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interpretao,
no
entanto,
me
parece
insuficiente
(quando
no
Este trnsito pode ser percebido esteticamente atravs de pequenos exerccios comparativos com obras de
arte representativas de um mesmo autor em cada uma das duas diferentes situaes. Deixo aqui algumas breves
sugestes, referentes a diferentes campos da cultura (e espero retomar o problema no futuro):de Tom Z,
escutar a msica Parque Industrial (disco: Tropiclia, 1968) seguida pela Todos os olhos (disco: Todos
os olhos, 1973).
b) de Jos Carlos Capinam, ler o poema Inquisitorial (publicado pela primeira vez no livro de mesmo nome, no
emblemtico ano de 1964) seguido por Anima (presente na coletnea 26 poetas hoje, organizada por
Helosa Buarque de Holanda e publicada em 1975).
c) de Arnaldo Jabor, assistir ao filme O circo (de 1965) seguido por Eu te amo (de 1981).
no campo das artes, e por isso nos exemplos abaixo, em nota de rodap, me
ative a este campo. Apesar disso, me parece que mesmo as transformaes no
campo das cincias humanas tambm tm relao com o problema que estou
discutindo aqui. Vale, no futuro, desenvolver as manifestaes concretas deste
desenvolvimento desigual.
A linha de diferenciao fundamental , em termos muito gerais,
apresentada a seguir. Enquanto uma obra de arte de contestao parte dos
problemas da mulher e do homem concretos, tomados em determinado
momento e espao, figurando situaes que tm certa dimenso moral que
exige soluo (que pode ser apresentada ou no na obra), ligando o
sentimento esttico no receptor da obra ao enriquecimento de sua capacidade
de autoconscincia (que est, tambm, relacionada a formas de agir, de se pr
no mundo), na obra de constatao apenas de constata um estado interior
tomado em abstrato que est no artista, que pode tambm estar no receptor
da obra, ou que pode estar num homem qualquer de uma era qualquer, j que
se rompem as mediaes que levam concretizao histrica do tema da obra
e se considera a tarefa completa.
Isto teve consequncias: a principal que, sob a capa da novidade, se
reatualizou no Brasil velha tendncia apontada por Carlos Nelson Coutinho, j
nos anos 70, como tnica de nossa vida cultural: a tendncia ao intimismo
sombra do poder. Mas este o tema da prxima coluna, a IV desta sequncia
que tenta mostrar um pouco como o golpe marcou e marca o conjunto de
nossa vida intelectual at hoje.
(continua na prxima coluna...)