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Bem por isso, é preciso investigá-la como phainómenon 'coisa que aparece'2,
tratá-la como um texto – tecido composto por fios entrecruzados, nós, cortes,
espaços... – num contexto.
Uma simples busca na internet nos leva, hoje, para mais de cem mil
endereços. Há de tudo: projetos, teses, artigos, blogs, prestadores de serviço,
relatos de ações, inclusive com financiamento internacional... Não faltam
pesquisadores! Há muita bem intencionada e cheia de vontade de “ajudar” os
mais pobres, especialmente “as nossas crianças e jovens que precisam ser
retiradas da rua”... Sobram oportunistas e aproveitadores em busca de
qualquer patrocínio!
3 “O importante é que quando você fala de educação e de comunicação você esta falando da
área social e então você tem que ter um leque de conhecimento extremamente abrangente.
Não se faz projeto social sem um conhecimento legal de Economia, História, Geografia,
Sociologia, Antropologia, Pedagogia, Comunicação e, dependendo para onde você vá, de
Administração. Esse conhecimento multidisciplinar, para mim, é muito mais agradável do
que você estar criando novas disciplinas e quando você cria a disciplina “educomunicação” é
porque está querendo garantir reserva de mercado para esses profissionais.” Matéria
publicada no site da ONG BemTV:
http://www.bemtv.org.br/portal/educomunicar/pdf/maosdadas.pdf Acesso em 7/01/2010.
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Pode-se dizer que tais ideias, posturas e atitudes, na melhor das hipóteses,
são equivocadas e decorrem do desconhecimento e do pieguismo; na pior, por
descaramento e desonestidade intelectual, acadêmica, profissional.
Este período ficou conhecido como Guerra Fria e se estendeu até 1991, quando
foi extinta a União Soviética. A guerra era chamada de “fria” porque, apesar da
luta ideológica, econômica e política, não houve enfrentamento direto entre as
superpotências, mas ameaças, provocações e, principalmente, apoio bélico –
grande arsenal de armas, incluindo as nucleares, criados, fabricados e
vendidos pelas potências mundiais – aos países de um lado e de outro quando,
por alguma razão, se enfrentassem.
4 “Essa é a via ideal para recuperar a alegria perdida nos números e nas "metas", nos
processos e sistemas "eficientes" que por tanto tempo ofuscaram o homem no contexto da
cultura organizacional. Esse é o melhor meio para livrar-nos de um pragmatismo às vezes
exagerado e frio, que nos torna seres "vermelhos quase roxos" que "só sabem somar",
"homens sérios" que "nunca viram uma estrela ou cheiraram uma flor", que "nunca amaram
alguém", verdadeiros "cogumelos ambulantes", nostálgicos de uma humanidade que
intuímos carecer.” In: http://www.aberje.com.br/novo/acoes_artigos_mais.asp?id=190
Acesso em 17/01/2010.
5 Educomunicação – o que é isto? de Donizete Soares, In:
http://portalgens.com.br/baixararquivos/textos/educomunicacao_o_que_e_isto.pdf Acesso
em 30/11/2009.
6 É vasta a literatura disponível na internet a respeito do tema. Uma delas, absolutamente
indispensável, é As veias abertas da América Latina, de Eduardo Galeano, que pode ser
baixada livremente aqui: http://migre.me/gJAM Acesso em 7/01/2010.
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Por sua vez, na América Latina, países como República Dominicana, Haiti,
Argentina, Chile, Uruguai, Paraguai e Brasil foram vítimas de golpe militar7
patrocinado pelos Estados Unidos.
Por outro lado, uma das formas historicamente encontradas para encaminhar e
discutir, de modo civilizado, os conflitos causados por tais diferenças é a
democracia. Em sentido geral, o termo quer dizer regime de governo no qual o
poder de decisão sobre a vida social, econômica, cultural e política de um país
está nas mãos do povo, da sociedade civil. Teoricamente, democracia é o
mesmo que poder descentralizado, dele participando, portanto, todos os
cidadãos9.
7 Por golpe militar entende-se a tomada do poder pelos militares em nome da defesa do país
contra interesses (e ameaças) contrários aos interesses que eles julgam ser do país que
defendem. Veja artigos de Osvaldo Coggiola em http://www.coggiola.blogger.com.br/,
especialmente América Latina no olho da tormenta mundial em
http://oolhodahistoria.org/n12/artigos/coggiola.pdf Acesso em 10/12/2009.
8 Ver MACHADO, Arlindo. Os Anos de Chumbo. Mídia, Poética e Ideologia no Período de
Resistência ao Autoritarismo Militar. Porto Alegre: Sulina, 2006.
9 Veja aqui o significado, o histórico e as formas de democracia:
http://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/1801/Democracia Acesso em 20/11/2009.
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Claro, não sabemos na prática o que é isto. Não conhecemos outra que a
democracia representativa, na medida em que transferimos para políticos
profissionais a responsabilidade de decidirem sobre o que é e o que não é bom
e conveniente para todos. O que, evidentemente, é um passo importante em
relação à ditadura10 – regime político em que o governante apoiado por um
grupo, porque não tem legitimidade alguma conferida pelas pessoas,
simplesmente não respeita as instituições e nem responde à lei.
Vale dizer: para que haja organização social em torno dos interesses de um
mesmo grupo é necessário muito mais que a boa vontade dessas ou daquelas
pessoas; é preciso, antes de tudo, que o maior número dessas pessoas seja
informada sobre as possibilidades reais dessa organização acontecer.
Claro que não sabemos o que também isto significa na prática. Nunca
experimentamos, nunca vivenciamos situações inteiramente democráticas nem
por aqui e nem por toda a América Latina. A rigor, é curtíssimo o tempo que
temos respirado ares mais ou menos próximos desse tipo...
Mais do que saber e ensinar a utilizar rádio, vídeo, jornal ou qualquer outra
mídia, o trabalho de mediação em produções coletivas de comunicação na
perspectiva da Educomunicação tem a ver com o pensamento e a ação de
quem, por razões históricas, tem compromisso com a alteração de modos de
convivência social pautados pelas diferentes formas de injustiça praticada no
passado e no presente. Mais: tem a clareza e a consciência de que o ontem e o
hoje são o resultado de ações dos que vieram antes de nós, cabe a nós, então,
se quisermos, mudá-lo, alterá-lo, transformá-lo.
Claro está que o modo como estamos tratando a Educomunicação busca fazer
um resgate de suas origens em nosso meio nas últimas décadas do século 20.
Mais que necessário, a nosso ver, isto é uma obrigação, sobretudo porque, em
nome da profissionalização17, estamos longe do que foram – e para nós,
continuam sendo – os propósitos e objetivos da educomunicação18.