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Gestão Artística e Cultural

História das Artes Visuais

A arte conceptual nos anos 60 nos EUA


– As origens

Alão Castanho Ventura Barbosa Nº 4435

Docente: Dr. Helder Dias

Data de entrega 21 Janeiro de 2010


Índice
Introdução .......................................................................................................... 4

A arte conceptual nos anos 60 nos EUA – As origens ....................................... 5

Conclusão .......................................................................................................... 8

Bibliografia.......................................................................................................... 9
Introdução

Este trabalho surge no seguimento das primeiras aulas de HAV, onde nos foi
apresentado o urinol de Duchamp. Este movimento ficou marcado na história
da arte por um reconhecimento internacional, tendo como lema, a dissolução
do objecto como objecto.

A arte conceptual apareceu como um movimento que contestava a instituição,


mas rapidamente se institucionalizou. Em 1970, no New York Cultural Center
ocorreu a primeira exposição de arte conceptual nos EUA. Numa década a
ideia do conceptual é catapultada para um movimento reconhecido e que se foi
desenvolvendo até à actualidade. Foi um “vale-tudo” no que toca à arte, uma
rejeição geral de todo o contexto da arte institucionalizado até então.

Após alguma pesquisa constatei que este campo artístico foi (e ainda é) muito
pouco compreendido, “fechado” a uma elite de artistas, quando na realidade
não é assim. Apenas começou … demasiado depressa. Pelo que o objectivo
neste trabalho é desvendar como um objecto tomou um significado tão grande,
o qual, posteriormente, que deu origem à arte conceptual nos EUA, na década
de 60.
A arte conceptual nos anos 60 nos EUA – As origens

Nos meados da década de 60, iniciou-se um movimento, que durou quase uma
década, chamado de arte conceptual. Esta arte era conhecida, também, por
arte de ideias ou de informação. Surgiu, assim, um “brainstorm” de ideias sem
precedentes, ideias em torno da arte e sobre tudo, uma enorme e desconexa
série de informação, de motes e interesses dificilmente contidos num só
objecto. Esta informação era sempre acompanhada por texto, fotografias, etc.

O conceptualismo apoia-se muito em contextos na área da literatura,


sociologia, filosofia. No caso de Joseph Kosuth (Wikipedia, Joseph Kosuth,
2009), por exemplo, um
trabalho com uma cadeira,
no qual se pode ver; a
cadeira propriamente dita,
uma fotografia da cadeira
(em tamanho real) e depois
um painel com um texto do
dicionário com o significado

da palavra “cadeira”. Não se Figura 1 - Joseph Kosuth, One and Three Chairs, 1965
exibe um objecto mas sim
um questionário do que é real e do que é a representação do objecto
propriamente dita. Tendo três representações o conceito de arte tradicional não
existe, o que faz com que ainda actualmente haja quem sustente que esta
linguagem não pode ser encarada como arte.

Podemos considerar que a arte conceptual começou realmente na década de


60, quando um grupo de artistas formaram a Revista Art-Language (Wikipedia,
Art & Language, 2009), publicada em Inglaterra no ano de 1969. No seu
primeiro número, tem logo um artigo que defende que a arte é ideia, no fundo o
objecto em si não é fundamental (Art-Language / Facsimile Edition). Este novo
tipo de arte encara a arte mais do ponto de vista do leitor/receptor do que do
produtor. Neste contexto, a arte tem como dever estimular o observador a
reflectir e interagir com a obra.
O conceptualismo surge numa atitude contra uma arte, em que na altura já
pouco traduzia aquilo que se passava à sua volta. Era uma arte pela arte numa
época em que o movimento mais forte era o minimalismo. Neste período os
EUA estavam em guerra com o Vietname, pelo que era uma nação
completamente afastada da realidade. Quando os artistas produziam objectos,
estes confundiam-se com formas geométricas e as pinturas eram as
monocromias. Em palavras de Frank Stella: “What you see is what you see”
(Stella), ou seja, já não havia representação. A pintura tinha-se reduzido aos
elementos básicos da sua existência, tanto no formato como na cor, deixando
de existir o artificie do pintor e também qualquer intenção de representar.
Tendo a pintura chegado ao seu mínimo, “suicidou-se” a si própria e, assim,
surgiu o movimento conceptualista. Nesta época, tornou-se necessária uma
arte fora da instituição e que comunicasse alguma coisa. Algo que escapasse
da tradição da pintura e da escultura, visto que, estas tinham “acabado”. Neste
contexto, a arte conceptual pretendeu ter uma intervenção social forte, como no
feminismo, movimentos anti-guerra, questionamento da razão de ser das
coisas, podendo, talvez, ser chamada de arte de intervenção. Dentro deste
âmbito surgiu um movimento igualmente importante para este tipo de
diversidade na arte - Fluxus (Fiz, 1986, p. 205). Este movimento enquadra-se

Figura 2 - Yoko Ono, Half-A-Room, 1967 | Photo by Oded Lobl © Yoko Ono

no mesmo contexto de crítica, muitas vezes confundido com arte conceptual.


Todavia, coloca-se contra o imperialismo ocidental, através de uma aguçada
crítica e de um humor excêntrico.

Os antecedentes do conceptualismo obrigam-nos a recuar até ao Dadaísmo,


principalmente a um autor fundamental do paradigma “a arte é ideia” chamado
Marcel Duchamp e os Ready-made. Duchamp chamava os Ready-made de
“Object Trouvé”, sendo este nome em francês muito mais interessante porque
o termo Ready-made significa “já feito”, enquanto “Object Trouvé” (Gale, 2009)
significa “encontrar” e era este o seu discurso. Duchamp dizia que o artista
tinha uma espécie de um “dom” (porque era artista) de encontrar objectos e
colocar neles um pensamento: “I don't believe in art. I believe in artists.”
(Duchamp). Ao colocar um pensamento num objecto, este tornava-se
simbólico, logo, a partir desse momento podia ser considerado arte. A arte
como ideia, num diferente contexto, remonta ao séc. XVI, onde já muitos
falavam nessa premissa. Nomeadamente, em Portugal, Francisco de Holanda
(Calafate) foi um dos primeiros a falar deste tipo de arte. Já na Republica de
Platão se referia que, quando o pintor pintava uma cama, esta já era um
“segunda versão”. Isto é, a cama existiu primeiro na ideia, depois o carpinteiro
fez a cama e só por fim é que o pintor pintou a cama. No fundo, o que o pintor
fez foi apenas representar a aparência da cama. O conceptualismo também se
aproveitou um pouco deste facto, ou seja, de que a representação é o que
menos interessa.
Conclusão

Como reflexão final, o que realmente se retém da arte conceptual é a “arte


ideia”, todo o conceito que está por trás da obra artística é superior à produção
final, sendo esta completamente dispensável. É um procedimento de criação
trivial que pode reflectir a própria ligeireza de quem as observa. Numa altura
em que a arte estava em completa “reconstrução” e se encontrava
completamente “perdida” precisando de algo diferente, o conceptualismo
aparece e marca uma viragem na arte. Nesta popularização da arte, os artistas,
por fim, encontram um veículo onde podem comunicar com teores abstractos.
Tentando uma aproximação entre o artista e o grande público, será que
realmente foi conseguido? Na minha opinião o conceptualismo contribuiu para
um afastamento do grande público, que não compreendia este tipo de arte.
Bibliografia
Art-Language / Facsimile Edition. (n.d.). Retrieved 01 09, 2010, from 20th Century Art Archives:
http://www.20th-century-art-archives.com/art_language_facsimilie_edition.php

Calafate, P. (n.d.). Francisco de Holanda. Retrieved 01 03, 2010, from Instituto Camões:
http://cvc.instituto-camoes.pt/filosofia/ren5.html

Duchamp, M. (n.d.). ThinkExist.com Quotations. Retrieved 01 03, 2010, from Marcel Duchamp
quotes: http://thinkexist.com/quotes/marcel_duchamp/

Fiz, S. M. (1986). Del arte objectual al arte de concepto. Madrid - Espanha: Akal Ediciones.

Gale, M. (2009). MOMA | The Collection | Objet trouvé. Retrieved 01 03, 2010, from MOMA:
http://www.moma.org/collection/details.php?theme_id=10135

Goldberg, R. (2007). A Arte da Performance. Lisboa: Antígona.

Maciunas, G. (n.d.). Manifesto on Art / Fluxus Art Amusement by George Maciunas, 1965.
Retrieved 01 04, 2010, from artnotart: http://www.artnotart.com/fluxus/gmaciunas-
artartamusement.html

Stella, F. (n.d.). Frank Stella Infosite. Retrieved 12 22, 2009, from Frank Stella:
http://www.frankstella.net/more.html

Wikipedia. (2009, 12 31). Art & Language. Retrieved 01 03, 2010, from Wikipedia:
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Wikipedia. (2009, 12 31). Joseph Kosuth. Retrieved 1 3, 2010, from Wikipedia:


http://pt.wikipedia.org/wiki/Joseph_Kosuth

Figura 1. Disponível em:

http://arthoughts.files.wordpress.com/2008/12/kosuth-xl.jpg

Acesso em 19.01.2010

Figura 2. Disponível em:

http://www.dasartes.com/site/images/stories/yoko1.jpg

Acesso em 19.01.2010

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