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Estados e municípios deverão divulgar receitas e

despesas a partir de quinta-feira


Publicado terça-feira, 25 maio, 2010 - 11:00 por marihaubert

A partir desta quinta-feira (27.mai.2010), a União, os estados, o Distrito Federal e os


272 municípios brasileiros com mais de 100 mil habitantes terão que iniciar a
divulgação das suas receitas e despesas na internet, de forma online e detalhada. A
exigência foi criada pela Lei da Transparência (Lei Complementar 131/09), que
modificou a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF). Brasília não entra na lista dos
municípios porque suas obrigações são assumidas pelo governo distrital.

Para especialistas e políticos, a obrigação poderá ter efeitos imediatos no combate à


corrupção e na disputa em torno do Executivo, principalmente nos estados e municípios.
“Os orçamentos no País ainda são em grande medida uma „caixa-preta‟. Nos estados e
municípios, de forma geral, a sociedade não tem controle sobre a arrecadação e os
gastos. Além disso, os tribunais de contas costumam agir com muito atraso”, avalia o
especialista em orçamento Caio Mendes.

Há nove anos prestando assessoria a municípios na implantação da LRF, Mendes


acredita que o maior impacto da Lei da Transparência será o controle sobre os gastos.
Segundo a norma, os estados e municípios terão que divulgar dados pormenorizados das
despesas, como o órgão responsável pelo gasto, a pessoa física ou jurídica beneficiada,
o serviço prestado, os contratos e, no caso de licitações, a descrição do procedimento
realizado.

Pelo lado da arrecadação, os governos terão que informar o lançamento e o recebimento


de todas as receitas, ordinárias e extraordinárias.

Controle eletrônico - Tamanha pormenorização, segundo o especialista, ampliará os


mecanismos de controle sobre a execução orçamentária. A mesma avaliação é feita por
deputados. Para Beto Albuquerque (PSB-RS), relator na Comissão de Finanças e
Tributação do projeto que originou a norma, a lei coloca o Brasil em dia com as
melhoras práticas de transparência orçamentária.

Segundo Albuquerque, a tendência é que a lei incentive o surgimento de sites e blogs na


internet especializados em dissecar as contas públicas e informar à população. “É um
movimento sem volta”. Líder do PSB, Rodrigo Rollemberg (DF) considera que a lei
rapidamente será transformada em “ferramenta fundamental e indispensável para o
controle da corrupção”.

Rollemberg lembra que o projeto que originou a Lei da Transparência tramitou em


regime de urgência no ano passado na Câmara, a pedido dos líderes partidários. O texto
original é de autoria do ex-senador João Capiberibe. Por esse motivo, a lei também é
chamada de Lei Capiberibe.

A Lei de Transparência (Lei Complementar 131/09) foi sancionada em 27 de maio do


ano passado e começa a valer no fim de maio de 2010. Os prazos para as administrações
se adequarem à nova lei são os seguintes:
n 1 ano para a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios com mais de 100
mil habitantes. São, ao todo, 272 cidades nesta primeira fase;

n 2 anos para os municípios que tenham entre 50 mil e 100 mil habitantes. Segundo o
IBGE serão 317 municípios nesta etapa;

n 4 anos para os municípios que tenham até 50 mil habitantes. Pelos dados do IBGE,
4.975 cidades farão parte dessa fase.

Descumprimento bloqueia transferências voluntárias da União

De acordo com a Lei da Transparência, quem não cumprir as exigências poderá perder
as transferências voluntárias da União, que representam parte substancial dos recursos
para investimento em estados e municípios, oriundos em grande parte de emendas
parlamentares. Em 2009, essas transferências somaram R$ 8,7 bilhões (sem contar os
restos a pagar), dos quais R$ 3,5 bilhões para os estados e R$ 5,2 bilhões para as
prefeituras. Desde 2006, o valor global das transferências subiu 19% em termos
nominais, um crescimento de quase 6% ao ano.

As transferências têm um peso maior nos estados do Norte e Nordeste, e menor no


Sudeste. Nos dois primeiros, segundo a Secretaria do Tesouro Nacional, os repasses
voluntários chegaram, em 2009, a R$ 66,37 e R$ 67,67 per capita, respectivamente. No
Sudeste, eles somaram R$ 26,38 por pessoa.

Apesar da importância da lei e das consequências do seu descumprimento, nenhuma


entidade municipalista procurada pelo Jornal da Câmara havia feito o levantamento, até
a semana passada, de quantos municípios se prepararam para a divulgação do
orçamento. A lei estabeleceu uma gradação para os entes divulgarem os dados. Em
maio de 2011, será a vez dos municípios que tenham entre 50 mil e 100 mil habitantes,
um universo de 317 cidades. Em 2013, será a vez do municípios que tenham até 50 mil
habitantes (4.975 cidades).

Fonte: Câmara dos Deputados

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