvido no curso da dissertao seja irredutvel a conceitos mais elementares. Pelo contrrio.
16 Sucessione nei diritti e negli obblighi. In: Enciclopedia del diritto 43, 1990, p. 1250-1257. 17 Teoria generale delle obbligazioni. Milano: Giuffr, 1955, v. III,2-IV, p. 15 e ss. 18 C. A. MOTA PINTO, Cesso de contrato: Contendo parte tratando a matria conforme o direito brasileiro. So Paulo: Saraiva, 1985, p. 100, 207-209. 9
Com razo A. DE CUPIS, ao por em relevo que a transmisso o autor se refere, em verdade, ao termo transferncia apresenta sempre dois momentos lgicos coexistentes: o primeiro, ligado perda, ou destacamento, da posio jurdica em relao esfera jurdica do titular originrio; o segundo (no qual se expressa claramente a idia de sucesso), ligado aquisio da posio jurdica pelo novo sujeito 19 . Assim, a noo de transmisso representa uma sntese unitria entre esses dois momentos perda e aquisio , o que tambm evidenciado por F. SANTORO-PASSARELLI 20 .
Em suma, os quadros terminolgico e conceitual de fundo so consideravelmente complexos no que tange ao tema em exame. Sua reconstruo poder ser em boa medida beneficiada pelo exame em particular de cada um dos trs mecanismos de transmisso singular no direito das obrigaes.
A possibilidade de construo de uma teoria da transmisso de posies jurdicas obrigacionais passa pela adoo de uma perspectiva sustentada por trs pilares: as estruturas, os processos e as funes das figuras estudadas 21 .
O que inspira tal esforo a perspectiva de que o tratamento conjunto da matria possa permitir o isolamento de categorias comuns, cujo conhecimento ampliar o grau de segurana jurdica para os sujeitos envolvidos.
Nesse intuito, ser fundamental a obra de E. BETTI, Teoria generale delle obbligazioni, no volume concernente s vicissitudes (vicende) das obrigaes, assim como o livro de C. DO COUTO E SILVA, A obrigao como processo, e o sempre indispensvel Tratado de direito privado de F. C. PONTES DE MIRANDA.
19 Sucessione nei diritti e negli obblighi. In: Enciclopedia del diritto 43, 1990, p. 1250-1251. 20 Dottrine generalli del diritto civile. 9. ed. Napoli: Jovene, 1966, p. 90. Ainda no mesmo sentido, J. OLIVEIRA ASCENSO: A transmisso supe a conjugao de uma aquisio derivada e uma perda relativa (Direito civil Teoria Geral Volume III Relaes e situaes jurdicas. Coimbra: Coimbra, 2002, p. 141). 21 E. BETTI coloca em evidncia esse ponto, ao afirmar que aquilo que importa indagar nas vicissitudes concernentes ao sujeito da relao no tanto o modo de ser, mas a gnese do interesse que d impulso a cada uma, e o processo em que se desenvolvem (Teoria generale delle obbligazioni. Milano: Giuffr, 1955, v. III,2-IV, p. 6, sem itlico no original). 10 O plano da dissertao compreende duas partes, cada qual contendo trs captulos. Invertendo aquela que se consolidou como uma espcie de ordem tradicional, seja na organizao do Cdigo Civil, seja no ensino acadmico do direito, a parte de carter mais geral do trabalho vem posposta parte que trata das figuras de transmisso em espcie. Na realidade, haveria desvantagens incontornveis, qualquer que fosse o critrio escolhido: se por um lado a abordagem das figuras em espcie sem o prvio tratamento de conceitos prprios s teorias gerais se mostra rduo pois tais conceitos no deixam de aparecer a toda hora , por outro lado uma opo por iniciar o estudo pelos conceitos das teorias gerais implicaria partir do ponto de chegada, e pior, sem um lastro a priori nos dados concretos que devem estar na sua base. Optou-se, portanto, em uma subida na escala de abstrao entre uma parte e outra, considerando-se que o objetivo final da dissertao se prende, ao final, como j referido, a uma possibilidade de teoria geral a teoria geral da transmisso obrigacional. 142 CONCLUSES
(i) Os mecanismos de transmisso no direito das obrigaes, para alm de consubstanciarem tcnicas voltadas para a circulao das posies jurdicas crdito e dbito, foram convertidos, no atual estgio das economias capitalistas, em verdadeiros instrumentos geradores de riqueza (fato que se revela com clareza, por exemplo, nas figuras do factoring e do desconto bancrio).
(ii) A operao de cesso negocial de crdito, idealmente, composta por seis etapas, sendo duas integrantes, uma eventualmente completante, e trs suplementares: o contrato-base e o contrato dispositivo (integrantes); a tradio-entrega do ttulo do crdito (completante); a notificao do devedor cedido, o assentimento para registro e o registro (suplementares). de fundamental importncia que o intrprete mantenha em perspectiva o papel prprio de cada uma destas etapas na cadeia de transmisso do crdito.
(iii) O contrato-base deve ser reconhecido como de fundamental importncia para a delimitao do regime jurdico aplicvel cesso. Se se trata de uma compra e venda do crdito (venda legalmente atpica, considerada a hiptese normativa do art. 481 CC, mas ainda venda), o regime jurdico aplicvel no ser o mesmo que aquele verificvel no caso de uma doao do crdito.
(iv) O contrato dispositivo (acordo de transmisso) inserido no processo da cesso de crdito , como regra, negcio causal no direito brasileiro (podendo-se falar, no mximo, em eventual ocorrncia de abstrao instrumental da causa). Ao contrrio do que ocorre em sede da transmisso de posies jurdicas subjetivas reais, em matria de cesso de crdito o negcio dispositivo no se insere no plano do direito das coisas, mas sim no prprio plano obrigacional (o adimplemento com a transmisso da posio jurdica crdito se faz no prprio plano do direito das obrigaes). importante notar, no entanto, que h casos em que o contrato dispositivo se revela como autntico negcio abstrato (destacadamente quando o crdito objeto da cesso se apresenta corporificado em ttulo de crdito especificamente dotado da caracterstica da abstrao).
143 (v) Na assuno liberatria bifigurativa de dvida, quem pratica ato de disposio o credor, ao manifestar o seu consentimento: ele dispe de elemento do prprio crdito, ao definir que este no fique mais orientado em direo ao devedor, mas sim em direo ao assuntor.
(vi) A construo de uma teoria geral limitada da transmisso em matria obrigacional possvel a partir do recurso aos seguintes vetores:
vi.1) O conceito de transmisso, que abriga as trs figuras particulares cesso de crdito, assuno de dvida e sub-rogao pessoal aquele que exprime a transmisso translativa de posies jurdicas obrigacionais, e que se caracteriza pela presena de um binmio, que ora se apresenta sob a forma de perda relativa de um crdito + aquisio derivada de um crdito, ora se apresenta sob a forma de liberao relativa quanto a um dbito + vinculao derivada quanto a um dbito. A aquisio ou vinculao sempre derivada, no sentido de que a posio jurdica trespassada sempre a mesma que se encontrava com o sujeito precedente, sendo transmitida com suas qualidades e defeitos.
vi.2) H um postulado geral em matria de transmisso de posies jurdicas creditcias e debitrias, segundo o qual transmitem-se junto com a posio todos os aspectos adjacentes (garantias, acessrios, excees, privilgios) que no estejam diretamente ligados pessoa do sujeito que se retira da relao jurdica. Trata-se de uma orientao geral, que comporta especificidades no mbito de cada um dos mecanismos transmissivos, mas que importa conhecer, para aplicao supletiva e tomada de deciso no caso de ausncia de estipulao expressa pelas partes.
vi.3) O reconhecimento da importncia do ttulo transmissivo em sede da cesso negocial de crdito e da assuno negocial de dvida as coloca, juntas, enquanto modalidades baseadas na figura do negcio jurdico, apartadas da sub-rogao pessoal legal, enquanto modalidade baseada no ato-fato jurdico do adimplemento. A sub-rogao legal modalidade de transmisso sem nexo derivativo com o ttulo do sujeito precedente, o que no significa que no ocorra, nela, aquisio derivada do crdito, mas to somente que essa transmisso no se d por fora de um negcio jurdico diretamente orientado a esse fim, e sim deferida em virtude da realizao de um adimplemento (de modo que o 144 intrprete no precisa analisar detalhadamente o ttulo da transmisso para a fixao de seu regime). A cesso de crdito e a assuno de dvida de natureza legal ou judicial, assim como a sub-rogao convencional (por vontade do credor ou por vontade do devedor), so figuras dotadas de especificidades. A sub-rogao convencional se enquadra no conceito de sub-rogao pessoal, por razes histricas e tericas, mormente pela presena do elemento adimplemento em seu suporte ftico. Contudo, em virtude da norma contida no art. 348 CC, o seu regime jurdico o da cesso de crdito. J a cesso de crdito e a assuno de dvida legal e judicial no podem ter sua disciplina dada pelo instituto da sub- rogao, visto que no tm em seu suporte ftico o elemento do adimplemento. Entretanto, so figuras que apresentam desvios quanto ao regime da cesso negocial, justamente por derivarem de fatos jurdicos que no se caracterizam como negcios orientados transmisso. 145 BIBLIOGRAFIA (Obras consultadas)
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O crdito e o dbito, enquanto posies jurdicas subjetivas complexas patrimoniais, so, via de regra, passveis de transmisso do patrimnio de um sujeito para o de outro, como conseqncia, no mundo jurdico, da exigncia econmica de tomar-se as prestaes s quais se referem como comportamentos dotados de valor econmico e susceptveis de redirecionamento subjetivo. Os mecanismos transmissivos engendrados pelos diversos sistemas jurdicos, contudo, no apresentam uniformidade de regras, mas ao contrrio: so dotados de regimes jurdicos prprios, cuja ignorncia pelos operadores conduz a uma situao de grave insegurana, em funo do desconhecimento das regras do jogo nsitas a tais operaes. Trs meios de transmisso singular das referidas posies jurdicas no direito das obrigaes a saber, a cesso de crdito, a assuno de dvida e a sub-rogao pessoal apresentam tanto traos em comum quanto diferenas crticas no que tange sua estrutura, funo e processo. So, contudo, unidos por uma caracterstica de base: a manuteno da essncia da relao jurdica obrigacional a que se referem (por contraposio ao efeito extintivo e substitutivo que se verifica em sede da novao subjetiva).
Deste trao fundamental inerente aos trs mecanismos transmissivos se extraem as mais importantes regras sobre o seu funcionamento, dentre elas uma diretriz geral de manuteno, de continuidade, dos elementos adjacentes estrutura central da relao, tais como os acessrios (em especial as garantias), que no sejam indissociveis do sujeito sucedido. Evidente que, estando-se no campo do direito obrigacional, as partes e tambm outros sujeitos interessados podem, com base na autonomia privada, estipular com alguma liberdade acerca da continuidade ou extino destes elementos adjacentes (ao menos em sede de cesso negocial de crdito, assuno negocial de dvida e sub-rogao pessoal convencional). Podem faz-lo, igualmente, em sede de novao subjetiva, sendo de carter dispositivo as normas insculpidas nos arts. 287, 300 e 364 do Cdigo Civil. imprescindvel, no entanto, o conhecimento do regime legal aplicvel supletivamente, para o caso de silncio das partes o qual, no raro, se verifica, inclusive pela freqente impossibilidade de previso de todos os aspectos da operao.
168 No obstante os dados em comum, as trs figuras transmissivas ora em anlise apresentam distines de regime muito sensveis, que se exprimem j a partir das diferenas entre suas funes bsicas. Tal quadro resulta na possibilidade de uma teoria geral to somente em termos limitados do fenmeno transmissivo no direito das obrigaes, dadas as especificidades de cada figura.
PALAVRAS-CHAVE: Vicissitudes das relaes e posies jurdicas; Transmisso de posies jurdicas patrimoniais; Cesso de crdito; Assuno de dvida; Sub-rogao pessoal. 169 RIASSUNTO
Il credito e il debito, quali posizioni giuridiche soggettive complesse patrimoniali, sono, in genere, passibili di trasmissione del patrimonio di un soggetto ad altro, come conseguenza, in campo giuridico, dell'esigenza economica di ricevere le prestazioni a cui si riferiscono come comportamenti dotati di valore economico e suscettibili di riderizionamento soggettivo. I meccanismi di trasmissione ideati dai diversi sistemi giuridici, comunque, non hanno regole uniformi, anzi: stante l'eterogeneit dei regimi giuridici, l'ignoranza degli operatori porta ad una grave situazione di insicurezza, e il non conoscere le regole del gioco genera tali operazioni. Tre mezzi di trasmissione singolari delle cosidette posizioni giuridiche nel diritto delle obbligazioni - ovvero, la cessione di credito, l'assunzione di debito e la surrogazione personale - presentano sia punti in comune sia differenze critiche per quanto riguarda la loro strutture, funzioni e processi. Nonostante ci hanno una caratteristica elementare che li unisce poich essi mantengono l'essenza del rapporto giuridico dell'obbligazione a cui si riferiscono (in contrapposizione all'effetto estintivo-sostitutivo che avviene nella novazione soggettiva).
Da questi elementi insiti nei tre meccanismi di trasmissione si estraggono le pi importanti regole sul loro funzionamento, tra cui una direttrice fondamentale di manutenzione, di continuit, degli elementi adiacenti alla struttura centrale del rapporto, quali gli accessori (soprattutto le garanzie), che non siano indissociabili del soggetto passivo. chiaro che, essendo nel campo del diritto delle obbligazioni, le parti e gli altri soggetti interessati possono, basati sull'autonomia privata, stabilire con un certa libert riguardo la continuit oppure l'estinzione di questi elementi adiacenti (almeno per quanto concerne l'operazione negoziale della cessione di credito, quelle dell'assunzione di debiti e la surrogazione personale convenzionale). Lo possono fare, ugualmente, nella novazione soggettiva, risultando di carattere dispositivo della norma in materia gli articoli 287, 300 e 364 del Codice Civile brasiliano. da intendersi imprescindibile, per, che ci sia una conoscenza del regime legale applicabile in via suppletiva, in caso di silenzio delle parti - che, non di rado, avviene, addirittura in virt della frequente impossibilit di prevedere ogni aspetto dell'operazione.
170 Nonostante i dati in comune, le tre figure giuridiche di trasmissione ora analizzate presentano distinzioni di regime molto sensibili, che vengono espresse gi dalle differenze tra le loro funzioni fondamentali. Tale scenario risulta nella possibilit di una teoria generale solo in termini limitati dell'aspetto trasmissivo nel diritto delle obbligazioni, date le specificit di ogni figura.
PAROLE CHIAVE: Vicende dei rapporti e delle posizioni giuridiche; Trasmissione di posizioni giuridiche patrimoniali; Cessione di credito; Assunzione di debito; Surrogazione personale.