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Tantas coisas

Que nem sei bem.


Ver contradições de mais só lhe remete ao nada.
Está vendo, vários números opostos.
E então assumimos que a equação é complexa
E Que os fatores são múltiplos.
Ou apenas esquecemos a equação
E imaginamos resultados aproximados.
(...)
Eu tenho a chave
Mas não vou livrar-lhe de seus problemas, afinal, não sou tão malvado assim ou s
ou?
Guardei os livros no armário e procurei por dias as palavras no porão.
Me esqueci como funciona, esqueci o caminho da minha própria alma, e nem estava
bêbado de mais.
Perdi por que esqueci, esqueci dos erros, não dos meus, mas sim dos seus.
Esqueci que guardamos tudo no armário e depois procuramos no porão junto com as
lembranças.
Ateei fogo no porão uma vez, tenho quase certeza.
Sabia que não tinha evacuado o lugar, estava cheio de gente lá.
Muita gente queimou, mas o porão, bom eu não pensei direito na época.
Como se destrói um porão sem se destruir a casa?
Agora estou pensando em destruir a casa, e em ir viver no porão.
Sobrou bastante gente viva lá, e um pouco do calor do incendio do outono passado
.
Ah, eu não contei... Mas foram várias as vezes em que quase acidentalmente esque
ci o gás ligado e a vela para a qual eu faço orações acesa, apesar de nunca orar
.
Talvez eu me pegue morando na casa de novo
Mas bem, eu não ligo.
(...)
É, me sinto vazio.
Mas bem.
Então.
Tudo bem.
Sinto que esqueci que paisagem eu era, e agora que perdi várias peças, mesmo que
monte esse quebra cabeças não vou saber.
Se era noite ou dia, se era terra ou mar, amor ou ódio, sensatez ou loucura...
(...)
E o anel que me destes, enrolado em seus cabelos, não era vidro e mesmo assim e
m três pedaços ficou.
(...)
É, o problema é ser o de sempre.
O herói sempre esteve ali, era feliz, mas sem criança ou mocinha pra salvar ele
não se sente herói, é só mais um miserável sendo devorado pelo passado.
(...)
Todo mundo tem algo bonito a dizer.
Não leio mente, não mente.
Ninguém se importa em como você é por dentro.
Eu não me importo.
Não adivinho o que você pensa, não ligo se você pensa.
O que importa é o que você me diz.
Não leio mente.
E se quiser enganar, tudo bem.
Mente tão bem que até você chega a acreditar nessas bobagens.
Quebrei meu copo favorito.
Perdi uma grande amiga.
É, tempo e água quente.
Essas coisas me devoram e me apoiam.
Saiu, sumiu.
Mais um corpo sem gosto, sem nome mas com algum calor.
Beijo com gosto de morfina.
Abraço de viúva.
Mas mesmo assim, algum calor.
Amanhã quem sabe, quem sabe nunca fala, nunca ajuda.
(...)
Da boca suja e imunda que devora preces;
"Tu que sucumbes, não haverás de retornar a minha casa.
Não mais será digno de morada.
Pelas ruas vagarás.
Filho da noite.
Amante da solidão.
Não mais lar, não mais paixão.
Sua fome devorou os limites.
E sem limites, como se sentir repleto?
Não sabe amar.
Não consegue cantar.
Para sempre os seus olhos.
E o desespero invísivel a corroer a alma."
(...)
Da boca do lúdico e desesperado;
"Ah, a ti que viu ruir a alma.
A ti que desafiou o sol.
Nada será impossivel.
Não existem gaiolas para homens alados.
Nada pode conter o sangue que carrega nas suas asas.
Eu já não disse.
Seu louco estúpido.
O céu é para os loucos.
És filho da noite.
Não há glamour.
Nessas ruas só há sangue.
Só há liberdade."
(...)
"A sua vida é um outdoor que ninguém entende.
Todo mundo olha, mas ninguém percebe que tem muito mais ali que cola velha e pap
el fedido desfigurado pelo tempo."
(O funeral dos coelhos brancos, Nêne altro.)"
E então sente um peso no colo, por um instante pensa que há alguém ali, como voc
ê, com você.
Abre os olhos devagar, não vê nada, até que do vazio o gato toma forma e se faz
visível, o coelho chega correndo balançando seu relógio.
Juro, morro de vontade de esfaquear esse gato, esquartejar o coelho e encher ess
e relógio de bala.
Alice enforcada faz sombra sobe essa arvore sem folhas.
Tudo o que eu quero agora é dormir mais um pouco.
Traz mais uma dose, mais uma carteira de cigarros, e sei la; Tudo bem se quiser
ficar.
(...)
Mesmo cheia de feridas, fiz da sua boca meu ponto de partida.
Tudo o que eu vejo são remendos.
Em tudo, em todos.
Só esperando o momento de ruir.
De voltar ao nada.
(...)
Aprendi pouco nessa vida.
E sinto que só aprendi o errado, de maneira errada.
Estou bem, é sério, como sempre.
Aprendi a perder, muito mais do que a ganhar, não tenho orgulho nenhum disso.
Dissolvi a saudade nos meus copos.
Cheios de qualquer coisa, café, conhaque, chás ou algo que o valha.
É tão ridículo aprender a acumular perdas.
Quanto tempo faz, seu colo confessionário, tua boca uma torrente avassaladora de
verdades, um ano? Dois? Três?
Você saberia, minha memória não é nenhum pouco confiavel.
Mas a gente continua, se refaz se desfaz e tudo de novo milhares de vezes.
Não corro mais, não sento, não choro.
Desfaz, refaz, destrói, monta de novo o quebra cabeças.
Ninguém me chinga.
Ninguém diz que ainda é cedo.
"O pior é sempre menos que o insuportável."
Me faz falta, e eu odeio saudade.
Odeio o tempo.
Odeio essa vontade de fugir, de deixar ruir.
(...)
O telefone toca, ninguém liga, eu não ligo, desligo.
Era só mais um dia igual.
O vagabundo e a dor de dente.
As vezes lembro e não sei.
Já duvidou se era sonho ou realidade?
Bem dessa, na minha memória muita coisa é assim.
Não que faça muita diferença.
Uma vez me falaram sobre se apaixonar por detalhes.
E que isso é uma merda.
Eu acho que respondi, "é, eu sei"
E realmente sei, não respondi assim só por preguiça.
Mas bem, é a vida.
(...)

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