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Universidade de Brasília

Faculdade de Educação Física


Disciplina: Metodologia da Ginástica
Professora: Cláudia Maria Goulart dos Santos

Ginástica Aplicada à Adolescência

Autor: Conrado Paiva Brunacci

PESQUISA

I) Histórico: Observação e avaliação – aula de Educação Física

A Educação Física oferece um amplo leque de opções profissionais. A mais clássica


delas é o magistério em escolas de primeiro e segundo graus. Para tanto, o aluno de
graduação recebe uma formação que o habilitará aos caminhos do magistério em escolas
públicas, particulares, institutos ou entidades esportivas. No campo de atuação do professor
de Educação Física, a formação pedagógica é muito requisitada para que se possa planejar o
processo ensino.
O local por nós visitado foi o Centro Educacional Sigma (911 sul). O alvo de nossa
pesquisa foi a metodologia de trabalho que é utilizada nas escola nas aulas de Educação
Física e como é a atuação do profissional ao ministrar esta disciplina.

Na disciplina Educação Física observou-se as seguintes características e objetivos:


• Apresentar e desenvolver as 4 principais modalidades esportivas: Basquete, Voleibol,
Handebol e Futebol. Cada modalidade deve ser trabalhada em um determinado bimestre.
• A avaliação da disciplina consiste em uma prova prática na qual o aluno deve demonstrar
conhecimentos aprendidos na modalidade esportiva trabalhada no bimestre, realizando
alguns fundamentos básicos, tais como: passe, lançamento, drible, táticas de defesa e de
ataque (as modalidades e a avaliação é a mesma para ambos os sexos).
• É de responsabilidade do professor de Educação Física:
- A elaboração da didática que será utilizada nas aulas;
- Os objetivos a serem alcançados por meio da atividade física; e
- As devidas precauções de natureza física e psicológica a serem adotadas em relação
ao grupo de adolescentes trabalhado.

A aula por nós observada foi de futebol de salão, na qual o professor procurou
trabalhar da seguinte forma:
Inicialmente foi realizado um alongamento visando alcançar um certa mobilidade nos
membros inferior com o intuito de aumentar a flexibilidade e a elasticidade dos músculos. A
aula tinha como tema os fundamentos do passe. O professor orientou a formação de duas
colunas paralelas, onde um aluno realizava o movimento do passe lançando a bola para o
aluno da coluna oposta, com a alternância da perna que executa o passe. O segundo exercício
consistia em uma simulação de ataque, no qual o jogador avançando para o gol adversário
tocaria a bola para o pivô, e este devolveria o passe preparando para o chute. Após a prática
dos exercícios propostos, foi realizado um jogo coletivo para a fixação dos conhecimentos
apresentados em aula.

II) DEFINIÇÃO: Explorando o Universo do Adolescente

O termo adolescência vem do latim “adolescere” que significa crescer até a


“maturidade” e este termo é usado para definir o período de mudanças que vai dos 10 anos
até a maturidade. A adolescência é um período de transição e de várias transformações na
vida de um ser humano. E quando a pessoa deixa de ser criança ao final da adolescência, é
considerada pela sociedade como uma pessoa preparada cronologicamente para ser adulta. O
que marca a vida de um adolescente é a aquisição de um sentido de identidade pessoal
durante o intervalo que assinala o fim da infância e precede a chegada da idade adulta .
O período da adolescência é citado por vários autores de forma diferente, mas a
maioria afirma que constitui-se no período que vai dos 10 anos aos 21 anos
aproximadamente, dividindo-se em pré - adolescência o período que vai dos 10 anos aos 12
anos, adolescência inicial de 13 anos aos 16 anos e adolescência final que vai dos 17 anos aos
21 anos. Cada uma destas fases é caracterizada por alguma mudança no organismo ou na
personalidade em geral, como desejos, necessidades, interesses e hábitos. As necessidades,
desejos e interesses aumentam de complexidade durante a adolescência; os adolescentes
anseiam por abordar, explorar e aprender sobre novos objetos e assuntos.
O que o adolescente mais aprecia é o desenvolvimento do comportamento próprio do
gênero e a maturação sexual. Para a maioria dos jovens, a sexualidade é um foco principal
que capta sua atenção cada vez mais à medida que os anos da adolescência vão passando.

MUDANÇAS DO CORPO E SEXUALIDADE NA ADOLESCÊNCIA


As mudanças no corpo variam de indivíduo para indivíduo e também os são numa
mesma pessoa. Ocorrem períodos em que o corpo muda rapidamente e outros em que as
mudanças são quase que imperceptíveis. Acontece na vida das crianças o chamado primeiro
estirão que vai dos 04 aos 07 anos de idade e no adolescente o segundo estirão que vai dos 10
aos 16 anos. As diferenças de amadurecimento físico determinam diferenças na maturidade
social e emocional.
O organismo apresenta profundas alterações e com isso uma série de transformações
também acontecem, tanto no formato do corpo, quanto no funcionamento dos órgãos. Nas
meninas as transformações mais perceptíveis são o crescimento das glândulas mamárias,
crescimento de pêlos nas axilas e na região pubiana, aumento de gordura nas nádegas,
dilatação da bacia, surgimento da acne e algumas manifestações hormonais. Já nos meninos,
as mudanças mais perceptíveis são o crescimento dos órgãos sexuais, alongamento da parte
superior do tronco, crescimento de pêlos na região pubiana, nas axilas e mais tarde no peito e
no rosto. Ocorre também mudança de voz para tons mais graves. As transformações que
ocorrem no corpo do adolescente será melhor detalhada no subtítulo a seguir.

O CRESCIMENTO
O crescimento não é dado de forma contínua, e sim, de forma salteada. Os segmentos
esqueléticos têm crescimento em épocas distintas, sendo que as mãos e os pés amadurecem
mais cedo que a perna e o antebraço, que por sua vez amadurecem mais cedo do que os
braços e a coxa.
Na puberdade, época de grande aceleração do crescimento que dura aproximadamente
dois anos, ocorre uma série de fenômenos muito ligados à ativação do sistema hormonal
(endócrino). Exemplo:

1. Aumento dos níveis de testosterona — levando à melhora do sistema anaeróbio (maior


produção de enzimas que participam do sistema anaeróbio). Antes da puberdade o
metabolismo era eminentemente aeróbio com grande número de mitocôndrias e pouca
formação de ácido láctico.
2. Diferenciação das fibras lentas e rápidas, fenômeno ligado ao sistema neuroendócrino, com
consequente aumento nos níveis de força, principalmente nos homens.
3. Diferenciação entre os sexos em relação à antropometria, quantidade de massa muscular.
4. Menarca — primeira menstruação, surgindo, em geral, mais rapidamente em meninas que
tenham um percentual de gordura em torno de 17%. A menarca e o sinal mais importante
do amadurecimento sexual da mulher.

Portanto é na puberdade que se caracterizam efetivamente as diferenças entre os sexos.


Logicamente que essa diferenciação sexual (dismorfismo sexual) terá influência na
performance do indivíduo como um todo.
Uma confusão comum, que ocorre, é a referência de puberdade e adolescência como
sinônimos:
Adolescência Termo que se refere basicamente ao período que se situa entre a infância e o
período adulto (± 10 aos 21 anos). A adolescência é caracterizada psicologicamente por
conflitos e esforços de auto-afirmação.
Puberdade É uma fase da adolescência que como foi visto anteriormente, compreende uma
série de modificações no organismo.
O metabolismo basal é em torno de 20% maior em crianças, do que, no adulto. Durante
a fase de crescimento o metabolismo pode ser dividido em:

Metabolismo de construção Responsável pelo processo de crescimento.


Metabolismo de manutenção Causado pela atividade física, diz respeito ao metabolismo
durante o esforço e a restauração das estruturas catabolizadas pelo exercício.

Portanto, um treinamento mal orientado pode trazer consequências indesejáveis ao


crescimento. Nesse caso o organismo irá preferencialmente optar pela regeneração dos
tecidos, podendo levar à insuficiência metabólica de construção. Fica clara nesse ponto a
necessidade de uma dieta adequada e um treinamento compatível com as necessidades de um
organismo ainda em construção.
Em função do que foi mencionado acima um excesso de atividade física contribui de
forma negativa para o crescimento, mas, por outro lado, uma programação que englobe
treinamento físico e dieta de forma otimizada pode contribuir efetivamente para o
desenvolvimento pleno da potencialidade geneticamente determinada.

“O fator alimentação é a base de sustentação bioenergética para que os efeitos biológicos da


atividade física sejam identificados e evidenciados. Se o trabalho muscular depende do
dispêndio de energia existente nas fibras musculares, que por sua vez é originária da energia
dos alimentos que ingerimos, ao desnutrido, a vida já se apresenta mais difícil desde o
primeiro momento.”
Leite, 1990

APARELHO LOCOMOTOR
O aparelho locomotor pode ser dividido em:
a) aparelho locomotor ativo — termo que se refere aos músculos.
b) aparelho locomotor passivo — termo que se refere aos ossos, articulações, ligamentos e
tendões.
Embora ambos tenham adaptação positiva ao treinamento “bem” planejado, ocorre uma
diferença na velocidade em que essa adaptação acontece, sendo que a assimilação
compensatória (adaptação) da carga de esforço é mais rápida nos músculos (aparelho
locomotor ativo).
Esse dado é importante, pois caracteriza a necessidade de maior cuidado no carácter
progressivo do treinamento, não devendo o professor mirar-se apenas nas respostas
musculares e devendo o treinamento progredir sim, mas com menor velocidade quando
comparado aos adultos, evitando dessa maneira lesões por excesso de treino no aparelho
locomotor passivo.

O CRESCIMENTO E O EXERCÍCIO
No período infantil existe uma maior tendência no sentido de que as crianças gostem
mais de esportes coletivos (futebol, basquete, vôlei), sendo, na maioria das vezes os esportes
individuais mais tediosos.
“Os exercícios físicos e o esporte, de uma maneira geral, são importantes para um bom
desenvolvimento físico, psíquico e social da criança.”
Duarte e Alfieri, 1993
Segundo Duarte e Alfieri (1993), o número de casos de úlcera péptica é maior em
crianças que praticam esporte - devido ao fato, de na maioria das vezes, os pais procurarem
viver nos filhos os seus fracassos desportivos, procurando fazer com que o filho faça aquilo
que não conseguiram - em função do estresse (excesso de cobrança, excesso de treinamento)
enfrentado por elas no esporte /competição.
E importante ressaltar que nesse período os esforços são eminentemente aeróbios.
Devido à agitação comum nessa época o treinamento deve ser bastante variado e dinâmico,
evitando-se a monotonia tão abominada pelas crianças.
Com no treinamento ocorre maior liberação de hormônio do crescimento é válido
lembrar que a liberação desse hormônio vai diminuindo com o decorrer dos anos.

Hormônio do crescimento O hormônio do crescimento promove o crescimento de quase


todos os tecidos que têm capacidade de crescer. Outros efeitos são:
a) Aumenta a síntese protéica;
b) Aumenta a mobilização de ácidos graxos do tecido adiposo;
e) Diminui a utilização de glicose no organismo;
d) Estimula o crescimento ósseo - maior acúmulo de cálcio.

“Com níveis de exercício sucessivamente mais intensos, observa-se uma produção mais
acentuada na ‘fabricação’ de hormônio do crescimento (GH) e na secreção total. Esta
constituiria, certamente, uma resposta benéfica para o crescimento dos músculos, ossos e
tecido conjuntivo. A relação exata entre a síntese de GH, intensidade e duração do exercício
ainda não foi estabelecida”
McArdle, 1992

JUSTIFICATIVA FINAL
A atividade física contribui para:
1. Estimular o aumento da estatura (crescimento longitudinal do osso);
2. Estimular o crescimento em espessura do osso;
3. Melhorar o controle do peso corporal (obesidade infanto juvenil) — crianças ativas têm
menor percentual de gordura corporal, quando comparadas a crianças inativas;
4. Aumentar a força muscular;
5. Aumentar a flexibilidade;
6. Hipertrofia muscular;
7. Maior resistência cárdio - respiratória;
8. Níveis mais baixos de colesterol e triglicerídios no plasma - prevenção de doenças cárdio -
circulatórias.

III) PRÁTICA: Orientações e cuidados na aplicação de uma aula

A primeira preocupação que este tema sugere é a segurança do praticante. Todos


sabemos que o sistema locomotor imaturo não está preparado para grandes esforços, e que o
processo de desenvolvimento geral do organismo pode ser afetado por atividade física
extenuante. Todas as aulas de atividades físicas, sejam elas nas escolas, academias ou clubes,
em que os jovens tiverem que realizar um esforço que esteja acima do normal, terão que obter
uma atenção especial por parte do professor que estiver ministrando a aula. Isto se dá devido
às condições fisiológicas de mudança que se encontra o adolescente.
No entanto, outro aspecto a ser analisado, é a relevância dos possíveis benefícios do
treinamento de força para o jovem, como por exemplo com a utilização de pesos.

Aulas para adolescente com a utilização de pesos:


Os exercícios resistidos são os mais indicados para o treinamento de força, e dentre
eles, os exercícios com pesos são os mais utilizados em todo o mundo. As barras e halteres
constituem o equipamento convencional da ginástica com pesos e são os mais usados também
para o treinamento de crianças e adolescentes, visto que os aparelhos mais elaborados são
dimensionados para pessoas adultas. A conclusão geral da análise desses trabalhos é que os
riscos para a saúde da criança podem existir, são mínimos. Isto se deve a que os exercícios
com pesos podem ser facilmente adaptados às necessidades de cada praticante. A imagem de
uma criança ou adolescente com a respiração bloqueada empurrando um peso em contração
muscular isométrica não existe no treinamento bem orientado. Os exercícios são isotônicos,
os movimentos respiratórios são relativamente livres, as amplitudes dos exercícios adequadas
à flexibilidade do praticante, e as cargas variam conforme à força do indivíduo de tal maneira
que várias repetições sejam possíveis antes da fadiga muscular. Também não existem
acelerações e desacelerações violentas dos movimentos, não existem torções dos diversos
seguimentos do corpo em exercício, e a possibilidade de choques entre praticantes e quedas é
quase inexistente. Assim sendo, as sobrecargas sobre o aparelho locomotor são em nível de
estímulo ao fortalecimento, com grande margem de segurança com relação aos níveis críticos
para a integridade dos músculos, tendões, ligamentos, cartilagens e ossos.
As hipóteses de que os exercícios com pesos poderiam esmagar ossos, lesar placas de
crescimento e romper estruturas conjuntivas, provavelmente levantadas a partir de
observações traumatológicas gerais, não foram confirmadas em trabalho científicos. As
sobrecargas para o sistema cárdio - circulatório nos exercícios resistidos de alta intensidade
são inferiores às dos exercícios contínuos de média intensidade, não havendo razões para
imaginar efeitos indesejáveis para crianças em treinamento com pesos. Estudos com
adolescentes hipertensos documentaram redução da pressão arterial de repouso. Um aspecto
teoricamente favorável em relação ao treinamento com pesos para crianças e adolescentes é
que os exercícios resistidos estão entre as atividades físicas que mais estimulam a liberação
do hormônio do crescimento e hormônios gonadotrópicos pela hipófise. Como em todo tipo
de exercício físico para crianças e adolescentes , é consensual a prudência com relação ao
desgaste excessivo produzido por grandes volumes de treinamento, o que teoricamente
poderia prejudicar o bom desenvolvimento do organismo.
Com relação aos possíveis benefícios do treinamento de força, algumas considerações
são importantes. Os exercícios com pesos são de grande utilidade para adultos, com objetivos
diversos, entre eles: o aumento da massa muscular e redução da gordura com conseqüente
modelagem do corpo; o aprimoramento do desempenho físico visando competições
esportivas; o combate ao sedentarismo e conseqüente promoção da saúde geral; lazer e
convivência social; exercícios terapêuticos para várias afeções músculo-esqueléticas;
reabilitação física.
É notório que alguns destes objetivos são comuns no início da adolescência. Embora a
capacidade contrátil dos músculos seja bastante estimulada em pelo treinamento com pesos, a
massa muscular não aumenta muito em crianças, mas já com um indivíduo com idade
variando entre 12 a 17 anos o aumento da massa muscular é significativo. Os adolescentes
não devem e nem precisam ser excessivamente estimulados para competições esportivas já
que o sedentarismo não é freqüente nessa faixa etária. Assim sendo, entendemos que embora
o treinamento com pesos bem orientado seja bastante seguro para os adolescentes, não
existem razões para que o mesmo seja estimulado como conduta geral para toda esta parte da
população. No entanto, nos casos de terapia física, reabilitação e como opção de atividade
física para crianças sedentárias e geralmente com personalidade introvertida, não há qualquer
razão pela qual os exercícios com pesos não possam ser utilizados.

IV) Conclusão

A importância da Educação Física e do esporte para o adolescente


A aula de Educação Física na escola é para o adolescente um momento de
descontração, onde ele aproveita a oportunidade do espaço e do tempo para relaxar, brincar e
se divertir com os colegas, enquanto aprende os ensinamentos do professor.
No início da adolescência, o jovem tem em suas aulas de Educação Física muitas
brincadeiras, pois realiza-se um trabalho de coordenação motora desenvolvido pelo professor
de modo lúdico e com ênfase na socialização e integração dos alunos. Com o passar do tempo
as aulas vão evoluindo em alguns aspectos, onde o aluno já necessita de um pouco mais de
base. Aspectos estes que vão desde o aprendizado de alguns esportes até o respeito com o
professor e com os colegas. Nesta fase é que surgem nos adolescentes a vontade de se exibir
para os colegas e para as meninas, surgem também paqueras e namoro. Por isso, ao planejar
aulas de Educação Física, deve-se levar em consideração a faixa etária a ser trabalhada. A
disciplina Educação Física é muito importante em qualquer fase escolar, mas na adolescência
é importante pela liberdade que oferece aos alunos, pelo contato mais próximo do professor
com o aluno e pela criatividade que o aluno pode desenvolver.
A formação que um professor desta área recebe é de extrema importância, porque é
como ele foi formado e com base no seu aprendizado que ele vai desenvolver seu trabalho.
Professores com má formação podem pôr abaixo, um trabalho realizado de forma correta por
outro profissional e prejudicar muitos alunos em sua carreira.
Na Educação Física escolar, ainda é muito visível que as turmas estão separadas por
sexo, por ordem dos diretores e também a pedido dos pedido dos pais. Acham que se as
turmas fossem mistas, os professores não conseguiriam contornar os problemas e acabariam
tendo que separá-las novamente.
A criança descriminada se priva de experiências de vida interessantes, com a
criatividade inibida sempre vai seguir o que os outros ordenarem. A tarefa do professor é
deixar mostrar o que os alunos tem a ensinar, o professor deve saber trocar experiências.
Existe uma cultura nos locais de baixa renda em que o menino pode mais do que a menina, os
pais dão mais liberdade para os meninos e reprimem as meninas. E dever do professor
conscientizar estes pais de que as meninas devem ter as mesmas oportunidades que os
meninos. Devem praticar esportes, participar de eventos culturais e se engajar em todos os
movimentos do colégio para que tenham mais espaço na sociedade.
Para o adolescente que está na fase de experiências, de vivências, é muito importante
que em uma aula de Educação Física ele sinta prazer e alegria no que está fazendo. O jovem
não gosta de fazer por obrigação, gosta de questionar, de saber o porque e para quê está
fazendo determinada atividade, O professor deve proporcionar novas experiências que sejam
prazerosas e produtivas para uma aula.
O professor de Educação Física está preparado para a educação do adolescente. A
participação dos professores das outras disciplinas proporcionará sucesso no aproveitamento
global do adolescente; a inter disciplinalidade é bastante válida.

Para aulas de Educação Física existem duas concepções segundo Celi Taffarel:
• Formal, técnico, com ensino centrado nos conteúdos, com predominância no caráter
competitivo e sempre valorizando os resultados, sem questionar como ele foi atingido.
• Busca de novos valores que apareçam na prática pela sua orientação não formal e voltada
as necessidades de todos. Orientação segundo princípios educativos e recreativos. Tem
como objetivo a socialização e a comunicação, o conhecimento. Com atividades variadas,
vivências e experiências de movimentos e formas de jogo.

O profissional da área de educação deve estar sempre reciclando, buscando trazer para
suas aulas novas ações, tentando incentivar o aluno sempre a crescer, a buscar novas
experiências e expandir seus conhecimentos.
Em um quadro de educação geral, a Educação Física poderá ser considerada de
fundamental importância. Isto, porque trabalha no coletivo, descartando a individualidade. O
lazer é considerado um meio de entretenimento físico, de divertimento e também de
enriquecimento cultural, necessário ao equilíbrio do homem que vive em permanente
evolução. A Educação Física é resumida em demonstrar como, pelas atividades físicas,
esportivas e de lazer é possível contribuir para grande parte da educação da juventude. O
jovem tem direito a prática esportiva em todos os colégios até na universidade.
E o esporte pode com certeza ajudar a formar este cidadão que necessita de satisfação,
saúde, segurança, tranquilidade, progresso e lazer.

Para um adolescente o esporte faz parte da vida. É quase impossível encontrar uma
pessoa que não se identifique com algum esporte, seja ele qual for. E a fase da vida em que
aprendemos a gostar de um time, de eleger um ídolo, ou de torcer apaixonadamente por nossa
equipe quando entra em campo. Em nosso país quantos jovens estão discutindo sobre futebol
neste momento? A paixão por times e ídolos é normal e saudável, tanto quanto a prática de
esportes. A prática de esportes nesta fase é muito importante para o desenvolvimento físico,
psíquico e social do adolescente. Pode evitar complexos físicos como obesidade, excesso de
altura, como a magreza, ajuda na melhora de algumas doenças e na melhor promoção da
saúde, e também a formar grupos de amigos em função do esporte.
Deve haver um interesse maior de nossas autoridades competentes em divulgar o
esporte e a sua prática em todas as classes sociais, disponibilizando assim professores
responsáveis pela propagação e participação dos jovens em relação ao esporte. Desta
maneira, poderemos conduzir os jovens a uma prática saudável do esporte, com orientação de
um profissional preparado para passar as orientações necessárias aos adolescentes, para evitar
seu envolvimento no tempo ocioso com más companhias que podem levá-lo a caminhos
errados.

A importância da Educação Física enquanto dever social


Enquanto o adolescente pratica esportes ele expressa sentimentos, crenças e modo de
pensar, um conjunto de elementos batizado de cultura corporal. Essa compreensão amplia os
objetivos do educador, que deixa de querer apenas garimpar futuros atletas passando a se
preocupar com a formação de cidadãos; inclusive com atividades tipicamente regionais como
a capoeira, o frevo e muitos outros jogos, danças, lutas e brincadeiras de rico conteúdo
pedagógico.

Tarefas do profissional de hoje:


• Renovar o jeito de ensinar não significa para o professor de Educação Física abandonar os
esportes tradicionais, mas sim ministrar uma aula “diferente”, onde a aprendizagem e o
lazer não são coisas opostas.
• Estabelecer objetivos antes de planejar as atividades é sempre uma boa prática. Sabendo o
que se quer transmitir ao aluno, fica mais fácil pensar como cumprir as metas.
• É preciso sair de uma dimensão técnica para outra que incorpore as dimensões afetivas,
cognitivas e socioculturais da Educação Física.
• Despertando no adolescente o desejo de evoluir fisicamente deve-se acrescentar o
conhecimento conceitual ao fazer, pois será isto que o aluno irá levar para toda a sua vida.
• Além de se buscar a diversificação das aulas, o profissional deve escolher a temática que
mais tenha relevância para o grupo, considerando a escola, o momento, as peculiaridades
regionais e principalmente o interesse do jovem.
• Considera se como um dever do profissional de Educação Física torná-la mais
democrática e menos excludente, garantir a participação de todos deve ser uma
preocupação que deve nortear o planejamento. O professor deve privilegiar aquelas
atividades que desenvolvam a potencialidade dos adolescentes.
• Não necessariamente o profissional deve dominar a infinidade de técnicas que englobam
a profissão, mas o que realmente importa é estar aberto a mudanças, ter disposição para
adaptar as atividades, querer desenvolver um trabalho junto com os alunos. Não basta
uma bola ou um apito, o novo profissional deve ser ativo, empenhado, sempre se
atualizando e prestando atenção ao desenvolvimento dos seus alunos.

Os princípios do esporte educacional que norteiam este trabalho


¾ Coeducação: processo unitário de integração e modificação recíproca considerando a
heterogeneidade (sexo, idade, nível socio-econômico, condição física) das pessoas
envolvidas, e fundamenta-se nas experiências vividas por cada um dos participantes, e
tem na relação mestre-aprendiz, como o encontro entre dois educadores o seu alicerce.
Trabalhando com o princípio da coeducação o professor tem o papel de facilitador,,
incentivando a construção conjunta das regras e estruturas dos jogos. É a troca de
experiência entre professor e aluno.

¾ Emancipação: este princípio leva o aluno a buscar a sua independência, conhecer os seus
limites e trabalhar o seu lado criativo. Cada participante é motivado a expressar-se de
forma espontânea, com liberdade e responsabilidade. É uma busca consciente, com
criatividade, para tentar formar sua independência, pode formular suas idéias e passá-las
para outras pessoas, sempre respeitando seus limites.
¾ Totalidade: trabalhar como se fosse um todo, com a emoção, sensação e com o
pensamento. Fortalece a unidade do homem consigo, com o próximo e também com o
mundo. Processo de auto- conhecimento, auto- estima e auto- superação. O princípio da
totalidade tem por obrigação mostrar aos alunos uma visão total, e não parcial, da
realidade.

¾ Participação: É a interferência em relação a realidade na qual está inserido, participa do


que é do seu interesse, tendo em vista o processo de organização social decorrente do
exercício de seus direitos e responsabilidades. Todos os
participantes devem ser respeitados em suas individualidades. As diferenças de sexo,
raça, cultura, posição social, não são considerados motivos de separação e sim de união.

¾ Cooperação: Ações conjuntas para realização de objetivos comuns, fundamentada no


potencial cooperativo e no sentimento comunitário de cada um dos participantes do
processo, é saber compartilhar sucessos e fracassos, em compreender e aceitar uns aos
outros. A cooperação é a intenção que orienta todas as ações, pensamentos e sentimentos.
É o” espírito” do jogo.

¾ Regionalismo: respeito, proteção e valorização das raízes e heranças culturais. Cada lugar
tem suas características de brincadeiras de línguas, de culturas e isto tem que ser
preservado. É um resgate do conhecimento e das experiências de todos os participantes do
grupo, propondo uma recriação de diferentes atividades. É uma ligação do que é regional
ao que é universal.

Todos estes princípios do Esporte Educacional podem ser trabalhados em qualquer


escola, a qualquer momento. Elaborar com os alunos o plano de aula, mostrar a importância
de cada um, dentro do objetivo de todos. Saber ser independente, buscar novos caminhos,
construir um futuro melhor com educação e igualdade. O professor de Educação Física deve
saber desempenhar seu papel de educador, oferecendo ao adolescente, a capacidade de
escolha, o encorajamento da busca de uma sociedade mais justa.
Além de todo o processo de desenvolvimento físico e psíquico, o Esporte Educacional
é de fundamental importância na socialização dos jovens. Até mesmo em aulas separadas
entre o sexos masculino e feminino, percebe-se que alguns alunos não querem participar de
aulas praticas, inventando desculpas, mas que retornam quando, por exemplo, as aulas
oferecem possibilidades de integração do grupo. Por ser um processo gradativo, percebe-se a
importância de trabalhar com os princípios do Esporte Educacional, até mesmo com outras
disciplinas dentro de sala de aula, estimular o jovem a cooperar com os colegas, saber trocar
experiência com o professor, poder tornar a disciplina mais interessante para o jovem.
Quando a turma está separada por sexo, há uma certa resistência na introdução do esporte
educacional. Tudo isto é facilmente superado quando este jovem consegue enxergar que
aquela aula “diferente” proposta pelo professor pode ser muito interessante, e realmente é seu
papel tornar a aula motivante, trazer o jovem e integrá-lo ao grupo. A adolescente quando
está separada dos colegas do sexo masculino, se tornam rebeldes, formam grupinhos, brigam
entre si.
Já quando estão em aula mista, parece que muitos dos problemas desaparecem
rapidamente. Conseguem se envolver nas atividades facilmente, mostrando que são capazes
de fazer igual ou melhor que os homens as tarefas planejadas pelo professor. Com esta
integração a turma evolui muito, dando claramente, ao professor, perceber mudanças e
reconhecer que a aula seria melhor desenvolvida se as turmas fossem mistas.
As tradicionais aulas de Educação Física, exercícios de aquecimento e jogos de futebol
de salão para os homens e voleibol para as mulheres, estão sendo reformuladas e ganhando
uma roupagem diferente em algumas escolas públicas e particulares.
Aulas de circo, mímica, expressão corporal, capoeira, caminhadas e jogos recreativos
são as mais novas aliadas da Educação Física, para que crianças e adolescentes aprendam a
equilibrar o corpo e a mente por meio de exercícios que estimulam a capacidade psicomotora.
Um outro importante aliado da Educação Física e dos princípios do Esporte Educacional são
os jogos cooperativos. São jogo com uma estrutura alternativa onde os participantes jogam
com o outro e não contra o outro. Joga-se para gostar do jogo, onde o esforço cooperativo é
necessário para atingir o objetivo comum. Estes jogos surgiram da necessidade de diminuir o
fator competição e aumentar a necessidade da cooperação, de eliminar o medo e o fracasso, e
de reforçar a confiança em si mesmo e nos outros.
Através destas aulas percebe-se que o Esporte Educacional está realmente se
estendendo com grande aceitação e conquistando cada vez mais adeptos e com isto surgirão a
cada dia, idéias novas, sempre respeitando a individualidade de cada aluno.
Espera-se do profissional de Educação Física, em termos de integralidade de sua
atuação, uma efetiva sintonia das carências e privações dos componentes do grupo que ele
orienta. Preenche-se as necessidades de afeto, auto - estima e realização de uma pessoa
quando um programa de atividade física é planejado e cumprido pelo orientador com o
suficiente conhecimento de causa, dedicação e amor.

V) Bibliografia

COSTA, Marcelo Gomes. Ginástica Localizada. Rio de Janeiro 1998. Editora Sprint.

SOUZA, Giovanni Guevara Ramon Lima de. Influência das Aulas de Educação Física
na Melhoria da Auto - Estima do Aluno de 2° grau. Brasília 1997. Coordenação de
Pesquisas e Pós-Graduação. Monografia de Especialização. Faculdade de Educação
Física da Universidade de Brasília.

PACHECO, Fábio Ramos. Esporte Educacional e sua Importância para a


Adolescência. Brasília 1999. Coordenação de Pesquisas e Pós-Graduação. Monografia
de Especialização. Faculdade de Educação Física da Universidade de Brasília.

ANAIS NESTLÉ. Adolescência. Volume 55. São Paulo 1998. Nestlé Nutrition Services.
Publicado por Nestlé Indl. E Coml. Ltda.

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