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Cobranças
O serviço de cobrança é outra atividade bancária importante: o banco recebe o título dos
clientes, e, agindo como seu mandatário, vai atrás dos devedores, cobrando deles a quantia devida ---
recebendo o banco, uma comissão.
Anota o Prof. FRAN MARTINS que "Em tais casos, os bancos agem como meros mandatários
dos proprietários dos títulos, cobrando pelos serviços executados uma comissão" (sic, em "Contrato e
Obrigações Comerciais", 7a ed.Forense/1984, pg. 516).
Atenção: A cobrança será sempre de títulos, ou seja, notas promissórias, letras de câmbio, e,
mais comumente, de duplicatas.
Nas operações de cobrança, o credor do título de crédito entrega-o ao Banco, lançando no
dorso do título sua assinatura e deixando expresso que se tal assinatura é "Para cobrança", isso para
não confundir com o endosso.
Assim deve ser, porque no endosso haveria transferência de propriedade do título de crédito,
ou seja, se uma duplicata é endossada para o Banco, o Banco é que passa a ser o novo credor
daquele devedor da duplicata.
Mas se a assinatura no dorso do título é vinculada, expressamente, à autorização para mera
cobrança, então o Banco não passará de um simples mandatário, ou seja, apenas terá poderes para
cobrar o título em nome do verdadeiro credor, que continua sendo o cliente, que lhe entregou o título.
Descontos
O desconto é uma operação ativa dos bancos, um verdadeiro contrato, pelo qual o banco
entrega dinheiro a uma pessoa, que entrega ao banco títulos de crédito.
O desconto de título não se confunde com o empréstimo, porque neste o banco exigiria do
mutuário um título de crédito emitido pelo mutuário, mas no desconto os títulos de crédito, que são
transferidos para o banco, são emitidos por terceiras pessoas.
Simplificando, na operação de desconto o cliente é credor de um título de crédito e pede ao
Banco que adquira aquele título; o banco compra aquele título, dá o dinheiro ao cliente, e depois o
cobrará do devedor. Naturalmente, o banco cobra do cliente juros, para lhe adiantar o dinheiro do
título, e os cobra antecipadamente.
Que garantias terá o banco??? O banco obriga o cliente (que se chama descontário) a
endossar o título, e, assim, se o devedor não pagar, o banco cobrará do cliente/endossante.
Essa operação é comuníssima na indústria e no comércio, particularmente com duplicatas,
que são lastreadas pela venda-e-compra de mercadorias: as empresas precisam do dinheiro para seu
capital de giro, e levam ao banco um borderô de duplicatas para desconto, obtendo o dinheiro
antecipadamente, cabendo ao banco cobrar do comprador/devedor, futuramente (no vencimento).
E os credores/vendedores quase não sofrem prejuízo, pois os juros que pagarão aos bancos,
eles já lançaram no preço final da mercadoria vendida a prazo (também é por isso que as vendas
faturadas a prazo são mais caras, e as de pagamento a vista, são mais baratas).
Empréstimos
Os empréstimos são operações ativas, porque os Bancos figuram como credores: o Banco
entrega dinheiro a alguém, que lhe devolverá aquela quantia num prazo determinado no contrato.
Naturalmente, o Banco cobrará juros, que serão o seu lucro na operação.
O empréstimo é uma operação bancária baseada, principalmente, na confiança que o Banco
tem no cliente.
Essa confiança é apurada num cadastro que o Banco tem do cliente, onde consta o patrimônio
deste, sua renda mensal/anual e sua capacidade de pagar as prestações do empréstimo, capital e
juros. E, ainda assim, os Bancos costumam exigir ou um avalista, para garantir o pagamento da nota
promissória, que o cliente emite, ou até mesmo uma garantia real (penhor ou hipoteca).
O empréstimo pode ser a longo ou a curto prazo (os mais comuns). São considerados
empréstimos a longo prazo aqueles com vencimento para mais de 120 dias, e, naturalmente, se o
vencimento é para prazo inferior, teremos o empréstimo a curto prazo.
O empréstimo bancário é o próprio mútuo, disciplinado pelo Código Civil, anotando o
Prof.FRAN MARTINS que "Na teoria geral dos contratos, o empréstimo é um gênero de contrato,
dividindo-se em duas espécies: o mútuo, que é o empréstimo de coisas fungíveis, e o
comodato, empréstimo de coisas infungíveis. Na linguagem bancária, dá-se o nome de em-
préstimo ao mútuo, sendo essa uma das operações básicas dos bancos" (sic, em "Contrato e
Obrigações Comerciais", 7 a ed.Forense/1984, pg.509).
E, apesar de a operação bancária ser chamada de empréstimo, você verá que nos
contratos e formulários, o banco será chamado de "mutuante" e o cliente de "mutuário".
Várias são as operações ativas em que os Bancos figurarão como credores, repassando
dinheiro aos clientes, para que estes lhes paguem em tempo futuro, auferindo o banco algum tipo de
lucro, sejam juros, ou comissões. Vejamos algumas dessas operações:
1 - Antecipações
A antecipação é uma operação ativa parecida com os descontos e empréstimos, e se
configura quando o cliente noticia ao Banco que tem um título de crédito a receber, e pede ao Banco
que adiante a ele tal dinheiro. O banco entrega ao cliente a importância (cobrando juros e comissões
legais), e fica com aquele título de crédito, guardando-o em garantia.
Não é operação de desconto, porque no desconto o cliente transfere o título e o crédito para o
Banco, que se torna o credor do título descontado ---- enquanto na antecipação o Banco não recebe a
titularidade do crédito daquele título: apenas fica com o documento, para se garantir de que o cliente
lhe pagará a quantia antecipada.
E também não se confunde com o empréstimo porque neste a garantia do Banco é pessoal,
baseada na confiança que o Banco tem no cliente, enquanto na antecipação o Banco exige que o
cliente lhe entregue o título de crédito, que ficará como garantia real.
2 - Abertura de Crédito
A abertura de crédito é uma operação predominantemente bancária e, através dela, um dos
contratantes (o creditador) se obriga a fornecer ao outro (creditado), e, desde logo, colocando ao seu
dispor, fundos até certo limite, durante certo período, sob cláusulas e condições previamente
avençadas obrigando-se, este último e em contrapartida, a restituí-los, parceladamente, ou de uma só
vez, não vencimento, com juros, eventuais comissões e despesas.
A abertura de crédito é o contrato, verbal ou escrito, por via do qual capitalistas, mas
geralmente estabelecimentos bancários, se obrigam a colocar dinheiro ao dispor de alguém, até limite
certo, marcado no tempo e na quantia de sua disponibilidade, mediante condições preestabelecidas.
A característica fundamental do contrato de abertura de crédito é que, ao passo que o
creditador se obriga a dar o dinheiro no prazo e sob as condições ajustadas, o creditado por sua vez
assume o encargo de, levantando-o, restituí-lo, afinal e na forma e data avençada, com os juros
correspondentes.
A abertura de crédito pode ser: a descoberto ou em branco (quando o crédito é fornecido sem
outra garantia além da confiança que o creditado inspire ao creditador, por suas qualidades morais ou
situação de fortuna), ou, a coberto ou garantido (quando o creditado oferece garantias de pagamento,
tais como, fiança, caução de títulos de crédito ou real), ou seja, hipoteca, penhor, etc.
Modernamente, o contrato de abertura de crédito assume, de modo predominante, a forma de
desconto, e, assim, é usualmente conhecido, pois os comerciantes levam ao Banco as duplicatas que
emitem contra os seus clientes, e o Banco, selecionando-as, encarrega-se de sua cobrança, colocando
à disposição do comerciante quantias mais ou menos proporcionais ao valor desses títulos de crédito,
que, resgatados por seus devedores, servem de reembolso do crédito aberto, o qual se renova à
medida que novas duplicatas são trazidas e aceitas para os fins de tal operação.
3 - Cartas de Crédito
As cartas de crédito são escritas por um banco de uma praça a um outro estabelecimento de
crédito de outra praça, para que este último ponha à disposição do cliente do primeiro, uma
determinada quantia, que tanto poderá ser retirada total, como parcialmente, dentro de um certo prazo
especificado.
Esse contrato é firmado entre o banco creditador (aquele que emite a carta) e a pessoa
creditada (o cliente), também chamada de beneficíário. O banco que recebe a carta debitará o
dinheiro, que entregará ao cliente, não a este, mas ao banco que lhe enviou a carta de crédito.
Porque um banco mandaria a carta de crédito a outro???
Naturalmente para prestar um serviço bancário ao cliente, de quem cobra. Se o cliente já
entregou ao banco creditador (emitente da carta) o dinheiro, pagará apenas o serviço, e a carta não
será mais que uma variante da ordem de pagamento.
Caso o cliente não tenha entregue o dinheiro ao Banco emitente, haverá uma espécie de
abertura de crédito a favor do cliente, que, certamente, pagará o dinheiro, que sacar, mais juros e
comissões legais.
4 - Título Caucionado
A caução é uma modalidade de garantia jurídica contra danos. Civelmente, consiste no
depósito de um valor mobiliário, ou para garantir a prática de certos atos, ou para garantir o exercício
de certos poderes, ou mesmo para garantir a existência de certas relações jurídicas.
Juridicamente é equiparada ao penhor, pois o bem/valor ficará em garantia, e, se a pessoa não
pagar, o credor se valerá do bem dado em caução. É comum, por exemplo, exigir-se de uma pessoa,
que atuará como caixa num estabelecimento, que ele faça uma caução, garantindo eventuais
diferenças ou prejuízos de caixa.
No sistema bancário, a caução de títulos é uma operação para garantia de empréstimos.
Dá-se o caucionamento de títulos da seguinte forma: o cliente entrega ao Banco títulos de
crédito (normalmente duplicatas), que ficam em poder do Banco. O Banco, por sua vez, empresta
dinheiro ao cliente. Claro que o Banco está garantido, pois as duplicatas serão recebidas e,
caso o cliente não pague o empréstimo, terá o Banco como se pagar, valendo-se das duplicatas, títulos
que ficaram com ele caucionados.
Aliás, na prática bancária, à medida que o Banco vai recebendo as duplicatas que o cliente
deixou com ele caucionadas, automaticamente o Banco já vai quitando as parcelas do empréstimo.
Caso as duplicatas vençam antes da parcela do empréstimo, o cliente pode pegar o dinheiro e trocá-
las por uma outra duplicata, que ficará caucionada com o Banco.
A caução tanto pode ser de títulos da dívida pública, como de títulos de crédito pessoal, vale
dizer, privados. Em ambas as situações haverá necessidade da tradição, isto é, da entrega do título ao
Banco.
Cauçâo de títulos de crédito, porque envolve valores mobiliários, chama-se caução real, e, por
isso, é equiparada ao penhor --- submetendo-se à mesma disciplina jurídica.
Arrecadação
Esse é um outro tipo de serviço prestado pelos Bancos, particularmente ao Poder Público:
receber os tributos (impostos, as taxas e as contribuições) devidas pelos contribuintes, e repassar,
posteriormente, o dinheiro ao Fisco.
Normalmente, os Bancos não cobram qualquer comissão pela prestação desse Serviço à
União, ou ao Estado ou aô Município: sua vantagem é ficar com o dinheiro alguns dias, e,
naturalmente, aplicá-lo no mercado financeiro, auferindo lucros.
Essa tem sido a grande negociação entre os Bancos e o Fisco: enquanto os Bancos buscam
ficar com o dinheiro o maior tempo possível, a Fazenda Pública quer (e precisa) dispor do dinheiro o
mais rápido possível.
Compensação
A compensação é um serviço que se realiza entre bancos, pelo qual um Banco entrega para os
outros todos os cheques que estão em seu poder, e que devem ser pagos por aqueles outros Bancos
--- e deles recebe todos os cheques que estão com aqueles, e que ele deve pagar. Nessa "troca", cada
banco tem cheques a receber e cheques a pagar. Esses valores ficam "compensados" até o valor em
que se igualam.
Assim, se a Caixa Econômica Federal tem R$ 1.350.000,00 em cheques sacados contra o
CREDIREAL e o CREDIREAL tem cheques sacados contra a CAIXA ECONÕMICA, no total de R$
1.780.000,00, ficarão compensados os RS 1 .350.000,00 e a CAIXA ECONÔMICA só pagará ao
CREDIREAL o saldo de R$ 430.000,00.
Os Bancos de cada cidade reúnem-se toda noite no Banco do Brasil S.A., e lá fazem a
compensação: todos levam os cheques que têm para receber um do outro e o Banco do Brasil
organiza a reunião.
No final, fica apurado quanto cada Banco tem para receber e pagar, e o saldo devedor ou
credor. Para não haver manipulação de dinheiro, há uma conta corrente de todo Banco junto ao próprio
Banco do Brasil, onde é debitado o saldo devedor, ou creditado o saldo credor que o Banco tiver
naquela noite na compensação.
E se o cheque levado não tiver fundo ??? Nesse caso ele será devolvido na manhã
seguinte, numa outra reunião no próprio Banco do Brasil, quando os Bancos se reúnem novamente
para a sessão de devolução.
Naturalmente, o débito e crédito correspondente serão estornados. Observe, portanto, que, quando um
banco recebe um cheque (ou em depósito, ou em pagamento de um conta qualquer), há alguma
demora para receber o valor de tal cheque, porque também tem de esperar para ver se o cheque não
será devolvido.
O Banco Central do Brasil, que disciplina as atividades bancárias estabelece um prazo para
que o depósito em cheque a ser compensado seja liberado para o depositante. Se o cheque é inferior
a um valor, ele deve ser liberado em 48 horas. Se é superior àquela quantia, há de ser liberado em 24
horas. Esse limite é corrigido de tempo em tempo, por causa da inflacão.
Cadastro
Todos os correntistas, ou todos os que queiram se relacionar com o Banco, ou realizar algum
negócio com um Banco, devem ter um "Cadastro".
Os bancos, para efetuar negócios com seus clientes elaboram fichas cadastrais, ou seja, um
conjunto de informações sobre o cliente, pessoa física ou jurídica.
O cadastro se inicia com a prestação de informações pelo próprio cliente, em formulário
especial, devidamente assinada por ele ao final após a data. Nele o cliente declara seu nome;
endereço; atividade profissional; nacionalidade; data e local de nascimento; cidade onde residiu
anteriormente; há quanto tempo reside na nova cidade; tipo de documento de identidade, número,
órgão que o expediu e data; CPF; se empregado, local de trabalho, data de admissão, cargo atual;
renda mensal; estado civil; e se casado, regime de casamento e dados sobre o cônjuge (nome,
nacionalidade, data do nascimento, atividade profissional, documento de identidade e CPF). As
pessoas jurídicas deverão, através de um seu representante autorizado, fazer a declaração,
fornecendo dados compatíveis com sua natureza jurídica: nome; endereço da sede; de filiais, se
houver; nacionalidade dos sócios ou principais acionistas; atividade civil ou comercial; data da
constituição da sociedade ou empresa; registro Civil ou na Junta Comercial e demonstrativos de
receitas obtidas.
Devem ser informados também os bens imóveis (casa, terreno, sítio ou fazenda, apartamento,
etc), além de bens móveis de valor, tais como automóveis ou outros veículos, gado, ações, aplicações
financeiras e demais bens que constituem o seu patrimônio. O Banco, para confirmar tal declaração
pode exigir comprovação através de documentos (Escrituras Públicas de Compra para os bens
imóveis e certificados dos veículos e Recibos para outros bens). Para cada bem, o cliente deve
informar o valor estimado por ele.
A pessoa jurídica deverá, igualmente , comprovar, através dos mesmos
documentos ou através de balanços e balancetes, os bens que compõem o seu
patrimônio e informar os valores contabilizados.
Devem, ainda, ser declaradas as "fontes de referências", isto é, pessoas ou empresas, com
seus respectivos endereços, que possam atestar a sua idoneidade ou dar informações sobre a sua
pontualidade em compromissos assumidos.
De posse dessa "Declaração Para Fins de Cadastro", o Banco, através de um funcionário
especializado, avalia os bens, considerando seu valor venal à vista; analisa os comprovantes
apresentados; consulta as fontes apontadas, o SPC (Serviço de Proteção ao Crédito) e o CCF
(Cadastro de Emitentes de Cheques Sem Fundos, do Banco Central); e, a seguir, atribui um “limite de
Crédito” ao cliente.
No caso de pessoas jurídicas, far-se-ão, também, análises dos balanços
periódicos, balancetes mensais e demonstrativos financeiros.
Está, assim, feito o Cadastro do cliente, que poderá pleitear empréstimos ou realizar outros
negócios com aquele Banco.
Segundo ensina o Prof. FRAN MARTINS, “Conta Corrente é o contrato segundo o qual duas
pessoas convencionam fazer remessas recíprocas de valores --- sejam bens, títulos ou dinheiro ---
anotando os créditos daí resultantes em uma conta para posterior verificação do saldo exigível,
mediante balanço. As partes contratantes têm o nome de correntistas ou correspondentes; desses
correntistas denomina-se remetente em favor de quem é lançado o crédito; recipiente é aquele que
recebe o crédito e o lança, na conta, a seu débito. As remessas são as operações praticadas pelos
correntistas para alimentar a conta. Podem constar essas remessas de dinheiro, bens ou títulos de
crédito; deverão, sempre, ter um valor determinado, para que possam servir de base aos lançamentos
que são feitos na conta" - (em “Contrato e Obrigações Comerciais”, 7a ed. Forense/1984, pg. 460).
a) "Titular": é a pessoa que tem a conta. Se a conta for de duas ou mais pessoas, todos são titulares.
e) "C.C.F." (Cadastro de Emitentes de Cheques Sem Fundos, mantido pelo Banco Central do Brasil):
O "CCF" foi criado para tentar diminuir o grande número de cheques sem fundos. Consiste em um
Cadastro onde são lançados os nomes das pessoas que emitem cheques sem fundos. A inclusão do
nome dessas pessoas se faz quando ocorre um dos seguintes fatos: (a) um mesmo cheque é
devolvido, por falta de fundos, 2 (duas) vezes; (b) são devolvidos, do mesmo correntista, 6 (seis)
cheques, por falta de fundos, dentro do período de 6 (seis) meses. O correntista utiliza-se de "práticas
espúrias na movimentação de sua conta". O correntista que constar da relação do CCF não poderá
abrir nem movimentar conta corrente em nenhuma agência bancária, sendo-lhe vedado o uso de
talões de cheques. As retiradas só poderão ser feitas através de cheques avulsos ou recibos de saque.
Para ser excluído da relação, deverá fazer declaração ao Banco, onde um dos fatos acima ocorreu,
juntando documentação probatória, de que não causou qualquer prejuízo a outrem, e que os cheques
devolvidos foram todos quitados. O Gerente da Agência bancária, após analisar rigorosamente o caso,
deferirá, ou não, o pedido de exclusão. Deferida a solicitação, enviar ao Banco Central formulário
próprio para que seja feita a exclusão.
Documentos Básicos
a) "Ficha-proposta":
- formulário onde são anotados o nome, endereço completo, telefone, data do nascimento,
filiação, estado civil, atividade profissional, dados sobre o documento de identidade, CPF (CIC),
renda mensal, nome da empresa em que o cliente trabalha, fontes de referência e espaços para
anotações sobre a movimentação da conta, inclusive devoluções de cheques, etc. Após a
abertura da conta corrente o seu número também é anotado. Alguns bancos também a usam
como Ficha Cadastral para pequenos empréstimos ou concessão de Cheque Especial.
c) "Fichas de Depósitos":
- são documentos pelos quais o correntista efetua depósitos em dinheiro e em cheques. Devem
ser preenchidas pelo cliente ou por funcionário do Banco, constando os valores, separadamente
em cheques e em dinheiro. Uma das vias da ficha, após autenticação mecânica que comprova o
recebimento, é devolvida ao cliente.
d) "Cheque":
- é um formulário cedido pelo Banco, para que o cliente possa sacar parte ou total do valor
depositado, usando para pagamento de seus compromissos (sobre "cheque" ver adiante título
com matéria específica).
Incapacidade Absoluta
Segundo nosso Código Civil (art.5°) certas pessoas são absolutamente incapazes -- quer dizer,
não querem, nem sabem o que querem, nem podem, por si mesmas, agir em busca do exercício de
seus direitos:
a) os menores de 16 anos;
b) os loucos de todo gênero;
c) os surdos-mudos, que não puderem exprimir a sua vontade;
d) os ausentes, declarados tais por ato do juiz.
Assim, de acordo com o nosso Código Civil, tais pessoas não dispõem de capacidade de
exercício de seus direitos (o que não impede que eles gozem, beneficiem-se de seus direitos, pois
qualquer pessoa tem plena capacidade de gozo).
Há outras pessoas que não se enquadram nessas categorias, mas também não podem
praticar sozinhos os atos de exercício de seus direitos. Só têm capacidade para exercitar seus direitos
se contarem com a assistência de uma outra pessoa (esta outra deve ter plena capacidade para
auxiliá-lo).
Incapacidade Relativa
Tais pessoas, que precisam da assistência de uma outra, têm "capacidade relativa". São
relativamente capazes:
As pessoas que têm capacidade relativa podem praticar alguns atos (apenas alguns), sem
necessidade de serem assistidos por outra pessoa. Exemplos:
Cessação da Incapacidade
Automaticamente, toda pessoa alcançará a plena capacidade, e, assim, poderá praticar todos
os atos da vida civil, exercitando seus direitos -- quando atingir os 21 anos de idade. É pouco importa
se a pessoa é do sexo masculino ou feminino; homens e mulheres são considerados maiores quando
atingem aos 21 anos de idade.
De regra, a incapacidade termina com a maioridade, que pode ser uma simples decorrência
(a) do tempo (a pessoa atinge 21 anos de idade), ou (b) de um ato civil (a pessoa se casa e se torna
plenamente capaz; ou seu pai lhe dá --- outorga --- a emancipação, etc).
De fato, "Aos vinte e um anos completos acaba a menoridade, ficando habilitado o indivíduo
para todos os atos da vida civil", é a disposição do art.9° do Cód.Civil --- e só não é válida se tal
pessoa for doente mental, ou louco, etc.
As pessoas de capacidade relativa poderão tornar-se plenamente (totalmente) capazes, se
ocorrer uma das seguintes outras hipóteses:
a) já tendo pelo menos 18 anos, se o pai, ou a mãe lhe conceder a emancipação; se não os tiver,
o juiz depois de ouvir seu tutor, poderá sentenciar sua plena capacidade;
b) se se casar (casando-se a pessoa torna-se plenamente capaz);
c) se entrar para um emprego público efetivo;
d) se colar grau em alguma faculdade;
e) se montar um estabelecimento comercial (ou civil), com suas próprias economias.
Vejamos como as pessoas físicas incapazes se relacionarão com Bancos, tendo ou não contas
correntes:
Interdito: é a pessoa física, maior de 21 anos, que por decisão judicial, está incapacitada para atos
da vida civil. A abertura da conta só poderá ser feita por seu Curador, que é a pessoa nomeada (por
um Juiz) para responder por ela. Nesse caso, além dos seus documentos pessoais, deverão ser
apresentados os documentos do Curador. Também deverá ser apresentada certidão da Curatela,
devidamente registrada em Cartório Civil. A conta, neste caso, só será aberta para receber créditos de
salários ou benefícios da Previdência Social, os quais deverão ser retirados através de Cheque Avulso,
também chamado de Recibo de Saque.
Menor Trabalhador (de 12 anos a 18 anos incompletos): a conta poderá ser aberta pelo próprio
menor. Além dos documentos pessoais (RG ou Carteira de Trabalho e CPF) não é exigido nenhum
outro documento. Nesse caso, a conta só será aberta para crédito de seus salários e as retiradas
deverão ser feitas através do Cheque Avulso ou Recibo de Saque.
Menor (até 16 anos incompletos): a conta só poderá ser aberta pelo responsável legal (pai, ou mãe
ou tutor). São exigidos os documentos do menor e do seu responsável. Quando o menor tiver perdido
o pai e a mãe, o Juiz de Menores nomeará um TUTOR para que por ele seja responsável. Neste caso,
para a abertura da conta será necessária também a apresentação da certidão da tutela. A
movimentação poderá ser livre, mas somente pelo responsável, que assinará os cheques fornecidos
pelo Banco. Em caso de falecimento do menor, a tutela perde efeito, e o Banco pagará somente os
cheques emitidos pelo responsável anteriormente à morte do menor.
Menor (de 16 anos a 21 incompletos): a conta deverá ser aberta mediante autorização do responsável
(pai ou mãe ou tutor). Os documentos a serem apresentados são os do menor e do seu responsável.
No caso de tutela, deverá também ser apresentada a certidão da tutela, expedida pelo Juizado de
Menores. O menor poderá, ainda, movimentar sua conta através de procurador. Ao outorgar a
procuração a outra pessoa, o menor deverá ser assistido pelo seu responsável. O original ou cópia
autenticada da procuração deverá ser entregue ao Banco para a abertura da conta corrente. Os
cheques dos talões que o Banco fornecer serão, então, assinados pelo próprio menor, ou, em caso de
procuração, por seu procurador. Em caso de falecimento do menor, a tutela e a procuração perdem
seus efeitos. Assim, caso a conta esteja sendo movimentada pelo procurador, o Banco só pagará os
cheques emitidos anteriormente à morte do menor.
a) emancipação outorgada pelo seu responsável (pai, mãe ou tutor), através de Escritura Pública,
devidamente registrada em Cartório Civil.
b) emancipação que se dá em virtude de casamento, conforme estabelece a Lei Civil.
c) emancipação pela conclusão de Curso Superior, também estabelecida pela Lei Civil.
d) se o menor se estabelecer comercialmente também adquirirá sua emancipação.
Ele próprio poderá abrir sua conta corrente em um Banco, apresentando além do seu documento
de identidade e o CPF, o documento que prove sua emancipação: Escritura de Emancipação, ou
certidão de casamento, ou diploma de Curso Superior, ou Registro na Junta Comercial do seu
Estabelecimento.
A conta também poderá ser aberta e movimentada por seu procurador.
Analfabeto: obviamente, não podendo assinar, não poderá, senão por intermédio de um procura-
dor, abrir e movimentar conta corrente. No caso, além de seus documentos pessoais, os do
procurador, bem como a procuração, deverão ser apresentados. Entretanto, se a conta corrente se
destinar a receber crédito de salários ou benefícios da Previdência Social, ele próprio poderá abri-la.
Entretanto só poderá fazer retiradas, usando de cheques avulsos ou recibos de saques, colocando
no local destinado a assinatura sua impressão digital.
Cego: a conta deverá ser aberta e movimentada por procurador, com a apresentação dos
documentos pessoais de ambos e da procuração pública. Da mesma forma, vindo o cego a falecer,
cessam os efeitos da procuração: o Banco pagará somente os cheques emitidos anteriormente à sua
morte.
Contas Coletivas: são contas abertas em nome de 2 (duas) ou mais pessoas. São abertas
mediante a apresentação de documentos de todos os titulares. Pode acontecer que um, ou mais, ou
todos desejem que a abertura e a movimentação sejam feitas por procurador. Nesse caso, deverão ser
também apresentados os documentos do procurador e a procuração, que pode ser pública ou
particular. Os cheques deverão ser assinados, em conjunto, por todos os titulares da conta corrente,
ou, se for o caso, pelo procurador ou procuradores.
Contas Conjuntas: também chamadas de Solidárias, são igualmente, contas correntes abertas em
nome de duas ou mais pessoas, mas com cláusula de solidariedade. Deverá ser aberta pessoalmente
por todos ou por seus procuradores. A documentação a ser apresentada é a mesma da conta coletiva.
Havendo procuração, deverá ser apresentado o instrumento público ou particular. A diferença entre a
conta corrente coletiva e conjunta está na movimentação dos recursos depositados. Enquanto naquela
os cheques devem ser assinados por todos, nesta qualquer um dos titulares poderá emiti-los,
assinando-os isoladamente. No caso de falecimento de um dos titularesque seja representado
por procurador, prevalece a regra já citada.
Condomínio em Edifício: a conta será aberta por pessoa ou pessoas autorizadas para tal através
de Assembléia. Normalmente o autorizado é o Síndico do prédio. Na abertura serão exigidos os
documentos pessoais dessa pessoa e a Ata ou cópia da Assembléia realizada. Se houver procurador,
também necessário será o original ou cópia autenticada do instrumento de procuração, particular ou
pública. Os cheques serão assinados pelo autorizado ou Síndico, ou, se for o caso, por seu
procurador.
Associações Civis (não visam a lucro): A abertura da conta depende da apresentação do Contrato
Social da sociedade, onde constem o nome de diretores autorizados a abrir contas e movimentar seus
recursos, além dos documentos pessoais. Também essas pessoas podem ser representadas por
procurador ou procuradores, quando, então, o devido instrumento deverá ser apresentado. A
movimentação, então, será feita por esses diretores ou procuradores.
Vimos que todas as pessoas têm capacidade para gozar seus direitos, mas nem todas têm
capacidade para exercitá-los, ou seja, para praticar atos da vida civil.
"Aos vinte e um anos completos acaba a menoridade, ficando habilitado o indivíduo para todos
os atos da vida civil", é a disposição do art.9° do Código Civil --- e só não é válida se tal pessoa for
doente mental, ou louco, etc.
Surge então a questão: Como tais pessoas (as que não têm capacidade de exercício)
exercitam seus direitos ??? Segundo o art.84 do Código Civil, "As pessoas absolutamente incapazes
serão representadas pelos pais, tutores, ou curadores em todos os atos jurídicos". Assim, o exercício
do direito do incapaz será feito por outrem (ou os pais, ou, se não houver, pelos tutores, ou, se não
houver, pelo curador) substituindo o incapaz. A essa substituição dá-se o nome de representação
jurídica.
A representação, de regra, é feita pelos pais (ninguém melhor que os pais, para bem exercitar
os direitos de seus filhos). Quando o incapaz for um menor e órfão (não tiver pais), normalmente, terá
um tutor; se for uma pessoa com mais de 21 anos, considerado incapaz por ser (por exemplo) louco,
será nomeado um curador, para administrar seus bens e interesses e representá-lo em todos os atos e
negócios.
Resumindo: todo filho é representado pelos pais (hoje, com a Nova Constituição, tanto pode
ser o pai como a mãe, pois foram equiparados e têm iguais responsabilidades, direitos e deveres);
"menor" sem pais será representado por tutor e incapaz (louco) por um curador.
Assistência
Como você sabe, a pessoa capaz age por si mesma, pratica todos os atos da vida civil, que
queira ou deva praticar. E, consoante já vimos, os incapazes não podem agir por si mesmos:
dependem da ação de alguém que os represente, que é quem praticará o ato por eles.
E a pessoa relativamente capaz, ou seja, aquele que não é nem inteiramente capaz, para
agir sozinho e por si mesmo, nem é incapaz, para necessitar de um representante??? O
relativamente capaz pode praticar os atos da vida civil, mas deverá ser assistido por uma pessoa
capaz, que lhe dará apoio e orientação, complementando sua capacidade, para que ele saiba o que
está fazendo e as conseqüências do ato, que está praticando.
Nisso consiste a assistência: o apoio e orientação, que uma pessoa maior (capaz) empresta
ao relativamente capaz, para que este pratique um ato da vida civil. Assim, p.ex., se um rapazola com
20 anos de idade, quer vender um imóvel, de que é proprietário, ele precisará da assistência de seus
pais, que deverão participar da lavratura da escritura de venda-e-compra, para que o negócio seja
válido.
Quem deve dar assistência ao relativamente capaz??? Primeiramente seus pais, e, se não
houver, seu tutor, ou se for o caso, seu curador.
Como funciona a pessoa jurídica??? Ou, como se define a capacidade da pessoa jurídica,
para ela agir, se é uma simples ficção??? Sendo uma ficção jurídica, ela funciona por intermédio de
seus sócios. Eles é que agirão em nome da pessoa jurídica, e quando assim o fizerem, estarão
assumindo obrigações (ou exercitando direitos) em nome dela, e não em nome pessoal.
É importante que se destaque que "As pessoas jurídicas têm existência distinta da dos seus
membros" (art.20/Cód.Civil) --- ou seja, não se pode confundir a pessoa jurídica com as pessoas
naturais de seus sócios ou associados.
Normalmente, tal representação é feita pelos seus sócios-diretores, ou seja, aqueles sócios a
quem o contrato social de constituição da sociedade conferir poderes para representar a sociedade, ou
seja, a quem o contrato social der poderes para assinar em nome da sociedade, assumir obrigações
em nome dela, bem como gozar (em nome/benefício da sociedade), os direitos, que a sociedade tiver.
Nada impede que tais poderes sejam conferidos a um gerente, que assim representará a
sociedade.
Domicílio
Você já notou que as pessoas "de fora" nos causam receio: temos medo de fazer negócios
com elas (e até de namorá-las). Isto se deve ao fato de que não saberemos onde encontrá-las, caso
ocorra algum problema. É muito importante que uma pessoa tenha bem definido o local em que será
encontrada, caso as demais pessoas (que com ela se relacionem) queiram encontrá-las para a
solução de pendência. Como as pessoas mantêm muitas relações entre si, a Lei estabeleceu que
todas as pessoas devem ter bem definido esse "lugar', em que serão encontradas por todas as
demais.
A esse lugar dá-se o nome de domicílio. O domicílio é, portanto, a vinculação de uma pessoa
(pouco importa se pessoa física ou pessoa jurídica), pois nesse local serão cobradas suas
responsabilidades, suas dívidas, etc. De regra, é no domicílio da pessoa que será ela processada
judicialmente.
Domicílio do Preso
Não é pelo fato de uma pessoa estar aprisionada, que deixará ela de ter obrigações civis, e,
portanto, sua prisão não impedirá que seus credores o acionem, para dele haverem seus créditos.
O simples fato de a pessoa estar aprisionada já a sugere que deva ela ser procurada e
cobrada exatamente na Comarca em que se situar o estabelecimento penitenciário.
Essa é, de fato, a regra do art. 40 do Código Civil: "O preso, ou o desterrado, tem o domicílio
no lugar onde cumpre a sentença, ou desterro (art. 80, parág. 2°, n° 2, da Constituição Federal )".
Anote-se que a lei civil não se importou com o anterior domicílio do preso, impondo-lhe um
novo domicílio, que é o da Comarca em que se situa a penitenciária, em que está ele aprisionado.
Trata-se, pois, de domicílio necessário, que se sobrepõe ao domicílio voluntário. Assim, não tem
qualquer relevância que o preso morasse, vivesse e trabalhasse na Capital de São Paulo; se ele está
preso na Cadeia de Presidente Venceslau, seu domicílio é, necessariamente, a Comarca de
Presidente Venceslau.
Você já pensou se o único instrumento de troca de que dispuséssemos fosse o dinheiro ???
Teríamos de andar com a "burra cheia", ou mesmo com um caminhão de dinheiro, caso fôssemos
realizar um negócio mais vultoso.
Por serem papéis que se preencherão com ampla liberdade na definição de seus valores, os
títulos de crédito suprem com vantagens o poder liberatório da moeda.
Observa FRAN MARTINS que “no que diz respeito às obrigações de ordem pecuniária, com a
utilização do crédito as transações se tornaram mais rápidas e mais amplas, principalmente pela
possibilidade de uma pessoa gozar, hoje, de dinheiro cujo pagamento será feito posteriormente
(dinheiro presente por dinheiro futuro). Isso, melhor explicado, significa que, com a utilização do
crédito, pode alguém, hoje, ser suprido de determinada importância, empregá-la no seu interesse,
fazê-la produzir em proveito próprio desde que tenha assumido a obrigação de, em época futura,
retornar a quem lhe forneceu a importância de que se utilizou. Inegavelmente, nas atividades
comerciais, em que o capital é sempre necessário pala que os comerciantes possam realizar
operações lucrativas com maior amplitude, a utilização do crédito veio aumentar consideravelmente
essas transações, trazendo benefícios para o comércio e maiores possibilidades de desenvolvimento
do mesmo... Com o aparecimento dos títulos de crédito e a possibilidade de circulação fácil dos
direitos nele incorporados, o mundo na verdade ganhou um dos mais decisivos instrumentos para o
desenvolvimento e o progresso" (in "Títulos de Crédito", vol. I, 3a ed. Forense/1983, pg. 3 e 6).
JOÃO EUNÁPIO BORGES lembra que "o entusiasmo de economistas e comercialistas que,
com MACLEOD, GIORGI e muitos outros, afirmam que os títulos de crédito têm contribuído mais que
todas as minas do mundo para o enriquecimento das nações. Por meio deles, o direito consegue
vencer tempo e espaço, transportando com facilidade bens distantes e materializando no presente ---
atualizando-as --- as possíveis riquezas futuras" - (in "Títulos de Crédito", 2a ed. Forense, 1972, pg. 9).
Conceito Jurídico
Para se cobrar alguma coisa de alguém é necessário que tenhamos um fundamento, uma
razão autorizativa. Assim, se um pai cobra um bom comportamento do filho ele o faz porque tem título:
é o pai. Se uma vizinha critica a outra, tachando-a, por exemplo, de fofoqueira, ela poderá responder-
lhe que esta não tem título para falar aquilo, pois "não é meu pai, nem parente, etc." e que falta "título
moral", pois é muito fofoqueira também.
O título de crédito é a "razão pela qual" uma pessoa tem o direito de cobrar algum valor de
outra pessoa.
O título de crédito é, portanto, um documento que comprova que uma pessoa tem razão de
cobrar um crédito de outra pessoa, ou seja, tem tal crédito com ela. .
Das mais conhecidas e prestigiadas é a definição de VIVANTE : "Título de crédito é o
documento necessário para o exercício do direito, literal e autônomo, nele mencionado" (in "Trattato di
Diritto Commercialle, 5a ed., vol. III, pg. 123).
O título de crédito corporifica o crédito de uma pessoa em relação a uma outra, legitimando-a a
exigir-lo.
Nosso direito disciplinou os títulos de crédito e lhes emprestou muita força jurídica, o que lhes
dá uma grande importância na vida comercial, até substituindo a moeda, pois a circulatoriedade (eles
circulam como dinheiro) é também uma das significativas características dos títulos de crédito.
Vários são os tipos de títulos de crédito: o cheque, a nota promissória, a duplicata, a letra de
câmbio, o conhecimento de transporte, o conhecimento de depósito e o warrant.
Incorporação
A incorporação também chamada de "cartularidade" significa que o direito representado no
título de crédito só existe como tal, só tem validade como tal, só será reconhecido como tal e só será
exigível como tal, se estiver incorporado naquele papel/formulário, regularmente preenchido e
assinado como título de crédito.
Sem aquele "corpo", mesmo que haja milhares de testemunhas provando, por exemplo, que
alguém prometeu pagar ao credor uma quantia, tal credor não terá tal título de crédito e não poderá
dele fazer o gozo respeitado pelo Direito.
Enfim, título de crédito só existe como direito incorporado num papel/formulário legal.
Ensina o Mestre RUBENS REQUIÃO que a cartularidade significa o documento necessário: "O
título de crédito se assenta, se materializa, numa cártula, ou seja, num papel ou documento. Para o
exercício do direito resultante do crédito concedido torna-se essencial a exibição do documento. O
documento é necessário para o exercício do direito de crédito. Sem a sua exibição material não pode o
credor exigir ou exercitar qualquer direito fundado no título de crédito. Vivante, como esse conceito,
substitui o vulgar, que combate, pelo qual se afirma que o direito está incorporado ao título" (in "Curso
de Direito Comercial", Vol.II, 8a ed. Saraiva/1977, pg. 296).
Literalidade
A literalidade quer dizer que o credor tem o direito exatamente escrito no papel/formulário
legal, nem um centavo a menos, nem a mais: vale apenas o que está literalmente escrito e só.
FRAN MARTINS, igualmente, define a literalidade como "o que está escrito no título, limitando
os direitos nele incorporados" (in "Títulos de Crédito", vol. l, 3a ed.Forense/1983, pg.10).
É também o que anota RUBENS REQUIÃO: "O título é literal porque sua existência se regula
pelo teor de seu conteúdo. O título de crédito se enuncia em um escrito, e somente o que está nele
inserido se leva em consideração, uma obrigação que ele não conste, embora sendo expressa em
documento, separado, nele não se integra" (in "Curso de Direito Comercial", Vol. II, 8a ed. -
Saraiva/1977, pg.296).
Autonomia
A autonomia dá ao título -- perante terceiras pessoas -- uma objetiva desvinculação de
qualquer outro negócio: ele vale por si mesmo e tem força de exigibilidade, exatamente porque foi
emitido e existe como papel/formulário legal.
Pela autonomia, uma vez em circulação o título de crédito (transferido a terceiros), mesmo que
o negócio, de que ele nasceu não tenha validade, será válido o negócio de sua transferência e todas
as terceiras pessoas envolvidas na circulação poderão exigir o cumprimento do título.
A autonomia não impedirá, porém, que o devedor final oponha ao credor o defeito (invalidade)
do negócio, de que nasceu a emissão do título de crédito: p.ex., se foi sacada uma duplicata, mas a
mercadoria entregue estava defeituosa, foi devolvida e a venda e compra não se consumou ---
continuará válido o desconto da duplicata com terceira pessoa, que a redescontou num Banco
qualquer; quando cobrado, o comprador deixará de pagar, comprovando que a venda-e-compra não se
consumou, portanto nada deve; então o Banco sacado cobrará daquele terceiro que descontou o título,
e este cobrará o valor do sacador, de quem havia descontado a duplicata. Todos os negócios
continuaram válidos, embora baseados numa duplicata, que depois se comprovou inválida.
Para FRAN MARTINS "significa a autonomia o fato de não estar o cumprimento das
obrigações assumidas por alguém no título vinculado a outra obrigação qualquer, mesmo ao negócio
que deu lugar ao nascimento do título. Isso se justifica porque a obrigação, em princípio, tem a sua
origem nos verdadeiros títulos de crédito, em um ato unilateral da vontade de quem se obriga; aquele
que assim o faz não subordina sua obrigação a qualquer outra por acaso já existente no título. Daí o
poder do portador, no momento oportuno, exigir de qualquer obrigado a realização da obrigação por
ele assumida, desde que tenha praticado os atos determinados pela lei (p. ex., antes dele, o portador
deve, por determinação da lei, comprovar que o obrigado principal não pagou... mediante... protesto...
" - (in “Títulos de Crédito", vol. I, 3a ed, Forense, p. 11).
Os títulos nominativos são emitidos em "nome" de uma determinada pessoa, e sua transferência
a terceira pessoa depende de um "termo de transferência", a ser lavrado num livro próprio (como p.ex.,
livro de transferência de ações, de apólices e outros).
Já os títulos ao portador são transferíveis pela simples tradição (entrega do título) a terceiro.
Aquele que recebe em mãos um título de crédito ao portador pode se apresentar como seu credor e
exigir o pagamento do devedor.
Por final, os títulos à ordem são um meio termo entre aqueles extremos: são emitidos
nominativamente, mas podem ser transferidos por um simples endosso (assinatura no dorso, nas
costas do título) e entrega ao nome credor.
Atenção: A Lei n° 9.069/95 passou a exigir que todo cheque (título de crédito) acima de um
determinado valor (na época RS 100,00 cem reais) seja nominativo.
Letra de Câmbio
Arts. 1 a 53 do Decreto n° 2.044, de 31 de dezembro de 1908, alterado pelo Decreto n°
57.663, de 24 de janeiro de 1966 - Lei Uniforme de Genebra.
Nota Promissória
Arts. 54 a 57 do Decreto n° 2.044, de 31 de dezembro de 1908, alterado pelo Decreto n°
57.663, de 24 de janeiro de 1966 - Lei Uniforme de Genebra.
Cheque
Lei n° 7.357, de 02 de setembro de 1985, com base no Decreto n° 57.595, de janeiro de 1966 -
Lei Uniforme de Genebra.
Duplicata Comercial
Lei n° 5.474, de 18 de julho de 1968, alterada pelo Decreto-lei n° 436, de 27 de janeiro de
1969.
Duplicata de Serviço
Arts. 20 a 22 da Lei n° 5.474, de 18 de julho de 1968, alterada pelo Decreto-lei n° 436, de 27
de janeiro de 1969.
Conhecimento de Depósito
Arts. 1 5 a 27 do Decreto n° 1.102, de 21 de novembro de 1903.
"Warrant"
Arts. 15 a 27 do Decreto n° 1.102, da 21 de novembro de 1903.
Conhecimento de Transporte
Lei n° 9.611, de 19 de fevereiro de 1998.
Letra Hipotecária
Decreto-Lei n° 2.478, de 27 de setembro de 1988 completado pela Lei n° 7.684, de 02 de
dezembro de 1988.
Duplicata Rural
Arts. 46 a 54 do Decreto- Lei n° 167, de 14 de fevereiro de 1967.
Letra Imobiliária
Lei n° 4.380, de 21 de agosto de 1964.
Partes Beneficiárias
Arts. 46 a 51 da Lei n° 6.404, de l5.dezembro de 1976.
Certificado de Depósito de Partes Beneficiárias
Art.50 e art.43 da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de l976.
Debênture
Arts. 52 a 74 da Lei n° 6.404, de 15 de dezembro de 1976.
Cédula Hipotecária
Decreto-Lei n° 70, de 21 de novembro de 1966, e Resolução n° 228, de 4 de julho de 1972, do
Banco Central do Brasil.
Certificado de Investimento
Resolução n° 145, de 14 de abril de 1970 do Banco Central do Brasil.
Princípios Gerais
Os doutrinadores que escreveram sobre os títulos de crédito, de JOÃO EUNÁPIO BORGES (in
"Títulos de Crédito", 2a ed. Forense, 1972, p.12) a RUBENS REQUIÃO (in "Curso de Direito Comercial"
Vol. II, 8a ed Saraiva/1977 p. 296) --- esposam o entendimento de FRAN MARTINS, de que o sucesso
de aceitação dos títulos de crédito deveu-se a admissão de "certos princípios a revestirem esses
títulos, princípios que se incorporaram à natureza do mesmo e que, por tal razão, hoje os ca-
racterizam" - (in "Títulos de Crédito", vol. I, 3a ed. Forense/1983, pg.9).
Noutras palavras, os princípios gerais em que se esteiam os títulos de crédito não são mais
que suas próprias características básicas, e que JOÃO EUNÁPIO BORGES observa serem "comuns a
todos os títulos de crédito" (in "Títulos de Crédito", 2 a ed.Forense, 1972, pg.12), ou seja, (a) a
incorporação ou cartularidade, (b) a literalidade e (c) a autonomia --- a que se podem acrescentar a
independência e a abstração, já particulares de alguns títulos de crédito.
E não se há de desconsiderar, ainda, o princípio da inoponibilidade das exceções pessoais,
princípio importantíssimo, que empresta garantia a todos quantos portem um título de crédito e
venham a exigir do devedor o respectivo crédito.
Cartularidade
Como já vimos, a cartularidade --- também chamada de "incorporação" --- significa que o
direito representado no título de crédito só existe como tal, só tem validade como tal, só será
reconhecido como tal e só será exigível como tal, se estiver incorporado naquele papel/formulário,
regularmente preenchido e assinado como título de crédito.
Sem aquele "corpo", mesmo que haja milhares de testemunhas provando, por exemplo, que
alguém prometeu pagar ao credor uma quantia, tal credor não terá tal título de crédito e não poderá
dele fazer o gozo respeitado pelo Direito.
Enfim, título de crédito só existe como direito incorporado num papel/formulário legal.
Ensina o Mestre RUBENS REQUIÃO que a cartularidade significa o documento necessário: "O
título de crédito se assenta, se materializa, numa cártula, ou seja, num papel ou documento. Para o
exercício do direito resultante do crédito concedido torna-se essencial a exibição do documento. O
documento é necessário para o exercício do direito de crédito. Sem a sua exibição material não pode o
credor exigir ou exercitar qualquer direito fundado no título de crédito. Vivante, como esse conceito,
substitui o vulgar, que combate, pelo qual se afirma que o direito está incorporado ao título" (in "Curso
de Direito Comercial", Vol. II, 8a ed. Saraiva/1977, pág. .296).
Autonomia
É a autonomia que dá ao título -- perante terceiras pessoas -- uma objetiva desvinculação de
qualquer
outro negócio: ele vale por si mesmo e tem força de exigibilidade, exatamente porque foi emitido e
existe como papel/formulário legal.
Pela autonomia, uma vez em circulação o título de crédito (transferido a terceiros), mesmo que
o negócio, de que ele nasceu não tenha validade, será válido o negócio de sua transferência e todas
as terceiras pessoas envolvidas na circulação poderão exigir o cumprimento do título.
A autonomia não impedirá, porém, que o devedor final oponha ao credor o defeito (invalidade)
do negócio, de que nasceu a emissão do título de crédito: p.ex., se foi sacada uma duplicata, mas a
mercadoria entregue estava defeituosa, foi devolvida e a venda e compra não se consumou ---
continuará válido o
desconto da duplicata com terceira pessoa, que a redescontou num Banco qualquer; quando cobrado,
o comprador deixará de pagar, comprovando que a venda-e-compra não se consumou, portanto nada
deve; então o Banco sacado cobrará daquele terceiro que descontou o título, e este cobrará o valor do
sacador, de quem havia descontado a duplicata. Todos os negócios continuaram válidos, embora
baseados numa duplicata, que depois se comprovou inválida.
Literalidade
A literalidade quer dizer que o credor tem o direito exatamente escrito no papel/formulário legal,
nem um centavo a menos, nem a mais: vale apenas o que está literalmente escrito e só.
Leciona RUBENS REQUIAO que "O título é literal porque sua existência se regula pelo teor de
seu conteúdo. O título de crédito se enuncia em um escrito, e somente o que está nele inserido se leva
em consideração, uma obrigação que ele não conste, embora sendo expressa em documento,
separado, nele não se integra" (in "Curso de Direito Comercial", Vol. II, 8a Ed. - Saraiva/1977, pg. 296).
Abstração
A abstração empresta aos títulos de crédito a natureza de títulos desvinculados da causa a que
devem sua origem. Tal causa --- ainda que exista --- é apartada da obrigação, como, p.ex., no caso da
letra de câmbio e notas bancárias.
Dada a abstração a causa de sua emissão é irrelevante, não essencial ao título de crédito. Mas
a invocação da abstração alcança eficácia máxima "quando põe em relação duas pessoas que não
contratam entre si, encontrando-se uma em frente da outra, em virtude apenas dó título", segundo
observa VIVANTE.
A abstração para JOÃO EUNÁPIO BORGES, significa que "É claro que em qualquer caso,
quer na emissão, quer na negociação do título está presa a uma causa concreta - compara e venda,
mútuo etc. --- mas a lei ---- em certos títulos ---- faz completa abstração de tal causa. São títulos
abstratos e neutros no sentido de que não se prendem legalmente a nenhuma causa certa e
determinada, podendo servir de molde para qualquer obrigação, qualquer que seja a natureza e a
origem desta, poderá ela incorporar-se no título abstrato, cuja absoluta independência em relação à
causa desconhecida constitui fator de maior segurança e tranqüilidade para os sucessivos adquirentes
de títulos, como a letra de câmbio, a nota promissória e o cheque: é a abstração ou abstratividade (a
astrattezza dos autores italianos) - que Valeri diz constituir a exacerbação da autonomia, do mesmo
modo que o formalismo é a exacerbação da literalidade. Na doutrina alemã, há autores, como Júlio
Adler, que falam ainda em grau superior, em maior intensificação da obrigação abstrata: é a obrigação
Kausaloss (destituída de causa), na qual o apelo à causa de que se originou é impossível, mesmo sob
a forma de exceção. Assim, a cambial, nas mãos do tomador seria apenas abstrata, nas mãos de
terceiros, seria Kausaloss" (in "Títulos de Crédito" Ed. Forense/1971, pg.17).
Nota Promissória
Este título de crédito também é muito conhecido: retrata uma promessa de pagamento de uma
importância.
O "emitente" faz uma promessa escrita de que pagará a uma pessoa "beneficiária" uma
importância. Assim, quem dá nascimento à nota promissória é o próprio devedor. Por conseqüência
este título (assim como o cheque) também não precisa de aceite (a emissão já seria o próprio aceite).
Para que esse título de crédito tenha validade será necessário que dele constem os seguintes
requisitos:
a) o nome "Nota Promissória" (ainda que em língua estrangeira, se toda a nota for redigida em
outro idioma --- "billet à ordre", "promissory note", "eigener wechsel", "paghero cambiario",
"vaglia cambiario", "cambiale propria", "livrança"...);
b) o valor da quantia em dinheiro a pagar, por extenso.
c) o nome da pessoa a quem se promete pagar (o beneficiário). Atenção: a nota promissória não
pode ser emitida ao portador.
d) a assinatura do emitente (ou de um seu procurador, com poderes especiais para emitir a nota
promissória).
Sem esses requisitos o título é nulo, não terá validade como nota promissória.
É costume fazer-se constar da nota promissória a "indicação por algarismos" do valor da quantia a
ser paga (o mesmo costume que existe em cheque). Claro que se houver divergência entre esse valor
grafado em numeral e o valor redigido por extenso, prevalece o valor deste último (extenso).
Pode constar também da nota promissória a data e o lugar de sua emissão. Se faltar, porém,
nenhuma conseqüência advirá, podendo o credor preenchê-los a seu bel prazer.
Também a "data do vencimento", ou seja, o dia em que a promessa de pagamento será cumprida
deverá constar do título. Se faltar, não haverá nulidade do título: entender-se-á que o vencimento é "à
vista".
Finalmente, na nota promissória deverá ser lançado o lugar do pagamento. Também não há maior
importância na omissão desse requisito, pois, se faltar, será considerado como "lugar do pagamento" o
lugar do domicílio do emitente (lembra-se da matéria sobre o "domicílio" ?).
Registro
Houve uma época, em que a lei estabelecia a obrigatoriedade do registro das notas
promissórias na partição da Fazenda Federal. Se não houvesse o registro, a nota
promissória não poderia ser executada. Hoje não mais existe essa obrigação. A nota
promissória, portanto, não precisa e não deve ser registrada para ter validade.
Esta apostila é apenas uma amostra da apostila completa que você poderá
encontrar em
www.acheiconcursos.com.br