Você está na página 1de 68

UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

FACULDADE DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENERGIA

FELIPE BARBOSA MARINHO

SISTEMA DIGITAL PARA CONTROLE DE INTENSIDADE E

COR DA LUZ AMBIENTE

Juiz de Fora

2009
FELIPE BARBOSA MARINHO

SISTEMA DIGITAL PARA CONTROLE DE INTENSIDADE E COR DA LUZ


AMBIENTE

Monografia apresentada como avaliação parcial

para obtenção de título de Engenheiro Eletricista

da Universidade Federal de Juiz de Fora.

Submetida à aprovação da banca examinadora

Composta pelos seguintes membros

Prof. Henrique A. Carvalho Braga Dr Eng (Orientador)

Universidade Federal de Juiz de Fora

Prof. Danilo Pereira Pinto. D.Sc

Universidade Federal de Juiz de Fora

Prof. André Augusto Ferreira D.Sc

Universidade Federal de Juiz de Fora

Juiz de Fora, 23 de dezembro de 2009


Agradecimentos

Agradeço primeiramente à minha família e meu amor Camila, que


sempre me apoiou em qualquer decisão que tomei em minha vida. Aos amigos
que sempre estiveram ao meu lado, ajudando e compartilhando das minhas
alegrias.
Agradeço também aos companheiros e alguns verdadeiros irmãos do
LEENER. Aos professores que indicaram o caminho para que eu conseguisse
a excelente formação que tenho hoje. E a todos aqueles que contribuíram
direta ou indiretamente na conclusão deste trabalho.

“Se seus projetos não saturarem suas emoções, você não terá perseverança
para executá-los.”

Augusto Cury

ii
Resumo
A constante evolução da tecnologia e a busca por sustentabilidade
justificam e estimulam o estudo de formas mais práticas e eficientes de
consumo de energia elétrica.
Sob esse aspecto, utilizando LEDs e fontes chaveadas, podem-se obter
resultados interessantes. Baseado nesse tema, o presente trabalho descreve
um método de controle da intensidade e da cor de LEDs RGB de alto brilho e
de potência, utilizando microcontroladores e fontes chaveadas.
Um programa de computador oferece ao usuário um painel onde ele
pode escolher a cor e a intensidade do LED. O mesmo princípio pode ser
ampliado e utilizado para iluminar residências, lojas e escritórios.

iii
Índice
1. Introdução ........................................................................................................................................ 2
2. Conceitos básicos .......................................................................................................................... 7
2.1. A luz .................................................................................................................................................. 7
2.2. Colorimetria ..................................................................................................................................... 8
2.3. Fotometria...................................................................................................................................... 13
2.3.1. Fluxo luminoso .............................................................................................................................. 14
2.3.2. Iluminância .................................................................................................................................... 14
2.3.3. Luminância .................................................................................................................................... 14
2.4. Psicologia das cores .................................................................................................................... 15
2.5. Campo visual ................................................................................................................................ 16
2.6. Acuidade visual ............................................................................................................................. 18
2.7. Persistência visual ........................................................................................................................ 18
2.8. Contraste ....................................................................................................................................... 19
2.9. Ofuscamento ................................................................................................................................. 20
2.10. Sombra........................................................................................................................................... 21
2.11. Subjetividade da visão ................................................................................................................. 23
3. Diodos Emissores de Luz (LEDs) .............................................................................................. 24
4. O sistema de cores à base de LEDs ......................................................................................... 29
4.1. Análise de Alternativas ................................................................................................................ 29
4.2. Acionamento do sistema de cores ............................................................................................. 31
4.2.1. Dispositivos usados como chave ............................................................................................... 32
4.2.2. MLP (Modulação por Largura de pulso) ................................................................................... 33
4.2.3. Tipos de conversores ................................................................................................................... 34
4.2.4. Modo de condução contínua e descontínua ............................................................................ 35
4.3. Projeto do conversor Flyback ..................................................................................................... 37
4.3.1. Simulação ...................................................................................................................................... 44
5. Resultados experimentais ........................................................................................................... 47
5.1. Alternativa de acionamento ........................................................................................................ 47
5.2. Arquitetura do sistema ................................................................................................................. 48
5.2.1. Comunicação serial ...................................................................................................................... 50
5.3. Aplicativo computacional ............................................................................................................. 51
5.3.1. Algoritmo gerador de PWM......................................................................................................... 52
5.4. Ensaios .......................................................................................................................................... 54
5.4.1. Módulo RGB de baixa potência.................................................................................................. 54
5.4.2. Módulo RGB de alta potência ..................................................................................................... 56
6. Conclusões .................................................................................................................................... 62
7. Bibliografia ..................................................................................................................................... 63
1. Introdução
Este trabalho mostra uma forma prática e eficiente de acionamento de
diodos emissores de luz, descrevendo o projeto da fonte chaveada utilizada, e
também a integração do dispositivo com o usuário através do computador.
Atualmente muito se fala em desenvolvimento sustentável.
Sustentabilidade é utilizar os recursos naturais em prol do desenvolvimento
econômico e social, de forma planejada, sem degradar a natureza, pois é
necessário garantir que as gerações futuras possam utilizar esses mesmos
recursos.
Utilizar fontes renováveis de energia é uma forma de se fazer isto.
Segundo dados preliminares descritos em (ZIMMERMANN, WOJCICKI, et al.,
2007), hoje, quase metade da energia útil (elétrica, transporte e outros)
consumida no Brasil provém de fontes renováveis, o restante ainda é
proveniente de fontes que utilizam carvão mineral, petróleo ou energia nuclear
como combustível. Isto prova que ainda há muito a se fazer pelo planeta.
Outra forma de contribuir para a sustentabilidade é combater o
desperdício, reduzindo o consumo de energia elétrica sem afetar a qualidade
de vida que ela nos proporciona. Neste caso, para atuar de forma eficaz, é
preciso atacar exatamente onde o consumo é mais expressivo, ou seja, é
necessário entender como a energia está sendo utilizada.
Na Figura 1 é mostrado um gráfico que facilita a visualização da
quantidade de energia utilizada em diversos setores da sociedade.

4% 4%

8%
Energético
Agropecuária
Público
48% 14%
Comercial
Residencial
Industrial

22%

Figura 1: Consumo energético brasileiro por setor

2
Nota-se que 48% de toda energia consumida é destinada ao setor
industrial, utilizada em motores, aquecimento ou resfriamento. O setor
residencial representa 22% deste consumo, dividido entre refrigeração,
aquecimento de água, iluminação entre outros. Os 30% restantes são gastos
no setor público, agropecuária e no setor energético.
Nas figuras 2 e 3 são mostrados mais detalhes dos setores onde o
consumo é mais elevado.
De acordo com (ZIMMERMANN, WOJCICKI, et al., 2007), no setor
industrial, o cenário evidencia que o consumo exercido pela força motriz
(motores) é muito mais significativo. Isto totaliza 68% da energia consumida
nas indústrias, restando 32% para gerar vapor (calor de processo), aquecer ou
resfriar processos diretamente, iluminar e realizar processos químicos que
utilizam energia elétrica.

80%
68%
70%

60%

50%

40%

30%

20% 16%
10%
10%
3% 3%
0%
Força Motriz Calor de Aquecimento Iluminação Eletroquimica
Processo Direto

Figura 2: Consumo de energia no setor industrial

Aparentemente a solução mais evidente seria o desenvolvimento de


motores e máquinas mais eficientes. No entanto, segundo (NATURESA,
MENESES, et al., 2008) atualmente os sistemas motrizes apresentam potencial
de economia menor que outros setores.

3
Deste modo, estudos voltados à eficiência em outros setores como
iluminação, aquecimento direto e a eletroquímica devem obter resultados mais
atrativos à pesquisa.

40%
34%
35%

30%
25%
25%
21%
20% 17%
15%

10%

5% 3%

0%
Aquecimento de Condicionameno Refrigeração Iluminação Outros Usos
Água Ambiental

Figura 3: Consumo no setor residencial

O consumo no setor residencial encontra-se relativamente bem


distribuído. Sendo assim, muitas podem ser as formas de combater o
desperdício. O governo brasileiro incentiva a economia de energia, e vem
obtendo excelentes resultados com campanhas como o Selo Procel, forçando a
indústria a desenvolver produtos mais eficientes (ZIMMERMANN, WOJCICKI,
et al., 2007).
O uso de aquecedores solares de água, serpentinas para reaproveitar o
calor do chuveiro elétrico e o reaproveitamento da água da pia na descarga,
são maneiras criativas e econômicas de combater o desperdício de energia.
Segundo (ZIMMERMANN, WOJCICKI, et al., 2007), atualmente o gasto
com aquecimento de água totaliza 25% do consumo residencial. A iluminação
ineficiente também é um fator relevante, pois 21% do consumo residencial é
devido à iluminação.
O cenário se inverte no setor comercial e público, onde quase metade do
consumo é direcionada à iluminação de lojas, departamentos, shoppings e
prédios públicos. Na Figura 4 são mostrados em detalhes o consumo do setor.

4
50,0%
44,8%
45,0%
40,0%
35,0%
30,0% 27,6%
25,0%
19,6%
20,0%
15,0%
10,0%
5,7%
5,0% 1,9%
0,4%
0,0%
Força Motriz Calor de Aquecimento Iluminação Refrigeração Outras
Processo Direto

Figura 4: Consumo no setor comercial e público

Todos estes fatores induzem o desenvolvimento de novas tecnologias


voltadas à iluminação, haja vista o crescimento da demanda por lâmpadas
fluorescentes compactas e lâmpadas eficientes.
Segundo (COSTA, 2006), existem muitas formas de economizar. Uma
delas é adotar práticas periódicas e constantes de manutenção nos aparelhos,
garantindo seu bom funcionamento por mais de tempo. Outras possibilidades
seriam:
• Utilizar a vertente humana para conscientizar as pessoas sobre a
importância de combater o desperdício, através de campanhas e/ou
palestras.
• Modificar equipamentos e processos, proporcionando melhor rendimento
do sistema como um todo. Por exemplo, a troca de uma lâmpada
incandescente por uma fluorescente compacta, ou eliminar um ponto de
luz apenas movendo uma mesa para perto de uma janela.
• Melhorar o desempenho dos equipamentos verificando a qualidade da
energia fornecida.
• Utilizar equipamentos de forma correta, evitando sub e
sobredimensionamentos.

5
O objetivo deste trabalho é mostrar que a utilização de novos recursos
deve contribuir consideravelmente no combate ao desperdício de energia. Além
de economizar, o usuário poderia também ter maior conforto e controle sobre a
iluminação. A utilização de novos recursos para decoração ou iluminação de
fachadas também aumentaria a atratividade e visibilidade das edificações.
Os parágrafos a seguir deverão descrever mais detalhadamente alguns
dos conceitos utilizados em iluminação e mostrar a sua utilização no
desenvolvimento de uma técnica para o controle de intensidade luminosa e cor
da luz ambiente. Será mostrada com uma interface para o usuário a integração
do controle proposto com o usuário.
Utilizar métodos e dispositivos mais eficientes é a forma que esse
projeto, juntamente com o advento das novas tecnologias, poderá contribuir
com a economia de energia elétrica e proporcionar maior conforto visual aos
usuários.

6
2. Conceitos básicos

2.1. A luz

A luz é uma forma de radiação eletromagnética. A luz visível ocupa uma


estreita faixa no espectro das ondas eletromagnéticas. Fora da faixa de luz, de
um lado tem-se as microondas e ondas de rádio (maiores comprimentos de
onda), de outro os raios-X e raios-gama (menores comprimentos de onda)
(COATON e MARSDEN, 1997).
A faixa de luz visível possui comprimentos de onda que variam de
380nm a 780nm. Na Figura 5 é mostrado, de forma simplificada, o espectro de
cores na faixa de luz visível. Na Tabela 1 tem-se o nome de algumas cores e
seus respectivos comprimentos de onda.

Figura 5: Espectro de ondas eletromagnéticas (WIKIPEDIA)

7
Tabela 1: Nomes das cores e comprimentos de onda

Cor Comprimento de onda Freqüência


Vermelho ~ 625-740 nm ~ 480-405 THz
Laranja ~ 590-625 nm ~ 510-480 THz
Amarelo ~ 565-590 nm ~ 530-510 THz
Verde ~ 500-565 nm ~ 600-530 THz
Ciano ~ 485-500 nm ~ 620-600 THz
Azul ~ 440-485 nm ~ 680-620 THz
Violeta ~ 380-440 nm ~ 790-680 THz

2.2. Colorimetria

Através de estruturas celulares especiais, conhecidas como cones, o


olho humano consegue distinguir de certa forma cada variação de comprimento
de onda nos dando as sensações das cores (FITT e THORNLEY, 1997).
A teoria do tricromatismo ou estímulo triplo (tri-stimulus theory) parte da
hipótese de que a retina tem três tipos de sensores de cor com máxima
sensibilidade às luzes vermelha, verde e azul. Em virtude disto, contatou-se
que as cores podem ser percebidas como misturas de vermelho, verde e azul
(chamadas de cores primárias).
Entretanto, esta afirmação não está totalmente certa. Segundo
(COATON e MARSDEN, 1997) resultados de estudos mostram que, para se
obter todos os comprimentos de onda do espectro visível, seria necessário usar
pesos positivos e negativos na mistura das cores.
Portanto, apesar de conseguir-se uma grande quantidade de cores
através da mistura de valores positivos das cores primárias, algumas delas só
poderiam ser obtidas pela subtração das mesmas.
Todavia a capacidade de percepção do olho não é uniforme para todo o
espectro. De acordo com (FITT e THORNLEY, 1997), estudos mostram que se
tem mais facilidade de enxergar a cor verde do que a azul. As pesquisas da
Comissão Internacional de Iluminação (CIE), demonstraram estatisticamente
que a grande maioria dos indivíduos estudados apresentou respostas
semelhantes aos estímulos luminosos.
Os resultados desta pesquisa traçaram um padrão, conhecido como CIE
STANDARD OBSERVER, o qual estabelece uma curva de resposta visual ao

8
espectro de luz visível (Figura 6 e Figura 7). O estudo também mostrou que,
para altos níveis de luminância (acima de 10cd/m2), a luz é captada pelos
cones retinianos, processo esse conhecido como visão fotópica.
Para valores abaixo deste nível, os olhos se adaptam à visão noturna
também chamada de visão escotópica. Vale lembrar que a absorção da luz
pelos cones ocorre de maneira diferente em cada indivíduo. Logo, a percepção
também será subjetiva. É importante salientar que uma fonte luminosa produz
mais energia do que é percebida por nós.

Figura 6: Visão fotópica Figura 7: Visão escotópica

Estudos mais objetivos e quantitativos sobre cores e seus efeitos são


realizados pelo ramo da física chamado colorimetria. Para realização de
estudos mais concisos sobre as cores é necessário se basear em definições
numéricas mais precisas (FITT e THORNLEY, 1997).
A percepção das cores depende da energia contida em cada
comprimento de onda da luz analisada. As quantidades de energia versus
comprimento de onda podem ser dispostas em um plano cartesiano formando
um gráfico de distribuição espectral de energia (FITT e THORNLEY, 1997).
A luz do sol, por exemplo, contém uma quantidade aproximadamente
igual de energia para cada comprimento de onda (luz visível) resultando em um
gráfico que é aproximadamente um retângulo. Como a luz branca é
considerada como sendo a mistura de todas as cores, a luz do sol é
considerada uma referência para a definição da mesma.

9
Segundo (FITT e THORNLEY, 1997), em 1931 a CIE propôs um sistema
numérico mais preciso para definição das cores.
Para realização do experimento, um indivíduo é colocado à frente de
uma tela branca, metade dela iluminada por uma fonte de luz branca arbitrária,
a outra metade é iluminada pela mistura das três cores primárias.
O observador deve ajustar a intensidade das três cores de forma que as
duas partes da tela tenham a mesma cor e intensidade. Apesar das duas
partes parecerem iguais, elas possuem espectros bem diferentes.
A intensidade de Vermelho, Verde e Azul somadas representa a cor que
o indivíduo observou. Sendo assim, os três números são únicos para cada cor
observada.
A partir daí a CIE propõe uma tabela de cores equivalentes, que seriam
usadas para comparar, com boa precisão, a cor obtida pelo seu método de
medição. Para gerar a tabela, a CIE criou um sistema tridimensional chamado
de CIE XYZ (Figura 8).

Figura 8: CIE XYZ

Onde:

X = ∫ I (λ ) x(λ )∂λ
0

Y = ∫ I (λ ) y (λ )∂λ
0

Z = ∫ I (λ ) z (λ )∂λ
0

10
Onde ‫ )ߣ(ܫ‬é o espectro da cor a ser observada (Figura 9), e x (λ ) , y (λ )

e z (λ ) são as curvas de sensibilidade do olho humano para cada cor (Figura


10).

Figura 9: Distribuição espectral de uma luz Figura 10: Curvas de resposta tri-stimulus
branca

Porém, seria difícil imaginar a cor correspondente aos valores de X, Y e


Z. Por exemplo, é difícil imaginar a que cor equivale o ponto (30,20,50). Para
resolver este problema a comissão desenvolveu uma representação
bidimensional oriunda do sistema CIE XYZ.
O diagrama de cromaticidade (Figura 12) exibe possíveis cores que
poderiam ser obtidas para uma intensidade fixa. É importante lembrar que a
exibição deste diagrama pela maioria dos dispositivos gráficos (Monitores, TVs
e impressoras comuns) não poderia representar o diagrama com fidelidade.
Pode-se construir o diagrama de cromaticidade fazendo ‫ ݔ‬+ ‫ ݕ‬+ ‫ = ݖ‬1.
Assim tem-se:
X
x=
X +Y + Z
Y
y=
X +Y + Z
Z
z= = 1− x − y
X +Y + Z

11
Figura 11:: Representação do CIE XYZ Figura 12:: Diagrama de cromaticidade

O processo mais utilizado em dispositivos eletrônicos utiliza sistemas de


cores baseado em uma gama de cores finitas,
finita , contida dentro do diagrama de
cromaticidade. A gama ou gamut RGB (Figura 13)) é o sistema mais difundido
atualmente para reprodução eletrônica de cores (FITT e THORNLEY, 1997).
1997)

Figura 13: Gamut RGB

Com apenas 256 valores diferentes para as cores primárias,


primárias pode-se
obter 16 milhões de cores distintas.
Outro gamut muito difundido é o CMYK, muito utilizado em sistemas de
impressão. A mistura de cores é feita através da disposição
o organizada dos
pigmentos CIANO,
NO, MAGENTA, YELLOW e BLACK (A última
última letra da sigla foi

12
substituída para que houvesse diferenciação do sistema RGB, em que B é
“blue”).
O presente trabalho apresenta uma forma de controlar a intensidade
luminosa de três LEDs (Light Emitting Diodes), onde cada um representa uma
cor primária. A mistura dinâmica destes três espectros produzirá uma luz de cor
específica. As características dos LEDs utilizados assim como a forma utilizada
para controle dos mesmos serão descritas mais adiante.
A produção das cores se dá a partir da adição de uma cor à outra
(Figura 14). Uma mistura com mais variações de intensidade teria um resultado
semelhante à mistura mostrada na Figura 15 onde aparecem milhões de cores
diferentes.

Figura 14: Mistura RGB simples Figura 15: Mistura RGB mais completa

2.3. Fotometria

A primeira unidade de medida usada para definir a quantidade de luz


emitida por uma fonte luminosa foi a CANDELA (cd). Ela se refere à quantidade
de luz emitida por uma vela de medidas definidas, porém esse processo era
muito impreciso e logo foi substituído por uma espécie de lampião, com a
equivalência de 10 velas do método antigo (FITT e THORNLEY, 1997).
Através do tempo, o processo foi se modernizando até chegar ao padrão
atual. A candela é definida como a intensidade luminosa produzida por uma
fonte de luz monocromática de frequência 540 THZ, cuja intensidade de
radiação em tal direção é de 1/683 watts por esferorradiano. Esta unidade
ainda é utilizada para definir a intensidade luminosa das fontes atuais. A seguir

13
serão definidos os termos mais importantes que serão usados ao longo do
texto.

2.3.1. Fluxo luminoso

O fluxo luminoso, medido em lumens (lm), pode ser definido como sendo
a medida da energia luminosa percebida. É diferente do fluxo radiante que é a
energia total emitida pela fonte. Entretanto, é comumente usado como sendo a
soma da intensidade luminosa radiada em todas as direções (FITT e
THORNLEY, 1997).

2.3.2. Iluminância

É definida como a quantidade de fluxo luminoso que incide sobre uma


determinada superfície, dividida pela área da superfície. Sua unidade é
conhecida como Lux(lx) ou lumen/m².

2.3.3. Luminância

A intensidade luminosa que normalmente é observada provém não só da


fonte, mas também da luz refletida pelos objetos. Imaginava-se esta luz
refletida como sendo outra fonte de luz. Todavia, definiu-se a medida da
intensidade de luz refletida, dividida pela área da superfície analisada como
Luminância (L), medida em cd/m².
A Tabela 2 resume algumas das unidades do sistema internacional mais
utilizadas em fotometria.

14
Tabela 2: Resumo das unidades usadas em fotometria

Unidade Símbolo Unidade no SI Abreviatura

Energia luminosa Qv Lumem segundo lm·s

Intensidade luminosa Iv Candela (= lm/sr) cd

Fluxo luminoso Φ Lumen (= cd·sr) lm

Iluminância Ev lux (= lm/m²) lx

Luminância Lv Candela por metro quadrado cd/m²

Emitância luminosa Mv lux (= lm/m²) lx

Eficácia luminosa η Lumen por Watt lm/W

2.4. Psicologia das cores

Segundo (AMBER, 1983), desde a antiguidade acreditava-se que as


cores têm efeito psicológico sobre os seres humanos. Alguns adeptos desta
teoria dizem que as cores podem ser utilizadas na cura de doenças. Hoje
existe uma terapia alternativa denominada Cromoterapia. Apesar de não obter
reconhecimento pela comunidade científica, ela vem despertando interesse em
alguns estudiosos.
As cores também são muito utilizadas em publicidade e propaganda.
Acredita-se que as cores podem afetar o subconsciente das pessoas,
remetendo-as a sensações que influenciariam na compra do produto (FARINA,
PEREZ e BASTOS, 2006).
O uso desse recurso pode ser observado nas prateleiras dos
supermercados. Os produtos possuem embalagens com cores atrativas e
vibrantes para chamar a atenção ou sugerir a sensação desejada. Por
exemplo, a Coca-Cola utiliza o tom vermelho que sugere motivação, atividade e
vontade.
O vermelho está associado ao calor e à excitação. Cada cor remete a
uma sensação. Na Tabela 3 é apresentado um resumo de algumas das
sensações causadas pelas cores.

15
Tabela 3: Resumo de sensações causadas pelas cores(FARINA, PEREZ e BASTOS, 2006)

Cor Aspectos favoráveis Desfavoráveis

Motivação, atividade, vontade, persistência,


Vermelho força física, paixão, calor, poder.
Indecência, Crueldade, Brutalidade, Perigo.

Entusiasmo, vivacidade, natural, saúde,


Autoritarismo, ostentação, exibicionismo,
Laranja vitalidade, criatividade e alegria, confiança,
descontentamento, melancolia e tristeza.
coragem, animação.

Sol, esperança, resplendor, brilho, alegria,


Decepção, afastamento, discrição, maldade,
Amarelo compreensão, inspiração, conhecimento,
vingança, bajulação.
sabedoria, razão, lógica, decisão.

Participação, adaptabilidade, generosidade,


Avareza, indiferença, insegurança, suspeita,
cooperação, raciocínio, compreensão,
Verde segurança, proteção, espaço, liberdade,
precocidade, ciúmes, inveja, egoísmo,
preconceito, estagnação, degeneração.
harmonia, equilíbrio.

Vivacidade, percepção, clareza, atenção,


receptividade, bem-estar, liberdade, Imaturidade, confusão, isolamento,
Ciano prestatividade, triunfo, frescor, mudança, separação, vazio, falta de clareza.
transformação.

Aspiração, frio, quietude, confiança, devoção, Dúvida, descrença, fantasia, devaneios,


Azul fé, beleza, habilidade, serenidade, paz, desleixo, desconfiança, cansaço, indolência,
confiança, relaxamento, fluidez, força. apatia, melancolia, inércia.

Esquecimento, irreflexão, desrespeito,


Dignidade, nobreza, respeito, integração,
autoritarismo, exigência, isolamento,
Violeta unidade, tolerância, consideração,
corrupção, desintegração, orgulho,
tranqüilidade, suavidade, humildade.
arrogância.

Desejo, dedicação, reverência, gratidão,


Esnobismo, arrogância, fanatismo, monopólio,
Magenta idealismo, compreensão, maturidade,
autoritarismo, desprezo, insegurança.
compaixão, proteção, suavidade, amor.

A iluminação ambiente segue o mesmo princípio. O controle sobre a


intensidade e cor do ambiente em que vivemos pode contribuir
consideravelmente para o bem-estar dos usuários. Por exemplo, uma
iluminação de cor azul pela manhã ajudaria a pessoas que têm dificuldade de
acordar cedo, já que a luz azul remete à luz da manhã .

2.5. Campo visual

O campo de visão é um parâmetro importante a ser observado quando


estudamos iluminação. A iluminação de um ambiente deve levar em
consideração a posição onde os usuários estarão localizados e se o alcance da
luz influenciará em seu campo de visão (COSTA, 2006).

16
Na Figura 16 a) é mostrado que verticalmente o campo de visão é
limitado em 60º para cima e 70º para baixo a partir da linha reta que indica a
direção da visão. Na visão superior da Figura 16 b) é mostrado que o campo
visual horizontal é limitado entre 0 e 150º. Pode-se observar que o nariz limita
parte do campo de visão em ambos os lados. Na Figura 16 c) é mostrado a
junção das vistas lateral e superior, fazendo a composição das duas em
perspectiva (COSTA, 2006).

Figura 16: Campo visual humano

O campo visual é o espaço físico máximo em que se consegue enxergar


com a direção do olho fixada em um único ponto. Quando estivermos com os
olhos e a cabeça imóveis. Fora deste campo, o que não se pode enxergar está
em um ponto cego.
Ao mover os olhos ou a cabeça estaremos direcionando o campo para
outro objeto. Ou seja, o que estava em um ponto cego agora estará dentro do
campo de visão.
O campo visual é uma “soma” dos campos dos dois olhos, a região
comum entre as visões é chamada de visão binocular. Na parte central da
Figura 17 é mostrado como pode ser ilustrada esta “soma” de campos.
Na Figura 18 é mostrado um gráfico que representa o campo visual
humano, mostrando a parte da visão esquerda, da direita, a visão binocular e
os pontos cegos. Os aros do gráfico indicam os ângulos vertical e horizontal do
campo (COSTA, 2006).

17
Figura 17: Visão binocular Figura 18: Gráfico do campo visual (COSTA, 2006)

2.6. Acuidade visual

Em determinadas atividades é extremamente importante que o local seja


bem iluminado a fim de proporcionar uma melhor acuidade visual.
Segundo (COSTA, 2006) a acuidade é a capacidade da visão de
reconhecer detalhes, como letras pequenas ou um fio de cabelo sobre uma
mesa.
A acuidade visual pode ser mensurada e está intimamente ligada a
fatores como intensidade luminosa, idade, distância do objeto e tempo de
exposição da vista ao objeto.
É muito importante analisar a atividade a ser realizada e também a
idade dos usuários. Os valores mínimos e máximos de luminosidade para cada
atividade são normatizados pela NBR5413. O cumprimento das normas
garante ao usuário maior conforto visual e atua como medida zeladora para
uma maior eficiência energética (COSTA, 2006).

2.7. Persistência visual

O processo da visão não é instantâneo. A mudança da imagem, da luz e


da cor é processada e analisada pelo cérebro. A sensação que se tem como
resposta é chamada de visão. A formação de qualquer imagem na retina
persiste nela por algum tempo, até que o processo químico chegue ao final e o
cérebro não reconheça mais aquela imagem (COSTA, 2006).

18
Pode-se notar o efeito da persistência facilmente quando olhamos
fixamente para uma luz forte durante alguns segundos. Ao desligar a luz,
mesmo com os olhos fechados, podem-se ver pontos mais claros com o
mesmo formato da luz.
O tempo para este processo está relacionado à intensidade da luz
emitida; esse efeito é utilizado no cinema, onde a exibição de imagens em
sequência cria a ilusão de que a imagem está em movimento.
Em televisores, cada ponto da tela acende e apaga repetidamente e em
sequência. Devido ao efeito da persistência visual, enxerga-se uma imagem,
ou a “lembrança” de todos os pontos da tela formados na retina.
Este mesmo efeito será observado neste projeto, onde se utilizou uma
fonte de luz que acende e apaga em uma frequência tal que, para o observador
a luz parece estar mais fraca ou forte.

2.8. Contraste

Trata-se da diferença de tons entre o plano de fundo e o objeto; o


contraste está intimamente ligado à acuidade visual. De acordo com (COSTA,
2006), a iluminação adequada aplicada ao ambiente criará um contraste com
os objetos ao seu redor aumentando a facilidade de reconhecê-los. Na Figura
19 são mostradas duas situações onde o contraste fica evidente. Quando o
fundo e o objeto têm o mesmo tom (escuro ou claro) há pouco contraste,
ficando difícil de detectar o objeto. Para que haja uma boa percepção dos
objetos, a diferença de tons entre o fundo da imagem e o objeto no primeiro
plano deve ser grande.

Figura 19: Exemplo de contraste

19
A mesma situação pode ocorrer em um local iluminado. Comparando as
Figura 20 e 21, observa-se que a intensidade e localização adequada dos
pontos de luz podem modificar o contraste e alterar a percepção dos objetos na
cena.

Figura 20: Sala com contraste Figura 21: Sala sem contraste

2.9. Ofuscamento

O ofuscamento direto ou refletido ocorre quando há um nível excessivo


de raios luminosos incidindo na retina. Essa sensação é mais intensa quando
os raios incidem diretamente nos olhos. Ao refletir em algum objeto, ocorre
uma redução da intensidade luminosa, pois parte da luz é absorvida (COATON
e MARSDEN, 1997).
A quantidade de luz refletida está diretamente ligada à cor e opacidade
dos obstáculos. Objetos negros absorvem mais luz que os mais claros. Nas
Figura 22 e Figura 23 é possível constatar esta diferença para o mesmo nível
de iluminação.

20
Figura 22: Menor conforto visual Figura 23: Melhor conforto visual

O ofuscamento direto impede a visualização de detalhes da imagem


(Figura 24). Em alguns casos o efeito pode durar alguns segundos, causando
acidentes. O farol alto dos automóveis em uma estrada causa o ofuscamento,
dificultando a visualização da estrada. Na Figura 24 e 25 são mostradas a
incidência direta e a incidência indireta da luz, respectivamente, causando o
ofuscamento (COATON e MARSDEN, 1997).

Figura 24: Ofuscamento direto Figura 25: Ofuscamento indireto

2.10. Sombra

As sombras são decorrentes da luz sobre os objetos. No que se refere à


iluminação, dificilmente consegue-se eliminá-las. Em muitas aplicações as
sombras são utilizadas para ressaltar detalhes dos objetos, em outras podem
se tornar indesejáveis (COSTA, 2006).

21
Figura 26: Sombra ressaltando detalhes (WIKIPEDIA)

As sombras são normalmente classificadas como simples (Figura 27),


múltiplas (Figura 28) ou suaves (Figura 29). Esta classificação é dada de
acordo com o número de pontos luminosos que origina a sombra. No entanto o
que se observa na prática é o conjunto de todos os tipos. Por exemplo, em uma
sala de estar teremos várias sobras de diferentes tipos (Figura 30).

Figura 27: Sombra simples Figura 28: Sombra múltipla Figura 29: Sombra suave

Figura 30: Varios tipos de sombra em um cenário (TRINITY)

22
2.11. Subjetividade da visão

É muito importante destacar que apesar de sermos fisiologicamente


iguais, é comum se interpretar estímulos luminosos de forma diferente. Não é
possível garantir que duas pessoas tenham a mesma percepção de luz, cor ou
intensidade (COSTA, 2006).
Ao desenvolver um projeto de iluminação devem-se tomar alguns
cuidados para que a subjetividade da visão do projetista não influencie na
qualidade do projeto.
Para tal é necessário utilizar instrumentos especiais devidamente
calibrados e utilizados de forma correta, seguindo os critérios descritos em
normas.
Semelhantemente a um computador, o cérebro processa e analisa uma
grande quantidade de informações em alta velocidade. Embora possa parecer
uma máquina perfeita, nosso cérebro costuma se equivocar e assimilar
imagens distorcidas (COSTA, 2006).

23
3. Diodos Emissores de Luz (LEDs)

O efeito da eletroluminescência já é conhecido há mais de 80 anos e


vem se desenvolvendo até hoje. O protótipo de um dispositivo semicondutor
que emitia luz visível foi desenvolvido por volta de 1962 pelo americano Nick
Holonyak, Jr. Era constituído de Arseneto de Gálio (GaAs) e emitia uma luz
vermelha (HELD, 2009).
O LED possui algumas semelhanças com o diodo comum. O fato dele
emitir luz deu origem ao seu nome, que é uma sigla para diodo emissor de luz
em inglês. Na Figura 31 é mostrado o símbolo utilizado para identificar os LEDs
nos circuitos.

Figura 31: Símbolo do LED

Até hoje os LEDs comercialmente encontrados são compostos de


Arseneto de Gálio (GaAs) ou Fosfeto de Gálio (GaP). Todavia, para se
conseguir diferentes variações de cor, devem-se adicionar outros componentes
químicos dopados adequadamente.
Na Tabela 4 são dispostos, para cada cor, o material semicondutor
utilizado, a faixa de tensão direta e o comprimento de onda para cada cor.

Tabela 4: Materiais utilizados em leds(HELD, 2009)

Cor λ (nm) Tensão direta (V) Material semicondutor


Arseneto de Gálio (GaAs)
Infravermelho λ > 760 ∆V < 1.9
Arseneto de Alumínio e Gálio (AlGaAs)
Arseneto de Alumínio e Gálio (AlGaAs)
Fosfeto de Gálio e Arsênio (GaAsP)
Vermelho 610 < λ < 760 1.63 < ∆V < 2.03
Fosfeto de Alumínio Gálio e Índio (AlGaInP)
Fosfeto de Gálio(III) (GaP)
Fosfeto Arseneto de Gálio (GaAsP)
Laranja 590 < λ < 610 2.03 < ∆V < 2.10 Fosfeto de Alumínio Gálio e Índio (AlGaInP)
Fosfeto de Gálio(III) (GaP)
Fosfeto Arseneto de Gálio (GaAsP)
Amarelo 570 < λ < 590 2.10 < ∆V < 2.18 Fosfeto de Alumínio Gálio e Índio (AlGaInP)
Fosfeto de Gálio(III) (GaP)

24
Nitreto de Índio e Gálio (InGaN) / Nitreto de Gálio(III) (GaN)
Fosfeto de Gálio(III) (GaP)
Verde 500 < λ < 570 1.9 < ∆V < 4.0
Fosfeto de Alumínio Gálio e Índio (AlGaInP)
Fosfeto de Alumínio e Gálio (AlGaP)
Seleneto de Zinco (ZnSe)
Nitreto de Índio Gálio (InGaN)
Azul 450 < λ < 500 2.48 < ∆V < 3.7
Carbeto de Silício (SiC) como substrato
Silício (Si) como substrato — (em desenvolvimento)

Violeta 400 < λ < 450 2.76 < ∆V < 4.0 Nitreto de Índio e Gálio (InGaN)

LEDs bicolores azul/vermelho


Roxo Varios tipos 2.48 < ∆V < 3.7
Azul com fósforo vermelho ou Branco com plastico Branco
Diamante (235 nm)
Nitreto de Boro (215 nm)
Ultravioleta λ < 400 3.1 < ∆V < 4.4 Nitreto de Alumínio (AlN) (210 nm)
Nitreto de Alumínio e Gálio (AlGaN)
Nitreto de Alumínio Gálio e Índio (AlGaInN) (< 210 nm)
Branco Espectro amplo ∆V = 3.5 Azul / UV diodo com fósforo amarelo

Os LEDs não emitem apenas um comprimento de onda como os


LASERs, mas emitem uma faixa de comprimento de onda bastante estreita,
cuja variação dificilmente seria perceptível a olho nu.
O modelo elétrico básico do LED fornece algumas características
elétricas comumente usadas para explicar o funcionamento do dispositivo.
Assim como os diodos semicondutores, os LEDs conduzem a corrente elétrica
apenas em um sentido.
A corrente direta (‫ܫ‬௙ ) é a responsável pelo efeito eletroluminescente. Se
ela superar a corrente para qual o LED foi projetado este será danificado.
Existe uma queda de tensão referente ao vencimento da barreira de
potencial que surge na região de recombinação do semicondutor. No modelo é
chamada de tensão direta (ܸ௙ ). Para que a corrente comece a fluir pelo diodo é
preciso aplicar uma tensão maior que a tensão direta do diodo.
A tensão reversa sobre o diodo (ܸ௕௥ ) também deve ser respeitada para
que não se danifique o dispositivo. Os parâmetros citados podem ser
observados na Figura 32.

25
Figura 32: Modelo elétrico do LED

Observando a Figura 33 pode-se notar que, para tensões acima da


tensão direta, a corrente cresce bruscamente. Quando isto ocorre, a
temperatura interna do LED sobe de forma abrupta levando os contatos
internos a se fundirem, danificando o dispositivo(HELD, 2009).

Figura 33: Curva V versus I do LED

Para evitar isso é de comum prática a inserção de um resistor em série


com o diodo para limitar a corrente. Todavia, este resistor não deve ser
confundido com o resistor representado no modelo (‫ݎ‬ௗ ), pois está apenas
representando a potência dissipada pelo LED (HELD, 2009).
O referido resistor usado para limitar a corrente no LED pode se tornar
um inconveniente. Isto porque para altas correntes, a potência dissipada por
efeito Joule no resistor pode ser efetivamente grande, afetando o rendimento
do conjunto.

26
Atualmente é comum encontrar LEDs nos mais variados tamanhos e
formas, entretanto a estrutura básica é bem parecida. Na Figura 34 é
apresentada a estrutura física do LED mais conhecido comercialmente.

Figura 34: Desenho esquemático de um LED adaptado de (WIKIPEDIA)

Os diodos emissores de Luz possuem diversas aplicações, que vão


desde lâmpadas indicativas até lâmpadas para tratamento medicinal.
Sua utilização vem crescendo amplamente devido a suas vantagens
sobre outros tipos de fontes luminosas, como vida útil e eficiência.
Para cada aplicação utiliza-se LEDs diferentes, levando-se em
consideração a potência dissipada, fluxo luminoso, corrente máxima, cor,
eficácia, encapsulamento, entre outros.
Por exemplo, os LEDs utilizados apenas para indicação, como em
painéis ou instrumentos, não precisam ter grande fluxo luminoso (HELD, 2009).
Para um letreiro ou semáforo, que precisam ser vistos a longa distância,
os LEDs precisam ser grandes, ter bom fluxo luminoso e maior potência.
Na Tabela 5 são dispostos alguns modelos comerciais, com
características diferentes. Pode-se observar que o desenvolvimento de
algumas marcas encontra-se bastante avançado.

27
Como o propósito do trabalho é ter um maior controle sobre a
intensidade e também da cor ambiente, foi necessária a utilização de LEDs de
cores diferentes.
A mistura de cores resulta em outra cor (ver capítulo 2). Para a obtenção
de um número de cores, são necessárias pelo menos três outras, nas
tonalidades vermelho, verde e azul.

Tabela 5: Alguns LEDs e suas características

Tipo TCC IRC P(W) Vf(V) If(mA) Φ(lm) Material

Luxeon Rebel 6500K 70% 1 3 350 105 InGaN

Luxeon Rebel Automotive 5500K 70% 3 3,25 700 180 InGaN

Luxeon K2 Star Cool-white 6500K 70% 3 3,85 1500 140 InGaN

Luxeon SuperFlux HPWA 0,187 2 70 2,4 AlInGaP


Red 3 2,2 700 20
WCN-03L2RGB-110 Green 3 3,5 700 30 AlInGaP/InGaN
Blue 3 3,4 700 15

28
4. O sistema de cores à base de LEDs

4.1. Análise de Alternativas

Para o experimento realizado neste trabalho seria possível utiliza dois


métodos, optou-se pela forma mais prática de conseguir a mistura das cores.
Uma delas seria utilizar LEDs monocromáticos separadamente
(vermelho, verde e azul) formando um bloco único conforme mostrado na
Figura 35.
Esta configuração possui menor custo. Entretanto, a mistura das cores
fica prejudicada em virtude dos ângulos do feixe luminoso não estarem
alinhados (HELD, 2009).

Figura 35: LEDs monocromáticos separados

No entanto, ainda há um inconveniente. Para a mesma corrente direta o


fluxo luminoso e a queda de tensão sobre cada LED é diferente.
Para compensar essa diferença é necessário agrupar um numero
diferente de LEDs para cada cor, aumentando o número de componentes ou
fazer uma compensação na corrente direta para igualar as intensidades
luminosas.
Outra possibilidade é utilizar um encapsulamento único que contenha as
três cores (Figura 36). Isto facilita a montagem, aumenta a compactação e
torna a mistura das cores mais homogênea. Apesar disto, o problema do fluxo
luminoso diferente para cada cor ainda permanece (ver Tabela 5).

29
Figura 36: Led RGB

Como eleito, é necessário controlar essa diferença através da corrente


direta. É preciso ajustar a corrente de cada cor de forma que as três cores
produzam o mesmo fluxo luminoso.
Infelizmente, isso só pode ser feito nivelando-se o fluxo pelo menor
entre eles, em geral o da cor azul. Consequentemente duas das cores do LED
serão utilizadas com valores abaixo dos nominais, o que reduz a eficiência e
vida útil do conjunto.
Este tipo de LED pode ser encontrado em diversos tamanhos e
formatos. Estes parâmetros influenciam diretamente na qualidade da mistura
de cor obtida.
Os LEDs RGB (tricolores) também são encontrados com três ligações
internas diferentes: Ânodo comum (Figura 37), cátodo comum e sem ligação
comum. As duas primeiras impedem que esse tipo de LED seja ligado em
série. Esse fator deve ser levado em consideração na escolha do LED, pois
dependendo do projeto, pode comprometer a eficiência do mesmo.

Figura 37: Modelo elétrico de um LED RGB

30
De acordo com descrito anteriormente, conclui-se que a melhor
alternativa é utilizar LEDs RGB sem ligação comum. Entretanto, não foi
possível a obtenção desse modelo em tempo hábil para a realização dos
testes.
Para os testes foram utilizados dois tipos de LEDs RGB, o WCN-
501GRB-25N-A, de 10mm, conhecido com LED de alto brilho. Esses LEDs não
possuem boa mistura de cor mas tem custo bastante acessível. O outro modelo
foi o WCN-03L2RGB-110 de 3W de potência. Os datasheets referentes aos
modelos utilizados estão nos Anexos I e II.
Os únicos critérios para escolha dos modelos foram potência e
compactação. Uma vez que o trabalho propõe-se a descrever um método para
controlar a intensidade e cor, a escolha mais criteriosa de LEDs não faz parte
do escopo.

4.2. Acionamento do sistema de cores

Para acionar o sistema de cores poderiam ser utilizadas fontes lineares


ou chaveadas. Estes dois tipos de fontes são comumente utilizadas para
fornecer energia a cargas resistivas, indutivas ou capacitivas. Uma requer
grande desempenho em tensões muito pequenas, com níveis precisos de
tensão mesmo que a carga mude rapidamente.
O outro tipo se desenvolveu devido ao aparecimento de dispositivos
como: Aparelhos portáteis, televisões, entre outros. Esses produtos os quais
devem ser baratos e eficientes (RASHID, 2007).
Esta tendência leva ao desenvolvimento de fontes de baixo custo.
Atualmente estas fontes possuem perdas expressivas, e mesmo as melhores
fontes dissipam parte da energia mesmo quando em stand-by.
No passado as fontes lineares, que utilizavam elementos como
transformadores e diodos, eram usadas para fornecer tensão CC aos
dispositivos. Apesar de ser um processo eficiente, é muito suscetível a
perturbações na corrente e tensão de entrada (RASHID, 2007).
Com o passar dos anos, principalmente com o desenvolvimento do
programa espacial, foi necessário o desenvolvimento de conversores em

31
corrente contínua para transformar um nível de tensão CC em outro de forma
eficiente.
Um método bastante difundido atualmente é o método do chaveamento,
que consiste em abrir e fechar uma chave de forma a transportar a energia
entre a fonte e a carga, podendo-se elevar ou abaixar a tensão. Na Tabela 6 é
feita uma comparação entre os métodos linear e o chaveado, mostrando alguns
de seus prós e contras (RASHID, 2007).
Este trabalho propõe empregar um conversosr chaveado para o
acionamento do LED multicor.

Tabela 6: Comparação entre fontes lineares e chaveadas

Linear Chaveada
Abaixador; tensão na entrada
Função Elevador, Abaixador ou inversor
deve ser maior que na saída.
Média a baixa, depende da
Alta, exceto para correntes muito baixas
Eficiência carga e da tensão de entrada;
(µA).
Alta se VIN-VOUT é pequeno.
Alto, para uma carga
Baixo, praticamente há aquecimento para
Aquecimento considerável e/ou a diferença
níveis de potência abaixo de 10W.
VIN-VOUT grande.

Baixa, em geral usa um Médio a Alto, normalmente são usados


Complexidade regulador e um capacitor indutores, transformadores, capacitores,
pequeno. diodos e transistores.

Depende da potência; pequeno Depende da potência; atualmente são


Tamanho
a médio; uso de dissipadores. encontradas até em circuitos integrados.

Atualmente podem ser encontradas com


Custo Baixo
baixíssimo custo.
Baixo; sem Ripple, baixo ruído,
Ripple/Ruído Médio a Alto, devido ao chaveamento
melhor rejeição de ruído.

4.2.1. Dispositivos usados como chave

Os dispositivos utilizados como chaves têm dois papeis bem definidos:


Suportar a quantidade de corrente quando ligado e impedir sua passagem, sob
qualquer tensão, quando desligado.
As operações de ligar e desligar deveriam ser feitas instantaneamente.
Porém, os dispositivos não são ideais e possuem limitações quanto ao nível de
corrente, tensão e freqüência de chaveamento(RASHID, 2007).

32
Atualmente encontram-se vários dispositivos que podem ser usados
como chave, são eles: Transistor Bipolar de junção, Transistor de efeito de
campo, IGBT (Insulated gate bipolar transistor), SCR (Silicon controlled
rectifier), GTO (Gate turn-off thyristor), TRIAC, MCT (Mosfet controlled
thyristor)(RASHID, 2007).

4.2.2. MLP (Modulação por Largura de pulso)

A maioria dos conversores CC-CC utiliza uma forma de onda bastante


conhecida para controlar a comutação da chave. Normalmente é usada uma
forma de onda retangular de freqüência fixa. A alteração (modulação) é feita
através do ciclo ativo.
Normalmente, no projeto de fontes chaveadas, utilizam-se equações em
função do ciclo ativo. Na Figura 38 é mostrada uma onda retangular. Chama-se
de ‫ݐ‬௢௡ o tempo em que a onda permanece alta (1) e ‫ݐ‬௢௙௙ o tempo que a onda
permaneceu baixa (0). Sendo T o período de repetição da onda, a freqüência

de chaveamento do circuito é ݂௦௪௜௧௖௛ = .

O ciclo ativo então pode ser obtido pelo tempo, em relação ao período,
que a onda permanece ativa (alta). Por exemplo, se em um sinal a onda
permanece alta 30% do período, dizemos que o ciclo ativo, D, é de 0,3 ou 30%.
O tempo em que a onda fica alta pode ser calculado pela relação ‫ݐ‬௢௡ = ‫ܶܦ‬.

Figura 38: Representação do ciclo ativo

33
4.2.3. Tipos de conversores

Os conversores CC-CC servem para converter um nível de tensão CC


em outro nível CC, podendo abaixar, elevar ou abaixar e elevar a tensão no
mesmo circuito. Normalmente, possuem freqüência de operação muito alta
(>20khz) e conseguem alterar sua resposta dinamicamente para compensar
variações na carga ou na rede (RASHID, 2007).
Algumas topologias oferecem isolamento entre a fonte e a carga e
também protegem o sistema alimentado pela fonte de interferências
eletromagnéticas (EMI).
Deste modo, os conversores podem ser divididos em isolados e não-
isolados. Eles podem ser controlados de forma suave (ressonante) ou de forma
forçada. Os conversores CC-CC vêm sendo largamente utilizado pela sua
versatilidade, eficiência e compactação (WINDER, 2008).
Os conversores CC-CC também têm a capacidade de alcançar grandes
taxas de conversão entre os níveis CC. Todavia esses conversores possuem
desvantagens pelo uso da onda retangular, pois geram harmônicos e
interferência eletromagnética.
Alguns dos conversores mais popularmente utilizados estão dispostos
de forma resumida na Tabela 7.

Tabela 7: Algumas topologias de conversores CC-CC no modo contínuo (ver seção 4.2)

Função de
Transferência
Nome Topologia estática Aplicações

Buck ܸ௢௨௧ Tração elétrica


(Abaixador =‫ܦ‬ Ferramentas
de tensão) ܸ௜௡ Acionamento de LEDs

Boost ܸ௢௨௧ 1 Radares


(Elevador de = Sistemas de Ignição
tensão) ܸ௜௡ 1−‫ܦ‬ Energia fotovoltaica

Buck-Boost ܸ௢௨௧ ‫ܦ‬ Carregador de bateria


(Abaixador- = Acionamento de LEDs
Elevador) ܸ௜௡ 1−‫ܦ‬

34
Flyback ܸ௢௨௧ ‫ܦ‬
(Abaixador- = Acionamento de LEDs
ܸ௜௡ ݊(1 − ‫)ܦ‬
Elevador)

Ćuk ܸ௢௨௧ ‫ܦ‬ Fontes em Satélites


(Abaixador- =− Naves espaciais
Elevador) ܸ௜௡ 1−‫ܦ‬

4.2.4. Modo de condução contínua e descontínua

Todas as topologias de conversores CC-CC trabalham em dois modos


de funcionamento: modo de condução contínua ou descontínua de corrente.
No modo de condução contínua, a corrente no indutor não cai à zero na
fase em que a chave está desligada. E este modo é mais indicado para
altíssimas freqüências, pois causam menor desgaste das chaves e elementos
passivos(RASHID, 2007).
O modo de condução descontínua é indicado para aplicações onde um
controle mais apurado é necessário. Neste modo a corrente no indutor chega e
pode permanecer em zero durante algum tempo até que a chave conduza
novamente. Normalmente se escolhe entre um modo e outro na hora de
dimensionar os componentes, pois os dois modos têm formas de controle
difereciadas.
O parâmetro mais importante, que determina a diferença entre esses
dois modos, é a indutância do indutor utilizado. Existe uma relação que define a
indutância limite (‫ܮ‬௕ ) para que o sistema funcione em um modo ou em outro,
que pode ser calculado facilmente para cada topologia. No caso da topologia
Flyback esse parâmetro é ditado pela indutância de magnetização do
transformador (‫ܮ‬௠௕ ) (RASHID, 2007).
Na Tabela 8 é mostrada a relação de indutância limite para cada
topologia, tomando-se como parâmetros conhecidos a frequência, f, o ciclo
ativo, D e a resistência equivalente à carga, R.
No caso do conversor flyback, a relação de espiras entre a indutância
primária e secundária, n, também é levada em consideração.

35
Tabela 8: Lista de indutâncias limites

Nome Indutância limite

Buck (1 − ‫ܴ)ܦ‬
‫ܮ‬௕ =
(Abaixador) 2݂

Boost (1 − ‫)ܦ‬ଶ ‫ܴܦ‬


‫ܮ‬௕ =
(Elevador) 2݂

Buck-Boost (1 − ‫)ܦ‬ଶ ܴ
‫ܮ‬௕ =
(Abaixador-Elevador) 2݂

Flyback ݊ଶ (1 − ‫)ܦ‬ଶ ܴ
‫ܮ‬௠௕ =
(Abaixador-Elevador) 2݂

Ćuk (ଵି஽)ோ (ଵି஽)ோ


‫ܮ‬௕ଵ = , ‫ܮ‬௕ଶ =
(Abaixador-Elevador) ଶ஽௙ ଶ௙

A escolha da topologia mais adequada está relacionada com a


característica de cada projeto. No presente projeto desejava-se fazer um
acionamento de LEDs a partir da tensão alternada da rede (127V, 60Hz).
Ao retificar esta tensão se obtém uma tensão de 180V em corrente
contínua. A tarefa do conversor então seria converter os 180V retificados em
uma tensão menor e adequada ao LED utilizado.
A conversão deve ser feita de forma eficiente e, se possível, simples. As
topologias Buck e Buck-Boost possuem variações onde é possível utilizar um
indutor acoplado para fazer o isolamento. Nestas duas topologias pode-se
substituir a chave por duas (half-bridge) ou quatro chaves (full-bridge).
Entretanto, o controle se torna mais complicado e caro.
Devido à utilização de um menor número de chaves e elementos
discretos considerou-se o Flyback como melhor opção entre as topologias para
o projeto.

36
4.3. Projeto do conversor Flyback

A topologia flyback é mostrada na Figura 39 e funciona da maneira


descrita a seguir. Quando a chave S se fecha a tensão no indutor primário, ܸ௣ ,
é igual à tensão ܸ௜௡ . No mesmo instante, a tensão no secundário, ܸ௦ , obedecerá
à relação de espiras, n, neste momento, o diodo ‫ܦ‬௙ estará polarizado
reversamente impedindo a passagem da corrente pelo secundário (BILLINGS,
1989).

Figura 39: Topologia Flyback simples

A energia será armazenada no núcleo, durante a carga do indutor e o


indutor acoplado pode ser tratado como um indutor simples (Figura 40).

Figura 40: Fase de carregamento do indutor

De acordo com (BILLINGS, 1989) durante este período a densidade de


fluxo no núcleo cresce de ‫ܤ‬௥ (densidade de fluxo residual) até o pico ‫ܤ‬௪
(densidade de fluxo no enrolamento), conforme Figura 41.

37
Figura 41: Comparação entre corrente e densidade de fluxo

Quando a chave S abre a tensão no primário, ܸ௣ , fica toda sobre a


chave. A energia armazenada no campo magnético agora é descarregado pelo
secundário. Como a densidade de fluxo está diminuindo, a tensão irá se
inverter, polarizando o diodo diretamente deixando à corrente fluir,
descarregando o indutor.

Figura 42: Fase de descarga do indutor

Na fase de descarga a corrente parte de ݊ × ݅௠௔௫ até zero, e a


densidade de fluxo vai de ‫ܤ‬௪ até ‫ܤ‬௥ , considerando o modo de condução
descontínua.

38
Figura 43: Representação da descarga do indutor

Para o acionamento de LEDs a corrente direta não pode ultrapassar o


valor máximo suportado pelo LED. A corrente máxima fornecida pela fonte é
controlada pela freqüência de chaveamento, f, ciclo ativo, D, indutância, ‫ܮ‬௠௕ e
tensão na carga, ܸ௢௨௧ .
Os únicos valores que não são conhecidos são os valores das
indutâncias. Para encontrar estes valores é necessário definir primeiramente a
relação de espiras. Através da relação de transformação das tensões do
primário e do secundário encontra-se encontrar o valor de n.
A tensão no secundário, ܸଶ, deve ser a soma do valor da tensão direta
do LED, ܸ௢௨௧ , com a queda de tensão no diodo, ‫ܦ‬௙ (varia de 0,7 a 1V). Como a
tensão sobre cada cor é diferente é necessário calcular essa relação para cada
um dos flybacks, assim:
ܸ୮୰ ܸ୮୰ − ܸୡ୦ୟ୴ୣ 180 − 2
n௥ = = = = 52,35 = 52
ܸ௦௥ ܸௗ௥ + ܸௗ௙ 2,4 + 1

ܸ୮୥ ܸ୮୥ − ܸୡ୦ୟ୴ୣ 180 − 2


n௚ = = = = 38,69 = 39
ܸ௦௚ ܸௗ௚ + ܸௗ௙ 3,6 + 1

ܸ୮ୠ ܸ୮ୠ − ܸୡ୦ୟ୴ୣ 180 − 2


n௕ = = = = 40,45 = 40
ܸ௦௕ ܸௗ௥ + ܸௗ௙ 3,4 + 1

Para acionar o LED RGB serão necessários três controles


independentes. Para simplificar, podem ser construídos três conversores
flyback com as mesmas características. Sendo assim, a compensação do fluxo
luminoso deve ser feita via software através do ciclo ativo.

39
Na Figura 44 é mostrado o esboço do conversor proposto para o
acionamento do LED RGB (ânodo comum). Observe que é diferente de ter um
conversor único com várias saídas. Neste caso cada saída independe da outra.
Nesta figura, os diodos vermelho, verde e azul representam o LED RGB.

Figura 44: Circuito proposto para o conversor flyback

Segundo o fabricante, o modelo de 3W possui corrente nominal de


700mA. A tensão direta varia para cada cor sendo 2,2V para o vermelho, 3,6
para o verde e 3,4V para o azul.
A freqüência de chaveamento que se utilizou é de 50kHz. Este valor foi
escolhido por estar acima da freqüência audível e por ser facilmente atingida
por geradores de PWM contidos em microcontroladores.
Segundo (RASHID, 2007), para que o funcionamento esteja sempre em
modo de condução descontínua a indutância de magnetização do indutor deve
ser sempre menor que ‫ܮ‬௠௕ . O valor máximo para ‫ܮ‬௠௕ pode ser calculado
usando.

݊ଶ (1 − ‫)ܦ‬ଶ ܴ
‫ܮ‬௠௕ =

Onde, n é a relação de espiras entre o primário e o secundário, D é o


ciclo ativo, R a resistência interna do LED e f a freqüência de chaveamento.

40
O valor de R é linear e pode ser determinado de acordo com as curvas
de V/I fornecidas pelo fabricante do LED (Figura 45). O valor da resistência
série equivalente é dado pelo inverso da inclinação da reta entre dois pontos,
neste caso considerou-se a curva como sendo bem próxima de uma reta
(WINDER, 2008).

Figura 45: Curva V/I do led RGB

Para o referido LED o valor de R é aproximadamente 1,32 ohms. Usou-


se D=0,5 para que haja maior liberdade de acréscimo e decréscimo deste
valor, assim:
(52,35)ଶ × (1 − 0,5)ଶ × 1,32
‫ܮ‬௠௕ ௥௘ௗ = = 9,04mH
2 × 50.000
(38,69)ଶ × (1 − 0,5)ଶ × 1,32
‫ܮ‬௠௕ ௚௥௘௘௡ = = 4,94mH
2 × 50.000

(40,45)ଶ × (1 − 0,5)ଶ × 1,32


‫ܮ‬௠௕ ௕௟௨௘ = = 5,40mH
2 × 50.000

Conforme já foi explicado, considerando que o sistema esteja


funcionando em modo de condução descontínua, no momento em que a chave
S é fechada, a corrente no indutor primário deve crescer linearmente até que a
chave seja aberta (‫ܴ ≫ ܮ‬௖௢௕௥௘ ), assim:
ܸ௜௡
݅௠௔௫ = ‫ݐ‬
‫ܮ‬௠௕ ௢௡
Neste ponto temos a corrente, a tensão e o tempo em que a chave fica
fechada. Pode-se encontrar a indutância para se atingir a corrente necessária
para o projeto. Se esta indutância for menor que a indutância limite este
sistema pode funcionar em modo de condução descontínua. Em outro caso,

41
deve-se rever o projeto alterando-se o valor da relação de espiras, freqüência
ou ciclo ativo.
As correntes no primário podem ser calculadas dividindo-se a corrente
no secundário pela relação de espiras, assim:
‫ܫ‬ଶ ௥௘ௗ 0,7
‫ܫ‬ଵ ௥௘ௗ = = = 0,0134 ‫ܣ‬
݊௥ 52,35

‫ܫ‬ଶ ௚௥௘௘௡ 0,7


‫ܫ‬ଵ ௕௟௨௘ = = = 0,0181 ‫ܣ‬
݊௚ 38,69

‫ܫ‬ଶ ௕௟௨௘ 0,7


‫ܫ‬ଵ ௚௥௘௘௡ = = = 0,0173 ‫ܣ‬
݊௕ 40,45

Agora se pode encontrar a indutância necessária para atingir a estas


correntes.
ܸ௜௡ 180
‫ܮ‬௥௘ௗ = ‫ݐ‬௢௡ = 10ߤ‫ = ݏ‬133,13݉‫ܪ‬
‫ܫ‬ଵ ௥௘ௗ 0,0134
ܸ௜௡ 180
‫ܮ‬௚௥௘௘௡ = ‫ݐ‬௢௡ = 10ߤ‫ = ݏ‬98,41݉‫ܪ‬
‫ܫ‬ଵ ௚௥௘௘௡ 0,0181

ܸ௜௡ 180
‫ܮ‬௕௟௨௘ = ‫ݐ‬௢௡ = 10ߤ‫ = ݏ‬102,87݉‫ܪ‬
‫ܫ‬ଵ ௕௟௨௘ 0,0173

Pode-se observar que estas indutâncias são bem superiores às


indutâncias limites. Utilizando estes valores de corrente, relação de espiras e
freqüência é impossível trabalhar no modo de condução descontinua.
A solução para isto é utilizar um numero maior de LEDs em paralelo no
secundário. Assim é possível aumentar a corrente no primário e com isto
reduzir a indutância necessária aproximando-a do valor da indutância limite.
Entretanto, a corrente no secundário torna-se tão alta que será impraticável
construir um indutor de pequenas proporções.
Em todo caso não é tão difícil controlar o sistema trabalhando no modo
de condução contínua, porém a intensidade luminosa dos LEDs não irá variar
linearmente com o ciclo ativo (SÁ JR., ANTUNES e PERIN, 2007).
O capacitor em paralelo com o LED serve para eliminar o Ripple de
tensão na carga, o valor mínimo para o filtro de saída (‫ܥ‬௠௜௡ ) pode ser calculado
com através de, onde ܸோ é a diferença entre o valor máximo e mínimo da
tensão de saída conforme Figura 46.

42
Figura 46: Representação do Ripple de tensão na saída

‫ܸܦ‬௢௨௧
‫ܥ‬௠௜௡ =
ܸோ ܴ݂

Para um ܸோ de 16% da tensão de saída (V୭୳୲ × 0.16) pode-se calcular o


capacitor utilizando ,observe que não depende de V୭୳୲ .
0,5 × V୭୳୲
‫ܥ‬௠௜௡,௥௘ௗ = = 47,35μF
0,16 × V୭୳୲ × 1,32 × 50.000

Para um ܸோ de 2% o capacitor seria:


0,5 × V୭୳୲
‫ܥ‬௠௜௡,௥௘ௗ = = 378,79μF
0,02 × V୭୳୲ × 1,32 × 50.000
Na prática é muito difícil conseguir atingir valores exatos para os
componentes, especialmente o indutor. Neste caso utilizam-se os valores mais
próximos encontrados comercialmente.
É de extrema importância a escolha deste capacitor, pois ele é
responsável pelo sobre sinal na corrente e tensão de saída. Um valor muito alto
na corrente, mesmo que por pouco tempo pode danificar o LED.
Outro ponto importante é que na fase em que a chave é aberta toda
energia armazenada no primário do transformador é transferida para o
secundário. Como inicialmente o capacitor está descarregado toda corrente
passa pelo capacitor. Dependendo da corrente utilizada no projeto pode ser
difícil encontrar um capacitor adequado. Neste caso podem-se utilizar vários
capacitores de alumínio ou tântalo em paralelo (BILLINGS, 1989).
O mosfet utilizado foi o IRF740 por suportar a tensão reversa na
abertura da chave que pode chagar a 380 v e também por ter boa resposta na
freqüência utilizada. O diodo utilizado deve ser de recuperação ultra-rápida, por
exemplo, o diodo de uso geral 1N5408. Os datasheets dos componentes dos

43
componentes utilizados se encontram no ANEXO III e IV. O Cálculo mais
detalhado do indutor e do núcleo utilizado pode ser encontrado no ANEXO V.

4.3.1. Simulação

De posse dos dados pode-se


pode simular o circuito
rcuito proposto utilizando
diferentes valores para os ciclos ativos e avaliar o funcionamento do conversor.
Para a simulação foi utilizado o software PSIM da Powersim. Na Figura
47 é mostrado o circuito utilizado na simulação.
simulação

Figura 47: Circuito do conversor simulado

É interessante ressaltar que mesmo que o LED tenha seu ânodo em


comum a corrente
rente não flui de um LED (cor) para outro. Isto ocorre porque eles
não estão na mesma referência.
Na Figura 48 é mostrada
mostrad as formas de onda das correntes e das tensões
tens
obtidas na saída do conversor.
conversor Nesta simulação utilizou-se
se um capacitor de
390µF
F para se obter um Ripple de tensão de apenas 2%. Em virtude disto há
um sobre-sinal
sinal que poderia danificar o LED.
44
Figura 48: Correntes e tensões no LED (Capacitor 390µF)

A seguir têm-se as formas de onde das correntes e tensões no LED


utilizando capacitores de 47µF para obter um Ripple de 16% (Figura 49).

Figura 49: Correntes e tensões no LED (Capacitor 47µF)]

45
Pode-se estimar a eficiência deste conversor simulado, estimando a
potência de entrada e compará-la com a soma da potência dos LEDs. Na
Figura 50 é mostrado a forma de onda da corrente média total na entrada dos
conversores.

Figura 50: Corrente média total na entrada do conversor

A corrente média se aproxima de 5,473mA. Como a tensão de entrada é


de 180V (CC), a corrente pode ser calculada por.

P = V୧୬ × I୧୬ = 180 × 0,05473 = 9,85W

Como a potência de cada cor é de 3W podemos estimar a eficiência por


P୭୳୲ 3 × 3W
η= = = 91,3%
P୧୬ 9,85W

Mesmo que se desprezem as perdas nos condutores, perdas no núcleo,


perdas por dispersão entre outras, o sistema ainda terá boa eficiência. Os
conversores flyback possuem eficiência típica de 80%.

46
5. Resultados experimentais

5.1. Alternativa de acionamento

Um acionamento de LEDs eficiente deve manter a tensão de saída


estável para que não haja esforços repetitivos no LED. Assim, eleva-se a vida
útil e melhora-se a qualidade da luz emitida. Convencionalmente a comparação
entre a tensão (ou corrente) de saída com um valor pré-definido fornece um
parâmetro de entrada ao circuito gerador de pulsos. Caso a tensão de saída
diminua o ciclo ativo deve aumentar a fim de compensar a queda de tensão,
deixando a tensão de saída o mais estável possível. (RASHID, 2007)
No presente trabalho deseja-se utilizar o conversor controlando a
corrente fornecida através do ciclo ativo. Deve-se alterar o brilho dos três LEDs
de forma independente e obter a mistura de cores.
Infelizmente, não foi possível construir em tempo hábil o protótipo do
conversor flyback. Neste caso utilizou-se a método de chaveamento utilizando
penas uma chave (Transistor). Este sistema é bastante utilizado na indústria,
pois esta modulação tem um fácil controle e apresenta linearidade entre ciclo
ativo e intensidade luminosa. Neste caso o brilho é diretamente proporcional à
tensão média do pulso aplicada sobre ele. A corrente deve ser limitada através
da polarização adequada de um transistor bipolar, evitando danos aos LEDs.
Para acionar o LED RGB desta forma foram utilizados transistores
bipolares de uso geral do tipo NPN (BD137) para drenar a corrente necessária
para os LEDs conforme mostrado na Figura 51.

Figura 51: Experimento com transistores para limitar a corrente

47
Neste circuito a corrente média nos LEDs é proporcional à razão cíclica
do sinal de tensão aplicada na base de cada transistor. A topologia utilizada é
funcional. Entretanto polarização do transistor só estaria correta para uma
tensão fixa. Neste experimento utilizou-se uma bateria de chumbo-ácido de 6V.
Para uma melhor eficiência uma fonte de tensão com tensões mais
próximas das tensões diretas dos LEDs seria mais adequada. Entretanto esse
nível de tensão não é encontrado em baterias comerciais. Deste modo, utilizou-
se a bateria disponível em laboratório que apresentava tensão mais próxima da
desejada.
Este sistema simplificado de acionamento possibilitou o desenvolvimento
dos algoritmos que seriam utilizados para controlar os três pulsos PWM
aplicados às chaves. Pois estes poderiam ser utilizados em qualquer sistema
de acionamento.

5.2. Arquitetura do sistema

O presente trabalho ainda apresenta uma maneira prática de um usuário


alterar as características do ambiente através de uma interface amigável. O
sistema pode ser adaptado para que esta interface esteja presente em
computadores pessoais, notebooks e celulares aumentando a portabilidade do
sistema.
O computador envia informações à um microprocessador que
realizaprocessa a tarefa requisitada pelo usuário. Para a CPU é necessário um
processador básico capaz de receber informações e gerar pulsos PWM.
Atualmente pode-se encontrar diversas soluções como microcontroladores,
DSPs, CLPs entre outros. Estes processadores são capazes de executar
comandos que foram previamente gravados em sua memória. Estes comandos
podem ser desenvolvidos utilizando linguagens de alto e médio nível como C,
Basic e Assembly. Cada fabricante possui uma vasta linha de produtos
capazes de atender a estas tarefas facilmente.
Neste experimento utilizou-se microcontroladores PIC da Microchip por
terem maior disponibilidade no mercado local. Por este mesmo motivo optou-se
inicialmente pelo modelo 16F877A. Este modelo possui periféricos
interessantes como USART e conversores Analógico/Digital internamente.

48
Entretanto possui apenas uma saída PWM. No entanto, é necessário três
saídas PWM para o controle individual das cores.
Foi desenvolvido um algoritmo que gera os pulsos PWM em saídas
comuns do microcontrolador. Na Figura 52 é mostrado um diagrama do
primeiro protótipo montado.

Figura 52: Primeiro sistema montado

Os pulsos gerados atingem uma freqüência de aproximadamente 120Hz.


Esta freqüência atende ao acionamento transistorizado, pois em virtude do
efeito da persistência visual não é possível ver o LED “piscar”. Entretanto para
acionar o conversor flyback não seria possível utilizá-la pois a frequência deve
atender às especificações do projeto do flyback.
Mesmo com um clock de 20MHZ (Máximo para o modelo) seria muito
difícil pro microcontrolador processar a informação recebida, realizar algumas
operações e ainda gerar pulsos na ordem de KHZ.
Neste caso têm-se duas opções. Uma delas seria utilizar três
microcontroladores menores com PWM embutido. Comunicando-se com a
central de processamento, eles seriam responsáveis por gerar o pulso em alta
freqüência para cada cor, fazendo o chaveamento da fonte conforme o
diagrama da Figura 53.

49
Figura 53: Diagrama do sistema com três sub controladores

A outra opção é utilizar um microcontrolador mais moderno que tenha


embutido três ou mais saídas PWM, incluindo um sistema de comunicação
mais moderno como o USB e até mesmo um controle remoto utilizando
módulos RF para fazer uma comunicação serial. O diagrama é mostrado na
Figura 54, em que se sugere empregar o PIC18F1330, a título de exemplo.

Figura 54: Diagrama do sistema mais moderno

A decisão entre um e outro deve ser feita utilizando critérios de custo-


benefício. Das estruturas mostradas, a última é mais adequada para uma
possível evolução no projeto.
5.2.1. Comunicação serial

A comunicação entre o PC e o microcontrolador foi feita utilizando a


interface serial RS232. Para fazer a conversão dos níveis de tensão e corrente
do RS232 para TTL é necessário o uso de um driver dedicado a esta função,
foi utilizado o circuito integrado da MAXIM, o MAX232 (PEREIRA, 2007).

50
Na Figura 55 é mostrado o diagrama de como é feita a ligação entre a
porta serial e o microcontrolador proposta pelo fabricante e implementada.

Figura 55: Módulo de comunicação serial

5.3. Aplicativo computacional

Através da porta serial, o microcontrolador recebe informações do


computador que ajustam o ciclo ativo e consequentemente o brilho. Para que o
usuário pudesse inserir os dados de forma mais prática foi criado um pequeno
software no Delphi 7® da Borland®.
Este software fará o controle de forma amigável com o usuário. Na
Figura 56 é mostrada a tela principal do software.

Figura 56: Tela principal do software de controle

51
Na tela principal existem três controles onde o usuário pode mudar o
valor de cada cor independentemente. Ainda há uma paleta para mudança
rápida das cores.
Também foi adicionado ao programa um botão que cria misturas
aleatórias de cor e outro botão que faz uma animação nas cores. No software,
à medida que se altera o valor dos “sliders” um pequeno quadrado simula cada
cor e um quadrado maior simula a mistura das três. A cor mostrada neste
quadrado deve ser a cor que teoricamente deveria ser obtida no LED.
Para controlar a porta serial do computador no Delphi é possível utilizar
componentes gratuitos encontrados na internet. O mais indicado é o
componente TComPORT criado por Dejan Crnila. O algoritmo foi desenvolvido
em C no compilador MikroC® da Mikroeletronica®. O algoritmo completo pode
ser visto no ANEXO VI.
O software envia as informações para o microcontrolador através de
uma palavra de comando (string). Esta palavra possui alguns caracteres que
identificam cada parte do comando. A Tabela 9 mostra como é formada esta
string.
Tabela 9: String de comando

Inicio Valor R Separador Valor G Separador Valor B Fim

$ 255 # 255 # 255 :

O microcontrolador recebe a string e faz o devido tratamento. O intervalo


de tempo entre cada envio deve respeitar a velocidade de envio (baud rate) e o
tempo que se gasta para fazer a conversão da string. Após isto, deve estar
pronto para receber uma nova string.
Foi utilizada uma taxa de envio de 9600 bits por segundo. A string tem
13 caracteres de 8 bits resultando em 104 bits. Esse número seria enviado em
pouco mais de 10ms, por segurança utilizou-se 30ms.

5.3.1. Algoritmo gerador de PWM

Como dito anteriormente, o modelo utilizado na primeira versão do


protótipo possui apenas uma saída PWM, foi necessário desenvolver três

52
pulsos independentes via software, utilizando temporizadores nativos do
microcontrolador.
Um temporizador ou timer pode ser configurado para gerar uma
interrupção em um período definido. A cada interrupção é feita a atualização
dos tempos ‫ݐ‬௢௡ e ‫ݐ‬௢௙௙ de cada saída. Paralelamente ao timer, o processamento
principal recebe e trata a string coletando os valores correspondentes a cada
cor, fazendo a conversão paro o ciclo ativo desejado. Na figura 57 é mostrado
um fluxograma de como funciona o algoritmo.

Figura 57: Fluxograma do algoritmo do software do microcontrolador

A central de processamento funciona com um clock de 20MHz (Período


de 50ns). Como a maioria das instruções precisam de 2 ciclos de clock para
serem efetuadas, cada instrução demora em média 100ns. Entretanto, os
timerss possuem limitações quanto à velocidade mesmo que o intervalo entre
cada instrução seja muito pequeno (PEREIRA, 2007).

53
Ao gerar a interrupção, são executadas algumas instruções de controle
(if, else) que atrasam ainda mais o processamento. Vários parâmetros foram
testados, chegou-se a uma freqüência de aproximadamente 80Hz para cada
saída gerada sem que houvesse falha no processamento.
Esta freqüência está bem abaixo do que se pode gerar utilizando as
saídas PWM embutidas dos microcontroladores, porém ainda está acima da
freqüência necessária para atender à persistência visual. Em outras palavras,
não é possível perceber que o LED pisca. O sistema de mistura de cor funciona
perfeitamente para a topologia descrita na Figura 51. Entretanto para a fonte
chaveada (flyback) a freqüência dos pulsos gerados pelo software não será
suficiente, o que torna evidente a necessidade da utilização de saídas PWM.

5.4. Ensaios

5.4.1. Módulo RGB de baixa potência

O protótipo para a CPU foi montado em uma protoboard para testar o


código desenvolvido e o módulo RGB, conforme Figura 58. O diagrama
esquemático do circuito completo pode ser visto no ANEXO VII.

Figura 58: Primeiro protótipo

54
Para fazer o teste de mistura das cores com este módulo foram
utilizados de LEDs RGB alto brilho, eles possuem menor custo e tem grande
variedade de formatos. Na Figura 59 é mostrado o formato do modelo utilizado.

Figura 59: Desenho do LED RGB utilizado

O referido modelo, por ter seu cátodo comum entre as três cores,
impossibilita que eles possam ser ligados em série. Ligar alguns LEDs em série
é uma prática mais adequada. Somando as tensões diretas de vários LEDs
precisaríamos de um nível de tensão mais alto para acioná-los economizando
na transformação entre níveis CC.
O módulo RGB com leds de alto brilho é composto de uma seqüência de
dez LEDs em paralelo conforme Figura 60. A mistura de cores é prejudicada
pela forma construtiva do led, pois os feixes de luz possuem baixo ângulo de
abertura e não são alinhados. Neste caso a mistura só ocorre em um ponto
onde as cores se interceptam. Este efeito é demonstrado na Figura 61.

Figura 60: Montagem da barra de LEDs

Uma forma de contornar este problema é lixar a ponta do LED,


deixando-a mais reta, bem como a lateral, deixando a resina mais opaca
conforme Figura 62.

55
No entanto, este procedimento afetará diretamente o fluxo luminoso
emitido. Na Figura 63 é mostrado o efeito desejado ao utilizar uma capa de
acrílico leitoso como acabamento para o conjunto.

Figura 61: LED sem tratamento Figura 62: LED lixado

Por não apresentar características luminosas muito elevadas, este


conjunto pode ser utilizado como iluminação decorativa residencial e também
comercial em fachadas e vitrines.

Figura 63: Acabamento mostrando o azul Figura 64: Acabamento mostrando o verde

5.4.2. Módulo RGB de alta potência

O segundo protótipo utilizou a mesma CPU do primeiro. Deseja-se


mostrar que o mesmo software pode ser utilizado para todas as configurações
de LEDs e potências. Na Figura 65 é mostrada a montagem do segundo
protótipo.

56
Figura 65: Segundo protótipo

Para melhor ilustrar na Figura 66 é mostrado o sistema em


funcionamento junto com o software.

Figura 66: Sistema RGB em funcionamento

57
O modelo utilizado nos testes possui potência mais alta. Cada cor possui
3W de potência e um excelente fluxo luminoso. Estes LEDs ainda possuem
custo elevado, mas oferecem grandes vantagens em relação ao anterior.
Devido à sua forma construtiva a mistura das cores é bem mais
homogênea, o que torna desnecessário outros meios de melhorar a mistura.
Os modelos de potência maior (acima de 1W) necessitam de dissipar o
calor interno para que a temperatura influencie menos na cromaticidade,
eficiência e na vida útil do LED (SÁ JR., ANTUNES e PERIN, 2007).
Alguns fabricantes já fornecem o dissipador. Entretanto, para o LED
utilizado, foi confeccionado um dissipador no próprio cobre da placa de circuito
impresso. Não foram realizados estudos sobre a influência desse dissipador
sobre a as características do LED. Na Figura 67 é apresentado o desenho
esquemático do modelo em questão. Na Figura 68 é mostrado uma foto do
LED montado sobre o dissipador confeccionado na placa de circuito impresso.

Figura 67: Desenho do LED RGB de potência com dissipador

58
Figura 68: LED com Dissipador

O problema na mistura das cores é bem menor neste modelo, conforme


mostrado na Figura 69. Não é necessário fazer nenhum tratamento. Pois o
ângulo de abertura do feixe luminoso é tão grande que a maior parte dos feixes
se interceptam.

Figura 69: Mistura do LED RGB de 3W

59
Na Figura 70 são mostradas as três cores básicas, confirmando a
capacidade do LED de reproduzir as cores básicas e também a mistura entre
elas.

Figura 70: Cores apresentadas pelo modelo a) Vermelho , b) Verde e c) Azul

Para a captação das formas de onda utilizou-se um osciloscópio de 4


canais Tectronix modelo TDS 2024B, os canais de 1, 2 e 3 foram conectados
aos Pinos de saída da PIC correspondentes as cores vermelho, verde e azul
respectivamente conforme mostrado na Figura 71.

Figura 71: Captura das formas de onda

As formas de onda capturadas serviram para comprovar o


funcionamento do sistema, foram captadas os sinais de diferentes

60
combinações de cores apenas para efeito de comparação conforme mostrado
nas figuras 72, 73, 74 e 75.

Figura 72: Tom azulado Figura 73: Tom esverdeado

Figura 74: Cor vermelha Figura 75: Cor verde

61
6. Conclusões
O presente trabalho contribuiu com os estudos sobre a utilização de
fontes chaveadas no acionamento de LEDs e aproveitar conceitos de
colorimetria para demonstrar um sistema prático e economicamente viável para
controlar a intensidade e a cor de um ambiente.
Acredita-se que este sistema é mais eficiente que sistemas similares
baseados em lâmpadas incandescentes.
Foram constatadas algumas dificuldades com utilização de LEDs com
catodo comum, assim como os de anodo comum. Isto impossibilita que se
possa ligá-los em série melhorando a eficiência do sistema. Além disto, a
configuração em paralelo exige cuidado pois a queima de um dos LEDs poderá
danificar todo o conjunto.
Para uma melhor proximidade com a realidade um projeto de fonte
chaveada mais criterioso deve considerar parâmetros como resistência do
enrolamento, queda de tensão nas chaves e perdas no núcleo.
Não foi possível fazer a análise econômica para a estrutura do sistema.
Entretanto, um dispositivo mais moderno estaria mais apto a receber
atualizações e melhorias, e possivelmente estarão em linha de produção do
fabricante por mais tempo.
Os resultados obtidos, principalmente, na obtenção de diferentes cores
foram muito satisfatórios. Sendo que utilizar um número maior de LEDs em
série aumenta a eficiência do sistema, pois a potência dissipada no resistor que
limita a corrente será insignificante se comparada a potência total dos LEDs.

Como proposta de trabalhos futuros, é possível citar:


• Calcular conversor flyback com parâmetros não ideais.
• Construir um conversor flyback de três saídas independentes.
• Integrar comunicação USB ao sistema.
• Adicionar novas funções ao software.
• Realizar testes com LEDs em série.
• Obter parâmetros fotométricos dos protótipos.
• Obter formas de onda das tensões e correntes do protótipo.

62
7. Bibliografia
AMBER, R. Cromoterapia. 16ª Edição. ed. São Paulo: Cultrix, 1983.

BILLINGS, K. H. Switchmode Power Supply handbook. New York: McGraw


Hill, 1989.

COATON, J. R.; MARSDEN, A. M. Lamps and Lighting. Oxford: Butterworth-


Heinemann, 1997.

COSTA, G. J. C. D. Iluminação Econômica. Porto Alegre: EDIPUCRS, 2006.

ERICKSON, R. W.; MAKSIMOVIC, D. Fundamentals of Power Electronics.


Nova York: Springer, 2001.

FARINA, M.; PEREZ, C.; BASTOS, D. Psicodinâmica das cores em


comunicação. 5ª Edição. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2006.

FITT, B.; THORNLEY, J. Lighting Technology. Oxford: Focal Press, 1997.

HELD, G. Introduction to Light Emitting Diode Technology and


Application. Boca Raton: CRC Press, 2009.

MOHAN, N. First course on Power Electronics. Minneapolis: MNPERE,


2003.

MOHAN, N.; UNDELAND, T. M.; ROBBINS, W. P. Power Electronics. Nova


Jersey: John Wiley & Sons Inc., 2003.

NATURESA, J. S. et al. Levantamento dos programas de eficiência energética


para sistemas motrizes na indústria e os principais resultados do PROCEL info.
ANAIS AGRENER GD, 2008.

PEREIRA, F. Microcontroladores PIC. São Paulo: Érica, 2007.

RASHID, M. H. Power Electronics Handbook. Oxford: Academic Press, 2007.

SÁ JR., E. M.; ANTUNES, F. L. M.; PERIN, A. J. LEDS PARA ILUMINAÇÂO:


CARACTERÍSTICAS E NORMAS. Anais do II Congresso Brasileiro de
Eficiência Energética, Vitória, 2007.

TRINITY. Archinteriors Vol. 10. Trinity 3D. Disponivel em:


<http://www.trinity3d.com/product.php?bestseller=Y&cat=276&productid=1120>
. Acesso em: 21 dez. 2009.

WIKIPEDIA. Eletromagnetic Spectrum. Wikipedia. Disponivel em:


<http://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/8/8a/Electromagnetic-
Spectrum.png>. Acesso em: 21 dez. 2009.

63
WIKIPEDIA. Escultura. Wikipedia. Disponivel em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/Escultura>. Acesso em: 21 dez. 2009.

WIKIPEDIA. Light Emitting Diode. Wikipedia. Disponivel em:


<http://en.wikipedia.org/wiki/Light-emitting_diode>. Acesso em: 21 dez. 2009.

WINDER, S. Power Supplies for LED Driving. Oxford: Newnes, 2008.

ZIMMERMANN, M. P. et al. Plano Nacional de Energia 2030 - Eficiência


Energética. Brasília, p. 372. 2007.

64

Você também pode gostar