Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Cesta de consumo: É uma lista de quantidades consumidas pelo consumidor das n ≥ 2 mercadorias
(bens e serviços) existentes, teoricamente tomadas como perfeitamente divisíveis, ou seja,
X = ( x1 , x2 ,K, xi ,K, xn ) ∈ ℜ n+ , na qual xi ≥ 0 é a quantidade consumida do i-ésimo bem ou serviço
por unidade de tempo.
Conjunto consumo (espaço de mercadorias): É o conjunto formado por todas as cestas de consumo
que o consumidor pode conceber, sendo elas possíveis de serem adquiridas ou não.
Preferência fraca: se o consumidor afirma que a cesta de consumo X = ( x1 , x2 ,K, xn ) é pelo menos
tão boa quanto a cesta de consumo Y = ( y1 , y2 ,K, yn ) , dizemos que este consumidor prefere
Indiferença: Se o consumidor afirma que a cesta de consumo X = ( x1 , x2 ,K, xn ) é pelo menos tão
boa quanto a cesta de consumo Y = ( y1 , y2 ,K, yn ) e esta última, por sua vez, é pelo menos tão boa
quanto a cesta de consumo X, então dizemos que o consumidor mostra-se indiferente entre as duas
cestas de consumo. A relação de indiferença é denotada por ~. Em síntese,
X ~ Y ↔ ( X f~ Y ∧ Y f~ X ) .
4
Preferência estrita: Se o consumidor afirma que a cesta de consumo X = ( x1 , x2 ,K, xn ) é pelo
menos tão boa quanto a cesta de consumo Y = ( y1 , y2 ,K, yn ) e esta última, por sua vez, não é pelo
menos tão boa quanto a cesta de consumo X, então dizemos que o consumidor prefere de maneira
estrita X a Y ou, alternativamente, a cesta de consumo X é estritamente preferida a cesta de
consumo Y. A relação de preferência estrita é denotada por f. Em suma,
X f Y ↔ [ X f~ Y ∧ ¬(Y f~ X )] .
pelo menos tão boa quanto ela mesmo) decorre do axioma da completeza. Com efeito, basta fazer
Y = X no enunciado que estabelece o referido axioma.
Conjunto fracamente preferido (com relação a uma cesta de consumo X ): Formado pelas cestas de
consumo pelo menos tão boas quanto a cesta de consumo X, ou seja, pelas cestas de consumo
fracamente preferidas a X. Mais precisamente, f~ ( X ) ≡ {Y = ( y1 , y2 ,K, yn ) ∈ ℜ n+ : Y f~ X } .
Exemplo de conjunto fracamente preferido com duas mercadorias: Figura 3.1 de Varian (2006, cap.
3).
Curvas de indiferença: São conjuntos formados por todas as cestas de consumo que o consumidor
percebe como indiferentes entre si. Ou seja, a curva de indiferença que contém a cesta de consumo
X é o conjunto de indiferença ~ ( X ) ≡ {Z = ( z1 , z 2 ,K, z n ) ∈ ℜ n+ : Z ~ X } .
Propriedade das curvas de indiferença: as curvas de indiferença que representam níveis distintos de
preferência não podem se cruzar, ou seja, se X f Y então ~ ( X )∩ ~ (Y ) = Ø . Com efeito, suponha,
por absurdo, que Z ∈~ ( X ) e Z ∈~ (Y ) , isto é, X ~ Z e Y ~ Z . Logo, pelo axioma da
transitividade, X ~ Y , o que contradiz a premissa de que X f Y .
5
Exemplos de preferências: Figuras 3.3 a 3.8 de Varian (2006, cap. 3).
Axioma da convexidade estrita: O consumidor prefere de maneira estrita cestas de consumo mais
balanceadas, ou seja, as médias são estritamente preferidas aos extremos. Em outros termos, para
quaisquer cestas de consumo X = ( x1 , x2 ,K, xn ) e Y = ( y1 , y2 ,K, yn ) do espaço de mercadorias, se
Taxa marginal de substituição (TMS): Mede a taxa à qual o consumidor está propenso a substituir
um bem por outro. Mais precisamente, a TMS em uma cesta de consumo X é o negativo da medida
numérica da inclinação da curva de indiferença que passa por este ponto X no espaço de
mercadorias. Em particular, em um espaço de mercadorias com dois bens a TMS de bem 2 por bem
1 é dada por:
∆x 2 x 2 − x1
TMS 2 por 1 = − = − 22 21 ,
∆x1 x1 − x1
6
em que xij é a quantidade consumida do bem i na cesta de consumo X j ; e X 1 = ( x11 , x12 ) e
X 2 = ( x12 , x22 ) são cesta de consumos que pertencem a mesma curva de indiferença, ou seja,
X 2 ∈~ ( X 1 ) = {Z ∈ ℜ+2 : Z ~ X 1} .
Observações: A taxa marginal de substituição pode ser interpretada como a propensão marginal a
pagar do consumidor. Cabe salientar dois pontos importantes. Em primeiro lugar, o que o
consumidor está propenso a pagar por uma quantidade adicional de um determinado bem depende
apenas de sua própria preferência. Em segundo lugar, o que de fato o consumidor tem de pagar por
uma quantidade adicional de consumo de um bem é determinado pelas forças impessoais do
mercado.
Exercícios: Resolva todas as “Questões de Revisão” propostas por Varian (2006, cap. 3). Resolva
os problemas 1, 2, 3, 4, 5 e 7 das “Questões para Revisão” e os problemas 1, 2 e 3 dos “Exercícios”
propostos por Pindyck e Rubinfeld (2006, cap. 3).
Função utilidade: É um modo de atribuir um número real a cada cesta de consumo, de maneira que
se atribuam às cestas mais preferidas números mais altos do que os atribuídos às cestas menos
preferidas. Mais precisamente, uma função u : M → ℜ é uma função utilidade representando a
7
relação de preferência fraca f sobre o espaço de mercadorias M se para quaisquer cestas de
~
u ( X ) ≥ u (Y ) .
X X fW 3 6 -1 23
W W fY 2 4 -2 11
~
Y Y f~ W 2 4 -2 11
Z YfZ 1 2 -3 0,5
Fonte: Ferguson, C. E. Microeconomia. 14 ed. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1990, p. 27.
8
Existência de uma função utilidade: Quando o espaço de mercadorias é finito sempre é possível
encontrar uma função utilidade que represente a ordenação de preferências de um consumidor que
satisfaz os axiomas da completeza e transitividade. Quando o espaço de mercadorias é infinito faz-
se necessário supor que, além de preferências completas e transitivas, o consumidor não apresenta
reversões bruscas de preferência, ou seja, deve satisfazer o seguinte axioma:
prioridade na ordenação das preferências. Os conjuntos de indiferença são unitários. Este tipo de
ordenação de preferências apresenta reversões bruscas de preferência. Com efeito, faça
1 1
X n = ( x1n , x2n ) = ,0 e Y n = ( y1n , y2n ) = (0,1) . Como x1n = > 0 = y1n , então X n f Y n . Todavia, já
n n
1
que lim
n→∞
X n
= lim ,0 = (0,0) = X e lim
n→∞ n n→∞
Y n = (0,1) = Y , temos Y f X . O consumidor reverte
bruscamente sua preferência!
monotônica positiva se f (u1 ) > f (u2 ) sempre que u1 > u2 . Note que a função f (⋅) preserva a
ordem dos números u1 e u2 .
9
Exemplos de funções de utilidade:
• Substitutos perfeitos: u ( x1 , x2 ) = x1 + x2
10 3
7.5 5
u
5
4
2.5 2
0 3
0
x2
1 2
1
2
3 1
x1
4
0 0
5 0 1 2 3 4 5
30
3
u 20 5
10 4
2
0 3
0
x2
1 2
1
2
3 1
x1
4
0 0
5 0 1 2 3 4 5
10
• Complementares perfeitos: u ( x1 , x2 ) = min{x1 , x2 }
4
u 5 3
2 4
0 3 2
0
x2
1 2
2 1
3 1
x1
4
0 0
5 0 1 2 3 4 5
4
u 5
2 2
4
0 3
0
x2 1
1 2
2
3 1
x1
4
0 0
5 0 1 2 3 4 5
11
• Cobb-Douglas: u ( X ) = u ( x1 , x2 ) = x1 x2 , em que c > 0 e d > 0 são constantes
c d
paramétricas.
6
8
u 6
4 8
4
2
6
0
0
4 x2
2 2
4
2
x1 6
8 0 0
0 2 4 6 8
200
u
8
100 4
6
0
0
4 x2
2 2
4
2
x1 6
8 0 0
0 2 4 6 8
12
• Quase-linear: u ( X ) = u ( x1 , x2 ) = v( x1 ) + x2
6
u 5
4
4 2
2
0 3
0
x2
1 2 1
2
3 1
x1
4
0 0
5 0 1 2 3 4 5
Ou, em termos contínuos, como a derivada parcial da função utilidade com relação ao bem i, a
saber:
∆u ∂u ( X )
UM i = ∆lim ≡ , se este limite existir.
x →0 i ∆xi ∂xi
∆u
u ( x1 ,..., xi + ∆xi ,..., xn ) > u ( x1 ,..., xi ,..., xn ) , ou seja, ∆u > 0 . Portanto, UM i = > 0 . Em suma, se
∆xi
vale o axioma da monotonicidade, segue que as utilidades marginais são estritamente positivas.
Taxa marginal de substituição e utilidades marginais: A partir da função utilidade podemos obter a
taxa marginal de substituição do bem 2 pelo bem 1, denotada por TMS 2 por 1 . Considere um
13
consumidor que está consumindo uma cesta X = ( x1 , x2 ) . Imaginemos uma variação no consumo de
cada bem (∆x1 , ∆x2 ) , de maneira que a nova cesta X ′ = ( x1 + ∆x1 , x2 + ∆x2 ) seja indiferente a cesta X
ou ,equivalentemente, que a utilidade se mantenha constante ( ∆u = 0 ). Devemos ter, então:
UM 1∆x1 + UM 2 ∆x2 = ∆u = 0 .
Logo, a taxa média de variação ao longo da curva de indiferença a qual pertence à cesta X é dada
por:
∆x2 UM 1
=− .
∆x1 UM 2
∆x2 UM 1
TMS 2 por 1 = − = .
∆x1 UM 2
∂u ( x1 , x2 ) ∂u ( x1 , x2 )
du = dx1 + dx2 ,
∂x1 ∂x2
o qual fornece uma aproximação da variação da utilidade u quando o consumidor passa da cesta de
consumo X = ( x1 , x2 ) para a cesta X ′ = ( x1 + dx1 , x2 + dx2 ) . Se o consumidor se mantém na mesma
curva de indiferença, ou seja, sua utilidade se mantém constante, então du = 0 . Logo,
∂u ( x1 , x2 ) ∂u ( x1 , x2 )
dx1 + dx2 = 0 ,
∂x1 ∂x2
∂u ( x1 , x2 )
dx2 ∂x1 UM 1
=− ≡− .
dx1 ∂u ( x1 , x2 ) UM 2
u ( x1 , x2 )
∂x2
Enfim, a TMS 2 por 1 pode ser expressa como o módulo desta derivada:
14
∂u ( x1 , x2 )
∂x1 UM 1
TMS 2 por 1 = ≡ .
∂u ( x1 , x2 ) UM 2
∂x2
Exercícios: Resolva todas as “Questões de Revisão” propostas por Varian (2006, cap. 4). Resolva o
problema 8 das “Questões para Revisão” e os problemas 5 e 6 dos “Exercícios” propostos por
Pindyck e Rubinfeld (2006, cap. 3). Resolva os “Problems” 3.1, 3.3, 3.4, 3.8, 3.9 e 3.10 de
Nicholson (2005, cap. 3).
15