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ROMPENDO COM OS PENSAMENTOS

DE ESTIMAÇÃO

- Conte-me tudo, – disse Nina enquanto


servia o prato de Tito. A moça adorava ver o
jovem policial sentado à sua mesa e
reservava-lhe a cabeceira como que num
agradecimento inconsciente pela sua
presença. Gostava de vê-lo em sua casa,
talvez acusando um certo desgaste em sua
solidão; começava a criar certas expectativas
secretas, embora não quisesse alimenta-las
muito, de dividir sua vida com a do rapaz.
Estava realmente sentindo algo mais forte,
embora relutasse em aceitar um sentimento
que pudesse não ser correspondido, pois Tito
parecia um mutante, e ela não tinha a mínima
idéia de como iria terminar a pintura desse
quadro. Por isso agora sondava: - Conte-me,
você parece bem disposto, nem parece aquele
rabugento que esnobou minha comida outra
noite; para quem estava tão mal, sua melhora
é espantosa.

- Hummm... esta carne está deliciosa! – disse


o policial mastigando um pedaço da carne de
panela que a garota servira. – Nunca pensei
que gostasse tanto de carne! Acho que estou
me transformando num predador!
- Devo me preocupar? – brincou a garota.

- Deve. – Tito olhava para Nina com veneno


nos olhos, e esta sentia a força instintiva
daquele predador, que a deixava nua com os
olhos; não porque estes percorressem
indiscretos pelo seu corpo; não, ela recebia a
acuidade daqueles olhos diretamente nos
seus. Aquilo a excitou de tal maneira que
sentiu sua calcinha molhar. Sempre fora
sensível a este tipo de abordagem silenciosa,
achava mesmo, que às vezes as palavras até
atrapalhavam os momentos mais sedutores.
Porém, avaliou que se escancarasse um sinal
verde naquele momento poderia estar fazendo
o jogo de seu convidado; estava morta de
vontade, mas queria espreitar mais as
atividades secretas de Tito, e este, poderia
estar se esquivando de lhe dar maiores
detalhes. O sexo naquele instante seria a
melhor das desculpas para não falar sobre o
assunto. Nina então se desvencilhou daquela
teia invisível, como uma pequena mosca que
consegue livrar-se no último instante, de uma
aranha faminta.

- Vamos, não faça onda! – insistiu a garota -


Por onde andaram esses olhos! Em que
lugares assustadores eles passaram? Que
demônio lhes roubou a doçura?

- Ora, talvez nenhum demônio tenha lhes


roubado a doçura, quem sabe estes olhos
tenham encontrado finalmente seu verdadeiro
rosto! Por que, minha querida, uma mudança
tem de ser necessariamente para pior? Não
lhe passa pela cabeça de que posso estar
encontrando minha verdadeira fisionomia?
Ou quem sabe você não está gostando porque
não me deixo delinear; sim, as pessoas
detestam o que não tem contorno, detestam o
que não se pode mensurar. Eu sou seu
queridinho na medida em que uma nuance de
minha personalidade lhe pode ser dócil, estou
errado? Mas nunca assumi o compromisso de
permanecer o mesmo, vou mais longe, estou
descobrindo a delícia de andar, como um
bebezinho! Você tem me olhado de maneira
estranha, tenho notado, estou diferente aos
seus olhos, não é? Pode ser, não posso fazer
nada, adoro você, mas preciso continuar
andando. Se quiser vir comigo, terá de ter em
mente que aquele Tito que você conheceu,
morreu. Sou um homem renascido, não sei se
sou melhor ou pior aos olhos alheios, sei que
estou forte e feliz!
- Não sei o que dizer Tito, - a garota o olhava
com ar de indisfarçável preocupação – o que
sei, é que eu adorava aquele que conheci.
Diga-me com toda a sinceridade... como você
pode saber que aquele homem não é o
verdadeiro Tito? De onde você tira essa
certeza? Você pode muito bem estar
hipnotizado por idéias que não são suas, pode
estar construindo uma escada no ar e o tombo
pode ser grande, meu querido novato.

- He,he... escada no ar? Não querida, nada de


escadas... sinto pela primeira vez meus pés
bem plantados no chão. Não seriam escadas
no ar, algumas crenças que nos fizeram
engolir? Aquele novato que você conheceu
não conhecia a si mesmo; me dei conta de
que meu ser havia sido confinado em um
pequeno espaço de mim; justamente o pedaço
que se prestava ao controle, mas sou muito
maior, infinitamente maior. Não fique triste, é
que me sinto como um pássaro que descobriu
para que servem as asas, acho que é difícil de
explicar.

- Bem, e essas asas vão lhe levar aonde?


- A qualquer lugar, quero é voar! Você não
gostaria? Porra, Nina, não acredito que você
seja tão conformista!

- Talvez porque eu não reclame tanto da


minha situação; aliás, você também não
reclamava. Vivo no mundo real, e gostaria de
continuar nele...

- Você não reclama! – interrompeu Tito –


meu amor, como um pássaro criado em uma
gaiola pode reclamar seu vôo? Como um leão
criado em um circo pode reclamar pela
savana? Como uma pessoa criada entre as
paredes do ‘real’, com seus pensamentos de
estimação, pode ter noção do poder infinito
da liberdade de sua individualidade? Se você
nunca passou por essa experiência, como
pode julgar os que tiveram essa aventura
libertadora? Mas o que é o real, Nina? Porra,
mulher! O real é uma série de injunções que
nos levam a caminhar sempre na mesma
direção, talvez uma confortável caminhada
pelas coisas já decididas, já pensadas, já
testadas; o real é a estrada repisada do
cotidiano. É confortável, mas não tem vida!
Quando alguém decide andar com seus pés
descalços por caminhos novos, acontece isso,
pessoas conformistas como você não
entendem absolutamente nada! Diga-me, com
toda sua sinceridade, alguém, seja quem for,
tem realmente o direito de dar conselhos
quando outra pessoa lhe diz que está feliz?
Falar de escadas no ar? Ah, sim, sim, você
poderá dizer: ‘é que gosto de você e não
quero vê-lo sofrer amanhã’. Mas aí eu lhe
pergunto: por que tipo de estabilidade
emocional eu deveria sacrificar minha alegria
de hoje? Em que altar eu deveria oferecer em
oferenda a minha individualidade? Este
sacrifício agradaria a que deuses? Com
certeza nenhum deus pagão! Não meu amor,
não consigo enxergar que vantagem eu
poderia ter, abrindo mão de mim.

- Incrível não é? – retrucou Nina um pouco


irritada – você viveu quase trinta anos sem
perceber tudo isso! Agora, assim, num estalar
de dedos, surge o super Tito! Homem
valente! Com uma visão única do mundo,
quase um filósofo eu diria...
caramba, véio! Nunca vi ninguém mudar tão
rápido! Sim, querido, vivemos no mundo real,
o que fazer? Você vai fazer a revolução de
um homem só? Vai ser um out-sider de agora
em diante? Diga-me? – Tito sorria com um
sorriso sarcástico. Ela percebeu de que antes
o rapaz se irritaria com aquilo, porém, aquela
segurança de Tito agora chegava a assustá-la.
Ele então respondeu com voz serena:

- Minha flor, quero apenas espiar por detrás


da mascara diária, e que esta seja o que o
mundo mereça de mim. Não odeio o mundo
Nina, pelo contrário, vejo hoje que só
podemos amar verdadeiramente algo se
‘transbordarmos’ para fora de nós mesmos,
pois não podemos dar o que não temos.
Quantas pessoas se matam em seus
relacionamentos pelo simples fato de não
encontrarem em si nada para dar e sendo
assim, só querem tomar, tomar e tomar; até
mesmo a vida do objeto amado se for o caso,
para em seguida legitimar sua fraqueza em
relação ao outro, suicidando-se? Puxa, na
policia cansamos de ver isso! Pois é, a
fraqueza existencial prejudica até os
relacionamentos amorosos, querida. De
minha parte, só quero transformar minha vida
numa grande aventura, só isso. O que
acontecia é que eu não via, mas agora vejo.
Quase me deixei levar por essa onda invisível
e sem graça das coisas criadas, mas agora
preciso criar, é chegada a hora, criar a mim
mesmo! Talvez esta seja a aventura mais
excitante e fantástica que um ser humano
pode realizar. Um brinde! – Tito ergueu a
taça de vinho e brindou com uma Nina meio
contrariada. – Ah... que delicia de vinho! –
prosseguiu – temos de estar em nosso próprio
tamanho, seja para amar, seja para matar, seja
para cometer qualquer crime. Hoje entendo
aquela indignação de Epaminondas com
aquele sujeito, o Irineu, lembra? Pois é. É
patético não assumir os próprios atos, pior
ainda é incriminar a outros, isso tudo é coisa
de covardes, de seres que se arrastam pela
vida, vermes da existência. Isso porque não
estão à altura do ato, mesmo de um ato
criminoso.

- Estava demorando! – disse a garota, agora


ela, com um sorriso sarcástico – Você até
então não havia falado no seu grande amor,
Epaminondas. Este, enfim, o mentor de tudo!
Diga-se de passagem, que lhe convidei para
vir jantar e contar suas aventuras, mas sua
veia filosófica explodiu antes disso; tudo
bem, mas que o negrão tinha de estar por trás
eu não tinha dúvidas.

- Se você quer me ofender, insinuando de que


eu não posso ter minhas próprias idéias, lhe
informo: não vai conseguir. Já não me deixo
atingir tão facilmente, e pode ter certeza,
gosto profundamente de Epaminondas; com
ele aprendi a ver o que uma vida inteira não
conseguiu me mostrar: o meu retrato. Por
muito pouco não fico confinado naquilo que
eu era! Ufa! Foi por pouco. Nos
acostumamos a olhar-nos em espelhos
distorcidos, espelhos sóbrios, diria o negrão,
ele apenas me mostrou que eu não havia
nascido, só isso!

- Diga-me, você vai começar a beber


adoidado também?

- Há,há,há... – Tito desabou em incontrolável


gargalhada, e ao se recompor, prosseguiu –
Ai... você me mata meu amor... não, não
necessariamente, Epaminondas não ensina
doutrinas, pelo contrário, tem nojo disso. Diz
que ensinar doutrina é coisa de picareta! Ele
afirma que devemos seguir nossos próprios
instintos, devemos crescer por conta própria,
este é o único crescimento que pode nos dar
consistência, tamanho e poder! Aqueles
instintos que brotam de nossas fontes mais
negras. Ele não quer que ninguém se pareça
com ele, mas espera que cada um se pareça
consigo mesmo. Ele diz, com razão ao meu
ver, que os sóbrios livram-se de seus
demônios como coisa ruim, algo a ser evitado
a todo custo porque ali repousa toda a fonte
de poder! E os picaretas precisam seres
débeis aos quais possam governar. Analise,
Nina, como você pode refutar isso? Como
você pode duvidar de que sempre fomos
doutrinados a nos ajoelharmos diante de
nossas dificuldades e catástrofes pessoais, ao
invés de incorpora-las e transformá-las em
motivo de crescimento, em fonte de poder?
Nossos demônios são nossos melhores
amigos, mas os sóbrios são cegos para esta
incrível força. Hoje eu vejo com clareza por
que todos sempre reclamam das dores do
peso da existência; reclamam porque andam
de joelhos! Como não poderiam reclamar da
dor? Sim, os vejo aproximando-se em
multidões de ajoelhados com seus joelhos
esfolados e sangrentos e suas mãos esticadas
na minha direção. Vejo seus rostos doloridos
e olhos chorosos em sua infinita piedade: -
Venha querido, ajoelhe-se e ande conosco,
todos juntos, assim nos consolaremos destas
dores. Você não as sentirá tão gravemente
porque nós lhe daremos o conforto dos
consolos, todos os consolos do mundo, deste
e do outro, o verdadeiro. – eu então lhes diria
que não ando de joelhos, que gosto de andar
de pé, que aprendi a correr e dançar; mais que
isto, lhes diria que não gosto dos que andam
de joelhos e que não quero fazer parte desta
multidão de pedintes rastejantes. Eles então
diriam: - Blasfemo! Herege! Você
tem parte com o diabo! Onde já se viu?
Andar de pé? Acaso você quer ser o
diferente? Não somos bons o suficiente para
você? Seus joelhos por acaso não foram
feitos para esfolarem-se no contato com o
chão? Que ardam no inferno os que andam
de pé! Eu daria minha melhor gargalhada, e
todos então evocariam seus símbolos-
consolo e diriam em uníssono – É o diabo! É
o diabo! Uma incrível emoção e felicidade
tomariam conta de mim e eu diria à multidão:
- Sim! Sou eu mesmo! O diabo! Sumam
daqui com essa pieguice do caralho! E seus
joelhos sangrentos! Levem também seus
olhares desbotados! Vocês são capazes de
arrebentar o saco de qualquer um que tenha
neurônios um pouco mais valentes e alegres!
– Nina escutara uma boa parte do que Tito lhe
dissera com o garfo suspenso e a boca aberta,
como que hipnotizada. Enfim, botou na boca
o pequeno pedaço de carne e perdeu seu olhar
em algum lugar da sala enquanto mastigava.
Tito aproveitou a pausa para comer, também.

- De onde – começou Nina, sem tirar os olhos


do nada – de onde você tirou toda essa
eloqüência? Você não era muito afeito a
discursos. Agora, para justificar seu ponto de
vista, parece o pregador do diabo. – o policial
limpou a boca com o guardanapo e tomou um
gole de vinho.

- Não é incrível? – respondeu – eu tinha esta


bagagem guardada em algum lugar bem
escuro. Porém, nunca soube encontrá-la,
aliás, nunca me preocupei em encontrá-la.
Por que será que certas coisas são melhores
esquecidas no escuro? Acho que para
acreditarmos que não as possuímos. Creio
que tenho muitas palavras amordaçadas com
as cordas do esquecimento, jazendo no
Hades, diria Epaminondas. O que boto para
fora agora não foi inventado de uma hora
para outra, acredite, eu não teria criatividade
para tanto; não são palavras vazias, o que
digo sempre foi varrido inconscientemente
para trás da minha garganta, hoje descubro
que não sou o molusco mudo de ontem; não,
estou feliz por ter algo a dizer. Sinto que esta
minha condição de mudo existencial vai
descongelando lentamente; bem, se isso lhe
desagrada, paciência, agora já não posso
parar esta locomotiva sem trilhos que inicia
sua viagem. Gostaria realmente que você
conseguisse enxergar tudo isso. – Tito
colocou sua mão sobre a de Nina – Gosto de
você, Nina, gostaria apenas que abrisse seus
olhos, mas se não for possível, tudo bem,
gosto assim mesmo, mas é preciso que
entenda, quando vi Epaminondas pela
primeira vez senti que meu destino estava
selado! Você mesma estranhou minha
fascinação pelo negrão, hoje sei porque. Sei
tambémpor que todos aqueles policiais
adoram os resultados de suas deduções,
porém, não vão adiante nesse grande enigma
chamado Epaminondas. Eu não, aquela
embriaguez tocou a minha, e eu nem pensei
que tivesse algo em mim que se prestasse à
embriaguez. Foi irresistível, amor à primeira
vista!Instintos mais fortes de que meu lado
óbvio falaram mais alto; hoje percebo porque
não poderia passar sem conhecê-lo de perto.
Foi a melhor coisa que aconteceu na minha
vida, porque eu descobri que tinha uma! Os
sóbrios se cagam de medo dele porque não
têm a mínima condição de escutarem as
nuances de sua canção muda, que é realmente
muito sutil, mas eu me senti arrebatado por
aquele chamado invisível. Não, Nina, não há
nada em mim que já não estivesse comigo;
esse à sua frente é o verdadeiro Tito, pode ter
certeza. – apertou a mão da garota – olhe nos
meus olhos e me diga que não gosta de mim,
vamos coragem meu amor. Diga que este
homem ressuscitado que você vê não é o
garotinho ingênuo de que gosta. Diga-me
para ir embora para nunca mais voltar, porque
tenho parte com o diabo. Diga qualquer
coisa...

- Nina correspondeu ao aperto, e suas mãos


seguram-se firmes – os olhos de ambos
ficaram paralisados em uma mútua leitura
muda, como se um quisesse encontrar no
outro algum vestígio da antiga cumplicidade,
legitimando assim o seguimento natural
daquelas vontades explosivas e a muito custo
represadas. A animosidade amena do debate
cedeu rápido ante aos instintos de fogo que
jogavam agora aquelas bocas secas de tesão
ao encontro uma da outra, legitimadas pela
cegueira da paixão. Agarraram-se com uma
sofreguidão que denunciava uma fome gerada
por contatos adiados e toques que há muito
aguardavam por instintos poderosos e
imorais. Roupas eram atiradas ao chão
tratadas como inimigas mortais de uma nudez
urgente e açodada. Tito então pegou Nina já
nua, sentando-a na mesa do jantar e ergueu
suas coxas, em seguida ajoelhou-se e enfiou a
cara entre elas; Nina sentiu a língua quente e
úmida do rapaz brincar com habilidade em
seu clitóris; sentia também as estocadas desta
invasora no interior de sua caverna
encharcada. Agarrou os cabelos de Tito com
suas mãos trêmulas de tesão, e em gestos
cegos por instintos da mais pura lascívia,
tentava inconscientemente botar a cabeça do
amante para dentro de sua boceta inchada e
insaciável. Tito se masturbava enquanto Nina
oferecia à sua língua o mel daquele frenesi
incontrolável, gemendo e emitindo gritos
intermitentes que excitavam mais a libido
explosiva do policial. Tito levantou-se e
agarrou com força as coxas de Nina,
resvalando sua pica, dura como aço, para
dentro daquela xoxota empapada, fazendo a
garota estremecer; ela então se deixou cair de
costas naquela mesa que até a pouco, era
apenas uma coadjuvante bem comportada de
um inofensivo jantar. Tito, num gesto brusco,
puxou-a da mesa deixando-a de pé, virou-a
com alguma violência, e curvando-a sobre o
prato principal, a carne de panela, fez com
que seus peitos fossem encontrar o conforto
quente daquele molho preparado com tanto
esmero. Nina sentiu a excitação daquele
calor em seus seios lambuzados. De repente
sentiu a dureza do pau de Tito em seu cu, que
estava escancarado para o rapaz. Ela agora
percebia o porquê da manobra brusca.
Protestou:
- Na bunda não! – mas Tito não ligou para
seu apelo e seguiu seu intento, agora com
mais força. – Não, aí não, Tito, não gosto!
Pára! – mas seus protestos pareciam
enlouquecer mais ainda o violador. Nina
resolveu dar um fim naquilo e tentou
desvencilhar-se, foi quando sentiu em sua
nuca o toque frio do aço da pistola do
agressor e o toque frio do aço de sua voz:

- Quieta! Juro que te mato! Vou até o fim,


não agüento mais de tesão, se tentar escapar
eu atiro! – Nina sentiu seu mundo
desmoronar em um segundo; seu amado lhe
violentava de maneira covarde, o cano da
arma machucava seu pescoço, o pau de Tito
lhe machucava o ânus, e o acontecimento
machucava uma paixão que se despedaçava a
olhos vistos. A mulher agüentava a dores
todas geradas pelo ato, com lágrimas nos
olhos e uma crescente raiva, que, esperava
ela, logo se transformasse em ódio! Tito
bufava e urrava de tesão! – Meu amor,
que tesão! Meu amor, que tesão! – dizia
enquanto se acabava alucinadamente,
babando-se e revirando os olhos. Nina
agüentou tudo sem gritar. Estava humilhada e
envergonhada, Tito agora era um total
estranho em sua casa. Conseguiu raciocinar
de que deveria manter seu controle, não
poderia desabar agora, porém não conseguia
virar-se para o homem; foi quando este a
virou delicadamente e a olhou nos olhos,
estava banhado em suor. Puxou-a para si e
beijou-a apaixonadamente, mas não foi
correspondido em nada, Nina parecia um
cadáver, ele então disse: - Acho que me
apaixonei por você. – Nina franziu o cenho e
manteve os olhos cravados nos olhos
amistosos de Tito. Ato contínuo desferiu uma
bofetada no rosto do rapaz.

– Saia – disse. O policial leu o ódio


estampado naqueles olhos lacrimejantes,
porém, preferiu tentar explicar.

- Nina, escute com atenção. Eu sempre quis


realizar esta fantasia de estupro. Foi
maravilhoso! Eu nunca havia feito isto antes!
Você é maravilhosa, nunca senti tanto tesão;
sim, eu sabia dos riscos que eu correria, e o
pior de todos: perder você. Mas tinha que
fazer.

- Tinha que fazer? – disse Nina enquanto


apanhava sua arma. Tirou-a do coldre,
postou-se à frente de Tito e num gesto
enérgico apontou a pistola para o rosto do
rapaz. – Acho que também tenho de fazer
uma coisa, seu filho da puta! Dar um tiro
nessa sua cara safada! – o policial olhava para
a garota com seu recém adquirido ar de
sarcasmo. Isto a irritou a ponto de desferir um
soco com potência suficiente para que ele
caísse deitado no sofá. Nina em seguida foi
para cima do amante mantendo a arma
apontada para sua cabeça e desavisadamente,
no furor de sua raiva, sentou com a boceta
colada no pau de Tito, então um frêmito de
calor subiu pelo seu corpo. O rapaz tinha
sangue correndo pelo canto da boca, mas não
tirava o ar zombeteiro de seu semblante, mais
que isso, agora agarrava com força as coxas
da policial; ele então sentiu, na umidade
repentina daquela boceta, o aviso involuntário
do tesão súbito da garota. A raiva aos poucos
desaparecia do rosto de Nina, e um olhar
entre lascivo e desesperado assumia o
controle daquela arma apontada para os
miolos da vítima. O pau de Tito começou a
crescer enquanto seus olhares travavam uma
batalha de vida e morte; então, um tesão
nunca sentido assumiu o corpo nu da moça e
ela já não mais conseguindo mentir para si
mesma, enfiou o pau do agredido em sua
boceta, enquanto com a outra mão, mantinha
a pistola apontada para sua cabeça. Começou
a cavalgar alucinadamente aquela ereção
descomunal e atemporal que havia despertado
no indefeso. Tito viu os olhos da garota
abandonar suas órbitas enquanto uma baba
desabava timidamente pelo canto da boca;
aproveitou aquele desvario alucinado para
retirar delicadamente a arma da mão de Nina,
que não percebeu nada, continuando
apontando sua mão vazia como se segurasse
uma pistola invisível. Tito então se sentou,
enfiado entre as pernas da amante que agora
gritava: - Bandido filho da puta! Bandido
filho da puta! Vou gozar! Vou gozar! – ele a
abraçou forte, enquanto Nina, histérica, o
agarrava pelos cabelos e beijava com
sofreguidão, espalhando sangue por ambos os
rostos suados. Os dois gozaram
freneticamente e depois permaneceram
abraçados, enquanto Nina tinha uma crise de
choro. Tito removeu a moça com carinho e
sem dizer palavra, vestiu-se. Abriu a porta
para sair, mas antes de partir olhou pra a
garota, encolhida no sofá, com os olhos
vermelhos de choro pousados no nada e o
rosto lambuzado de sangue. Nem ligou para o
fato de sair com seu rosto também
ensangüentado, apenas disse: - Cínica. – e se
foi.

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