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Esquistossomose

Esquistossomose

Classificação e recursos externos

Reacção inicial à penetração de várias larvas na pele do


braço. Por cada marca entrou uma larva. Fonte: CDC

CID-10 B65

CID-9 120

Formas adultas do Schistosoma mansoni. À esquerda par de macho e fêmea; ao meio fêmea; à
direita macho

A esquistossomose ou bilharzíase é a doença crônica causada pelos parasitas multicelulares


platelmintos do gênero Schistosoma. É a mais grave forma de parasitose por organismo
multicelular, matando centenas de milhares de pessoas por ano.

Existem seis espécies de Schistosoma que podem transmitir a esquistossomose ao homem: S.


hematobium, S. intercalatum, S. japonicum, S. malayensis, S. mansoni e S. mekongi. Apenas S.
mansoni é encontrada no continente americano.
História

A esquistossomose, com o desenvolvimento da agricultura, passou de doença rara a problema


sério.

Muitas múmias egípcias apresentam as lesões inconfundíveis da esquistossomose


por S.hematobium. A infecção pelos parasitos dava-se quando dos trabalhos de irrigação da
agricultura. As cheias do Nilo sempre foram a fonte da prosperidade do Egito, mas também
traziam os caracóis portadores dos schistosomas. O hábito dos agricultores de fazer as
plantações e trabalhos de irrigação com os pés descalços metidos na água parada, favorecia a
disseminação da doença crônica causada por estes parasitas. O povo, cronicamente debilitado
pela doença, era facilmente dominável por uma classe de guerreiros que, uma vez que não
praticavam a agricultura irrigada, não contraíam a doença, mantendo-se vigorosos. Estas
condições permitiram talvez a cobrança de impostos em larga escala com excedentes
consideráveis que revertiam para a nova elite de guerreiros, uma estratificação social devida à
doença, que se transformaria nas civilizações.

A doença foi descrita cientificamente pela primeira vez em 1851 pelo médico alemão
T. Bilharz, que lhe dá o nome alternativo de bilharzíase.
Progressão e sintomas

A fase de penetração é o nome dado a sintomas que podem ocorrer quando da penetração da
cercaria na pele, mas mais freqüentemente é assintomática, exceto em indivíduos já infectados
antes. Nestes casos é comum surgir eritema (vermelhidão), reação de sensibilidade com
urticária (dermatite cercariana) e prurido e pele rosada ou pápulas na pele no local penetrado,
que duram alguns dias.

O período de incubação, entre infecção e sintomas, é de dois meses. Na fase inicial ou aguda, a
disseminação das larvas pelo sangue e a divisão nos pulmões e depois no fígado ativa o sistema
imunitário surgindo febre, mal estar, cefaléias (dores de cabeça), astenia (fraqueza), dor
abdominal, diarréia sanguinolenta, dispnéia (falta de ar), hemoptise (tosse com
sangue), artralgias, linfonodomegalia e esplenomegalia, um conjunto de sintomas conhecido por
síndrome de Katayama. Nas análises sanguíneas há eosinofilia (aumento dos eosinófilos, células
do sistema imunitário antiparasitas). A produção de anticorpo pode levar à formação de
complexos que causam danos nos rins. Estes sintomas podem ceder espontaneamente ou podem
nem sequer surgir, mas a doença silenciosa continua.

Os sintomas crônicos são quase todos devidos à produção de ovos imunogénicos. Estes são
destrutivos por si mesmos, com o seus espinhos e enzimas, mas é a inflamação com que o
sistema imunitário lhes reage que causa os maiores danos. As formas adultas não são atacadas
porque usam moléculas self do próprio hóspede para se camuflar. Os sintomas desta fase
crônica resumem-se a hepatopatias/enteropatias com hepatomegalia, ascite, diarréia e patologias
urinárias como disúria/hematúria, nefropatias, cancro da bexiga.
O ciclo da esquistossomose
Diagnóstico

Os ovos podem ser encontrados no exame parasitológico de fezes, mas nas infecções recentes o
exame apresenta baixa sensibilidade. Para aumentar a sensibilidade podem ser usados de
coproscopia qualitativa, como Hoffman ou quantitativo, como Kato-Katz. A eficácia com três
amostras chega apenas a 75%.

O hemograma demonstra leucopenia, anemia e plaquetopenia. Ocorrem alterações das provas de


função hepática, com aumento de TGO,TGP e fosfatase alcalina. Embora crie a hipertensão
portal, classicamente a esquistossomose preserva a função hepática. Assim, os critérios de
Child-Pught, úteis no cirrótico, nem sempre funcionam no esquistossomótico que não tem
associado hepatite viral ou alcoólica.

A ultra-sonografia em mãos experientes pode fazer o diagnóstico, sendo patognomônico a


fibrose e espessamento periportal, hipertrofia do lobo hepático esquerdo e aumento do calibre
da mesentérica superior.

A biopsia retal é uma técnica também ultilizavel, tendo uma sensibilidade de 80%.
Profilaxia
Saneamento básico com esgotos e água tratadas. Erradicação dos caramujos que são
hospedeiros intermediários da doença. Proteção dos pés e pernas com botas de borracha
com solado antiderrapante. Informar a população das medidas profiláticas da doença.
Evitar entrar em contato com água que contenha caramujos.

ESQUISTOSSOMOSE

O que é?

Infecção causada por verme parasita da classe Trematoda. Ocorre em diversas partes do mundo
de forma não controlada (endêmica). Nestes locais o número de pessoas com esta parasitose se
mantém mais ou menos constante. Os parasitas desta classe são cinco, e variam como agente
causador da infecção conforme a região do mundo. No nosso país a esquistossomose é causada
pelo Schistossoma mansoni. O principal hospedeiro e reservatório do parasita é o homem sendo
a partir de suas excretas (fezes e urina) que os ovos são disseminados na natureza. Possui ainda
um hospedeiro intermediário que são os caramujos, caracóis ou lesmas, onde os ovos passam a
forma larvária (cercária). Esta última dispersa principalmente em águas não tratadas, como
lagos, infecta o homem pela pele causando uma inflamação da mesma. Já no homem o parasita
se desenvolve e se aloja nas veias do intestino e fígado causando obstrução das mesmas, sendo
esta a causa da maioria dos sintomas da doença que pode ser crônica e levar a morte.

Como se adquire?

Os ovos eliminados pela urina e fezes dos homens contaminados evoluem para larvas na água,
estas se alojam e desenvolvem em caramujos. Estes últimos liberam a larva adulta, que ao
permanecer na água contaminam o homem. No sistema venoso humano os parasitas se
desenvolvem até atingir de 1 a 2 cm de comprimento, se reproduzem e eliminam ovos. O
desenvolvimento do parasita no homem leva aproximadamente 6 semanas (período de
incubação), quando atinge a forma adulta e reprodutora já no seu habitat final, o sistema venoso.
A liberação de ovos pelo homem pode permanecer por muitos anos.

O que se sente?

No momento da contaminação pode ocorrer uma reação do tipo alérgica na pele com coceira e
vermelhidão, desencadeada pela penetração do parasita. Esta reação ocorre aproximadamente
24 horas após a contaminação. Após 4 a 8 semanas surge quadro de febre, calafrios, dor-de-
cabeça, dores abdominais, inapetência, náuseas, vômitos e tosse seca. O médico ao examinar o
portador da parasitose nesta fase pode encontrar o fígado e baço aumentados e ínguas pelo
corpo (linfonodos aumentados ou linfoadenomegalias). Estes sinais e sintomas normalmente
desaparecerem em poucas semanas. Dependendo da quantidade de vermes a pessoa pode se
tornar portadora do parasita sem nenhum sintoma, ou ao longo dos meses apresentar os
sintomas da forma crônica da doença: fadiga, dor abdominal em cólica com diarréia
intermitente ou disenteria. Outros sintomas são decorrentes da obstrução das veias do baço e do
fígado com conseqüente aumento destes órgãos e desvio do fluxo de sangue que podem causar
desde desconforto ou dor no quadrante superior esquerdo do abdômen até vômitos com sangue
por varizes que se formam no esôfago.

Como se faz o diagnóstico?

Para diagnosticar esquistossomose a informação de que o suspeito de estar infectado esteve em


área onde há muitos casos de doença (zona endêmica) é muito importante, além dos sintomas e
sinais descritos acima (quadro clínico). Exames de fezes e urina com ovos do parasita ou
mesmo de pequenas amostras de tecidos de alguns órgãos (biópsias da mucosa do final do
intestino) são definitivas. Mais recentemente se dispõe de exames que detectam, no sangue, a
presença de anticorpos contra o parasita que são úteis naqueles casos de infecção leve ou sem
sintomas.

Como se trata?

O tratamento de escolha com antiparasitários, substâncias químicas que são tóxicas ao parasita.
Atualmente existem três grupos de substâncias que eliminam o parasita, mas a medicação de
escolha é o Praziquantel, que se toma sob a forma de comprimidos na maior parte das vezes
durante um dia. Isto é suficiente para eliminar o parasita, o que elimina também a disseminação
dos ovos no meio ambiente. Naqueles casos de doença crônica as complicações requerem
tratamento específico.

Como se previne?

Por se tratar de doença de acometimento mundial e endêmica em diversos locais (Penísula


Arábica, África, América do Sul e Caribe) os órgãos de saúde pública (OMS – Organização
Mundial de Saúde - e Ministério da Saúde) possuem programas próprios para controlar a
doença. Basicamente as estratégias para controle da doença baseiam-se em:

Identificação e tratamento de portadores.


Saneamento básico (esgoto e tratamento das águas) além de combate do molusco
hospedeiro intermediário.
Educação em saúde.

Ciclo evolutivo

O ciclo evolutivo deste parasita passa por duas fases: 1ª) desenvolvimento da larva após
esta penetrar em alguns tipos de moluscos que vivem em lugares úmidos; 2ª) ocorre em
seguida ao abandono desses hospedeiros, que, livres podem penetrar no homem através
da pele. A penetração ocorre em lugares úmidos, como, por exemplo, córregos, lagoas,
riachos, etc.
Quando este parasita começa a habitar no interior do hospedeiro definitivo, ele pode se
fixar no fígado, na vesícula, no intestino ou bexiga do homem, causando, desta forma,
vários problemas nos órgãos.

Sintomas

Mal-estar, cansaço, febre alta

Emagrecimento

Diarréia, fezes sanguinolentas

Cólicas hepáticas e intestinais

Hepatomegalia (dilatação do fígado)


Ascite (barriga d’água)

Recomendações

·Esteja atento às normas básicas de higiene e saneamento ambiental. Evite contato com a água
represada ou de enxurrada que pode estar infestada pelo parasita;

Saiba que os caramujos podem ser combatidos de várias maneiras diferentes: por controle
biológico, químico e das condições do meio ambiente. Como seu habitat natural preferido são
lugares com pouca água e correnteza, algumas medidas podem ser tomadas como drenar, aterrar
ou aumentar a velocidade da água na área em que vivem. O controle biológico pode ser
exercido por animais que se alimentam dos caramujos (peixes, patos, etc) e o químico pelo uso
de moluscocidas;

Use roupas adequadas, botas e luvas de borracha se tiver que entrar em contato com águas
supostamente infectadas;

Cabem às autoridades sanitárias a destruição do habitat das larvas e o trabalho de informar a


população. Isso não isenta ninguém da responsabilidade de alertar as pessoas, principalmente as
que vivem em áreas presumidamente infectadas.

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