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TF_Uni e Esc

Aplicado geralmente ao
Ciência Saber “saber do mundo natural”

Conjunto de conhecimentos
organizados de uma forma
racional específica

¾ Geralmente os problemas que se espera que a ciência resolva são


bastante complexos.
¾ A primeira abordagem é dividir o problema (ou o sistema) em várias
partes mais simples e estudar cada uma por si.
¾ Foi como consequência deste tipo de abordagem que durante o século
XIX a ciência foi dividida em vários campos que estudam diferentes
sistemas.

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Física
Ciência da matéria e da energia

Estuda os movimento de partículas e


ondas, interacções entre partículas,
átomos e núcleos: estuda o
movimento de um electrão que gira
em torno do átomo, a queda de uma
gota de água ou a formação de
uma estrela……..

A Física pode ser considerada a “ciência mais fundamental”


porque os seus princípios constituem muitas vezes a base
onde assentam as outras ciências.

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leis da física:

• Descrever o comportamento de partículas de dimensões


subatómicas e de objectos de dimensões maiores que o sol;
• Usar as mesmas leis para medir a velocidade de uma
estrela, através da sua luz, e a velocidade de um
automóvel, através do radar;

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Geralmente podem-se dividir os problemas da Física em


duas grandes categorias:

• Se deixarmos de fora o interior do átomo e as grandes


velocidades, a maior parte dos factos observados podem ser
explicados recorrendo às leis da mecânica clássica

• Se quisermos estudar as pequenas partículas e/ou as grandes


velocidades entramos no campo da física moderna.

Física Clá
Clássica Física Moderna
Mecânica Relatividade
Termodinâmica Mecânica Quântica
Electricidade Física Atómica
Magnetismo Física Nuclear
Óptica Física das Partículas
Acústica

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Os fenómenos no mundo físico têm lugar no tempo e no espaço.

Qualquer fenómeno é consequência das interacções entre objectos.

Homem Fim do
primitivo séc. XIX Hoje

Espaço mínimo ~10-4 m ~10-7 m ~10-20 m


máximo ~102 km ~1013 km ~1023 km

Tempo mínimo ~1 s ~10-5 s ~10-23 s


máximo ~102 anos ~104 anos ~1010 anos

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grandezas fundamentais e derivadas

• A observação de um fenómeno é incompleta quando dela não


resultar uma informação quantitativa.

• Medir é um processo que nos permite atribuir um número a


uma grandeza física como resultado de comparação entre
quantidades semelhantes. Uma dessas quantidades é
padronizada e adoptada como unidade da grandeza em
questão.

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grandezas fundamentais e derivadas

aquelas que não são derivadas aquelas que podem ser expressas em
de outras termos das grandezas fundamentais

Grandeza Unidade SI Grandeza Unidade SI


Comprimento metro (m) Velocidade m/s
Massa quilograma (kg) Aceleração m/s2
Tempo segundo (s) Força N (Newton)
Temperatura Kelvin (K) Trabalho J (Joule)
Intensidade Luminosa candela (cd) Potência W (Watt)

Quantidade de substância mole (mol) Pressão Pa (Pascal)

Intensidade de corrente Ampére (A) Frequência Hz (Hertz)


Carga Eléctrica C (Coulomb)

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definição de unidades padrão


Massa
Quilograma: é definido como a massa de um cilindro de
platina-irídio, que está guardado na Repartição
Internacional de Pesos e Medidas em Sèvres
(França).
Comprimento
Metro: é a distância que a luz percorre no vácuo num
tempo de 1/299 792 458 segundos.
Tempo
Segundo: é definido como a duração de 9 192 631 770
períodos da radiação de um certo estado do 133 Ce

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Efeitos de Escala

Os efeitos de escala têm muita importância em vários mecanismos.

Quando se altera o tamanho do organismo, modificam-se a


importância relativa de factores. Por exemplo em organismos
grandes a força gravítica (proporcional à massa e ao volume) é
muito mais importante que as forças de adesão, já em pequenos
organismos as forças de adesão (proporcionais à superfície)
desempenham um papel muito importante.

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Efeitos de Escala

Há seres vivos de todos os tamanhos: 21 ordens


de grandeza separam o mais pequeno ser
unicelular com massa de 2x10-13 g das 200
toneladas da baleia azul.

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Efeitos de Escala - seres vivos

Nos seres vivos existe geralmente uma


relação entre tamanho e complexidade: maior
tamanho, maior complexidade (organismo
unicelular, pequeno organismo, insecto,
mamífero).

Em seres de complexidade semelhante a


forma depende essencialmente da
funcionalidade.

Independentemente do tamanho e do
ambiente em que vive, qualquer organismo
tem que gerar energia para assegurar o seu
funcionamento e tem que ter uma estrutura
que assegure a sua integridade.

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Efeitos de Escala - seres vivos

Organismos de tamanhos diferentes têm que ter arquitecturas diferentes.

Qual é o efeito do tamanho? Uma pessoa com o dobro da altura precisa


de comer o dobro da comida? Tem o dobro da força? O dobro do peso?
O que muda com a escala? O que se mantém?

A evolução encontrou soluções funcionais muito diferentes às várias


escalas. É possível estabelecer uma relação entre as formas e as “leis
de escala” para várias propriedades físicas e biológicas dos organismos.

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O que é uma “ Lei de Escala”?

É uma expressão matemática que relaciona o “tamanho” do objecto de


estudo (geralmente um comprimento característico ou a massa) com uma
dada propriedade ou parâmetro.

Por exemplo: podemos relacionar a taxa metabólica ou o ritmo cardíaco com


a massa do organismo, ou a espessura do fémur com a altura do animal.

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Efeitos de Escala

constantes

A lei de escala geralmente é da forma: P = aM b


massa
Parâmetro
⇔ log P = log a + b log M
Em representação log - log:

Y = a + bX

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Geralmente o “tamanho” do organismo é medido pela sua massa e verifica-


se que:

9 Superfície ~ (massa)2/3

9 Força (peso) ~ (massa)2/3

9 Ritmo metabólico ~ (massa)3/4

Pode também relacionar-se o tamanho com a abundância de uma dada


espécie, ou o tamanho com a complexidade. Embora estas leis não
sejam universais, são úteis para perceber como funcionam os
organismos.

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Taxa Met = c(massa)3 / 4

O consumo de energia por célula diminui com o tamanho – organismos maiores


são energeticamente mais eficientes.

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Admitindo então que as leis de escala são válidas falta perceber porque existem e
de onde aparecem os factores 2/3 e 3/4…

Como a realidade é bastante complexa, vamos fazer apenas uma análise bastante
simplista para dois ou três casos.
Arquimedes
Em formas geométricas semelhantes, as superfícies são
proporcionais ao quadrado das dimensões lineares e os
volumes ao cubo das dimensões lineares.

Galileo
Verifica que o tamanho não pode variar arbitrariamente - há
constrangimentos. Um modelo que funcione bem a grande
escala, pode não resultar em pequena escala (e vice-versa).

“a natureza não pode produzir um cavalo vinte vezes maior do que um cavalo normal,
ou um gigante dez vezes maior do que um homem normal, a não ser por milagre”

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Exemplo 1

Vamos agora comparar os parâmetros (lado, área da face, volume, superfície total e a
razão entre área/volume) para 4 cubos de lado 1, 2, 3 e 4:

Parâmetros Cubo 1 Cubo 2 Cubo 3 Cubo 4


Lado (L) 1 2 3 4
Área da face (L2) 1 4 9 16
Volume (L3) 1 8 27 64
Superfície total (6xL2) 6 24 54 96
Área / volume 6 3 2 1.5

A razão entre superfície e volume diminui à medida que o tamanho cresce


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Exemplo 2

Agora vamos comparar os mesmos parâmetros para os quatro cubos, mas supondo
que cada um deles é construído por cubos unitários de lado 1 unidade.

1 cubo unitário:
Lado (L=1); Área da face (A=1); Volume (V=1);Superfície total (S=6)

Parâmetros Cubo 1 Cubo 2 Cubo 3 Cubo 4


Nº de cubos unitários (N) 1 8 27 64
Volume (L3) 1 8 27 64
Superfície total (Nx6xL2) 6 48 162 384
Área / volume 6 6 6 6

A razão entre superfície e volume não se altera


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Exemplo 3

Considere duas células esféricas de raios R1 e R2=2R1. Calcule a


relação entre:

a) O volume das duas células

b) A superfície da membrana das duas células.

c) A massa das duas células

d) A lei de escala que relaciona a superfície com a massa

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O volume de uma esfera é:

4 V2 ( 2 R1 )3
V = πR 3 ⇒ = =8
3 V1 ( R1 )3

4 M 2 (2 R1 )3
M = ρV = ρ πR 3 ⇒ = =8
3 M1 ( R1 )3

S (2 R1 ) 2
⇒ 2 = =4
S = 4πR 2 S1 ( R1 ) 2

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A superfície celular será:


S = 4πR 2
Mas pretendemos relacionar a superfície com a massa e não com o raio. Temos
então que relacionar o raio com a massa, para poder substituir.

1
4 3  3 3
M = ρ πR 3 R3 = M R =  M 
3 4 ρπ  4 ρπ 
cte
R = cM 1 3

Substituindo:
S = c' M 2 3

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Podemos então concluir que quando o raio aumenta para o dobro, o


volume aumenta 8 vezes, enquanto a superfície só aumenta 4 vezes.

Se pensarmos nisto percebemos porque e que a maioria das células


são mais ou menos do mesmo tamanho. As necessidades de
nutrientes estão relacionadas com o volume e com a massa, mas na
célula todos os nutrientes entram através da membrana, para células
muito grandes o “abastecimento” pode constituir um problema…Uma
célula muito maior do que o tamanho típico de 10 µm não é viável.

Há muitas outras questões envolvidas: a razão entre a superfície e o


volume dependem da forma, a facilidade de ocorrência de reacções
químicas no interior da célula, etc.

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Vimos que o factor da lei de escala que relaciona o


tamanho com a taxa de metabolismo é ¾.

A explicação para este factor é bastante recente e


foi dada por G West, J Brown e B Enquist, na
revista Science 276 em 1997.

G. West
O problema do “abastecimento” é especialmente importante nos animais
maiores. Nestes, o transporte não pode ser feito directamente através da
membrana celular – é necessário um complexo sistema de circulação que
assegure a eficaz distribuição de nutrientes.

O espaço ocupado pela “rede de circulação” é uma percentagem mais ou


menos fixa do volume do organismo (6 a 7%).

Juntando a estes factos bastante imaginação e outro tanto de matemática G


West et al chegaram a conclusões interessantes.
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Fractais e efeitos de escala

Observaram que as redes de transporte em seres vivos, em que cada


pequena porção da rede é uma réplica da totalidade, podem ser descritas
com umas entidades a que os matemáticos chamam “fractais”.

Num fractal o elemento que se repete e o factor de escala caracterizam


a estrutura em causa.

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Efeitos de escala

Os pontos de partida sãos seguintes:

• A todas as escalas os organismos dependem do transporte de nutrientes

• Esse transporte dá-se numa rede fractal que ‘enche’ o espaço

• O tamanho da ramificação mais pequena é um invariante

• A energia dissipada no transporte foi minimizada pela evolução

Independentemente do tamanho do
organismo as partes finais destes fractais são
sempre do mesmo tamanho.

Isto acontece porque as células são aproximadamente todas do mesmo


tamanho, independentemente do organismo em causa e por outro lado
o transporte de fluidos limita o diâmetro mínimo dos tubos.

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Assume-se que a rede de distribuição de nutrientes tem um comprimento de


circulação L, através do qual os nutrientes vão ser “entregues” pelos capilares.

Fazendo os cálculos chegam à Parâmetros Expoente de


fisiológicos(y) escala (b)
conclusão que o comprimento da rede
Taxa de bat. cardíaco -1/4
de distribuição se relaciona com a Período do bat. cardíaco 1/4
massa através do factor ¼. A partir Esperança média de vida¶ 1/4
daqui consegue-se extrapolar vários Diâmetro dos troncos de
3/4
árvore
factores de escala:
Diâmetro da aorta 3/4
Massa do cérebro 3/4
Taxa metabólica 3/4
Taxa metabólica (últimas
1
observações)

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100 Homem
Elefante Africano

Cavalo
50 Hipopotamo
Tempo de vida (anos)

Chimpazé
cão
Macaco Rhesus Leão Girafa

20 Vaca
Gato
Leopardo

Búfalo africano
Raposa cinzenta
10
esquilo Gambá gazela
Porco da guiné

Rato

Hamster dourado
2.5
0.1 1 10 100 1000 5000
Massa corporal (kg)

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Taxa metabólica em função da massa, em escala logarítmica.

-6
Log (taxa metabólica - W)

-8
unicelulares A linha representa a relação
-10 M3/4 prevista
(from West et al. 2002)
-12 Células de mamífero

-14
Células de mamífero
-16

-18
Células dos
complexos
-20 respiratórios

-20 -16 -12 -8 -4


Log( Massa - g)

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Exemplo 3

Dois cubos são feitos de madeira. O primeiro tem de lado 2cm, o segundo 4cm.
Calcular a razão entre:

a) As áreas de uma face dos dois cubos.

b) As superfícies dos dois cubos.

c) O volume dos dois cubos.

d) A massa dos dois cubos

e) A pressão exercida na base de cada um dos cubos, quando estão em equilíbrio


sobre uma superfície horizontal, apoiados numa das faces.

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