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Stphane Malysse
Professor de Arte e Antropologia na EACH USP/Leste
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ferenas e as similaridades entre as metodologias artsticas e antropolgicas em suas prticas de representao do Outro: como as prticas artsticas podem ampliar e apoiar as prticas antropolgicas? E vice-versa?
Os autores insistem, ao longo do primeiro artigo introdutrio, sobre
a timidez em relao s prticas experimentais nos dois campos, e isso
apesar de eles terem muito em comum: os antroplogos produzem teoria escrita, os artistas obras de arte. Os artistas usam as metodologias e
teorias antropolgicas como modelos, e os antroplogos dialogam s
vezes com as formas de representao do Outro apresentadas pelos artistas visuais. Com base nesse dilogo prtico, as diferenas entre arte e antropologia deixam de ser barreira para contribuir diretamente ao desenvolvimento e afinamento das metodologias de pesquisa nos dois campos.
Artistas e antroplogos compartilham a mesma dimenso prtica de
suas atividades, nas quais eles se apropriam do e representam o Outro.
Tanto os artistas quanto os antroplogos trabalham com os conceitos de
distncia e de intimidade, uma intimidade ligada s prticas de pesquisa e
s formas de descrio utilizadas. Ambos sabem lidar e se situar entre o
pblico e o mundo, entre o dentro e o fora, entre o individual e o coletivo. Nesse sentido, a questo da apropriao se torna primordial, tanto no
fazer antropolgico quanto nas prticas artsticas contemporneas. Alis,
a apropriao das diferenas culturais pela arte no nem nova nem recente e pode ser vista como fundadora na histria da antropologia.
Com base nesse paradigma compartilhado, a idia desse livro de ajudar os artistas a se apropriarem das metodologias e teorias dos antroplogos, e vice-versa. A questo da apropriao constitui o motor epistemolgico desse ensaio coletivo, e os autores desvelam muitas formas de
apropriao de metodologias e de temas de uma disciplina para outra.
Comparando o dirio de campo aos cadernos de esboos e anotaes
dos artistas, a prtica de residncia artstica com a prtica de campo an-
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