Você está na página 1de 9

‰ ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA

ECONOMIA BRASILEIRA ƒOrg. Fábio Giambiagi, André


Villela, Lavínia B. de Castro e Jennifer
™PARTE 1 – OS GOVERNOS MILITARES Hermann.
‰ PAEG
‰ ECONOMIA BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA
‰ “Milagre Econômico” ƒAmaury Gremaud, Marco Antonio S.
Vasconcellos e Rudinei Toneto Júnior
‰ Restrição externa Hiperinflação

PROF. ANTONIO CARLOS ASSUMPÇÃO

w “Revolução de 1964” – 31/3/64 – Posse w Taxas de crescimento comparadas


provisória de Pascoal Raniere Mazilli em
2/4/63 e posse definitiva do marechal w 1948-1963 = 7,12%
Humberto Castelo Branco em 15/4/64. ƒ Inflação, desequilíbrio fiscal e externo no final
w Os militares ficariam no poder até do período
15/3/85 final do governo de João Baptista
15/3/85, w 1964 1984 = 6,15%
1964-1984 6 15%
de O. Figueiredo
ƒ Choques do petróleo e choque de juros no
w O AI-I foi baixado a 9 de abril de
início da década de 80
1964, pelos comandantes militares.
Formalmente, manteve a Constituição de ƒ Crescimento médio mundial = 3,66%
1946 com várias modificações, assim como ƒ Hiperinflação, desequilíbrio fiscal e externo no
o funcionamento do Congresso. final do período

1
w Críticas ao Período Militar
w Crescimento não traduzido em redução das w Críticas ao Período Militar
desigualdades sociais w Crescimento não traduzido em redução das
ƒ Escolarização entre 7 e 14 anos aumentou de desigualdades sociais
67% para 83,7% entre 70 e 80. ƒ Deterioração da distribuição de renda
ƒ Matrículas no ensino superior passaram de ƒ O índice de Gini ppassa de 0,5, em 60 p
para
100 il em 64 para 1,3
100mil 1 3 milhão
ilhã em 81.
81 0,568 em 70 , 0,561 em 80 e 0,592 em 90.
ƒ Ativos e inativos da previdência passaram de
10 milhões em 70 para mais de 30 milhões
em 1984.
ƒ Estabelecimentos de assistência médico-
sanitária passam de 6 mil em 70 para 28 mil
em 84

w O Plano de Ação Econômica do Governo


w Exagerada estatização da economia w Octávio Gouvêa de Bulhões e Roberto de
ƒ Pouco desenvolvimento do setor privado e Oliveira Campos na Fazenda e
muitos monopólios estatais Planejamento, respectivamente.
w Não criação de uma autoridade monetária ƒ Combate bem-sucedido à inflação, tida como
independente inflação
ç de demanda (Déficit público
ƒ CMN / ministro da Fazenda , crescimento dos salários acima da
produtividade e falta de controle sobre a
expansão do crédito)
ƒ Desenvolvimento e aperfeiçoamento de
instituições que contribuíram para o “milagre
econômico”

2
w Taxas de Inflação Verificadas
ƒ O PAEG tinha como objetivo principal gerar
ƒ 1964 = 91,8%
um crescimento médio de 6% a.a.. Essa
previsão ficou muito aquém do ƒ 1966 = 41,3%
resultado, pois a taxa de crescimento do ƒ Média 1967-1969 = 23,5%
PIB no curto prazo (1965-1966) depende ƒ Média 1970-1973 = 17,5%
fundamentalmente da demanda e o governo
não queria perder o controle sobre a w Taxas de Inflação Projetadas
inflação. ƒ 1964 = 90%
ƒ O esforço de capitalização se fez sentir a ƒ 1965 = 25%
longo prazo – “milagre econômico”. ƒ 1966 = 10%

w Combate à inflação concentrado no tripé


Produto e Inflação: 1961 - 1968
Salarial-monetário-fiscal.
ANO PIB (Var % ) Prod. Industrial (Var. % ) Inflação (IGP-DI) w Contenção monetária menos exitosa (em
8.6 11.1 33.2
1961
relação aos objetivos iniciais)
1962 6.6 8.1 49.7
1963 0.6 -0.2 72.8 w A expansão monetária no período 1964-1966
1964 3.4 5.0 91.8 foi de 54,8% a.a. contra uma estimativa de
1965 24
2.4 -4.7
47 65 7
65.7 aa
36% a.a.
1966 6.7 11.7 41.3 w Após o forte aperto monetário de 1965 e a
1967 4.2 2.2 30.4 queda brusca na produção industrial tal
1968 9.8 14.2 22.0
política foi flexibilizada nos anos seguintes.
Fonte: Abreu (1990) w Notar que uma redução da inflação aumenta
a demanda por moeda, pela redução da taxa
PAEG de juros nominal esperada, pressionando a
oferta monetária.

3
w Tanto no PAEG quanto no Plano Cruzado foi
w Política de Rendas baseada nos reajustes de
utilizada a passagem dos salários pela
rendimentos pela média do seu poder
média, mas com diferenças metodológicas.
aquisitivo no passado – idéia bastante
w Uma diferença relevante:
popularizada a partir do plano cruzado.
ƒ PAEG: pretendia repor a média salarial dos
w O reajuste pela média mantém o poder de
últimos 24 meses, acrescida de um
compra; o reajuste pelo pico aumenta o
adicional de produtividade fixado pelo
poder de compra caso a inflação seja
governo. Isto valeu até 1968.
declinante.
ƒ Cruzado: acrescentar à media salarial dos
w Como é de se esperar que a inflação passada
últimos 6 meses 8% no caso dos salários
supere a inflação no futuro, os preços
em geral e 15% no caso do salário mínimo
(quando indexados) e salários devem ser
reajustados pela média. w Incompatibilidade entre combate à inflação e
aumentos de demanda.

w Controle de Preços ?
Salário Real ƒ Não houve congelamento ou qualquer outro
tipo de controle compulsório de preços.
Pico
ƒ Adesão voluntária das empresas à Portaria
Média Depois Queda na Inflação interministerial GB 71, de 23 de Fevereiro
Média Antes de 1965,
1965 que estipulava incentivos fiscais e
creditícios no relacionamento com a esfera
Vale pública para as empresas que não
majorassem seus preços além de certos
parâmetros.

t0 t1 t2 t

4
w A Política Fiscal
ƒ Diferentemente de todos os outros planos de w Isso foi possível por dois motivos concretos:
estabilização que estavam por vir, a política ƒ Revogação da Lei de Usura (1933) que
fiscal foi conduzida de forma consistente com proibia o pagamento de juros nominais
o objetivo de reduzir a inflação. superiores a 12%a.a.
ƒ O déficit Público como percentual do PIB ƒ A criação das ORTNs e o advento da
declinou de 3,2%
3 2% em 1964 (4,2%
(4 2% em 1963) correção monetária.
monetária
para 1,6% em 1965 e 1,1% em 1966.
ƒ Tão ou mais importante que os números acima w Isso foi facilitado por 2 motivos:
foi a mudança na composição do ƒ Déficit público declinante.
financiamento do déficit. Em 1964, 85,7% do
ƒ Maior credibilidade do governo.
déficit foi financiado pela emissão de moeda.
Em 1966, 86,4% do déficit foi financiado
através da venda de títulos junto ao público.

w Setor Externo
w Quanto ao déficit público w Reconhecia a dificuldade da política de
declinante, contribuiram para isso: substituição de importações (câmbio
w Redução dos gastos valorizado associado a tarifas de importação
elevadas).
w Ampliação das receitas, via reforma
tributária w Maior fomento às exportações e à entrada de
capitais
w Aumento das tarifas públicas – “inflação
ƒ Taxa de câmbio mais realista
corretiva”
ƒ Incentivos fiscal (abolição das taxas de
exportação) creditício (linha de crédito
subsidiada aos exportadores) e
administrativo (simplificação dos
procedimentos)

5
w Importações w Setor Externo e Crescimento
w Reforma tributária que reduziu as alíquotas ƒ Poupança externa como condição necessária
de importação de 54% em 1964 para 39% para alcançar o crescimento econômico
em 1967. projetado.
ƒ Escassez de capital nos países em
desenvolvimento
dese o e to indica
d ca a necessidade
ecess dade de
déficits em conta corrente.

TRANSAÇÕES CORRENTES
w Setor Externo e Crescimento
1964 – 1973 – Milhões de US$
ƒ Entretanto, nos três anos de vigência do 500
PAEG, o Brasil atuou como exportador de
capitais em 1964 e 1965 ( a média nos três 0
anos foi superavitária). A idéia permaneceu e -500
foi colocada em prática durante os governos
seguintes (exceção foi 1984 – CC >0). -1000
ƒ A estratégia exige, para funcionar bem, que
-1500
o déficit externo, caso financiado com
empréstimos, tenha os recursos empregados -2000
em investimentos suficientemente rentáveis
-2500
(rendimento que exceda os juros).

6
Balança comercial (FOB) Exportação de bens Importação de bens
1964 – 1973 – Milhões de US$
8000 1964 – 1973 – Milhões de US$
800
6000
600
4000
400 2000

200 0
-2000
0
-4000
-200 -6000

-400 -8000

Dívida Externa Líquida Dívida Externa Líquida / Exportações de Bens w Alguns Resultados Importantes
US$ Milhões ƒ Redução da inflação de 80 a 90% a.a. no
1964 3050 2,13 biênio 1963/64 para cerca de 25% em
1965 3340 2,09 1967.
1966 3350 1,92 ƒ Restauração do equilíbrio financeiro do
1967 3242 1,96 governo, com a redução dos déficits
1968 3835 2 04
2,04 federais de 4,2%
4 2% do PIB em 1963 para
1969 3979 1,72 1,1% do PIB em 1966.
1970 5053 1,84 ƒ Melhoria dos métodos de financiamento dos
1971 6561 2,26 déficits fiscais, os quais em 1963 eram
1972 7281 1,82 financiados em 85,7% pela autoridade
1973 8441 1,36 monetária, percentagem que caiu para
13,6% em 1966.

7
w Inversão das tendências deficitárias do
BP, como resultado do realismo w Neutralização de boa parte das distorções
cambial, incentivos à exportação e atração de inflacionárias pela implantação da correção
capitais estrangeiros. Em 1963 o país possuía monetária nos títulos públicos e
US$ 300 milhões em atrasados comerciais e ao privados, serviços de utilidade
final de 1966 mais de US$ 400 milhões de pública, impostos, empréstimos, hipotecas, etc
reservas internacionais .
ƒ A balança comercial apresentou superávit w Reforma tributária,
tributária com a eliminação de
durante o período. tributos destituídos de
ƒ Os empréstimos de curto e longo prazos funcionalidade, eliminação de tributos sobre
reverteram a tendência de 1963 e 1964 (o lucros ilusórios, com a correção fiscal dos
resultado foi negativo nos dois anos) com um débitos em atraso e com a substituição do
saldo líquido positivo a partir de 1966. imposto de vendas e consignações (em
cascata) pelo ICM (valor adicionado).

w Substituição do antigo sistema de w Criação do sistema financeiro da


indenizações e estabilidade do trabalhador habitação, baseado no princípio da correção
pelo FGTS, constituído de 8% das folhas de monetária dos depósitos e empréstimos, com
pagamento, como ônus do o apoio do FGTS.
empregador, administrado pelo BNH. w Divulgação das idéias de custo e
w Desenvolvimento do mercado de produtividade,, com a p
p preocupação
p ç prioritária
p
capitais, com a criação dos bancos de da obtenção de índices internacionais de
investimento, ampliação do crédito direto ao competitividade.
consumidor, instituição do FINAME w Implantação de nova disciplina para os
(financiamento de máquinas de produção reajustes salariais.
nacional) e criação de incentivos ao mercado
de ações.

8
w Controvérsias e críticas
w Controvérsias e críticas w Política salarial responsável pela acentuação
w Correção monetária como mecanismo de das desigualdades sociais.
realimentação inflacionária. ƒ Resposta:
ƒ Resposta: mecanismo temporário para ƒ Observar que um aumento nos impostos
auxiliar na estratégia gradualista de indiretos e retirada de subsídios reduz a
desinflação,
desinflação a ser abandonado assim que a d
demandad por trabalho
t b lh em uma economia i
inflação convergisse para algo como 10% regida por concorrência monopólica.
a.a. . Notar que a inflação, após a
ƒ A diminuição dos subsídios às tarifas
introdução da correção monetária, foi
públicas, a correção cambial, o
menor a cada ano, até 1973 (primeiro
descongelamento de alguns preços e os
choque do petróleo).
choques agrícolas de 1964 e 1966 também
impactaram sobre os salários reais.

w Controvérsias e críticas
w Política salarial responsável pela acentuação
das desigualdades sociais.
ƒ Resposta:
ƒ O desaquecimento da economia.
w O problema não estava na regra de correção
d salários,
dos lá i f t de
mas no fato d que a inflação
i fl ã foi
f i
maior do que a prevista pelo governo e no
fato de que a economia se desaqueceu. Notar
que após a maxidesvalorização de 1983
tivemos diversas políticas salariais com
reajustes pelo pico e poder de compra dos
salários continuou a se deteriorar.

Você também pode gostar