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4ª Sessão

Tarefa 2

A integração do processo de auto-avaliação no contexto da escola é crucial.


A ausência de práticas de avaliação e também de uso estrtégico da informação recolhida
no processo de planificação e de melhoria tem estado igualmente ausente das práticas de
muitas bibliotecas.

Integrar o processo de auto-avaliação no processo de avaliação interna e externa da


escola requer, também, envolvimento e compromisso da escola/ orgão de gestão e uma
liderança forte da parte do coordenador.

1 – Faça uma análise à realidade da sua escola e à capacidade de resposta ao processo e


identifique os factores que considera inbidores do mesmo.

2 – Delineie um plano de acção que contemple o conjunto de medidas necessárias à


alteração da situação e à sua consecução com sucesso.

Breve explicação:

A abordagem a este conteúdo irá ser realizada a partir da análise à realidade da


minha escola - Escola António Sena Faria de Vasconcelos.
Foi nosso entendimento que deveriamos aproveitar a reflexão a partir deste
exercício académico, decorrente desta acção de formação, direccionando-a de uma
forma pragmática aos desafios que durante o corrente ano me estou a deparar,
nomeadamente:
O facto de estarmos a coordenar pela 1ª vez a Biblioteca da Escola Sede;
A implementação do Modelo de Auto Avaliação (pela 1ª Vez);
A escolha do Domínio (para este ano) – Leitura e Literacia
A biblioteca desta escola nunca foi sujeita a qualquer tipo de avaliação.
Desta forma iremos inflectir a análise a partir daquele domínio, rentabilizando
desta forma o objecto de estudo para o nosso interesse pessoal a curto prazo, e por outro
lado reflectir algumas evidências recolhidas já este ano trabalho realizado apenas neste
domínio por se tratar da sua escolha na avaliação do domínio que irá ser avaliado.

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metodologia

Partimos de uma reflexão inicial relativa ao contexto educativo actual e de como


as bibliotecas se situam nesse quadro, realçando alguns desafios no presente e no futuro.
Em seguida direccionámos o estudo para a Biblioteca da Escola António Sena
Faria de Vasconcelos de Castelo Branco, no que toca ao domínio Leitura e Literacia,
fazendo uma análise da situação a partir de uma recolha de evidências. Identificámos os
pontos fortes e pontos fracos e propusemos algumas soluções de melhoria através de um
plano de acção.
No final são propostas algumas recomendações.

alguns desafios

A BE constitui um instrumento fundamental na aquisição do conhecimento e ao


mesmo tempo, está concebida para atender aos centros de interesse dos alunos,
respeitando a sua cultura, a sua criatividade e o seu ritmo individual de aprendizagem,
girando em torno das necessidades de formação dos alunos, a partir de dinâmicas
adequadas para o desenvolvimento da leitura, da escrita, da criatividade, da curiosidade,
da socialização e para desenvolvimento afectivo e cognitivo dos alunos (Osoro, 2002,
ref. por Lanaspa, 2002).

Segundo Doug Johnson, (2002) as Bibliotecas Escolares estão perante alguns


desafios, colocados pela necessidade constante de acompanhar os tempos e pela procura
de respostas adequadas.
Não é tarefa fácil responder às solicitações curriculares, com escassos
orçamentos, e com redução de recursos humanos, numa era digital onde se observa uma
alteração de cultura na pesquisa da informação.
Doug Johnson (2002) propõe-nos alguns (sete) desafios que as BEs e os
professores bibliotecários terão pela frente, e que sem uma resposta eficaz, correrão o
risco de ficarem desadequadas em relação aos fins que nortearam a sua criação.
Refere-nos o autor que existe, actualmente, uma “subordinação” da biblioteca
aos currículos e programas escolares; que é necessário mostrar à comunidade educativa
a importância da biblioteca escolar, bem como os recursos que disponibiliza; que as
tecnologias e a sua aplicação são hoje recursos fundamentais na procura e conquista do
conhecimento; o papel cada vez mais exigente do professor bibliotecário; a importância

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de ter uma boa equipa; a necessidade de orientar-se por princípios e valores
fundamentais que estão subjacentes à criação e organização da Biblioteca Escolar e para
a necessidade de estabelecer ligações em rede
. Ao nível das competências deste, deverão assumir duas valências:
competências profissionais, referentes aos conhecimentos e capacidades nas áreas de
colaboração, liderança, curriculum, planificação de programas de cooperação e ensino,
recurso e, acesso à informação, tecnologia, etc; e competências pessoais, entendidas
como um conjunto de capacidades, atitudes e valores, essenciais na aprendizagem
contínua ao longo das suas carreiras

domínio de intervenção: leitura e literacia (pertinência)

“Ler é um acto que se reveste de grande importância a nível pessoal,


social e cultural. É um acto que enriquece o pensamento, intensifica as
emoções, estimula o sonho, a imaginação e a criatividade. Desenvolve-nos
também a capacidade crítica, aumenta os níveis de informação e constitui
uma forma de participação activa na sociedade. Ler é essencial para a
articulação do pensamento e consequente aperfeiçoamento da expressão
escrita.” (Cadório, 2001: 1)

É hoje consensual a importância do papel da BE como instrumento no


desenvolvimento das competências da leitura.

No entanto Portugal tem um baixo índice de leitura, tendo a montante um baixo


índice de conclusão do ensino secundário. Enquanto a média europeia ultrapassa o3/4
(mais de 75% dos jovens concluem o ensino secundário), Portugal fica-se por 1/2 (cerca
de 50%).

Apesar de diversas iniciativas como as do Gabinete RBE, com a generalização


de Bibliotecas Escolares e do Plano Nacional de Leitura, a evidência é que o baixo nível
cultural e informativo na educação de muitos jovens não os prepara para a leitura nem
para a sociedade de informação. Como refere Cadório (2001: 1)“O hábito leitural em
Portugal, nunca adquiriu estatuto cultural como noutros países. Com o melhoramento
dos índices de escolaridade pensou-se que era legítimo e automático que a leitura
passasse a constituir uma prática dos portugueses”. Não basta chegarem livros e
computadores às escolas para se pensar que temos o problema resolvido. As
tecnologias, os materiais têm um fim instrumental, um processo e não uma finalidade.

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As competências da leitura são a base para o conhecimento e a aprendizagem,
transversais a todo o currículo.

Outra dimensão relevante da leitura é o seu aspecto socializador, permitindo


uma reflexão sobre o mundo que nos rodeia. Ler constitui uma experiência sempre
renovada onde se descortinam encontros com valores e modos de pensar e agir que
podem ou não ser coincidentes com os nossos, que poderão ou não ser aceites. O
contacto com diferentes obras e modelos, levará a um alargamento das perspectivas de
vida e um alargamento de horizontes.

Apesar das BEs hoje se assumirem como um recurso fundamental no


cumprimento curricular de todos os programas de uma escola, deverá privilegiar em
primeira instância as práticas de leitura, pois estas competências são transversais a todo
o currículo escolar. Um aluno que não adquira essas competências dificilmente terá
sucesso em outras áreas do saber. É na nossa língua que falamos, que interpretamos, que
formamos imagens. É nesta área que as BE deverão ter uma preocupação especial, sem
descuidar, como é óbvio, todas as outras áreas curriculares. A leitura vista como
instrumento de aquisição de competências linguísticas e literárias ou como prática
cultural e de lazer não é em si contraditória, o que importa é integrar todas as suas
finalidades e suportes tendo em conta os domínios e competências da leitura.
Temos muitos projectos e acções nas Bibliotecas a partir da leitura e não para a
leitura. O que deve ser a promoção da leitura e autonomia do leitor confunde-se
frequentemente com acções de entretimento; confunde-se o papel de mediador de leitura
com o de entreteiner, e a promoção das bibliotecas com a promoção da leitura.

Existe felizmente, uma grande variedade de obras literárias com potenciais de


abordagens, programas a incentivar o uso do livro, com actual destaque para o Plano
Nacional de Leitura, e um sem número de obras no mercado editorial a que é necessário
estar atento. Pensamos que uma das estratégias a adoptar deverá passar por evidenciar
através de um conjunto de actividades, algumas obras mais sedutores, atraindo os não
leitores, para numa fase posterior serem introduzidas outras obras cujas leituras poderão
trazer novas competências.

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Desta forma surge a necessidade de se fazer uma avaliação sobre o papel e a
acção da Biblioteca no que toca ao desenvolvimento das práticas de leituras, de modo a
construir um novo referencial no que toca à leitura e literacia.

Análise e Avaliação do Domínio - Leitura e Literacia:

Pontos fortes e pontos fracos

Para a Análise e Avaliação do Domínio - Leitura e Literacia foram utilizados os


seguintes instrumentos:

- Um questionário dirigido aos professores, aplicado aos coordenadores de


departamento e coordenadores de ano relativo ao 1º CEB. (como é evidente as respostas
referem-se ao ano anterior)

(foi aplicado a estes professores por estarem representados no Conselho


Pedagógico, onde também estamos representados, e desta forma conseguirmos uma
primeira e rápida leitura das evidências, não dispensando como é obvio de um trabalho
mais sistematizado e generalizado de recolha de evidências dirigidos a outros
professores a decorrer ao longo do ano)

- Um Relatório de Auto Avaliação onde a partir das Evidências Recolhidas se


Identificam os Pontos Fortes e Pontos Fracos

- Um levantamento de Factores Críticos de Sucesso a partir da Recolha de


Evidências propondo-se Acções de Melhoria;

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Modelo de Relatório de Auto – Avaliação
DomínioB: Leitura e Literacia

Indicadores Evidências recolhidas Pontos Fortes Identificados Pontos Fracos Identificados


- Desenvolvimento, com - A colecção apresenta limitações
regularidade, de actividades de quanto ao número de documentos,
- Estatísticas de requisição/ uso de
recursos de informação promoção da leitura com uma taxa por aluno abaixo do
relacionados com a leitura.
- A BE promove alguns encontros recomendado (1/10).
-Estatísticas de utilização com escritores Relativamente aos fundos para o
informal da BE.
- Algumas actividades articuladas 1º CEB essa percentagem é ainda
-Estatísticas de utilização da BE com a Biblioteca Municipal menor
para actividades de leitura
- Implementação de diversas - Alguns professores do 2º e 3º
programada/ articulada com
outros docentes. actividades no âmbito do PNL ciclo (áreas cientificas) têm
- Uma boa adesão por parte de desenvolvido poucas actividades
B.1 Trabalho da BE ao serviço da -Registos de Projectos
promoção da leitura desenvolvidos no âmbito da alguns professores à Semana da no âmbito do PNL
promoção da leitura.
Leitura - Existência escassa de recursos
Questionário aos professores - Uma boa adesão à BE por parte digitais disponíveis (tangíveis e
dos professores do 1º CEB intangíveis)
- Realização de duas Feiras do
Livro

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- A leitura e as literacias constam - Pouca adesão por parte dos
do Projecto Educativo como uma professores do 3º CEB, de um
-Projectos e actividades das prioridades do Agrupamento; modo geral, com alguma
comuns realizados neste - O reconhecimento, por parte dos excepção do departamento de
âmbito. diversos órgãos da escola, de que Línguas;
-Materiais de apoio produzidos a Biblioteca é um centro de - Pouca adesão por parte dos pais
e editados. recursos imprescindível para a dos alunos do 3º CEB.
-Questionário aos professores. implementação de diversas
-Participação dos pais na II dinâmicas e um factor que
Maratona de contos. influencia o sucesso escolar dos
B.2 Trabalho articulado da BE -Diversas actividades no âmbito alunos;
com departamentos com docentes
do PNL - O reconhecimento da
e com o exterior, no âmbito da
leitura importância por parte dos pais
demonstrado pela sua adesão a
algumas iniciativas,
nomeadamente, a I e II Maratona
de Contos realizadas nos dois
anos anteriores;
- Diversas actividades integradas
no PNL articulando diversos

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departamentos;
- Diversas actividades com
projecção para o exterior
realizadas pelo agrupamento e que
estão integradas no Projecto
Educativo de Escola;

- Os alunos do 1º CEB aderem de - Os alunos do 3º Ciclo não


um modo geral à leitura utilizam com regularidade a
-Estatísticas de utilização da BE recreativa, na biblioteca; leitura recreativa, e recorrem, com
para actividades de leitura.
-Os alunos do 1º e 2º CEB aderem pouca frequência, ao empréstimo
B.3 Impacto do trabalho da BE -Estatísticas de requisição com alguma regularidade ao domiciliário
nas atitudes e competências dos domiciliária.
empréstimo domiciliário;
alunos, no âmbito da leitura e das
literacias -Observação da utilização da BE - Os alunos revelaram uma grande

-Trabalhos realizados pelos simpatia por diversas actividades


Alunos realizadas a partir da Biblioteca –

-Questionário aos professores Semana da Leitura, Dia Mundial


do Livro, Maratona de Contos.

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Modelo de Auto – Avaliação
Domínio B Leitura e Literacia
Indicadores Factores Críticos de Sucesso Recolha de Evidências Acções para melhoria/Exemplos

A BE disponibiliza uma colecção variada e Estatísticas de requisição/ uso de Programar, com regularidade, visitas
adequada aos gostos e interesses de recursos de informação relacionados dos elementos da equipa à BM e às
informação dos utilizadores. com a leitura. livrarias para conhecimento de
novidades editoriais.
A BE desenvolve, de forma sistemática, Estatísticas de utilização informal da
actividades no âmbito da promoção da BE. Utilizar a WEB e outras fontes de
leitura. informação na prospecção e
Estatísticas de utilização da BE para identificação de materiais do
A BE organiza sessões de leitura, de reconto actividades de leitura programada/ interesse das crianças e dos jovens.
ou outras que associem diferentes formas de articulada com outros docentes.
leitura, de escrita ou de comunicação com o Realizar avaliações periódicas da
objectivo de promover o gosto pela leitura. Registos de Projectos desenvolvidos no colecção, no sentido de identificar
B.1 Trabalho da BE ao âmbito da promoção da leitura. limitações neste domínio.
serviço da promoção da A BE incentiva a leitura informativa, com
leitura fins recreativos ou direccionada a projectos Questionário aos professores (QP2). Promover o diálogo informal com as
ou actividades formativas ou curriculares. crianças e os jovens utilizadores da
BE, incentivando-os à leitura
A BE promove encontros com escritores ou
outros eventos culturais que aproximem os Definir um plano integrado de
alunos dos livros ou de outros materiais/ actividades que melhorem os índices
ambientes e incentivem o gosto pela leitura. de leitura. Comunicá-lo à escola,
apresentando sugestões que
A BE procura estar informada relativamente envolvam o trabalho articulado e a
às linhas de orientação e actividades Colaboração dos docentes.
propostas pelo Plano Nacional de Leitura.
Reforçar o trabalho articulado com
departamentos, docentes e a abertura
a projectos externos.

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A leitura e as literacias constam como meta Sensibilizar a escola para a
no Projecto Educativo e curricular de Projectos e actividades importância da leitura como suporte
Escola/ agrupamento, em articulação com comuns realizadas neste às aprendizagens e à progressão nas
a BE. âmbito. aprendizagens.

A BE trabalha articuladamente com Materiais de apoio produzidos Definir prioridades e traçar uma
docentes e departamentos na implementação e editados. estratégia de melhoria a propor ao
de estratégias/ planos de trabalho para Conselho Executivo e à Escola,
promoção da leitura por prazer Questionário aos professores partindo dos resultados analisados
B.2 Trabalho articulado (ficção e não ficção). pelos conselhos de turma.
da BE com Participação dos pais na II Maratona de
departamentos e A família e/ou outros membros da Convidar especialistas;
contos
docentes, e com o comunidade são envolvidos em projectos ou organizar um colóquio ou um
exterior, no âmbito da actividades nesta área. Diversas actividades no âmbito do PNL seminário sobre a leitura, a literacia e
leitura o papel da BE.
A BE promove e participa na criação de
instrumentos de apoio a actividades de Delinear um projecto que identifique
leitura e de escrita/ produção de informação prioridades e estabeleça objectivos e
em diferentes ambientes: jornais, blogs, metas a atingir.
newsletter, webquests, wikis, etc.
Produzir instrumentos de apoio a ser
A BE conhece as linhas de orientação usados por professores e alunos.
definidas pelo Plano Nacional de Leitura e
desenvolve acções e articula actividades
com os docentes, no sentido de promover a
leitura.

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Os alunos usam a biblioteca para ler de Estatísticas de utilização da BE para Melhorar a oferta de actividades de
forma recreativa, para se informar ou para actividades de leitura. promoção da leitura e de apoio ao
realizar trabalhos escolares. desenvolvimento de competências no
Estatísticas de requisição domiciliária. âmbito da leitura, da escrita e das
Os alunos desenvolvem trabalhos onde literacias.
interagem com equipamentos e ambientes Observação da utilização da BE
informacionais variados. Promover o diálogo com os docentes
B.3 Impacto do trabalho
Trabalhos realizados pelos Alunos no sentido de garantir um esforço
da BE nas atitudes e
Os alunos participam activamente em conjunto para que o desenvolvimento
competências dos alunos,
diferentes actividades associadas à Questionário aos professores de competências de leitura, estudo e
no âmbito da leitura e
promoção da leitura Clubes de leitura, investigação seja adequadamente
das literacias.
fóruns de discussão, jornais, semana da inserido nos diferentes currículos e
Leitura, Maratona de Contos, etc actividades.

Dialogar com os alunos com vista à


identificação de interesses e
necessidades no campo da leitura e
das literacias.

Encorajar a participação dos alunos


em actividades livres no âmbito da
leitura (Clubes de leitura, fóruns de
discussão, jornais, blogs, etc).

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Algumas propostas de melhoria / Plano de acção para a BE

A partir dos dados recolhidos e depois de elencados os pontos fortes e fracos,


surge a necessidade de estabelecer na equipa um conjunto de procedimentos e
estratégias que levem os utilizadores a ter um um maior envolvimento na BE relativo ao
domínio Leitura e Literacia. A gestão adequada dos recursos da informação, vai
contribuir para que as bibliotecas não estagnem mas antes assumam um papel em
crescimento à medida dos desafios que lhe surjam.

Os autores Eisenberg e Miller (2002), referem que é observável uma perspectiva


de mudança na acção a desenvolver na gestão das bibliotecas a partir de três
perspectivas:

- Um trabalho de colaboração integrando toda a dinâmica da escola, com um


professor bibliotecário especialista na informação.

- Definir uma estratégia articulada com o projecto educativo de escola, de modo


a responder eficazmente às metas e objectivos traçados;

- E divulgar de forma contínua toda a dinâmica desenvolvida pela BE.

Nesta linha de análise a partir da observação de algumas evidências e a sua avaliação


propomos algumas acções, que passaremos a referir:

Plano de Acção

- Elaborar o documento de Política de Desenvolvimento da Colecção;


- Apresentar ao Conselho Executivo e Conselho Pedagógico este estudo sensibilizando
aqueles órgãos para a necessidade de adquirir fundos documentais que possam servir a
comunidade dos utilizadores;
- Solicitar um orçamento para a BE;

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- Necessidade de estreitar laços com outras Bibliotecas de outras escolas e aprofundar
laços com a Biblioteca Municipal;
- Desencadear algumas actividades do PNL, com os professores do 2º e 3º CEB, que
têm sentido mais dificuldade em implementar essas actividades (professores de áreas
cientificas);
- Desenvolver estratégias de aquisição de fundos documentais digitais, tangíveis e
intangíveis;
- Sensibilizar todos os Departamentos Curriculares para integrarem no Plano Anual de
Actividades a BE como um recurso a ter em conta nas programações das actividades
lectivas;
- Criar pontos de contacto entre a equipa da BE e os Coordenadores de Departamento,
no sentido de agendar e programar, no início do ano lectivo, diversas actividades;
- Reforçar algumas estratégias no sentido dos professores do 3º CEB alterarem alguns
comportamentos, e passarem a utilizar com mais frequência a Biblioteca;
- Necessidade de planificar com os professores do 3º CEB diversas acções que levem os
alunos a aderir à leitura recreativa (concursos, trabalhos bibliográficos, espectáculos de
teatro, animações, feiras dos livro, etc.);
-Desenvolver algumas estratégias que criem incentivo ao uso da colecção local e dos
recursos em linha;
- Promover a leitura e a informação em contextos em que o lúdico e o entretenimento se
expressem criativamente, de forma enriquecedora, para crianças, jovens e adultos;
- Atrair e fidelizar utilizadores da biblioteca;
- Oferecer espaços diferenciados e adequados aos diversos públicos;
- Conhecer e considerar a diversidade de tendências e interesses dos utilizadores;
- Criar e promover oportunidades de participação activa dos utilizadores na decisão da
selecção dos fundos documentais;
- Explorar oportunidades associadas às TIC(S);
- Divulgar todos os eventos que a BE promova;
- Perspectivar o trabalho da BE em rede de modo a rentabilizar recursos e práticas ao
invés de desperdiçar tempo e recursos em práticas e técnicas redundantes (como sejam a
tarefa de catalogação, que poderia ser realizada a partir das Bibliotecas Municipais).

Para que este plano de acção se implemente é necessário que:

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- O professor coordenador da biblioteca escolar esteja integrado na dinâmica da
escola, nos seus programas e de acordo com os objectivos de uma escola;

- O seu papel (professor bibliotecário) se enquadre entre o gestor da informação


e o interventor no processo formativo dos alunos propondo estratégias em cooperação
com os professores;

- Deva ser dado ênfase ao conceito de cooperação, com trabalho colaborativo


com os professores das diversas disciplinas;

- O professor bibliotecário e a equipa da BE devam assim ter uma atitude


permanente em identificar os problemas, definir as prioridades na sua resolução,
desenvolvendo uma cultura de avaliação e envolvendo as direcções das escolas em todo
o processo.

Conclusões e Recomendações

Actualmente os desafios colocados à Biblioteca Escolar, e ao Professor


Bibliotecário, não são fáceis de suplantar, e carecem de uma postura de permanente
atenção perante os novos desafios que diariamente temos pela frente.
É importante ter a noção de que isolados muito pouco conseguiremos, de que é
necessário estabelecer pontos de contacto, parcerias, redes de cooperação, para que
todos juntos consigamos responder eficazmente aos novos desafios de uma escola e de
uma sociedade em permanente mudança. Os professores terão de organizar uma escola
transdisciplinar, integrando os saberes numa visão de conjunto, competências de
cidadania, pensamento crítico, inovação, trabalho colaborativo, desenvolvimento
pessoal, tecnologias de informação e comunicação; Segundo Lima (2003) para que a
colaboração se estabeleça e seja eficaz são necessárias oportunidades de interacção
planeadas em equipa, observando a necessidade de mais tempo para o trabalho
colaborativo.
Existem hoje alguns reflexos ao nível das práticas e hábitos de leitura e a escola
tem um novo pulsar. Se recordarmos o programa da RBE, A Semana da Leitura, Plano
Nacional de Leitura, verificamos que de Norte a Sul do país estas dinâmicas já entraram
na vida da escola, e na sociedade. Como refere Cadório (2001) a promoção da leitura é
da responsabilidade de toda a sociedade, no entanto há instituições que a podem
efectuar de um modo mais efectivo e activo (p. 42).

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Quanto às Bibliotecas Escolares terão desde já de prever quais os pré - requisitos
necessários, quer ao nível da formação dos recursos humanos quer ao nível dos
documentos disponíveis, no sentido de poder responder eficazmente às solicitações cada
vez mais exigentes e conceptualmente mais alargadas, numa perspectiva de formação ao
longo da vida. Para isso terão de estar na linha da frente, para que sejam identificadas
como um motor da sociedade e do conhecimento.
Existe a necessidade de as bibliotecas escolares procederem a uma reflexão
sobre a sua acção, ou seja, realizarem avaliação, de forma a darem visibilidade e
conhecimento do seu contributo na aprendizagem e sucesso dos alunos. A avaliação da
BE está directamente ligada ao processo de planeamento. As evidências recolhidas
devem seguir um ciclo, com a identificação de um problema, recolha de evidências,
interpretação da informação recolhida, e realização das mudanças necessárias. A
avaliação das evidências recolhidas, seguida de uma interpretação sustentada, permitem
à BE e ao PB evoluírem para metodologias e contextos de trabalho mais consistentes,
valorizando um serviço que é essencial para a educação.
No final deverão comunicar esses resultados aos diversos órgãos da escola.

Bibliografia

Cadório, L. (2001). O gosto pela leitura. Lisboa: Horizonte

Eisenberg, Michael & Miller, Danielle (2002) “This Man Wants to Change Your Job”,
School Library Journal. ( documentação facultada pela Universidade Aberta)

Johnson, D. (2002) “ The seven most critical challenges that face our profession”,
Teacher-Librarian. ( documentação facultada pela Universidade Aberta)

Lanaspa, G. (2002). Concepciones curriculares y bibliotecas escolares. Reflexiones


para la elaboración de un modelo ( documentação facultada pela Universidade Aberta)

Veiga, I. et al (1996). Lançar a Rede de Bibliotecas Escolares. Lisboa: Ministério da


Educação, 2ª Ed.
Documentos
Declaração da IASL (1993)

IFLA/UNESCO (1999) Manifesto da Biblioteca Escolar


IFLA/UNESCO (2002) Directrizes da IFLA/UNESCO para as bibliotecas escolares.
trad. de Maria José Vitorino: 2006 documento policopiado

Relatório de lançamento da rede de bibliotecas escolares em Portugal

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Comentário

Olá Saúde

Vou fazer um comentário, motivado pela leitura do teu documento.

Gostei de ler a tua análise/reflexão sobre estes novos desafios que nos rodeiam mas que
são permanentemente desafiados por constrangimentos de vária ordem. Uma coisa é o
discurso consensual sobre as vicissitudes da BE outra coisa é a realidade que a circunda.
Já vi por exemplo professores com 1 (uma) hora (aliás 45m) atribuída para trabalho na
BE. Que envolvimento se poderá esperar de um professor que dedica um tempo lectivo
por semana à biblioteca, e muitas vezes sem se encontrar com restantes elementos da
equipa?

Também já vi equipas da BE com 20 (vinte) professores. Como é possível estruturar um


trabalho de equipa com esse número de professores com uma ou duas horas
disponíveis?

Mas outra coisa também já observei: quando algum elemento do conselho executivo já
esteve na equipa da BE (algumas vezes como coordenadores), existe uma outra
sensibilidade em torno de todas as questões que envolvem a vida das bibliotecas
escolares!

Relativamente à vida da BE, e da sua ligação/valorização com os Conselhos Executivos,


tenho observado algumas situação curiosas. Por um lado uma certa sensibilidade ao
trabalho das BE. Por outro um certo carácter funcionalista da BE no que toca a horários
e estrutura organizativa. Algumas vezes os conselhos executivos vêm na BE uma forma
complementar de resolver algumas questões relacionadas com horários dos professores

A comunicação e interacção entre equipa da BE e toda a actividade educativa constitui o


pulsar da vida de qualquer biblioteca, e a nobreza desta actividade reside naquelas
dinâmicas. Esta percepção parece (felizmente) já ser lugar comum entre uma certa
cultura de escola, mas nem sempre essa filosofia parece ser implementada. Parece ainda
existir um longo caminho a percorrer. Muitas vezes as percepções necessitam de algum
tempo para se assumirem em atitudes. Parece ser este um dos grandes desafios dos
professores bibliotecários.

Destaco ainda a importância do trabalho colaborativo em assumir-se como uma mais


valia, e questiono-me se neste momento se não estaremos a assistir na escola a um certo
desencanto ou decepção sobre valores que pareciam definitivamente consolidados entre
professores (clima de confiança, respeito mútuo, partilha, respeito, valorização e
trabalho colaborativo ) e que parecem agora fragilizar-se perante um sistema que insiste
numa avaliação cujos contornos se irão pautar objectivamente por um certo
individualismo, tentativa de imposição dos nossos interesse perante os colegas, uma
partilha artificial, no fundo arquitectando um conjunto de atitudes na perspectiva de
sobrevivência perante o sistema.

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Neste cenário como ficarão as dinâmicas das nossas BE? Se num cenário sem aquelas
pressões já é difícil mas possível traçar parcerias e dinâmicas de trabalho colaborativo,
num cenário a que parece estarem a mergulhar algumas escolas, com um elevado grau
de irritabilidade perante o sistema, as BE não acabarão por se diluir numa estratégia ao
serviço de alguns constrangimentos em torno das preocupações evidenciadas?

Esperemos que este estado de espírito generalizado se altere.

Saúde este foi apenas um pequeno contributo sugerido pela tua reflexão/análise em
torno da questão da ligação da BE com as estruturas da escola, e de como essa ligação
influencia o clima e envolvimento dos parceiros.

Cumprimentos

Rafael

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