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poo SQUe Bucal Educagao, prevencao é reabilitacdo N.Cham. 617.60: Aut a 08, es Almeida satide bucal integr UN 140 Adeliani Almeida Campos Getler Leer ke ee) lea (ele) He[oy@eyite (olga [101] go Er) Pn a Pi re} es ce) 65 yes vik Apresentacdo Wore eg fected Repensando a formacdo e a pratica odontologica fer e = Mareen easel LA ae at ee CalacCo Capitulo 3 Como e porqué ensinar a escovar adequadamente os dentes leeds Ouso correto do fio dental (eer A importéncia da educacéio para a savide bucal e educacao alimentar no acompanhamento pré-natal, no Programa de icra racial h (at Karel anes cence mere Ce ae Cue ed (PSF) cera Tratamentos ndo invasivos na atencao primaria e secundaria. Uma abordagem preventiva para a reccueyogiactccreneeugaetite loco Aeinem ce raccoem re dar olga) Wah (CtaTe mete UL txemea(elexya arte Grete seen oa Lar Capitulo 8 Como fazer proteses fixas preservando a saude bucal Ee 122 150 160 BL TP) Capitulo 9 Veloce ogee IM UTA Maye OM LMC EAyeON oR Parca naetl gr4ek fer eet) Ustelelolf Teeter xyectelaels (Uaralegreul Cael Mitel ecxt eM oreol ea a Aree CL) Cele Vote aprenenel saree MeN NOMA AUK ee ete CORY eUKed LeleN lee tetel xo 00m a oleae alg ed feats Abordagem fisiolégica dos pacientes com disfungGes musculares da articulagao temporomandibular (ATM), um problema de savde publica. ler) leoleiaielagerea cy els Bibliografia Bibliografia -AERTZ, D.; GANZO, C. Curago. A arte de bem cuidar-se. Porto Alegre: Borord2s, 2009. - ALSTAD, Ty HOLMBERG, |, OSTERBERG, T; BIRKHED, D. Associations between oral sugar clearance, dental caries, and related factors among 72-year-olds. 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Adeliani Almeida Campos Hermano José Maia Campos Filho Igor Studart Medeiros Lot K AYOSAA ASPJOS/BZOS2 EdUCcagao peSaude Bucal INCeora Educacdo, prevencéo e reabilitacdo Fortaleza 2012 Educagdo para Sade bucal Integral | Educegio,prevencao e Reabilitagéo Capitulo1 Repensando a formagdao ea pratica odontoldgica A odontologia baseada na qualidade e priorizagao das acdes educativas e preventivas, comprovadamente promove a saude bucal e a preservacéo dos dentes naturais (AXELSSON, 2004), Mas 0 processo de marketing de materiais e equipamentos odontoldgicos vem confundindo os objetivos primeiros de um profissional da satde bucal. A promogao da saUde e as acdes educativo-preventivas para a preservacao de tecidos vivos é 0 objetivo primeiro em qualquer plano de tratamento. A prevengao e controle da gengjvite, periodontite e da cérie dentaria, doengas bucais mais prevalentes e maiores causadoras das perdas dentarias, consistem fundamentalmente no controle do biofilme dentério aderido as superficies nao descamativas, ou seja, no controle da placa bacteriana (biofilme) aderida & superficie dentaria. O controle da placa bacteriana, que é a principal causa das doencas de gengiva e da carie dentaria se constitui como ago preventiva e também como tratamento dessas doengas (AXELSSON, 2004; IMPARATO, BENEDETTO, BONINI, GUEDES-PINTO, 2010; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). O tratamento da cérie e das doengas das gengivas nao consiste em se fazer restauracbes. O tratamento consiste em controlar a placa bacteriana € permitir o reequilibrio das condigdes que levaram a ocorréncia dessas doengas, restabelecendo o meio bucal necessario para a paralisagao e reversao das lesdes, quando se inicia entao a etapa restauradora. Esta etapa restaura as lesdes deixadas como resultado da destruigéo promovida pelas doengas, e entra no plano de tratamento apds 0 restabelecimento da satde dos tecidos. Somente cuidando primeiro do controle da causa das doengas e paralisando o processo de perda, poderemos tratar a doenga e preservar estruturas vivas, desde que o controle de placa seja mantido. Ouso de brocas indica a remocio de tecidos vivos para a substituigao pormateriaisartificiais, eseforfeitosem ocontrole da doenga, a possibilidade de perda de tecidos aumenta. A avaliagao na formagao de um dentista ndo baseada no numero de procedimentos cirurgico-restauradores, e sim, deve ser centrada no cuidado com o ser humano e na preservacao da vida (MACAU LOPES, 2008). No controle e paralisagao do processo satide- doenga em evolugdo e na promoc&o de sua sade e preservacao de seus tecidos vivos. Para isso, a priorizagdo das acdes educativo-preventivas e a realizagdo de procedimentos restauradores minimamente invasivos é 0 que basicamente caracteriza o cuidado com o préximo e a qualidade das aces de um reabilitador oral (IMPARATO, BENEDETTO, BONINI, GUEDES- PINTO, 2010; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010; CAMPOS, 2007). Portanto, reabilitacao oral nao é sinénimo de fazer restauracées e/ ou prdteses. O tratamento da doenga consiste primeiramente em controlar a causa da doenga. As restauracdes das lesdes decorrentes da doenca precisam ser inseridas sob o controle da doenga, com persistente trabalho removendo a placa aderida ao dente, que esta relacionada com a atividade da doenga (IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Esse persistente trabalho é fundamental porque o fator chave na prevencao e controle das doencas carie, gengivite e periodontite é o controle do biofilme dentario (placa bacteriana) e 05 melhores programas de salde bucal se baseiam no controle do biofilme e na limpeza profissional periédica de acordo com a necessidade de cada paciente. Como a limpeza profissional deve limpar as superficies negligenciadas pelo paciente, o primeiro passo é a revelacao de placa bacteriana. Cada local de retencdo de placa deve ser trabalhado, incluindo a face proximal, onde a placa esta invariavelmente Presente se estiver continuamente visivel nas linhas de angulo ou se as superficies proximais estiverem cariadas ou com restauragdes e 0 espaco interproximal estiver totalmente ocupado pela papila gengival (AXELSSON, 2004). A falta de priorizag3o da educacao e prevencdo de qualidade nos procedimentos em satde bucal, com uma odontologia baseada na troca de restauragées e/ou proteses, ver resultando num guadra de progressiva perda dosdentes ao longo da vida das pessoas (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008; AXELSSON, 2004, 200g; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Essa falta de priorizagdo das acées educativo-preventivas nao é so um desrespeito 4 Constituicdo Federal (Art.1g8), mas um desrespeito a sade e integridade fisica do ser humano. Essa pratica que prioriza as agées cirbrgico-restauradoras 6 uma consequéncia direta da formacao nas instituigdes de ensino, particularmente dos dentistas, com uma formagao tecnicista e fragmentada. Essa pratica, ainda hegeménica nos servicos publicos e privados, precisa ser substituida, sob o risco de mutilagéo progressiva daqueles que frequentam os consult6rios odontoldgicos Precisamos refletir sobre 0 porque de nossas agdes como educadores, pesquisadores, como profissionais da sale e como participantes nas Educacio para Sauide bucal Integral | Educacio,prevencao e Reabilitacso, tomadas de decisdo na escolha dos caminhos a percorrer para a melhoria da qualidade de vida das pessoas. Essa reflexdo ja se apresenta em significativa bibliografia, a exemplo de Axelsson, Nystrém, Lindhe (2004), Axelsson (2004), Bastos, Peres, Caldana (2007), Villalba (2008), Macau Lopes (2008), Moysés, Kriger, Moysés (2008), Buzalaf (2008); Pelizzoli (2008); Géis (2008); Imparato, Raggio, Mendes (2008); Imparato, Benedetto, Bonini, Guedes- Pinto (2010); imparato, Braga, Mendes, Raggio (2010). Para transformarmos a histéria da formagdo e pratica da odontologia, que vem se baseando na reprodugao ou repeticao de principios sem uma andlise critica de suas consequéncias, precisamos analisar também os embasamentos filosdficos e ideolégicos que vem preponderando na repetigdo de modelos do ser professor e do ser profissional reprodutor dessas agdes, em oposicao a um movimento real e necessario de recriagéio e renovacao para uma pratica educativa baseada na preservagdo e promogao da vida. Existe também uma importante bibliografia a esse respeito, a exemplo de Freire (1996); Axelsson (2004); Pelizzoli (2008); Géis (2008); Corazza (2009); Tadeu (2009), Henz (2009), Kohan (2009), Garcia (2009), Pelizolli, Lima (2009), Lima(2009), Wallace (2009), Imparatto, Braga, Mendes, Raggio (2010) e outros Na pratica odontolégica tradicional, baseada no modelo cirurgico- restaurador, existe uma enganosa impressdo de que o numero de procedimentos em um servigo pode resultar na melhoria da sade bucal dos pacientes atendidos. Nessa pratica é verificado que o componente P (dentes perdidos) é o principal fator do elevado indice CPOD (dentes cariados, perdidos e obturados), 0 que indica uma odontologia mutiladora, em que as exodontias dominam de maneira inequivoca os procedimentos nos servigos odontoldgicos, institucionalizados ou nao. A falta de uma pratica de servigo baseada na promocio de saUde reflete uma outra mutiladora, que leva a um alto indice de edentulismo, representado pelo pronto-atendimento, visando a resolugdo de um problema especifico, em detrimento de uma atengao integral de promogao da sade que prioriza ages educativo-preventivas e implementa ages reabilitadoras minimamente invasivas sem descuidar do acompanhamento educativo-preventivo. A este respeito encontramos trabalhos importantes, dentre os quais ressaltamos os de Bastos, Peres, Caldana (2007), Buzalaf (2008), Moysés, Kriger, Moysés (2008), Macau Lopes (2008), Axelsson (2004, 2009), Imparato, Raggio, Mendes (2008), Imparato, Braga, Mendes, Raggio (2020). Dentro dessa linha precisamos compreender a importancia do resgate do papel fundamental de cada dentista e de toda a equipe de sade bucal, evoluindo de uma visao tecnicista e fragmentada para uma visdo educativo-preventiva transdisciplinar, em consonancia com as reflexes contemporaneas no ambito das ciéncias humanas e da saude. De acordo com Infante (2005), “na area do desenvolvimento Adeliani Almeida Campos humano, a énfase dessas reflexdes esta na importancia de promover 0 potencial de todos, em vez de destacar somente o evento danoso.” (2005). Nesse contexto, o conceito de resiliéncia adquiriu um novo olhar de especial importdncia. A resiliéncia em ciéncias humanas "tenta entender como criangas, adolescentes e adultos sao capazes de sobreviver e superar adversidades” (ibid.). Resiligncia na area da educagéo é um processo dinamico em que as influéncias do ambiente e do individuo interagem em uma relagdo reciproca, que permite a pessoa crescer adaptando- se positivamente apesar das adversidades. Para isso, o ambiente, “a familia, a escola, a comunidade e a sociedade devem prover recursos para que 0 individuo possa desenvolver-se mais plenamente” (ibid). E ai que a odontologia se pronuncia juntamente com profissionais com uma visdo mais ampla que, muito além do reducionismo das especialidades tecnicistas e fragmentadas, buscam o desenvolvimento do ser humano através do processo de educagao e satde integral. Penso em Santos (1987), Morin (2000), Axelsson (2004), Bastos, Peres e Caldana (2007), Macau Lopes (2008), Moysés, Kriger, Moysés (2008), Pelizzoli (2008); Gdis (2008) Aquino, Rego (2009), Tadeu (2009), Corazza (2009), Henz (2009), Kohan (2009), Garcia (2009), Gonsalves (2009), Liimaa (2009), Pelizzoli, Liimaa (2009), Wallace (2009) Para transformarmos a pratica atual de educacg&o e satide e priorizarmos as acgdes educativo-preventivas é preciso termos a coragem de contestar a pratica vigente e apresentarmos solucées, baseadas em praticas eestudos vivenciados, buscando a transformacao da realidade (PELIZZOLI, 2008). De acordo com Rouquayrol e Almeida Filho (1999), pratica da saude publica: “apesar de assentar grande parte de suas decisGes sobre o conhecimento epidemioldgico, nao deixa de ser uma pratica de intervengéo social planejada e, como tal, uma parte ponderavel de suas agées é& resultante de decisdes pessoais ou colegiadas, é limitada pela estrutura sécio-econdmica entéo vigente e ¢ determinada por uma multiplicidade de fatores ndo-cientificos, entre os quais se alinham a ideologia, a decisao politica, as conveniéncias contingentes, o nivel de autoridade de pessoas ou de grupos, a experiéncia de vida de seus agentes e a falta ou presenga de bom senso. Assim considerada a Saude Publica, seus pressupostos e a sua pratica podem e devem ser externamente e internamente criticados, ponderados e até mesmo contestados a partir de pontos de vista — inclusive nao-cientificos — de carater opinativo, filoséfico, ideoldgico e cientifico e de vivéncias.” (ROUQUAYROL, ALMEIDA FILHO, 1999). Neste contexto, 0 conceito de que a reabilitagao restaura a estética ea funcdo é insuficiente. A reabilitagao & parte de um processo integral de preservacao da sade e da vida. Para isso passa necessariamente pela aprendizagem do processo saide-doenga e sua complexidade em cada Educacio para Saude bucal Integral | Educacio,prevencéo e Reabilitacéo individu, como sujeito participante de seu diagnéstico, de sua propria cura e da construgao da capacidade do autocuidado para a preservacao de sua propria vida mais saudavel (AXELSSON, 2004). Na atualidade, muitos profissionais ja vem se conscientizando da importancia das agées restauradoras minimamente invasivas. Falta ainda compreender que, mesmo com medidas reabilitadoras minimamente invasivas, a base do tratamento consiste no controle da causa das doengas, para que se previna futuras invasdes, se preserve os tecidos vivos e os mantenha vivos apés as agées restauradoras minimamente invasivas. Portanto, educar cada pessoa para a compreensao das causas das doengase acompanhar seu processo de aprendizagem para o autocuidado permanente é 0 eixo para 0 resgate e preservacao da sade, a ser priorizado durante todo 0 proceso de reabilitag3o oral e mantido nas visitas periédicas para controle e manutenco do tratamento (AXELSSON, 2004, 2009). Levantamentos epidemiolégicos comprovam o fracasso do modelo cirdrgico-restaurador da odontologia. Apesar dessa comprovada realidade, podemos observar que o contetdo de cursos de odontologia, tanto na graduacdo como em diferentes cursos de pés-graduagao, continua baseado em modelos fragmentados e tecnicistas, sem a indispensavel integracao, qualificacdo e priorizagdo de agées educativo-preventivas para prevencao e controle do processo saUde-doenca, 0 que consequentemente resulta em uma pratica semelhante nos servicos odontoldgicos, a qual vem comprometendo progressivamente a satde bucal das pessoas com o avangar da idade (5B BRASIL 2003, CEARA 2004, FORTALEZA, 2006-2007). Precisamos assumir o papel de profissionais da satde. Basear os atendimentos das pessoas em numero de procedimentos cirtrgico- restauradores é desumano. A pressa em concluirtratamentos restauradores, sem a priorizacéo do controle de placa, é baseada na ldgica de mercado, e nao no cuidado com o ser humano. Portanto, devemos criticar qualquer processo de formagio de profissionais baseados em numero de procedimentos restauradores, pois evidéncias cientificas j4 comprovaram que os melhores programas para a promogao e manutengao da satide bucal das pessoas s80 baseadosna melhoria da qualidade das ag6es para o controle de placa (biofilme dental) e na limpeza profissional periddica de acordo com a necessidade de cada pessoa, 0 que resulta na prevenco e controle da gengjvite, periodontite e da carie dentaria para a vida inteira, em criangas, jovens e adultos (AXELSSON, 2004; AXELSSON, NYSTROM, LYNDHE, 2004). Associadas ao controle de placa (biofilme dentario), as medidas restauradoras dever&o ser minimamente invasivas e permanentemente integradas & priorizagdo das indispensaveis acdes educativo-preventivas de qualidade (AXELSSON, 2004; IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES RAGGIO, 2010). VEIVERSIDADE Feu BIBLIOTECA LE ciép Adeliani Almeida Campos Capitulo 2 Integra¢gdo educacao, prevencdo e reabilitacao A ilusSo capitalista-mercadoldgica de que a melhoria da qualidade de servicos cirdrgico-restauradores tende a melhorar a saUde bucal das pessoas, infelizmente permanece cumprindo o seu papel de iludir, para a garantia do lucro progressivo de empresas de equipamentos e materiais odontoldgicos, em detrimento da sade e da preservagao de tecidos e dentes naturais (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008; PELIZZOLI, 2008; GOIS, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Ja é comprovado cientificamente que os melhores servicos de promogdo da satide bucal e preservacao da sade dos dentes e gengivas a curto, médio e longo prazos sao baseados na priorizacdo das agdes educativo-preventivas, integradas a agées reabilitadoras minimamente invasivas, seguidas de um servigo permanente de controle de placa bacteriana (biofilme) e de limpeza profissional periddica de acordo com a necessidade de cada paciente (AXELSSON, NYSTRON, LYNDHE, 2004; AXELSSON, 2004). E preciso repensarmos que essas evidéncias cientificas, de resultado de 30 anos de estudos, demonstrando que é possivel se viver sem caries e sem problemas nas gengivas e de reduzir a quase zero a perda de dentes naturais, com a priorizacao das agées educativo-preventivas precisam ser inseridas no dia a dia do Sistema Unico de Saude, em defesa do direito & preservacio da vida, e portanto, dos tecidos vivos de todos os cidadaos brasileiros. O Sistema Unico de Satde (SUS) foi criado para garantir o cumprimento do artigo da Constituigao de 1988 que estabelece que a saude é direito de todos e dever do Estado, e deve priorizar ag6es preventivas sem prejuizo das aces reabilitadoras. Para atender a este direito constitucional, —————————S ee ee Educagao para Saude bucal Integral | Educagio, prevencao e Reabilitacao 0 Sistema Unico de Satide (lei 8.080/90 e art.ag8 da Constituicao. Federal) baseia-se fundamentalmente nos principios de universalidade, integralidade e equidade. O principio da universalidade assegura que 0 acesso aos servigos de saude em todos os niveis de assisténcia é direito de todos os cidadaos sem nenhum tipo de discriminagao. O principio da integralidade garante a oferta de aces e servicos preventivos e curativos, individuais e coletivos, em todos os niveis de assisténcia, atendendo as necessidades de cada pessoa como um todo, um ser integral. O principio da equidade assegura que a disponibilidade dos servigos de sade deve ser direcionada de acordo com as necessidades dos diferentes grupos de individuos. (GOMES, CAMPOS, . 2005). © Brasil Sorridente surgiv em 2004, desenvolvido pelo Governo Federal do Presidente Lula, onde o Ministério da Sade (MS) estabelece que as aces de promogao, prevencao e recuperagao da saide bucal da populacio brasileira, respeitem os principios do SUS mencionando as Diretrizes da Politica Nacional de Saude Bucal, documento apresentado pelo MS, em consonancia com a Conferéncia Nacional de Satide Bucal, com . uma “reorientagdo das concepgées e praticas no campo da satde bucal, capazes de propiciar um novo processo de trabalho que tem como meta a producio do cuidado” (BRASIL, 2004 APUD MACAU LOPES, 2008). Cuidar em odontologia ndo € apenas resolver um problema momentAneo, mas té-lo como ponto de partida de um trabalho de resgate @ manutengao da sade bucal, como um proceso técnico e pedagdgico. A partir deste documento Macau Lopes nos explica o sentido de integralidade em saude: “E através desse documento que a sade bucal no pais passa a incorporar um conjunto de politicas que tém a integralidade como um dos seus pressupostos, 0 que denominamos politica integral. Mas o que entendemos por politicas de sadde que contemplam ages de integralidade? Parafraseando Mattos (2003), tais politicas devem atender as necessidades tanto preventivas — que agem na tentativa de mudanga no quadro social da doenca — quanto assistenciais - desenvolvidas apds a instalagdo da doenca — da populagdo, contemplando o principio da integralidade. Espera- se, portanto, que os formuladores de politicas sejam capazes de articular ambas as dimensdes, de modo que as acées preventivas e assistenciais sejam inseridas na agenda governamental e implementadas por ela.” (ibid). A atenco integral é direito de todo cidadao, com priorizagao das agées preventivas (art. 198 da CF e lei 8.080/90). Nesse sentido: "Cabe a todos os profissionais da satide entender suas fungdes educativas e seu papel no processo de Educagao em Satide. Durante as discussdes técnicas da Organizagao Pan-Americana da Saude (OPAS), os istros das Américas reconheceram a necessidade de aceitar novos enfoques e de propor novas Adeliani Almeida Campos estratégias para integrar a educagdo e a participagao comunitaria nas atividades de assisténcia primaria em savde. Além disso, mostraram @ necessidade de mudangas e de ajustamento nas estruturas vigentes dos servigos de sade, recorrendo ao raciocinio politico que fundamenta teoria e pratica na participagao comunitaria.” (BASTOS, PERES, CALDANA, 2007). O processo educative deve integrar nao so criangas e jovens, mas também os pais, desde o pré-natal até a idade em que @ crianga ja tenha controlado a carie em todos os dentes permanentes e compreendido a importancia do controle de placa e da redugao da frequéncia do consumo de acucar para sua sade bucal. A falta de educagao adequada dos pais e falta de conhecimento de como remover adequadamente a placa bacteriana so fatores relacionados com a presenga de carie e a perda de dentes em criangas (SILVA, CAMPOS, 2003; QIN, L), ZHANG, MA, 2008). No caso de reabilitagao da me ou do pai, as criangas devem ser envolvidas no processo educativo-preventivo da familia. Antes da insergao de restauragdes ou de uma protese dental, a pessoa deve ser inserida no processo de aprendizagem para controlar e prevenir a cérie e doengas das gengivas, restabelecendo as condicdes de sade bucal e evitando a perda de mais tecidos nos dentes naturais. Um profissional da area restauradora restabelece, antes de tudo, as condigées para 0 controle das doengas que causaram a perda dos dentes que geraram a necessidade da protese ou restauracao, evitando a perda de outros dentes e reduzindo a necessidade de novas restauracées ou proteses (Fig.2.1). Fig. 2.a- Antes da insergdo de uma prétese dental, cada pessoa deve ser educade para fazer o controle de pleca bacteriana, Fazer a orientacao e treinamento do paciente so uma vez nao é sufciente, pols o bichiine egere-se novamente aos dentes € 05 pacientes precisam de avaliacdes com reforgo e motivagao periddicos para a remogso do biofilme aderido nos lacais de dificil remogéo. Educagao para Satide bucal Integral | Educacao,prevengao e Reabilitagao Para isso, é fundamental controlar a causa das doengas antes do inicio da fase de restauracao, e depois, garantir um servigo permanente de educacao, capacitagdo e motivagdo para o controle diario de placa bacteriana e limpeza profissional periédica nos pacientes reabilitados. Dessa forma evitaremos o retorno da doenca ea destruicgao progressiva dos dentes em direcéo ao edentulismo. Dentro deste novo enfoque da odontologia contemporanea, as acdes do profissional da sade em reabilitagéo oral se iniciam na infancia, evitando que os filhos de pacientes que precisam de restauracées ou préteses percam os dentes, como seus pais. O Escovédromo Interativo, visto nas fotos (Figs.2.1;2.2;2.3), associado a um questionério interativo, faz parte de um Programa de Educacio Para Sade Bucal e EducacéoAlimentar criado por Adeliani Almeida Campos e Hermano José Maia Campos Filho (CAMPOS, 2007,2030,2021). A partir do preparo da boca da me para a protese dental, a familia progressivamente se envolve no processo educativo-preventivo, quando se motivam uns aos outros, trabalhando juntos para sade bucal da familia. Na figura 2.3, mae e filhos estabelecem uma relacéo de colaboragdo e aprendizado durante o preenchimento do Questionario Interativo, (CAMPOS, 2010/2011) transformando a tradicional pratica do viver sujeitado, caracteristica do modelo cirbrgico-restaurador, para uma nova, na qual os pacientes so os sujeitos da mudanga (MACAU LOPES, 2008). Esse processo deve ser continuo. Uma acao isolada nao resolve o problema, porque a placa bacteriana volta a se aderir aos dentes diariamente, e 0 processo sade-doenga progride se o reforgo e motivagéo permanente nao forem continuados para a remocao diaria da placa dentaria (biofilme) aderida nos locais de dificil remogio: (2) fundo de fossas e fissuras oclusais; (2) superficie proximal e (3) superficie dentaria subgengival, em todo o perimetro dos dentes (AXELSSON, 2004, 2009; CAMPOS, 2007, 2010, 2021). Adeliani Almeida Campos Fig. 2.2- As agbes do profissional da saiide em reabilitacéo oral se iniciam na inféincia, evitando que 05 filhos e familiares de pacientes que precisam de restauracdes ou préteses dentarias, percam seus dentes como seus pais e/ou familiares. Fig. 23+ A partir do preparo da boca da mie, para receber a prétese dental, a familia progressivamiente se envolveu, interagindo para o resgate e manutengSo da sauide bucal da familia. EducagSo para Sade bucal Integral | Educacdo,prevencao e Reabilitagso O processo educativo-preventivo Para que o processo educativo-preventivo seja efetivo, é preciso reconhecer cada ser humano na sua singularidade e na sua totalidade, para possibilitar a construcdo progressiva ‘de sua autonomia no cuidar de si (PELIZZOLI, 2008; GONSALVES, 2009). De acordo com este ponto de vista, Bastos, Peres e Caldana, nos apresentam a seguinte reflexdo: “Nao faz sentido falar do comportamento ou da cognicaéo sem considerar 0 dominio afetivo, os sentimentos do aprendiz. A aprendizagem nao se limita ao aumento de conhecimentos, mas sim é vista como algo que influencia as escolhas ¢ as atitudes do individuo” (BASTOS, PERES, CALDANA, 2007). Assim, conforme o pensamento de Paulo Freire, a pessoa que esta ensinando deve respeitar o saber de quem aprende e discutir com ele a relacao entre o que ele ja sabe e 0 que se esta apresentando de novo, motivando-o permanentemente a superar suas dificuldades. “O queimporta, na formacSo do professor, ndo é a repeticao mecdnica do gesto, este ou aquele, mas a compreensao do valor dos sentimentos, das emogées, do desejo, da inseguranga a ser superada pela seguranga, do medo que ao ser ‘educado' vai gerando a coragem (...) pois ensinar exige alegria e esperanga (...) ea convicgao de que a mudanga é possivel” (FREIRE, 1996). Por isso, fazer educagdo em sade bucal nao é ensinar criangas, jovens e adultos a repetir movimentos mecahicos de higiene dental. E um processo de se entender o porqué de cada agao, como também nos diz Paulo Freire, pois o aprendizado sé ocorre quando o aprendiz é sujeito de seu aprendizado em diregao 4 sua autonomia (FREIRE, 1996; PELIZZOLI, 2008; GOIS, 2008; GONSALVES, 2009) O profissional da sade que considera o paciente sujeito, nao faz um diagndéstico sozinho, mas discute com o paciente as causas € consequéncias das doengas. O profissional da satde bucal que considera o paciente sujeito ndo o coloca simplesmente para repetir movimentos mecanicos de escovacao e uso do fio dental sem entender porque, e sim, explica exatamente onde e porque escovare passarofioeoacompanha explicando-o cuidadosamente como melhorar para fazer cada vez melhor, através de um processo interativo em que as dificuldades vao sendo progressivamente esclarecidas e superadas, Paulo Freire (1996) explica que as pessoas que est3o ensinando e aprendendo podem ir-se tornando capazes de melhorar cada vez mais o método de ensino-aprendizagem e criar novas formas de melhorar os resultados obtidos. Segundo ele isso pode acontecer quando os que esto ensinando e 0s que est&o aprendendo sao criadores, inquietos, curiosos, humildes e persistentes, ou seja, continuam tentando melhorar Adeliani Almeida Campos cada vez mais, construindo e reconstruindo o saber ensinado a cada cis Essa criatividade crescente ¢ necessaria no processo de aprendizagem = ocorre em ambiente de liberdade de expresséo. Sem autoritarismos q) causem opressao e impegam a espontaneidade, porque um conhecime: novo apresentado pode ser ultrapassado por um mais novo saber de hoje, partir do que se vai aprendendo e tentando melhorar (FREIRE, 1996). Es: orientagSo ja recebeu numerosas contribuigGes tedrico-praticas, tais come Morin (2000), Pelizzoli (2008); Géis (2008), Aquino, Rego (2009), Tad== (2009) Corazza (2009), Henz (2009), Kohan (2009), Garcia (2009). E nes ambiente que propomos que seja feita a priorizagéo das agées educatiy preventivas através do Programa de Educaao para Satide Bucal e Educa Alimentar (CAMPOS 2007, CAMPOS FILHO, LUZE SILVA, LUCENA, LOSSIO. 2010; CAMPOS, CAMPOS FILHO, LUZ E SILVA, 2013). Somente inserindo uma abordagem educativo-preventive c= qualidade como prioridade no Programa de Saude na Escola (PSE) € no Sistema Unico de Satide e Programa de Saude da Familia (PSF) trataremos nossos semelhantes com o respeito que eles merecem para o REAL restabelecimento e manutengao da satide bucal (AXELSSON, NYSTRON, LYNDHE, 2004; AXELSSON, 2004; SHIDARA, McGLOTHLIN, KOBAYASHI, 2007). Acoes educativas de qualidade sdo urgentes, para promover = ultrapassagem de tantos problemas que vém sendo demonstrados nos servigos, que priorizam o modelo cirtrgico-restaurador com agao “curativo”, sem combater etratar as causas das doengas e sem a preserva: dos tecidos vivos (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008; CAMPOS, 2007; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Tais problemas se agrava™ porque “uma vez conseguido o servigo, esse é essencialmente mutilador™ (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008). As estatisticas comprovam tals consideragGes: “Um indicador que pode refletir bem esse aspecto € proporcao de perda de primeiros molares em criangas de 12 anos. Conve lembrar que este grupo de dentes, nesta idade, esta presente na boca hz cerca de seis anos, considerando a média de tempo de erupgao dentaris Sua perda indica, além de uma maior gravidade do ataque de carie dentaris, uma total incompeténcia dos servigos em manter as estruturas dentarias. No Brasil, em termos médios, uma em cada 10 criangas de 12 anos ja perdeu pelo menos um molar permanente por causa da carie” (ibid). A formacio de profissionais generalistas, mais integrados nas acd=s educativo-preventivas tem sido apresentada por muitos autores como um. necessidade. Mas, pergunta-se: EducagSo para Saude bucal Integral | EducacSo,prevencao e Reabilitagdo . =_ eo a ea i ° = oF om a 5 e ° i n “Como formar um profissional generalista se a formacao do professor é, em sua maioria, de especialista? Sem receitas, mas com uma dimensao ampliada, a busca é construir 0 pensamento de uma universidade critica que forma profissionais com a capacidade para refletir sobre a realidade e transforma-la” (RANGEL, FERREIRA, NUNES, TORRES, 2006). Na pratica tradicional, as agées educativo-preventivas se limitam & anotacio do indice de placa sem a participagdo do paciente. Os profissionais fazem a orientacao de higiene bucal anotando dados e fazendo a profilaxia por si mesmos, sem estimular a mudanga da compreensao do paciente sobre o que esta acontecendo dentro de sua prépria boca e se adaptando a um sistema ilusdrio, de cumprimento de uma sesséo de “higiene bucal supervisionada”. Deste modo, 0 processo satde-doenga continua e os pacientes no compreendem a relacdo do biofilme aderido com a possibilidade de doenga em diferentes localidades do dente onde a placa bacteriana (biofilme) mais permanece aderida apés uma escovagéo usual. Nessa pratica os pacientes nao superam, progressivamente, suas dificuldades de forma a se tornarem aptos a fazer sua higiene dental didria com 0 uso correto da escova e do fio dental e remogao adequada da placa bacteriana ao longo da vida. Ndo é uma anotagao de que a higiene bucal supervisionada foi realizada que vai garantir a qualidade do processo. A mudanga dessa relacao profissional-paciente em que somente © profissional entende o que esta anotando e fazendo, na qual o paciente é sujeitado (MACAU LOPES, 2008), precisa ser transformada para uma relacdo sujeito-sujeito. Somente permitindo que cada pessoa participe como sujeito do seu proprio processo de aprendizagem, este poder, progressivamente, cuidar de sua prépria salde e preservar seus dentes naturais na boca (Fig.2.4). Adeliani Almeida Campos Fig. 2.4- A relacdo de ensino-aprendizagem no processo educativo-preventiva deve ocorrer de forma interativa, em que o paciente participa ativamente no processo de compreensao da relacdo da pleca bacteriana que foi evidenciada em seus proprios dentes, com o processo saide-doenca dentro de sua prépria boca. Nese processo, a escovago e 0 uso do fic dental sao ensinados sempre relacionanco com a remogio da placa bacteriana aderida em lugares especificos e a prevencao e controle das doengas cérie, gengivite e periodontite, de acordo como que vai send observado conjuntamente, pelo profissional e pelo paciente, que é sujeito, que participa e se capacita para a compreensao do proceso sdude-doenca dentro de sua propria boca e como agir para construir a progressiva autonomia no indispensdvel autocuidado diario que devera se manter apés a consulta profissional, Para faciltar esse processo, na foto vemnos as criangas respondendo os questionérios interativos, que apresentam uma sequéncia que facilita o processo de formagéo de profissionais e agentes muitiplicadores para agdes qualitativas em educagao para sade bucal e educacao alimentar. Esse questionario esta disponivel nos livros: Sade bucal para a vida inteira. Como viver com um belo sorriso Sem caries, sem problemas nes gengivas, com um halito agradavel e com sadde integral (Adeliani Almeida Camposet al, 2010, 2022). Essa nova pratica, em que cada paciente se torna sujeito no processo ensino-aprendizagem, vem progressivamente substituindo a odontologia tradicional, demodelo cirUrgico-restaurador, paraummodeloda odontologia da minima intervengao, com priorizagao das a¢gGes qualitativas de educagao e prevencao das doengas, com aces restauradoras minimamente invasivas. O modelo cirdirgico-restaurador ja se provou, através dos tempos, como ultrapassado e desumano, por se basear na troca de restauragdes e/ou préteses dentarias, sem a priorizacéo de acdes qualitativas de educacao @ prevencdo, resultando na perda progressiva dos dentes. Esses dados podem ser observados através da relacao dos servigos oferecidos e de suas Educagao para Satide bucal Integral | EducagSo,prevencio e Reabilitagio consequéncias ao longo do tempo e do acompanhamento epidemioldgico periddico (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008; AXELSSON, 2004, 2009; IMPARATTO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). O ambiente necessério para a aprendizagem em educagio integral Antunes (1999), em seu livro “Educagao emocional”, nos apresenta os estudos de Howard Gardner, um pesquisador da Universidade de Harvard que, estudando as respostas do cérebro diante de diferentes estimulos nos alerta de de que todos podem aprender, mas que diferentes pessoas precisam de diferentes estimulos para o aprendizado. Por exemplo, ele observou que algumas pessoas sao mais estimuladas ao aprendizado diante do estimulo pictérico, ou seja, precisam ser estimuladas através da analise de figuras interessantes que ajudem o aprendiz a compreender melhor. Observou também que todas as pessoas possuem pelo menos uma das varias inteligéncias ou modos de aprender, portanto, quando uma pessoa ndo aprende, o problema ndo esta no aprendiz, ¢ sim, na falta do estimulo adequado para o seu aprendizado (PELIZZOLI, 2008). As descobertas de Howard Gardner (ANTUNES, 1999) nos remetem a analise de um problema muito sério que pode se desenvolver durante qualquer processo educativo. O educador, em nenhum momento deve rotular um aprendiz como desinteressado ou incapaz de aprender. Se isto ocorre, 0 educador estara sim, manifestando sua dificuldade e/ ou desinteresse em procurar o estimulo mais adequado para despertar e conduzir ao aprendizado. Dai, sempre que uma pessoa ou uma turma apresenta sinais de pouco aprendizado, a avaliag3o deve ser estendida abrangendo nao sé 0 aluno mas o educador que avalia, 0 qual devera ser reconduzido a uma formaco mais ampla e de viséo e desenvolvimento de habilidades em um contexto mais integral de andlise de desenvolvimento do ser humano, e anilise das prioridades que podem contribuir para a real melhoria da qualidade de vida das pessoas e das comunidades envolvidas no processo educativo (PELIZZOLI, 2008). O objetivo é 0 desenvolvimento pleno do ser humano, em todas as suas potencialidades, facilitado a partir da qualidade das relages estabelecidas no decorrer do aprendizado de cada um nas suas mbltiplas vinculagées, pois todos somos educadores no processo de interagéo durante a vida, como mies, pais, filhos, amigos, irmaos, companheiros e como profissionais educadores, tanto nas escolas como em todas as relagées educador-educando (FREIRE, 1996; PELIZZOLI, 2008; GOIS, 2008; GONSALVES, 2009). Adeliani Almeida Campos Somos educadores e educandos nesta caminhada, aprendendo a comunhdo e o bem querer ao proximo, em processo de tentar aprender o desafio que nos coloca Paulo Freire (1996): 0 de respeitar todos os tipos de pergunta que vém da curiosidade e da busca de tornar o assunto cada vez mais claro, transparente para todos. Em espagos em que se pode discutir porque discorda, com o direito de cada um de comparar, escolher e decidir de nao fazer se nao estiver certo do porqué fazer e do como fazer (FREIRE, 1996). Educar é um processo de progressiva construgéo da autonomia do educando, do ser sujeito de seu préprio processo de crescimento e capacidade do cuidar de si. Para isso 0 aprendizado é um processo que precisa ser vivenciado por cada um (PELIZZOLI, 2008; GONSALVES, 2009). Esse processo, sagrado em cada um de nds, nao deve ser estreito nem opressor. Opressdo é inversamente proporcional a educagao e sade. Precisamos estar atentos e, como educadores, manifestarmos nossa indignagao aqueles que fazem das unidades de educagao e sade qualquer espago para a opressao, pois todoserhumanotem odireito de desenvolver-se € participar como sujeito na vida, e nao como sujeitado. Por isso precisamos nos posicionar diante do uso de uma nogao estreita de “ciéncia”, que vem utilizando historicamente o termo “cientifico” para oprimiras pessoas de sua liberdade de expresso esponténea, singular, afetuosa, tentando eliminar © sujeito para que ele viva sujeitado, sem expressao de si proprio como sabedoria vivenciada dentro de sua ampla experiéncia de vida (FREIRE, 1996; MORIN, 2000, 2003; TORO, 2006; VECCHIA, 2006; MACAU LOPES, 2008; PELIZZOLI, 2008; GOIS, 2008; AQUINO, REGO, 2009; TADEU, 2009; CORAZZA, 2009; HENZ, 2009; KOHAN, 2009; GARCIA, 2009; GONSALVES, 2009; LIIIMAA, 2009, WALLACE, 2009; AERTZ, GANZO, 2009; MATURANA E DAVILA, 2009). © conceito contempordneo de satide inclui a expressio da pessoa como um todo (GOIS, 2008). Aprender e ser feliz ao mesmo tempo é possivel. Pessoas inteligentes tém humildade, seriedade, afetuosidade e felicidade associadas em tudo que fazem (PELIZZOL|, 2008; GONSALVES, 2009). Expressao e afetividade caminham juntas dentro de um contexto ético da educag&o e satde, onde existe amor e respeito ao momento de expans&o e crescimento do educando (FREIRE, 1996; VECCHIA, 2004, 2006; AERTZ, GANZO, 2009; GONSALVES, 2009; MATURANA E DAVILA, 2009). O ambiente necessario para a educagao se constitui no ambiente sincero e afetuoso, de compreenséo do momento de cada um. Onde cada pessoa possa conectar o sentir com o ser. Essa sinceridade, que permite a Educacao para Saiide bucal integral | Educagio,prevencao ¢ Reabilitacdo verdadeira comunicac&o, pode ser considerada uma ameaga em ambientes onde o ser humano é sujeitado a calar-se, a viver oprimido (PELIZZOLI, 2008; GOIS, 2008). Um ambiente de franqueza é a primeira manifestagdo da vontade de construgao de um mundo verdadeiro, possibilitando o encontro permanente entre o sentir e o ser. Um ambiente onde o ser humano possa se expressar, seja com alegria e contentamento, ou com tristeza, indignaco ou mesmo com raiva, porque capaz de amar (FREIRE, 1996). O ambiente franco pode passar por momentos de expresso de oposi¢des, ou do saudavel discordar, mas também constréi a possibilidade da expressdo do amor ao préximo (MATURANA E DAVILA, 2009), do ambiente do real cuidado, onde se planta a facilitagao para o aprendizado do cuidar-se e do curar-se (AERTZ, GANZO, 2009) e de nos cuidarmos uns aos outros como realmente somos, valorizando nossos potenciais e vivenciando, na pratica, a qualidade de vida em um ambiente que se prope educativo e saudavel sem simulacros enganosos, que impedem o crescimento e o desenvolvimento pleno e consciente (FREIRE, 1996; VECCHIA, 2006; GOIS, 2008; PELIZZOLI, 2008; GONSALVES, 2009; AERTZ GANZO, 2009; LIIMAA, 2009). O processo educativo ocorre no dia a dia na interagao em casa, na escola, no trabalho, nas unidades de sade e em todos os espacos sociais. Ele consiste em proporcionar a ambiéncia necessaria para cada um aprender a conviver integradocomseussentimentose aproveitar essa energia que surge da integragao do ser com o sentir, para estimular a expressao da beleza que surge, Unica, de cada ser humano no vivenciar de sua singularidade. E lindo poder interagir nesse processo no momento do aprendizado da escovagao e do uso do fio dental. Aproveitando cada oportunidade para torcer junto para a remocio mais efetiva da placa bacteriana, celebrar juntos os progressos e juntos vencer as dificuldades na remoco da placa aderida nos locais de dificil remogao. Promover um ambiente para o aprendizado é apreciar e celebrar © belo que sutilmente surge em cada um, estimulando-o a desenvolver- se. Em um clima de acolhimento e celebragdo cada um vai desenvolvendo seus potenciais e sendo motivado a continuar progredindo no aprendizado para a preservacao de seus dentes e gengivas saudaveis. O educador ou facilitador, afetuosamente celebra cada progresso. Assim, cada pessoa, independente da idade, vai comegar a gostar de aprender sempre algo mais, pois é acolhido e cuidado, reconhecido e querido como é, no seu ritmo, sendo afetuosamente levado a superar suas dificuldades para a remogao da placa bacteriana aderida nos locais de dificil remogao. O afeto e acolhimento é a base para 0 aprendizado, o crescimento e desenvolvimento da capacidade de superacao das dificuldades do ser humano (MELILLO, 2005; VECCHIA, 2006; PELIZZOLI, 2008; GONSALVES, 2009). Acolhendo rr - Adeliani Almeida Campos com afeto podemos interagir para a permanente melhoria da higiene bucal e relacionar, a cada novo momento, o aprendizado com a alegria, para a motivagao de se sentir cada vez mais capaz de cuidar de si e promover sua sade, com cuidados que precisam ser indispensavelmente renovados, motivados e reforgados periodicamente, para a preservacdo da natureza e da vida (PELIZZOLI, 2008). Esse momento de esforgo e motivagéo periddica deve buscar a variacSo de estimulos, de todas as formas possiveis. Por exemplo, a cada nova evidenciagéo da placa bacteriana, tentar relacionar a placa retida préxima a gengiva com a busca permanente para a manutencao da satde gengival. Observar se no espaco interproximal ha placa bacteriana aderida é reforcar 0 uso correto do fio dental na regido subgengival. E se alguém no grupo conseque usar a escova e/ou 0 fio dental corretamente, ou conseguiu remover a placa bacteriana corada de locais de dificil remogao, ou conseguiu expressar dificuldades, alegria ou tristeza, o educador ou facilitador Ihe da atengao, acolhe, cuida, aprecia, vibra com seus progressos, criando um ambiente de estimulo & expressao, a interagao, ao crescimento do potencial, reconhecido e estimulado. Nesse ambiente, aos poucos podera se observar que 0 educando e/ou 0 grupo vai se enriquecendo e criando um movimento proprio, espontaneo, gerador de movimento e de interagao. De expressdéo da singularidade integrada do ser-sentir e de compartilhar a forma de expressdo de cada um no seu processo Unico de vivenciar seu aprendizado. Semcobrangas de um comportamento padraoe oprimido. Sema opressao,a cada dia a energia cresce, n3o s6 quantitativamente, mas qualitativamente, ampliando o estimulo para outras areas de expressao e potencializagao do aprendizado, em ambiente lUdico, afetuoso e participativo, propicio para expressiio da satde e da vida (FREIRE, 1996; VECCHIA, 2006; ANDINO, 2006; GOIS, 2008; PELIZZOLI, 2008; GONSALVES, 2009). Nesse processo, Paulo Freire (1996) nos orienta a assimilar a forma de expresséio de cada um. E assim que os micrébios da placa bacteriana vio sendo chamados de “minhoquinhas” que vao “comendo o dente” e inflamando as gengivas. Que a raspagem do dente com a escova e 0 fio dental vai se transformando na linguagem muito bem explicada de que “isto é esfregar o dente”. Vocé esta nos ensinando a “esfregar” os dentes debaixo das gengivas e no fundo das “cacimbas” dos nossos dentes. Nesse assimilar a linguagem vivenciada, cada pessoa vai se sentindo valorizada e importante, reconhecida e querida como realmente &. Esse é o bergo, regado & afeto, que percebe e exalta o brilho que existe dentro de cada pessoa. Basta criar o ambiente amoroso (MATURANA E DAVILA, 2009), de | aceitagao, reconhecimento e festejar cada sutil expressao singular. Com a criagdo de umambiente favordvel 4 espontaneidade, o educador inteligente, Educagao para Satide bucal Integral | Educagio, prevencio e ReabilitacSo geralmente cheio de afeto e alegria pelo que faz (GONSALVES, 2009), cria, sutilmente, o territério que facilita a expressao de multiplas potencialidades e estimula a participacao. Pois sabe que, tanto para criangas, jovens, como para adultos também: “Brincar é coisa séria” (ANDINO, 2006), pois facilita a aprendizagem. E neste contexto que vamos transformando 0 conhecimento técnico, “trabalhando a partir da representagdo do aluno” (PERRENOUD, 2000), como sujeito participativo, vivenciando a aprendizagem que vai ocorrendo progressivamente, em um ritmo especifico de si e da rica interacao afetiva com outro (s) (GOIS, 2008; GONSALVES, 2009), dentro de um contexto de integra¢do ser e sentir, com o estimulo 4 expresséo de cada sutil desabrochar da beleza unica de cada um, favorecendo assim a integrac3o do aprendizado, do crescimento e do desenvolvimento e interagdo saudavel (PELIZZOLI, 2008). Programa de Educagao para Saude Bucal e Educacaéo Alimentar Um Programa de Educacao para Saude bucal e Educagao Alimentar se baseia no principio de cuidado com a sade bucal de cada ser humano, compreendendo os principios que hoje comprovam como prevenir e controlar as doengas que promovem as perdas dentarias (periodontite e carie dentaria), tendo como fator chave, o controle da placa bacteriana (biofilme) aderido as superficies dentarias, nas areas de dificil remogao (AXELSSON, 2004; CAMPOS, 2007, 2010, 2011). Além do controle de placa, proporcionado pela remogao mecanica adequada pelo uso correto da escova e do fio dental, recomenda-se a associagao da pasta de dentes com fluor ao uso da escova e do fio dental, desde que, esta se tornando consenso entre pesquisadores da area que a associacao da remoco mecénica da placa bacteriana e 0 uso de dentifricios fluoretados é 0 método de escolha para a prevengao e controle da carie dentaria (BUZALAF, 2008). Além disso, para a remineralizagdo dos dentes no permanente processo de desmineralizacao e remineralizagao, é indispensavel a presenca de ions cdlcio e fosfato, componentes estruturais da hidroxiapatita. Para a garantia do suprimento desses elementos, o leite e seus derivados, ou outros alimentos que contém calcio e fasforo se tornam importantes para a prevencao e controle da carie dentaria. O consumo frequente de leite e derivados do leite (queijo e iogurte) favorecem a sade dos dentes e das gengivas e 0 consumo frequente de doces favorece a doenca dos dentes e das gengivas (SHIMAZAKI, SHIROTA, UCHIDA, YONEMOTO, KIYOHARA, IIDA, SAITO, YAMASHITA, 2008; YOSHIHARA, WATANABE, HANADA, Adeliani Almeida Campos MIYAZAKI, 2009). Além disso, n3o podemos considerar apenas a saide bucal pois o ser humano nao é fragmentado e portanto precisa inserir uma boa alimentagao integral associada a exercicios fisicos para se sentir bem e estar favoravel a aprendizagem. Apesar de que ja tem sido comprovada a importancia do controle de placa associado ao uso do fldor e de uma boa alimentacao, proporcionarem as condigdes necessarias para a promogao da satide bucal, temos observado muitas dificuldades por parte de dentistas, alunos de odontologia e auxiliares e técnicos de sadde bucal em facilitar a aprendizagem para o controle adequado da placa bacteriana (biofilme) aderida nos locais de dificil remocao. Dai nossa dedicagao, baseando-nos na permanente atualizagao dos resultados de estudos no mundo todo que comprovam a importancia da priorizagdo dessas agdes, em demonstrar como esses profissionais podem melhorar sua atuaciio nas agées educativo-preventivas e também nas agdes reabilitadoras de forma a atuarem melhor como profissionais da satde, sem esquecer que nao ha aprendizagem em um ser infeliz e oprimido, e que portanto, devemos inserir a aprendizagem para saéde bucal numa viséo de promog&o do bem estar integral do ser humano (GOIS, 2008). Educacéo para Satide bucal integral | Educacao,prevencdo e Reabilitagao Capitulo 3 Como e porqué ensinar a escovar adequadamente os dentes O papel mais importante de um reabilitador bucal é a prevencao, controle e tratamento da doenca, que consiste, no caso das doengas que mais promovem a perda dos dentes, no controle da infeccdo causadora dessas doencas, ou seja, no controle adequado da placa bacteriana (biofilme dental) aderida aos dentes nos locais de mais dificil remocao (AXELSSON, 2004; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Se um paciente nao possui placa bacteriana aderida 4s superficies dentérias, mesmo na presenca de acUcar, nao ha a ocorréncia da carie dental (AXELSSON, 2004). O problema é que as pessoas geralmente nao sabem como remover adequadamente a placa bacteriana dos locais de dificil remogao, e é exatamente nesses locais onde geralmente ocorrem céries e problemas nas gengivas. Os procedimentos de higiene bucal supervisionada feitos de forma rapida, s6 para cumprir um protocolo, nao previnem caries e problemas nas gengivas. Para ensinar corretamente é preciso dedicaco e persisténcia. E preciso que se desenvolva um processo de aprendizagem para a compreensdo da relagao da placa bacteriana aderida as superficies, dentdrias com o processo salide-doenga, tanto no que diz respeito a carie como a gengivite e periodontite. Por isso, os procedimentos de higiene bucal supervisionada devem acontecer em um processo afetivo, de se buscar fazer o melhor e indispensavel para a sade bucal do préximo. E um processo para o paciente compreender e valorizar 0 auto cuidado. Esse processo surge quando o profissional, educador, facilitador ou agente multiplicador de agdes de higiene bucal ja passou por seu préprio processo e ja compreendeu e abragou esta causa de realmente levar ao EE eee ‘Adeliani Almeida Campos proximo a oportunidade de também compreender, valorizar e se tornar capaz de manter sua prépria saude bucal (Campos, 2010,2011). Educar é promover um processo em diregdo 4 autonomia (GONSALVES, 2009). O tempo e o processo € baseado numa relacdo de se dar, naquele momento, para oferecer a outro(s) a oportunidade de vivenciar seu proprio aprendizado para viver com sadde bucal. “as doengas periodontais gengivite [inflamagao das gengivas] e periodontite [inflamacgdo e destruicgao dos tecidos de suporte do denie]), indiscutivelmente tem como fator etioldgico primario a agdo de microrganismos que compée o biofilme dental e que permanecem acumulados sobre a superficie dental. Assim, como em outros processos de infeccao ou lesdes trauméticas do organismo humano, a aco dos microrganismos na estrutura periodontal desencadeia um processo inflamatério o qual tem um potencial efeito de destruigao das estruturas teciduais, muitas vezes de forma irreversivel no que diz respeito a arquitetura estrutural do periodonto” (MARTINS, 2007). O controle do biofilme ou placa dentaria é 0 fator chave na prevencao e controle da gengivite, periodontite e da carie dental (AXELSSON, 2004). A presenga de placa bacteriana aderida esta relacionada com a atividade dessas doencgas (IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). A associagdo da remocao da placa bacteriana, através da escovagao diaria e adequada e do uso correto do fio dental, com os dentifricios fluoretados, tem sido determinada por pesquisadores expoentes como método de escolha para a prevencao da carie dental (BUZALAF, 2008). O problema a ser superado ¢ oferecer acesso a escova de dentes, pasta de dentes com fldor e fio dental a todos os cidadaos, juntamente com o revelador de placa bacteriana e com o acompanhamento educativo- preventivo periédico para a remocao do biofilme aderido nos locais de mais. dificil remog&o, os quais so mais associados & presenga da carie, gengivite e periodontite. A grande maioria das pessoas pensa que esta limpando os dentes corretamente, mas se revelarmos a placa dentaria (biofilme dental) observa-se que existem regides especificas onde a placa mais permanece apés a “higiene bucal supervisionada” do modelo cirurgico-restaurador, que na verdade é pontual e insuficiente. Estes sitios onde a placa bacteriana permanece aderida esto relacionados com 0 inicio e evolug&o das doengas que mais promovem a perda dos dentes. Um dos locais ondea placa dentaria mais permanece aderida apés uma escovagao usual é na regiéo préxima da gengiva e na superficie dentaria sob a gengiva, pois as pessoas precisam ser Educagao para Saiide bucal integral | Educago,prevencao e Reabilitagio esclarecidas que a gengiva nao é “colada” ao dente. Por isso todo dentista deve orientar, treinar, reforgar e motivar periodicamente o paciente para remogao da placa bacteriana no terco gengival dos dentes e na superficie dentaria subgengival, tanto nas faces vestibular e lingual, com o uso de técnica adequada para essa remogao, como com 0 uso correto do fio dental na regido subgengival das faces proximais (AXELSSON, 2004; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Desde que ja esté comprovado cientificamente que é possivel prevenir e controlar a carie, gengivite e periodontite através do controle de placa e limpeza profissional periddica (AXELSSON, 2004) (Figs.3.1;3.2), 0 dentista que nega ao paciente o direito aos conhecimentos necessarios & preservacdo de seus dentes ndo estaré se comportando como um profissional da sade e estar privando o paciente do acesso a possibilidade de preservar sua satide bucal e sua integridade fisica, negando-lhe 0 acesso a educagao ea procedimentos preventivos de qualidade que podem impedir a perda de parte ou de todo o drgao dental e de seus tecidos de suporte. Por isso, ages educativo-preventivas devem ser incluidas no atendimento de todas as pessoas e reforcgadas a cada consulta (AXELSSON, NYSTRON, LYNDHE, 2004; AXELSSON, 2004, 2009). Figs. 3.1; 3.2- Para uma escovacéo eficaz precisamos explicar, demonstrar, treinar, analisar deficiéncias corrigit, juntamente com o paciente e dentro de sua prépria boca até que o paciente se mostre capaz de remover, por si mesmo, a placa aderida nos locais de dificil remocéo. Esse processo educativo precisa de reforco periddico para que o paciente mantenha a motivagao para o controle didrio e efetivo da placa bacteriana aderida nos locais de mais dificil remogao e para que realmente se reduza significativamente a perda de estruturas dentarias periodontais. Esse processo, de aprendizado ¢ reforgo permanente para 0 Uso correto da escova e do fio dental, associado & pasta de dentes com fldor e, periodicamente, a limpeza profissional periédica de acordo com anecessidade de cada paciente éa melhor abordagem para a prevengao e controle da gengivite, periodontite e da cérie dentéria e pars a preservacao dos dentes naturais através da vida inteira (AXELSSON, 2004) Adeliani Almeida Campos Para remogao da placa aderida na regido do dente proxima agengiva enaregido subgengival, a qual éa responsvel pela gengivite e periodontite, a Técnica de Bass tem demostrado ser significativamente mais eficiente que outras técnicas de escovagao (POYATO-FERRERA, SEGURA-EGEA, BULLON-FERNANDEZ, 2003; AXELSSON, 2004). Esta técnica orienta para inclinar a escova de dentes em 45 graus em relagao ao longo eixo dos dentes de forma a vibrar a escova para inserir as pontas das cerdas da escova dentrodo sulco gengival (Fig-3.3).Com as pontas das cerdas dentro do sulco inicia-se um movimento de rotagao das cerdas pressionando-as contra a superficie do dente, subgengival, para descolar as bactérias aderidas ao dente na regiao abaixo e proximo da gengiva. Este movimento de insercSo das cerdas no sulco gengival, sequido de rotacao da escova raspando a superficie do dente que esta embaixo da gengiva € repetido varias vezes até a remocso da placa aderida. Dessa forma associa- se a remogao mecAnica da placa bacteriana e leva-se pasta de dentes com fluor a regido subgengival (Fig.3.3). O mais importante éaraspagem ciclica, ‘ou seja, repetida por varias vezes, com uma escova de cerdas macias até deixar a superficie lisa. O uso da escova macia nesse processo de limpeza evita a abrasdo da superficie dentaria (CARVALHO, ROSSI, WEIDLICH, OPPERMANN, 2007). Fig. 3.3 Para remogio da placa aderida na superficie do dente que fica sob a gengiva, a técnica de Bass Consiste na inclinagso da escova inserindo as pontas das cerdas entre o dente e a gengiva ¢, apés um frovimento de vibracao para facilitar a penetracao das cerdas no sulco gengival, fazer 2 raspagem do dente avregido subgengival. Essa raspagem ¢feite através de um movimento de rotazso, ne qual as cerdas raspam 2 placa aderida a0 dente, na regido subgengival e terco gengival do dente. Educacio para Sadde bucal integral | Educacao,prevencao e Reabilitagao Estudos comparativos demonstraram que a técnica de Bass é mais eficiente que outras técnicas para a remocao de placa e diminuigéo do sangramento gengival (RAPP, TOLEDO, ABI RACHED, MENDES, SAMPAIO, 1995; CHIARELLI, GUIMARAES, CHAIM, 2001). Tem sido demonstrado também que paraa técnica de Bass sao necessarias 6 raspagens coma escova para a remocao da placa aderida a cada superficie escovada, enquanto para outras técnicas podem ser necessarias de 11 a 13 raspagens com a escova para a remocao da placa dentaria (DIMBARRE, WAMBIER, 1995; POMPEU, PRADO, GUALBERTO JR., RAMOS, 1997; VILANI, BAPTISTA, VERTUAN, 1998). Se for formada uma bolsa, em que o sulco gengival fica mais profundo, a limpeza profissional subgengival criteriosa deve ser feita periodicamente de acordo com a necessidade de cada paciente. Durante essa limpeza podem ser associados irrigantes para o controle quimico dos microorganismos. O paciente também pode ser orientado para que, apdos & escovacio e uso correto do fio dental, a higiene possa ser seguida de lavagem da(s) bolsa(s) com solug3o de gluconato de clorexidina, fluoretos e/ou medicamentos indicados pelo periodontista. Os dentes naturais com envolvimento periodontal ndo precisam ser extraidos, apenas cuidados de todas as formas necessarias para a sua manutengéo na boca (TROMBELLI, TATAKIS, 2003; BAEHNI, TAKEUC HI, 2003; AXELSSON, 2004, 2009). Além da escovacdo subgengival e no tergo gengival na face vestibular de todos os dentes, a escovacao do tergo gengival e subgengival da parte interna (face lingual e palatina) dos dentes é muito importante. Nestas faces, podemos usar a técnica de Bass ou a técnica vertical, a qual se torna mais facilitada devido & posigéo da escova dentro da concavidade da arcada (Fig. 3.4). A placa aderida nessas faces, proxima da gengiva dos dentes posteriores inferiores merece especial atengao pois é de dificil visualizagao sem o afastamento da lingua. A escova deve ser friccionada varias vezes até o Ultimo molar, mantendo por varias vezes a raspagem do dente sob a gengiva e no terco gengival das faces lingual e palatina. A face lingual proxima & gengiva nos incisivos e molares inferiores deve ficar livre de placa. Toda a placa aderida no dente, proxima da gengiva, deve ser descolada raspando repetidamente com a escova a face interna de todos os dentes superiores (face palatina) e inferiores (face lingual). eE_— « °° °° °° °°” Adeliani Almeida Campos ! Fig.3.4- Nas faces lingual e palatina dos dentes a escova pode ser colocada fha posigéo vertical. Uma raspagem repetida ¢ feita concentrando-se 0 movimento de vaivém pare a remogao da placa bacteriana aderida '20s dentes na regio proxima e abaixo das gengivas. Um exercicio interessante durante a escovacio nas faces palatinas e linguais pode ser feito para relacionar a efetividade da escovagao com a percepcao da lisura da superficie dentaria. Para isso, pedimos ao paciente para passar a lingua na face lingual dos dentes anteriores inferiores e a seguir, com uma escova macia 0 paciente é solicitado a contar de uma dez raspando a superficie de cada dente e repetir quantas vezes for necessario até sentir coma lingua que as superficies ficaram bem lisinhas. Dessa forma vai sendo explicado a cada pessoa como é importante a fricgao repetida da escova sobre uma superficie para que ela fique livre de placa. Assim a pessoa vai aprendendo a estender esse exercicio para outros dentes, mesmo que em outras superficies a lingua ndo possa detectar essa diferenga na lisura. © importante é que, se a cada escovagao for reforgado, a partir dessa sensibilidade nessa regiao, a importancia da repeticao da limpeza para a efetiva remocSo do biofilme, a pessoa va progressivamente estendendo essa fricco repetida para a face lingual dos dentes posteriores inferiores até os Ultimos molares permanentes, quando a seguir, podera transferir Educagdo para Saude bucal Integral | EducagSo,prevengio e Reabilitacdo essa informagio também para a limpeza subgengival vestibular, proximal e oclusal, tanto na arcada inferior como superior. Apés a demonstragao da escovacdo nas faces vestibular, lingual e palatina devemos observar, motivar e acompanhar cada pessoa até a remocao completa da placa bacteriana no terco gengival de todos os dentes. Quando a pessoa disser que terminou, precisamos olhar atentamente, com © auxilio de um espelho bucal, se ainda ha placa perto da gengiva pela face interna (lingual) dos dentes inferiores anteriores e posteriores. E preciso mostrar ao paciente, com o uso do espelho bucal e, em caso de ainda haver placa, demonstrar e corrigir na boca da pessoa como remové-la e acompanhar cada paciente para ajuda-lo a superar suas dificuldades. Escovagiio na face mastigatoria (face oclusal) dos dentes posteriores. Outra regido de dificil remog4o da placa bacteriana apos uma escovagao usual é 0 fundo de fossas ¢ fissuras nas faces mastigatorias dos dentes posteriores (face oclusal). Devido a importancia dos dentes posteriores para a trituragao dos alimentos e a triste realidade de perda precoce dos molares permanentes em criangas e jovens (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008), é preciso enfatizar a escovagaéo adequada das fossas e fissuras oclusais para mies e para as préprias criangas desde a idade de 5a 6 anos, quando da erup¢ao do primeiro molar, mantendo um reforco periddico até a erup¢ao completa do segundo molar permanente, por volta dos doze anos e do terceiro molar, por volta dos dezoito anos. O processo de reforgo e motivacdo deve ser permanente desde a infancia até a adolescéncia de formaatransformaresta triste realidade e evitaro crescimento da populacao de desdentados, seja de desdentados parciais ou totais. Precisamos enfatizar e observar, apés a revelagéo de placa bacteriana, se o paciente realmente removeu a placa aderida ao fundo de fossas e fissuras oclusais. Para remover a placa aderida ao fundo das fossas e fissuras das faces mastigatorias dos dentes posteriores, é preciso escovar vigorosamente até que as pontas das cerdas da escova alcancem o fundo das fossas e fissuras e, num movimento repetido de vaivém de frente para tras, remover a placa aderida procurando no deixar nenhum corante revelador de placa (biofilme) no fundo dos sulcos (Fig. 3.5). a 0 Adeliani Almeida Cempos Fig. 3.5: Escovagio com movimentos de vaivém repetidos no sentido antero-posterior. Depois da escovagdo das fossas e fissuras com movimentos repetidos de vaivém no sentido Antero-posterior (mésio-distal), 0 paciente deve ser orientado a fazer a escovacao da face oclusal também no sentido vestibulo-lingual, contando até dez para cada dente e observando se os Ultimos dentes (molares permanentes) ficaram com as fossas e fissuras livres de placa (biofilme dental). Fig 3.6- Depois de escovar como movimento de vaivém de frente pare trés, fazer a escovaggo com a3 Mentos de vaivam no sentido da bochecha para a lingua, ov seja, no sentido vestioulo-lingual, repetindo-o para cada dente em todos os molares e pré- molares. Educago para Saiide bucal Integral | EducacSo,prevencéo e Reabilitagao Criangas e jovens devem ser esclarecidos que os dentes posteriores permanentes sao insubstituiveis e devem ser apontados e reconhecidos em suas préprias bocas 0s primeiros molares, que comegam a aparecer dos cinco aos seis anos de idade. A partir dessa idade, a escovagao no fundo das fossas e sulcos da face mastigatéria dos dentes posteriores deve ser intensificada, e feita firmemente, em dois sentidos, até remover toda a placa bacteriana corada do fundo destes sulcos. Se esta limpeza criteriosa no fundo de fossas e fissuras oclusais nao for iniciada durante e apds a erupgao de cada molar, podera se iniciar a carie no fundo desses sulcos, o que podera progredir para a perda destes dentes, fundamentais para a mastigagao (AXELSSON, 2004, MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008; IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008). Além do controle diario da placa bacteriana, removendo-a dos locais de mais dificil remogao (regido subgengival, face proximal e fundo de fossas e fissuras), a frequéncia do consumo de acUcar também deve ser reduzida. Com esses cuidados didrios, associados a limpeza profissional periddica, é possivel prevenir e controlar a gengivite, periodontite e a carie dentaria, eliminando a quase zero a perda de dentes naturais (AXELSSON, 2004). Por isso, 6 de fundamental importancia que no Programa de Saude na Escola (PSE) € no Programa de Satde da Familia (PSF) seja implementado um programa de educacao para satide bucal e educacao alimentar (CAMPOS, 2007,2010,2011), assim como no Programa Mais Educaco, do Ministério da Educagao (MEC). Se um processo educativo-preventivo para o controle da placa bacteriana aderida no fundo de fossas e fissuras nao for inserido no dia a dia das pessoas 0 processo de perda vai se aprofundando (Fig.3.7) até a perda dos dentes posteriores. Da mesma forma, se 0 controle diario de placa bacteriana subgengival e proximal nao for feito, criangas, jovens e adultos poderao desenvolver gengivite, a qual poderd vir a progredir para periodontite que também pode levar a perda de dentes. No entanto, o controle diario de placa associado a pasta de dentes com flor, a limpeza profissional periédica e uso de selantes, quando for indicado, j5 provou poder prevenir e controlar essas doengas que levam a perda dos dentes, preservando todos os tecidos dentarios sadios (AXELSSON, 2004; AXELSSON, NYSTRON, LYNDHE,2004; BUZALAF, 2008; IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Educacdo para Saude bucal Integral | Educagao,prevencao e Reabilitacso de fluor e selantes, e de uma limpeza profissional periddica de acordo com a necessidade de cada paciente. E preciso, no entanto, que todos sejam esclarecidos que, mesmo apés a aplicacao de fluor ou selantes, e/ou apos a limpeza profissional, 0 controle de placa deve ser continuo, efetivo e didrio, desde a infancia até a idade adulta e por toda a vida, em todas as faces dos dentes, para a prevencao e controle da carie, da gengivite e da periodontite e preservacSo dos dentes naturais para a vida inteira (AXELSSON, 2004; AXELSSON, NYSTROM, LYNDHE, 2004; BUZALAF, 2008; IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008). Durante todo 0 processo de aprendizagem da escovacao, outros habitos de higiene relacionados ao momento da escovago devem ser incorporados. Antes de utilizar a escova, as maos devem ser lavadas com sabdo. Da mesma forma, apds a escovagao a escova deve ser novamente lavada com sabao e guardada em local limpo. Durante a escovagao a pessoa nao deve apoiar a mao no bordo da pia ou do escovédromo, os quais devem ser lavados com agua clorada com frequéncia. SSS..cgvgo:[_ SS Ade Almeida Campos Capitulo 4 Ouso correto do fio dental As faces oclusais ou faces mastigatérias, assim como as faces linguais (dentes inferiores) ou palatinas (dentes superiores), e as faces vestibulares, oferecem acesso para a limpeza com a escova de dentes. As faces proximais, entre dentes vizinhos, no entanto, so podem ser limpas com 0 uso do fio dental, pois as cerdas da escova nao conseguem penetrar entre os dentes e raspar a placa aderida nas superficies laterais dos dentes. A placa dentéria (biofilme) aderida nas superficies proximais tanto propicia o aparecimento de caries interproximais (entre os dentes), como possibilita a aderéncia da placa subgengival iniciando a inflamagéo das gengivas, podendo progredir para a inflamacao e perda dos tecidos de suporte dos dentes, na regido interproximal. Para prevenir e controlar a cdrie, a gengivite e a periodontite, os melhores programas sao aqueles que associam 0 uso correto e diario do fio dental e escova de dentes (associados & pasta de dentes com fluor) com a limpeza profissional periddica de acordo com as necessidades de cada paciente (AXELSSON, 2004). Para remover os microrganismos aderidos em toda a extensao das faces proximais dos dentes, 0 fio dental deve ser cuidadosamente levado até 0 fundo do sulco gengival (Fig.4.1). Mantendo 0 fio no fundo do sulco, devemos abracar firmemente o dente com o fio e raspar toda a superficie lateral do dente, desde o fundo do sulco gengival, repetindo o ciclo de raspagem varias vezes na face lateral de cada dente até remover a placa aderida. Ao terminar a raspagem de-um dente como fio dental, raspamos 0 dente ao lado e repetimos essa sequéncia entre todos os dentes superiores e inferiores. Educacao para Saude bucal integral | Educagéo, prevencio e Reabilitago Fig, 4.a- 0 fio dental deve ser levado até 0 fundo do sulco gengival ¢ fazer a raspagem da superficie do dente embaixo da gengiva. Para a remocéo da placa aderida a0 dente na regia subgengival o fio deve raspar a superficie do dente repetidamente no sentido cérvico-incisal, ov seja, de cima para baixo e vice-versa, raspando a superficie lateral (proximal) do dente. Estudos comprovam que, além da remogao da placa bacteriana, 0 uso regular dos fios dentais pode proporcionar a remogao continuada de manchas dos dentes nas superficies proximais, mais propensas ao acumulo dessas manchas. Para a remocaéo das manchas pode ser preciso raspar firmemente com 0 fio dental por varios ciclos, por local proximal (KLEBER, 2000). O uso do fio dental raspando a placa bacteriana aderida diariamente pode prevenir a ocorréncia e promover a remogéo de manchas externas. Quando o uso do fio nao for suficiente, a limpeza profissional periddica, além de remover tartaros supra e subgengivais, remove as manchas externas. Este procedimento é vantajoso, desde que tem sido comprovado, que a “susceptibilidade ao manchamento foi aumentada por tratamento de clareamento (...) quando comparados 8s superficies de esmalte nao submetidas ao clareamento” (BERGER, COELHO, OLIVEIRA, CAVALLI, GIANNINI, 2008). Portanto, a remogdo de manchas externas nos dentes deve ser feita preferencialmente com a limpeza profissional, incluindo a raspagem e polimento supra e subgengival. Escovas, discos, fitas, pontas e pastas para polimento complementam a remogao de manchas extrinsecas e 0 polimento da superficie dentaria. Apds a limpeza profissional o paciente é educado e motivado periodicamente para 0 uso correto e diario da escova de dentese do fio dental, evitando assim que o clareamento seja utilizado de forma desnecessaria, quando o problema puder ser resolvido pela limpeza dos dentes (LOBENE, 1968, 1982; MaCPHERSON, STEPHEN, SCHAFER, JOINER, 1996; KLEBER, 2000; BERGER, COELHO, OLIVEIRA, CAVALLI, GIANNINI, 2008). Para o paciente aprender a usar o fio corretamente é preciso demonstrar, explicar que ele deve raspar a lateral dos dentes no sentido cérvico-incisal ou cérvico-oclusal. Devernos observar o paciente usando 0 Adeliani Almeida Campos fio e corrigir quantas vezes for necessario. No processo de aprendizado, é muito importante que o paciente entenda que nao deve enrolar o fio dental nos dedos, pois sd as pontas dos dedos que levam 0 fio até 0 fundo do sulco gengival (Fig.4.2). O dedo que fica por fora conduz 0 fio dental ao fundo do sulco gengival pela face vestibular, e o dedo que fica por dentro, desliza 0 fio em diregSo A gengiva, conduzindo-o ao fundo do sulco gengival. Uma vez 0 fio tenha sido conduzido ao fundo do sulco, o paciente deve ser orientadoa “abragar” a face proximal de um dente e fazer a raspagem da placa aderida. Neste momento é preciso observar se o paciente esta fazendo a raspagem da superficie do dente com o fio raspando no sentido correto, ou seja, descolando a placa do fundo do sulco gengival até 0 bordo incisal (Fig.4.3). Fig. 4.2- O paciente deve evitar enrolaro fio dental nos dedos, porque as pontas dos dedos devem quiar o fio ‘até 0 fundo do sulco gengival. Com uma distancia de apenas meio centimetro entre as pontas dos dedos que ‘seguramo fio, Um dedo conduz 0 fio a0 fundo do sulco pela face vestibular e a ponta do outro dedo conduz 0 fio a0 fundo do suleo pela face lingual, quando entao o fio deve “abracar” a face proximal do dente, fazendo- se a raspagem da superficie dentéria subgengival proximal z — Fig. 4.3-O movimento de vaivém “esfregando” o fio na face proximal é feito de baixo para cima vice-versa, ‘ou soja, no sentido cérvico-incisal nos dentes anteriores e no sentido cérvico-oclusal nos dentes posterioves. © uso correto do fio dental deve ser corrigido até que o paciente compreenda 0 objetivo de seu uso e 0 sentido correto da raspagem com o fio sobre a superficie dentéria. Muitas vezes, mesmo depois de ter recebido orientagies de “higiene bucal supervisionada” sem o devido cuidado, pacientes fazem movimento errado do fio, movimentande o fio somente no sentido vestibulo-lingual Educacao para Saude bucal Integral | Educagio, prevensao e Reabilitacdo Muitos pacientes, por nao serem orientados com o devido cuidado, no raspam a placa aderida ao dente, pois apenas ficam inserindo ¢ removendo o fio. Outros apenas giram 0 fio de um lado para o outro ou de dentro para fora. E preciso corrigir esses erros para que as faces proximais dos dentes sejam raspadas no sentido cérvico-incisal até descolar a placa bacteriana aderida em toda a extensao das faces proximais. Isso so é possivel se as pontas dos dedos ficarem bem préximas entre si, permitindo que os dedos, préximos ao dente, levem o fio até o fundo do sulco gengival, tanto pela face interna como pela face externa, quando entao abraga-se a(s) lateral(is) de cada dente com apenas uma pequena extensao de fio dental entre os dedos, tracionando o fio para permitir que este seja pressionado firmemente contra a face proximal do dente durante toda a raspagem, possibilitando o descolamento da placa bacteriana aderida ao dente, desde 0 fundo do sulco gengival e em toda a face proximal, de todos os dentes. Umesclarecimento muito importante deve ser dado atodo paciente, se acontecer dele sentir dor ou se houver sangramento da gengiva durante 0 uso correto do fio dental. O fio deve ser inserido no sulco deslizando-o cuidadosamente na superficie dentaria com um ligeiro movimento no sentido vestibulo-lingual até que o fio alcance o maximo possivel da profundidade do sulco gengival, antes de se iniciar a raspagem do dente no sentido cérvico-incisal para a remoco da placa aderida. Se durante este procedimento houver sangramento da gengiva, os pacientes pensam que devem parar com 0 uso do fio, 0 que é totalmente um engano. Eles devem ser esclarecidos que nestes casos 0 sangramento indica que 0 uso do fio deve ser repetido pelo maior numero de vezes, diariamente, até que © sangramento va reduzindo e finalmente desapareca. Se o sangramento persistir, mesmo com o uso continuo e correto do fio dental, o dentista deve fazer araspagem e polimento das superficies proximais supra e subgengivais promovendo lisura de superficie e acompanhando o paciente para corrigir, periodicamente, o controle da placa bacteriana interproximal e subgengival para a manutengdo da sade gengival. Quanto 4 possivel sensagdo de dor que o paciente possa vir a sentir durante a insergdo do fio no sulco gengival, precisamos verificar a forma como ele esta inserindo 0 fio, pois 0 fio deve deslizar contra a superficie do dente, pois é a placa aderida ao dente que é raspada durante a passagem do fio. Se 0 paciente nao for orientado em sua prépria boca, como deslizar cuidadosamente o fio dental, mantendo-o apoiado a superficie do dente até que chegue ao fundo do sulco gengival para fazer a raspagem da placa subgengival aderida ao dente, poderd sim, sentir dor pela falta do conhecimento adequado para o uso correto do fio. Desta forma, é preciso corrigir 0 uso do fio e esclarecer sobre a importancia de remover a ‘Adeliani Almeida Campos placa aderida para o tratamento da gengivite. E preciso evitar que a falta de conhecimento da causa do sangramento possam fazer com que os pacientes deixem de usar o floe nao removam a placa aderida ao dente ne superficie subgengival. Por isso, as doengas bucais progridem, pela falta de paciéncia e amor ao proximo daqueles que, ao fazerem uma higiene bucal supervisionada, ndo se concentram nos detalhes mais importantes e essenciais para a promocao da salde bucal e para 0 resgate e manutengdo da sade da gengivae do periodonto. Um atendimento educativo-preventivo criterioso e dedicado podera prevenir e controlar a gengivite ea periodontite ea carie dentéria evitando a perda de dentes. Para que a sade bucal seja preservada a longo prazo, este atendimento deve ser periddico, sempre retomando junto ao paciente 0 processo de aprendizado para o uso correto do fio dental em todos os dentes, reforcando suas habilidades motivando-o para deslizar 0 fio apoiado no dente, levando-o cuidadosamente ao fundo do sulco gengival, quando entao abraga a face proximal do dente e faz a raspagem do dente com 0 fio dental, esfregando-o contra a face proximal no sentido cérvico- incisal ou cérvico-oclusal. Todos os pacientes devem compreender a importancia da remogao didria da placa aderida subgengival para a prevencao e controle da gengivite e da periodontite e aprender como fazer essa limpeza da forma correta. A limpeza profissional periddica deve ser feita de acordo com a necessidade de cada paciente, que deve compreender e aprender como manter sua satde bucal com o controle diario do biofilme aderido nos locais de dificil remocSo (AXELSSON, 2004; CAMPOS, 2007, 2010, 2022). Durante o processo de aprendizagem, nogdes de higiene para © uso do fio dental devem ser incorporadas acompanhando todos os procedimentos. Antes de manusear o fio dental, cada pessoa deve ser orientada a lavar as m&os com sabao. A pasta de dente a ser passada no flo dental, deve ser colocada em um recipiente, tipo um copo descartavel de café, um pote dappen, ou outro recipiente limpo. Usaro dedo ovo prdprio fio colatando a pasta diretamente na saida do tubo de pasta contamina a pasta de dentes para uso posterior. Durante 0 uso do fio dental, cada pessoa deve ser orientada e supervisionada para que, se por acaso 0 fio tocar no bordo da pia ou em seu interior deve ser imediatamente trocado por um fio limpo. A supervisdo da higiene bucal também deve envolver permanentemente a orientagao e correcdo de todos esses cuidados para que, progressivamente, possam ser aprendidos habitos de promocao da sade. Educagao para Savide bucal integral | EducacSo,prevencéo e Reabilitacio. Capitulo 5 A importancia da educacdo para a saude bucal e educagao alimentar no acompanhamento pré-natal, no Programa de Saude na Escola (PSE) eno Programa de Saude da Familia (PSF) A possibilidade de se viver com satde bucal e integral depende muito dos habitos saudaveis que sdo estabelecidos a partir da gestacao, pela futura mamae, e também nos habitos que se desenvolvem na familia, na creche e na escola, onde a crianga vai interagir durante a erupg3o dos dentes deciduos e dentes permanentes. O estabelecimento de um programa de educagado para sade bucal e educagao alimentar (CAMPOS, 2007,2021) deve se iniciar no pré- natal abordando nao sé a mae, mas os pais, irmaos e outros familiares e/ ou cuidadores que participaréo do cuidado da crianga. Se a mae, o pai, os familiares e cuidadores tiverem uma higiene oral deficiente, com a ocorréncia de carie em desenvolvimento, haverd entaéo uma maior possibilidade de infeccdo da crianga com microorganismos patogénicos. A transmissao desses microorganismos aumenta a possibilidade da crianga ter caries durante a denticado decidua e permanente (IMPARATO, BENEDETO, BONINI, GUEDES-PINTO, 2010), portanto, se a mae, o pai, _ familiares e cuidadores aprenderem sobre o uso correto da escova e do fio dental e sua relagéo com a carie, gengivite e periodontite e forem acompanhados no controle de placa bacteriana (biofilme dentario) durante o pré-natal, na escola e nas visitas domiciliares, toda a familia, em conjunto, teré maior possibilidade de promover um ambiente saudavel para a crianga que chega @ para as que ja esto presentes, assim como para 0s pais e demais jovens e adultos que participem do convivio familiar (WELBURY, DUGGAL, HOSEY, 2007). Os habitos alimentares também serao definitivos para a sade bucal da crianga e dos familiares e demais pessoas envolvidas nesse convivio. Adeliani Almeida Campos Desde que a maior frequéncia do consumo de aguicar esta relacionada com a progressdo da doenga carie (BUZALAF, 2008) , é fundamental que a mae, desde o pré-natal, o pai e demais familiares, assim como outras pessoas envolvidas nos cuidados com a crianga em casa e/ou na creche e na escola estabelecam hébitos e conhecimentos sobre a importancia da reducdo da frequéncia do consumo de agUcar para a prevencéo e controle da carie dentaria (WELBURY, DUGGAL, HOSEY, 2007; IMPARATO, BENEDETO, BONINI, GUEDES-PINTO, 2010; CAMPOS, 2007,2010, 2012) A qualidade da alimentacao das criangas, jovens e adultos em casa, na creche e na escola também esta relacionada com a prevenc&o e controle da carie dentaria, desde que permanente processo de remineralizagao dos dentes envolve a presenga de calcio e Fosfor, presentes no leite (BUZALAF, 2008; IMPARATO, BENEDETO, BONINI, GUEDES-PINTO, 2010).O consumo de leite est4 relacionado com a ocorréncia da carie dentaria. A orientagéo alimentar esta intimamente relacionada & satide bucal e integral do ser humano. O consumo frequente de leite e derivados do leite (queijo e iogurte) favorecem a sade dos dentes e das gengivas e o consumo frequente de doces favorece a doenga dos dentes e das gengivas (SHIMAZAKI, SHIROTA, UCHIDA, YONEMOTO, KIYOHARA, IIDA, SAITO, YAMASHITA, 2008; YOSHIHARA, WATANABE, HANADA, MIYAZAKI, 2009). Existe uma relacdo entre a alimentagao e a saude bucal e a consequente necessidade de integrarmos a educagao para salde Bucal e educagao alimentar para que todos possam viver sem céries, sem problemas nas gengivas, com um halito agradavel e com sade integral (CAMPOS, 2007,2010, 2024). Os artigos 196 a 200 da Constituicao Federal e a lei 8.080/90 consideram a satide como resultante de condigées bioldgicas, sociais e econdmicas. O direito 8 sade, pressupde que 0 Estado deve garantir nado apenas servicos pUblicos de promogao, prevengao e recuperacao da saude (tendo a prevengao como medida prioritaria), mas também adotar politicas econémicas e sociais que melhorem as condigdes de vida da populacdo, evitando-se, assim, 0 risco de adoecer. O art. 2° da lei 8.080/90 estabelece que a satde é um direito fundamental do ser humano, devendo o estado prover as condigées indispensdveis ao seu pleno exercicio. Esclarece no entanto em seu § 2°, que o dever do Estado nao exclui o das pessoas, da familia, das empresas e da sociedade. A Lei n. 8.080/90, no seu art. 5, a0 dispor sobre os objetivos do SUS inclui, entre outros, a vigilancia nutricional ea orientagao alimentar. Além da necessidade do leite ou derivados do leite, com presenga do calcio e do fosforo na alimentagao, a presenga do fluor na saliva e fluidos gengivais também é importante para a prevencao da carie. Quando existe Educagio para Saiide bucal Integral | Educago,prevencio e Reabilitagao placa aderida e consumo frequente de acicar, a desmineralizagaodoesmalte supera seu ritmo de remineralizagdo, podendo assim formar-se inicialmente uma lesdo branca de desmineralizagao do esmalte, sem cavitagao ainda, a qual podera, sé o processo de desmineralizacao persistir, romper a superficie do esmalte iniciando assim a cavidade na superficie do dente, que podera progredir para a dentina e até levar a perda do dente. A instalacdo e/ou progressdo da carie, no entanto, pode ser efetivamente evitada, mesmo antes da cavitagao do esmalte dentario, se houver um acompanhamento frequente da remocao da placa bacteriana (biofilme), associada ao uso frequente do flvor, com a concomitante redugao na frequéncia do consumo de agucares e uma alimentag&o saudavel (BUZALAF, 2008; IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008; FEATHERSTONE, 2008; AXELSSON, 2004; DIEFENDERFER, STAHL, 2008; STOOKEY, 2008). Acarie dentaria é caracterizada quimicamente pela perda de tecido duro em fungao de frequentes quedas de pH ocasionada pela produgao de Acidos por bactérias presentes no biofilme, dentério. O equilibrio mineral é definido como a capacidade dos minerais (apatita) de manterem sua estrutura inalterada em fungao da saliva ou biofilme dentario que os circunda. Esse processo é determinado por dois fendmenos que devem estar balanceados: a desmineralizacao (Des) e a remineralizagao (Re). No pH abaixo de 5,5 ocorre a Des (dissolucao da hidroxiapatita). No pH 5,5 (pH eritico) ocorre um equilibrio quimico, e em um pH acima do critico ocorre a Re (formagao de hidroxiapatita). Para que o fluoreto possa interferir na dinamica de formagao da lesdo cariosa, é necessario que ele esteja presente constantemente no meio bucal. O efeito do fluoreto é essencialmente tépico, o que néo invalida o uso sist€mico, como é 0 caso da agua, pois tem uma ago local (topica) no momento em que entra em contato com os dentes. Portanto, 0 efeito do fluoreto na maior parte dos casos ocorre apés a irrupcSo dos dentes, quando ele est presente no meio (saliva ou biofilme dentario), inibindo a Des e facilitando a Re, atuando na mineralizaco pos- irruptiva e inibindo o metabolismo bacteriano (BUZALAF, 2008). O fluoreto de sddio é o composto fluoretado mais amplamente utilizado em produtos para uso caseiro (dentifricios, solugdes para bochechos), bem como uso profissional (géis, vernizes e outros). O fluoreto de sédio libera imediatamente ions fluoreto para a saliva, placa, pelicula adquirida, e para os fluidos intercristalinos e, portanto, interfere na dinamica da carie durante a dissolugéo e remineralizagéo do esmalte. Altas concentragées de fluoreto de sdédio, de uso profissional, promovem maiores reservatorios de fluoreto de calcio. No entanto, embora os métodos de aplicagéo tdpica profissional dos fluoretos sejam efetivos na prevencao da carie, 0 conhecimento atual sobre 0 mecanismo de ago dos fluoretos Educagio para Satie bucal Integral | Educacéo,prevencio ¢ Reabllitaco principalmente dgua, vitaminas, sais minerais e fibras com funcao de regular © organisma, isso quer dizer que fazem o corpo funcionar adequadamente. Neste grupo encontram-se os feijGes e os graos, as folhas e as diversas frutas e verduras de inumeras cores. O leite e seus derivados sao alimentos ricos em diversos nutrientes. Sao importantes na formacao e manutengao das estruturas dsseas e dentes, para a boa coagulagao do sangue, na contragéo muscular e no bom funcionamento do sistema nervoso. As carnes € ovos sao alimentos ricos em proteinas e gorduras e atuam na formago e reparacgéo das estruturas e dos tecidos do corpo. As principais fontes de proteina animal e com maior valor biolégico sdo as de peixes marinhos e ovos (KATCH, McARDLE, KATCH, 1998; CASTELL, SAGNIER, 2004; CAMPOS FILHO, 2008). Para que esses conhecimentos cheguem a todas as pessoas, é essencial que estes conhecimentos sejam inseridos nos curriculos escolares, assim como noatendimento das pessoas que procuramas unidades de sade através da insergdo das pessoas em programas permanentes de educagao para sabde bucal e educaco alimentar (GORDON, 2007; VAZQUEZ-NAVA, VAZQUEZ, SALDIVAR, BELTRAN, ALMEIDA, VAZQUEZ, 2008; NGUYEN, HAKKINEN, KNUUTTILA, JARVELIN, 2008; FALCAO, 2008; MATA, 2008; CAMPOS FILHO, 2008; CAMPOS, 2007,2010, 2011). A frequéncia do consumo de acucar deve ser reduzida em todas as idades. Presenca de placa bacteriana cariogénica ¢ consumo frequente de agcar estao associadas a presenca de carie dentaria (WANG, WANG, 2008). Medidas educativo-preventivas, incluindo a remocao efetiva de placa bacteriana, uso de pasta de dente fluoretada e a redugdo da frequéncia do consumo de agucar tém reduzido o indice de caries e doencas das gengivas (STECKSEN-BLICKS, KIERI, NYMAN, PILEBRO, BORSSEN, 2008; NGUYEN, HAKKINEN, KNUUTTILA, JARVELIN, 2008). O controle diario de placa, no entanto, em casa e na escola é 0 fator chave para a preveng’o da gengivite, da periodontite e da cérie dental. Para a educagéo e prevencao efetiva, cada profissional precisa ajudar o paciente a se capacitar para remover a placa bacteriana aderida a superficie dos dentes nos locais de mais dificil remogao e acompanhé-lo, corrigindo-o com persist@ncia e motivando-o a manter os dentes realmente impos. Para 0 controle diario dessas acdes, um programa de educacao para saUde bucal e educac&o alimentar (CAMPOS, 2007,2010, 2011), deve ser inserido no processo de educac4o integral no pré-natal, na familia e nas escolas, permanecendo durante toda a infancia, adolescéncia e na idade adulta. Dessa forma é possivel promover satde bucal e preserva-la em todas as idades e por toda a vida (AXELSSON, 2004; DECLERCK, LEROY, Adeliani Almeida Campos MARTENS, LESAFFRE, GARCIA-ZATTERA, VANDEN BROUCKE, DEBYSER, HOPPENBROUWERS, 2008; CAMPOS, 2007, 2020, 2021). Durante o processo de aprendizado sobre a qualidade e o preparo dos alimentos, algumas nogées de higiene devem ser implementadas, como por exemplo a necessidade de se lavar bem as frutas e verduras, e imergi-las em agua clorada, lavando-as novamente antes de seca-las com pano limpo e manté-las refrigeradas e/ou protegidas do alcance de insetos ou roedores. Quanto ao preparoé importante ensinar como preparar os alimentos sem aquecer a gordura, pois esta nao deve ir ao fogo. Acrescentar azeite extra-virgem somente apés apagar o fogo ou apenas na hora de servir evita que as gorduras fiquem se acumulando nos vasos sanguineos. E importante durante o processo de aprendizado conhecer e/ou observar os habitos de cada um e dialogar sobre as vantagens de se modificar alguns habitos para uma vida mais saudavel. Esse é um processo de aprendizado permanente e pode se iniciar com a participacao de alunos e profissionais nas visitas domiciliares, escolas e unidades de sade convidando as pessoas para didlogos e/ou processos participativos de preparos de lanches e alimentos saudaveis (CAMPOS,2007,2019, 2011). Educagio para Satide bucal integral | Educacéo,prevenséo Reabilitagao, Capitulo 6 Tratamentos néo invasivos na atengdo primdria e secundaria. Uma abordagem preventiva para a transformagdo da realidade em relagéo a populagao infantil, adulta e idosa Na formagao do cirurgido dentista, as exigéncias quanto a um determinado nimero de restauragdes, préteses, e outros procedimentos que caracterizem o que se considera a “producao necessaria para a aprovaco do aluno de odontologia’, desviam o centro do cuidado com o ser humano, para a produgao de procedimentos, e desvirtuam o primeiro e preponderante objetivo de um profissional da saide que é 0 de cuidar de cada paciente de forma a restabelecer sua satide bucal, e reeduca-lo para estabelecer sua efetiva participagao para a manutencao de sua saude bucal. Para isso 0 paciente precisa compreender a relagdo causa-efeito no processo sadde-doenca carie e doenca periodontal, recebendo nao sé a orientacdo, mas fazendo o treinamento para a permanente melhoria de suas habilidades, com o reforco e motivac’o permanente para o controle do biofilme aderido nos locais de dificil remogéo. Além disso, raspagem e polimento supra e subgengival deve ser feito de forma cuidadosa de acordo com as necessidades de cada paciente, associada, quando necessario, a procedimentos reabilitadores minimamente invasivos para preservar ao maximo as estruturas naturais (AXELSSON, 2004; IMPARATO, MENDES, RAGGIO, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010) A falta de uma formacao adequada dos dentistas nas universidades, a qual deveria ser centrada na pessoa e na sade, e ndo na quantidade de procedimentos, resulta numa pratica odontolégica que nao prioriza os procedimentos educativo-preventivos e nao forma profissionais centrados na promogio da sade, mas em agdes imediatistas, baseadas por exemplo emtroca de restauragdes com a manutengao da doenga e progressiva perda Educagao para Saiide bucal Integral | Educagio,prevencao ¢ Reabilitacdo de selantes, também com cunho preventive. Com o advento da minima intervencéo na Odontologia, o tratamento de lesdes diagnosticadas em estagios iniciais no esmalte e/ou dentina passou a envolver condutas de paralisagao do processo carioso e controle clinico, enfatizando-se o tratamento da doenga cérie por meio de seus fatores etioldgicos (IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Qs selantes constituem-se em forma nao invasiva de controle de alguns dos fatores etiolégicos da doenga cérie, atuando como barreira mecnica que impede o contato entre o biofilme e a superficie dentaria, minimizando a retengo do biofilme na entrada das fissuras, que ¢ fator crucial para o desenvolvimento de lesdes de carie. Os selantes resinosos vem demonstrando alto indice de retenco micromecanica, sem a necessidade de brocas para emprego do material como ocorria anteriormente, 0 que & uma vantagem em relag3o aos cimentos ionoméricos usados como selante. Apesar de apresentar maior reteng&o, os selantes resinosos, se mal executados, podem resultar na criagéo de uma fenda entre o material e o substrato dentario e consequente lesao de carie secundaria. A carie ocorre principalmente quando um programa de controle de placa nao é associado 40 uso de selantes. Devido & contaminagao por saliva, 0 risco de falhas dos selantes resinosos tende a aumentar significativamente nos estagios mais precoces da erupc&o, quando é indicado ent&o a utilizacéio dos selantes ionoméricos. A utilizag’o dos selantes ionoméricos pela técnica ndo invasiva tem sido apresentada como de maior relevancia na prevengdo de cérie durante a erupc3o dos molares. Em dentes totalmente erupcionados, 0 uso de adesivos de frasco Unico (sistema primer-adesivo) previamente ao selante resinoso tem sido apontado como alternativa para aumentar a adesao e minimizar a microinfiltragao no caso de fissuras contaminadas por umidade e superficies cavitadas, no entanto, estudos clinicos demonstram que, sob isolamento adequado nao ha diferenga quando da utilizagao ou no do primer-adesivo antes do selante resinoso (HITT, FEIGAL, 1992; IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Em vista das lesdes de fossas e fissuras nas faces mastigatorias dos dentes posteriores representarem 80 a 90% da experiéncia de carie na infancia e adolescéncia, devido a retengao de restos alimentares e microrganismos, a possibilidade de obliterar ou vedar essas areas com 0 uso dos selantes de fossas e fissuras precisa ser considerada. “Evidéncias Clinicas, bacteriolégicas e radiograficas disponiveis sugerem que a presenga eventual de lesdes cariosas incipientes, quando da aplicagao do selante, carecem de maior significado clinico, permitindo inclusive, sua utilizagio com o objetivo de deter o desenvolvimento dessas lesdes sem a necessidade Adeliani Almeida Campos de preparos cavitarios e restauracdes. Embora as técnicas invasivas tenham predominado no passado, experiéncias recentes envolvendo observagao e controle e a utilizagao de selantes de fossas e fissuras estimulam cada vez mais 0 cirurgido dentista a optar por condutas nao invasivas para a prevengao, 0 controle e o tratamento de lesdes cariosas em superficies oclusais” (IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008). As lesdes de caries nas superficies proximais (entre os dentes), devido a maior dificuldade de acesso & escovagao e deficiéncias no uso do fio dental, sao menos frequentes apenas que as lesdes de fossas e fissuras das faces mastigatorias (faces oclusais) dos déntes posteriores. Considera- se que 0 periodo de maior risco para o desenvolvimento de novas lesdes proximais sao os primeiros 4 ou 5 anos apos a erupgao dentaria. Se for pensado restaurar todas as regides em que radiolucéncias nas superficies proximais forem notadas, muitas lesées sem. cavidade serao abertas, quando poderiam apenas ser monitoradas. O selamento proximal das lesdes com materiais resinosos (adesivos e selantes) em dentes permanentes em adolescentes tem demonstrado uma taxa de sucesso de 93% e 0 uso de fluoretos uma taxa de sucesso de 88%, evitando o tratamento invasivo restaurador (IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008; DIEFENDERFER, STAHL, 2008). O tratamento de carie proximais inclui indispensavelmente a aprendizagem para o uso correto do fio dental (AXELSSON, 2004). O selamento de caries em esmalte e em cavidade rasas em dentina, sem a utilizagao de brocas, impede a evolucdo da carie com preservagao de toda a estrutura dental sadia (IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2020). Alguns convénios, no entanto, limitam a idade do segurado para a realizagdo do selamento. Por exemplo, um paciente maior de 16 anos, com higiene bucal e dieta inadequadas, e tendo o terceiro molar em erupgo na cavidade bucal, com indicagao de selamento, nao teria o procedimento segurado pelo convénio. Isso mostra a falta de atualizagao dos prestadores em relacao 4 literatura cientifica atual. Considerando-se 9s trabalhos cientificos atuais, que preconizam a realizaco do selamento como terapéutica contra pequenas lesdes de carie em esmalte e/ou dentina, como poder-se-ia concordar com o limite de idade? (IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). E bom ficar claro, no entanto, que os selantes de fossas e fissuras nao devem ser considerados os principais responsaveis pela prevengao das caries oclusais, devendo associa-los sempre @ um programa educativo que priorize o controle de placa bacteriana através de um processo permanente de ensino-aprendizagem, reforgo, acompanhamento e motivagao para o desenvolvimento das habilidades e conscientizagdo da importancia da Educagdo para Saude bucal Integral | Educagao,prevencao e Reabilitagso manutengio diaria da escovacdo adequada e uso correto do fio dental com pasta de dentes com flor, associados a um controle periddico de tartaro, com cuidadosa raspagem e polimento supra e subgengival. Essas sao as melhores medidas de sade publica em relagdo a prevencéo e controle da cdrie e doencas periodontais (TELES, BOGREN, PATEL, WENNSTROM, SOCRANSKY, HAFFAJEE, 2007; AXELSSON, 2004, 2009). Preservacao de tecido dental Quando a carie ja evoluiu, além da metade externa da dentina, mesmo em cavidades maiores, 0 uso da broca deve ser evitado para ndo haver desgaste de dentina saudavel, que é o componente do dente que protege a polpa, onde esto os nervos e vasos que compéem o sistema de defesa e manutencSo do dente. Cavidades_minimamente invasivas, com preservacaodadentina remanescente, devernserlimpas sem ouso de brocas na dentina. Mesmo o esmalte sem suporte de dentina deve ser preservado, desde que se tenha acesso para limpeza da cavidade (WELBURY, DUGGAL, HOSEY, 2007). Em cavidades profundas, a broca pode ser utilizada somente para criar acesso a limpeza ou para remover materiais de restauragdes anteriores. Mesmo assim, essa remocaéo quando necessaria deve ser feita cuidadosamente, de forma que a broca nao toque em dentina sadia. Apds criado 0 acesso, a limpeza da dentina é feita inicialmente com uma cureta de dentina alternada com lavagens de solucdo de clorexidina e, para finalizar a limpeza da cavidade utiliza-se um jateador de particulas de dxido de aluminio, evitando assim 0 risco de exposi¢o da polpa do dente, o qual é maior quando a broca é utilizada (IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010; IMPARATO, BENEDETTO, BONINI, GUEDES-PINTO, 2010) Quando 0 jato de éxido de aluminio for utilizado, para evitar que as particulas de dxido de aluminio se espalhem contornamos a cavidade com gaze umedecida, as quais retém as particulas. Além disso, colocamos um pano de campo com uma pequena abertura, somente sobre a cavidade, e utilizamos um sugador de alta poténcia durante o jateamento. Depois de limpar bem a dentina com a colher de dentina e com o jato de particulas de 6xido de aluminio, deve ser feita uma lavagem final com uma solugdo de clorexidina e protegao do complexo dentina-polpa (CAMPOS, 2003; WELBURY, DUGGAL, HOSEY, 2007; CRAIG, POWERS, 2004; ANUSAVICE, 2005), Nas porgdes mais profundas das cavidades de carie, protege-se a dentina com materiais que estimulem a formacao dentinaria (materiais & base de hidréxido de calcio), seguido da aplicagéo de materiais com fluor Adeliani Almeida Campos (ionémero de vidro radiopaco) que aderem a dentina, liberam fluor e previnemasensibilidade do dente pés-restauragao. A seguir, é feito o ataque com acido fosférico e aplicacao de primer-adesivo seguido da restauragéo do dente com resina composta, em harmonia com a satde dos tecidos moles, coma func3o mastigatéria e a estética (CRAIG, POWERS, WATAHA, 2002; CAMPOS, 2003, 2007; CRAIG, POWERS, 2004; ANUSAVICE, 2005). Todos os dentes devem ser preservados, mesmo dentes com grande destruicio coronaria podem ser restaurados. Se o dente tiver recebido tratamento de canal, 0 uso de pinos intraradiculares deve evitar qualquer remogio extra de tecido dental, inclusive o tecido dental intraradicular deve ser preservado, usando pinos de menor didmetro possivel, como o Reforpost I, numero a, da Angelus, ou do tipo do pino n.3 (ultradent), 0 qual é0 de menor didmetro, da Ultradent. Os pinos metalicos pré-fabricados sao cimentados comiondmero de vidro convencional, radiopaco, apésalimpeza da superficie intraradicular com acido poliacrilico. Depois da cimentagéo do pino, sao entao feitos os procedimentos de condicionamento com acido fosférico, aplicagao do sistema primer-adesivo resinoso e restauragdo com resina composta. A cada sessao do tratamento restaurador, é feito o reforco para o uso correto da escova e do fio dental onde permanece placa aderida. Para permitira remogao da placa aderida no contornode préteses ou restauragées (obturacées) é vantajoso preservar toda a estrutura dental sadia, buscando deixar esmalte dentario higido préximo da gengiva evitando levar o término para a regio subgengival. A lisura natural do esmalte facilita a remogao da placa aderida, com o uso correto da escova e do fio dental, evitando inflamacgées da gengiva marginal. A confecgado de restauragGes ou proteses perto da gengiva leva a um maior acimulo de placa bacteriana na linha de unido da restauracdo, ou da prétese, com o dente. Um cuidado com a orientagao e acompanhamento para a remo¢ao de placa aderida no contorno das restauragGes evita nova perda de estrutura dental. A troca de restauracées deve sempre que possivel ser evitada, pois muitas vezes quando uma restauracdo apresenta problemas a solugao se refere & corregdo de seu contorno e no reforgo da correta higiene para © restabelecimento de condigdes que possibilitem a manutengao dos tecidos vivos saudaveis apés os procedimentos restauradores. Nesse caso, falhas sao corrigidas, para evitar que, a cada troca de restauragao haja um progressivo comprometimento da estrutura dental sadia remanescente € consequentemente uma redu¢ao da resisténcia do dente, podendo progredir para a extragao dos dentes, tornando o paciente progressivamente parcialmente desdentado. Esta possibilidade ocorre diante de tratamentos Educagio para Saiide bucal Integral | Educacéo,prevengao e Reabiltasao baseados na troca de restauragdes (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008) e vemalimentandoatriste realidade da populacao idosa parcial ou totalmente edéntula em todo o mundo. “A condigéo de sade bucal da populagao idosa brasileira ndo é diferente de outras regides do mundo, como pode ser observadoem estudos no Canada, com um CPOD médio de 25, na cidade do México, CPOD médio de 24,5, na Slovénia, CPOD médio de 28,0, nos EUA para a faixa etaria de 60 ou mais com CPOD médio de 27,80, e na Croacia, examinando-se pessoas de 58-99 anos com média de 27. (...) As reflexes mais recentes apontam para 2 necessidade que o planejamento das agées coletivas em sade bucal ndo se limite ao problema da carie dentaria ou que sejam desenvolvidas apenas para criancas. Sequindo esse raciocinio, parece claro que problemas como doenga periodontal, carie coronaria e radicular, cancer bucal, entre outros, para a populac3o adulta eidosa, devam fazer parte da preocupagao do gestor de satide em seu planejamento. (...) Em termos gerais, 0 gestor deve garantir medidas com abordagem populacional (p.ex.: fluoreto na gua, dentifricios fluoretados, escovacao supervisionada, programas de promogao de sabde/ educacdo para adultos e idosos), acrescidas de medidas com abordagem de alto risco (aplicagdo de selantes, APF gel, musses, vernizes, bochechos didrios), dependendo do grau de risco do individuo” (BUZALAF, 2008). Apés as medidas educativo-preventivas e o tratamento restaurador minimamente invasivo, os pacientes e/ou suas familias devem ser conscientizados de que os materiais dentarios utilizados para 0 selamento de fossas e fissuras, assim como os materiais dentarios utilizados em restauragées e/ou préteses no tratam as doengas. Os pacientes que nao so suficientemente esclarecidos nesse sentido acreditam que restauracées, selantes e/ou préteses, ou tratamentos ortoddnticos se constituem em tratamento de doengas. Por este esclarecimento errado, voltam posteriormente com carie no contorno dos materiais dentarios inseridos na restaurag’o de lesées, ou em outras unidades dentérias envolvidas ou ndo com 0 uso de materiais dentarios. Cada paciente deve ser esclarecido que o tratamento da gengivite, periodontite e da carie dental se constitui no controle de seu principal fator etioldgico ou seja, da placa aderida e acumulada nas superficies dentarias. Porém o controle diario da placa devera continuar para a prevengao e controle dessas doencas (AXELSSON, 2004, 2009; IMPARATO, 2008,2010). Adeliani Almeida Campos Capitulo 7 Protese dental em savde publica Aodontologia que prioriza o modelo cirtrgico-restaurador tem levado a uma perda progressiva dos dentes. Um outro erro poderé se suceder se priorizados servicos de prétese total em sade publica. Como se o destino irreversivel dos pacientes atendidos nestes servigos fosse o de usar dentaduras. Todo servico de protese dental deve oferecer primeiro as préoteses parciais. Nés nao concordamos que para os pacientes de saude publica sejam criados servicos de préteses dentarias priorizando a confeccao de prteses totais. Este modelo de “odontologia para pobres” estimularia ainda mais @ pratica do modelo cirurgico-restaurador a acentuar seus procedimentos mutiladores, sem a indissociavel simultaneidade com as agdes educativo- preventivas. E assim que o numero de desdentados aumenta cada vez mais. Uma prétese dental sé pode ser instalada apés 0 tratamento das doencas da boca. O tratamento das doencas carie, gengivite e periodontite consiste fundamentalmente no controle de placa bacteriana e na limpeza profissional cuidadosa, com raspagem e polimento supra e subgengival, de acordo com a necessidade de cada paciente. Essa fase de tratamento da doenga precede a fase cirirgico-restauradora e deve ser mantida durante e depois da fase restauradora para a manutengao da saude bucal e preservagao dos dentes naturais remanescentes (CAMPOS, 2003; AXELSSON, 2004, 2009; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Precisamos compreender que reabilitagao oral nao é sinénimo de fazer préteses dentarias efou restauragdes. Um dos principais aspectos da reabilitagdo consiste no tratamento das doengas que originaram a necessidade de proteses e/ou restauragGes, para paralisar 0 processo de perda de tecidos dentarios e/ou perda de estrutura Ossea no periodonto. Educagao para Saude bucal Integral | Educacao,prevencao e Reabiltacéo A restauragéo das lesées deixadas pela doenga deve ser minimamente invasiva, dentro de um processo educativo de cuidado para a preservacdo das estruturas remanescentes (CAMPOS, 2003, 2007; AXELSSON, 2004,2009; IMPARATO, MENDES, RAGGIO, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010) No modelo odontolégico cirUrgico-restaurador, os dentistas indicam restauracées, proteses e extragdes consecutivas no decorrer do tempo, e ndo priorizam a educacdo para o controle de placa bacteriana em seus pacientes, contribuindo assim para que 0 processo satide-doenca evolua, pois a permanéncia da placa indica que 0 processo saUde-doenga continua em progressao e pode ser agravado com a presenca de préteses e restauragées, acelerando a perda de dentes e tecidos periodontais. Alguns autores alertam para a importancia de conscientizarmos os pacientes das possiveis consequéncias dos tratamentos odontoldgicos, desde que se constituem em nichos adicionais de biofilme dentario. E responsabilidade do dentista educar o paciente a cada sessdo de restauragao, protese, tratamento ortodéntico, ou antes de qualquer cirurgia bucal eletiva, estabelecendoassimas condicées prévias para estes procedimentos, através da capacitagaoe reforco do paciente para remover a placa bacteriana aderida nos locais de dificil remogo. Tratamentos reabilitadores feitos sem que sejam associados a um controle de placa bacteriana poderao vir a contribuir para o desenvolvimento de inflamagao gengival, a qual, por sua vez podera progredir para o comprometimento dos tecidos de suporte dos dentes (SCHWARTZ, WHITSETT, BERRY, STEWART, 1970; KNOERNSCHILD, CAMPBELL, 2000; DIEDRICH, RUDZKI-JANSON, WEHRBEIN, FRITZ, 2001; ELLIS, BENSON, 2002; CAMPOS, 2003, 2007; SALLUM, NOUER, KLEIN, GONGALVES, MACHION, WILSON SALLUM, 2004; GOMES, MIRANDA, SOARES, OPPERMANN, 2005; LEVIN, SAMORODNITZKY-NAVEH, MACHTEI, 2008; AXELSSON, 2004, 2009; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010) . Portanto, em todos os servicos de saide que oferecam qualquer tipo de tratamento reabilitador, devera ser associado um servico para o preparo da boca, controle da placa dentéria (biofilme) supra e subgengival, reforgo e manutengSo periédica da satide bucal antes, durante € apés os tratamentos com restauracées e/ou préteses. Caso contrario, os resultados sero apenas imediatos, podendo, a médio e longo prazos as pessoas terem uma evolugao e agravamento dos problemas de sade bucal (MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008; AXELSSON, 2004, 2009; CAMPOS, 2007). A forma como reabilitamos pacientes pode continuar 0 processo progressivo de perda e mutilacao ou pode resgatar e manter a saldeea Adeliani Almeida Campos preservacdo dos tecidos vivos remanescentes. Para parar 0 processo de perda e atuar para a preservacao dos dentes naturais é preciso, antes de tudo, restabelecer a satide dos tecidos com acoes educativo-preventivas efetivas. Nao somente antes, mas durante e depois do tratamento reabilitador, em todas as sessdes de atendimento e depois da insergdo de préteses dentarias. As novas diretrizes da Politica Nacional de Saude Bucal do Ministério da Saude incluem o atendimento para a reabilitagao com préteses dentarias, caracterizadas como responsabilidade do nivel primario de atengéo a satide no Sistema Unico de Saéde (SUS). A politica nacional de satde bucal, tem como uma das metas a inclusdo do atendimento de préteses dentarias na atencdo primaria a sade, nas Unidades Basicas de Sade, ea implantagao de laboratorios de protese dentaria (MACAU, LOPES, 2008). Assim, a fase clinica para a reabilitagdo oral com prétese dentaria, como moldagem, adaptagao e acompanhamento, sera realizada nas Unidades Basicas de SaUde e a fase laboratorial realizada no laboratério de protese dentaria. A possibilidade de priorizagao do atendimento com préteses totais (dentaduras), no entanto, precisa se restringir exclusivamente aos pacientes que ja se encontram totalmente desdentados. Se forem feitas extracdes para a inser¢éo de proteses totais pode-se reforcgar uma tendéncia causadora do edentulismo nos idosos, ja observada, em que os pacientes passam por restauragées e extracdes sucessivas de seus dentes tendendo a perda progressiva decorrente dessa tendéncia mutiladora. Dentes com comprometimento periodontal precisam ser tratados, e nao extraidos. Conhecimentos cientificos de 30 anos ja comprovaram que dentes adoecidos podem se tornar e manter saudaveis por todaa vida (AXELSSON, NYSTRON, LYNDHE, 2004; AXELSSON, 2004, 2009; BUZALAF, 2008; MOYSES, KRIGER, MOYSES, 2008; IMPARATO, RAGGIO, MENDES, 2008; IMPARATO, BRAGA, MENDES, RAGGIO, 2010). Coloca-se entéo como necessidade social urgente 0 questionamento de que tipos de servicos deverao ser oferecidos. Sera que a priorizagado de prdteses totais nesses servicos esta de acordo com as necessidades de cada comunidade? Ou nao seria necessario priorizarmos a oferta de servicos de préteses parciais, inseridos no atendimento integrado educagéo-preven¢ao-reabilitagdo para a preservagao dos dentes naturais e das estruturas dsseas remanescentes nestes pacientes? (GOMES, CAMPOS, 2005). De acordo com os principios basicos do Sistema Unico de Saude, da universalidade, integralidade e equidade, atendendo as reais necessidades da comunidade direcionada de acordo com as necessidades de diferentes grupos de individuos, é recomendavel que, em cada area de abrangéncia de uma unidade de savde seja feito um levantamento ou inquérito, como instrumento metodoldgico utilizado para medir a extensdo de um agravo a Educac3o para Saude bucal Integral | Educagio,prevengao e Reabilitaggo satde que acomete um grupamento de pessoas (PEREIRA, 1999; GOMES, CAMPOS, 2005). Antes de iniciarmos qualquer plano de tratamento incluindo proteses dentais é importante lembrar o papel do protesista como profissional da saude. Este profissional tem como principal fungao evitar a necessidade de préteses na populacao, ou seja, sabedor das causas que provocam as perdas dentarias e das limitagées das proteses em restabelecer e manter as caracteristicas dos tecidos vivos, deve envolver o paciente e sua familia num programa de educagao e prevengao para sade bucal para que, a partir daquele momento, nenhum deles tenha mais a necessidade de perder dentes ou parte deles, Portanto, o protesista deve tentar preservar todos os tecidos vivos remanescentes, restabelecer as condigdes de sade da boca e trabalhar para que o processo saUde-doenga seja controlado e se reverta para um quadro de sadde, antes da instalagao de uma prétese dental. Apés restabelecer as condigées de satde da boca, o protesista deve se conscientizar que, a fun¢3o da protese dental ¢ repor dentes e tecidos perdidos e harmoniz4-los com a fisiologia e a manutengdo da sade bucal O papel de um protesista ndo é o de destruir estrutura dental sadia e/ou indicar a extragdo de dentes ou de remanescentes de dentes naturais para colocar uma prétese. Por isso, 0 protesista deve, apds o restabelecimento da salide bucal do paciente, encontrar o tipo de protese que possa ser indicado sem que seja preciso adicionar perdas, pois assim, nao estaria fazendo uma reabilitagao oral, e sim, uma mutilagdo progressiva do paciente. E responsabilidade do protesista encontrar a forma de restaurar apenas o que ja foi perdido, com tratamentos minimamente invasivos, sempre integrados 4 permanente educacéo do paciente para prevengdo de novas doengas. Cada profissional da equipe de saUde deve aproveitar todos os momentos com o paciente, seja em servico pUblico ou privado, para reforgar o controle das causas das doengas e ajudar o paciente a evitar futuras perdas, respeitando o ritmo do paciente para o aprendizado do controle de placa, sem querer apressar a reabilitacao construindo proteses sobre gengivas inflamadas. Um paciente que levou anos de sua vida sem ser ensinado como controlar a placa subgengival e teve perda significativa de estrutura dental precisa de tempo para o restabelecimento de seu caminho paraa sade. Uma prétese instalada sobre tecidos saudaveis com o paciente treinado para o controle de placa é 0 primeiro passo para o sucesso de um tratamento protético. Resta-nos enfrentar o desafio de criar servigos para as visitas de retorno para reforgo da higiene bucal e controle e manutengéo do tratamento concluido. Educaco para Saude bucal Integral | Educagao, prevencao e Reabilitacdo, corretamente a escova de dentes e 0 fio dental de forma a restabelecer e manter a satde dos tecidos gengivais (Fig.7.1). Cada paciente precisa de um tempo individual para o aprendizado para a correta remocao de placa subgengival e resgate da sadde gengival. Restauragées provisdrias e remogéo de batentes de restauragées e outros nichos de placa sao feitos também nesta fase. Depois de restabelecida a savde gengival os dentes cariados devem ser restaurados (Fig.7.2). Apés restabelecida a sade dos dentes naturais remanescentes, o reforgo se faz necessario durante os procedimentos restauradores. Depois da confecgao da prétese, devemos criarservicgos para o controle de placa (biofilme), o qual deveser estritamente seguido integrando o paciente a um programa de controle de placae limpeza profissional periddica (AXELSSON, 2004, 2009), com insergéo do paciente em um programa de educagdo para satde bucal e educacéo alimentar (CAMPOS, 2007, 2010, 2011). Fig, 7.2- Paciente desdentado parcial havia chegado com gengivite e tértaro supra e subgengival, elesées de Caries. Nesta foto podemos ver que os tecides moles jé apresentam aspectos saudaveis apds a orientagao € treinamento para a remocao de placa bacteriana e a raspagem e polimento supra e subgengivais. Fig. 72-Apés o restabelecimento e menutengio da sade gengival «periodontal, apacienteestéra fase de restauracao das lesdes deixadas pela cArle. S6 agora a protese dental serd iniciada, Em condicées de sade bucal. 0 treinamento e reforco para o uso correto da escova e do fic dental deve permanecer durante ¢ aps otratamento, Adeliani Almeida Campos Capitulo 8 Como fazer proteses fixas preservando a saude bucal O restabelecimento e manutencao da satide dos tecidos do sistema mastigatorio, relacionados direta ou indiretamente as proteses dentarias, tais como 0 oss0 e fibromucosa, dentes, periodonto e articulagdo témporo- mandibular é 0 objetivo basico de uma reabilitacdo que inclui a restauragao de dentes perdidos, com proteses parciais fixas. A reabilitagao estético- funcional com préteses fixas se inicia com o controle do biofilme dentario, raspagem supra e subgengival sequido do treinamento do paciente para fazer e manter 0 uso correto da escova e do fio dental para remogao diaria da placa subgengival em todo o perimetro de cada dente remanescente. As restaura¢ées diretas sio confeccionadas, com o cuidado de nao se deixar nenhum batente que venha a facilitar 0 acUmulo de placa e/ou dificultar sua remogao. A seguir, faz-se a moldagem preliminar e montagem de modelos no articulador para confecc3o de um enceramento diagnéstico baseado nos principios estético-funcionais (CAMPOS, 2007). O enceramento orienta todas as fases de confecco da prétese para que cheguemos a um final pré- programado que se harmonize coma estética, fisiologia e sade de todos os elementos do sistema mastigatorio (Fig. 8.1). Fig, Ba Prétese fixa de canino, pré-molares « molar superior fol feta através, do planejamento. do enceramento diagndstico, de forma a permitir que todos, os passos para a confeccao da provese orientassem para uma reabilitacao Daseada nos principios estetico-funcionais, ern harmonia com a sade dos demais elementos do sistema mastigatéro. Educacao para Satide bucal Integral | Educagéo,prevencao e Reabilitacso De acordo com Campos (2007), os principios estético-funcionais que deverdo ser observados nas préteses dentais (Fig.8.2) sd: (1)Obtengo adequada da proporcao intrinseca e da domindncia dos incisivos centrais superiores; (2)Exposicao do bordo incisal dos incisivos centrais superiores; (3)Simetria entre incisivos centrais; (4)Restabelecimento da harmonia entre cor, tamanho e posicao dos dentes na arcada; (5)Correg&o da exposicaéo do aspecto distal de caninos e dentes posteriores; (6)Modificacées visuais na largura da coroa dos dentes; (7)Observacao da necessidade de aumento da largura da coroa dos dentes; (8)Modificagées aparentes na altura da coroado dente; (9)Inclinagéo da coroa dos dentes; (10)Curva incisal e ameias incisais; (11)Aumento progressive das ameias incisais; (12)Posi¢ao vestibulo-lingual do bordo incisal e espessura dos dentes anteriores superiores; (13)Espessura vestibulo-lingual dos incisivos superiores; (14)Contorno gengival;(15)Altura do zénite no incisivo central; (16)Progressao gradual do zénite; (27)Planos incisal e gengival paralelos a linha interpupilar; (18)Ameias gengivais; (19) Convergéncia das paredes proximais com criacdo das ameias lingual ou palatina; (20)Convexidade cervical do péntico; (21)Adaptacao marginal € localizacao da linha de término dos preparos; (22)Perfil de emergéncia (forma da restauracdo ou prétese no 1/3 cervical ou forma como esta emerge da gengiva); (23)Lisura superficial no 1/3 cervical da restauracao ou prétese; (24)Superficies apropriadas a higienizagao (CAMPOS, 2007). Todos estes principios e a forma de obté-los em uma reabilitagao estéo apresentados com detalhes no blog: adeliani-almeida-campos.blogspot.com, nos artigos referentes ao ano de 2007. Fig, 8.2 reposigao de dentes naturais perdidos por dentes artificiais deve restabelecer as caracteristicas dos dentes naturais respeitando os principios estético-funcionais acima citados. Nesta foto, vernos a observéncia dda dominancia dos incisivos centrais, 0 respeito a proporgao aurea e a progressividade das ameias incisais como alguns dos principios bésicos para o restabelecimento da estética do sorrso. Aescolha de um tipo de protese fixa que preserve a maior quantidade de tecidos dentarios sadios é o fator preponderante. Recomendamos sempre que possivel a indicacdo de proteses fixas de resina composta ou 79 ‘Adeliani Almeida Campos de resinas compostas reforgadas com fibras (CAMPOS, 2003) devido a serem as proteses de maior potencial de preservacao das estruturas vivas remanescentes. Ver no livro “Protese fixa para o clinico”(CAMPOS,2003). Quanto aos preparos para as proteses de resina composta (CAMPOS, 2003), se resumem a uma Caixa préximo oclusal, nos caso dos dentes posteriores, ou préximo palatina (ou lingual), no caso de caninos e incisivos. As caixas oclusais ou palatinas e linguais tem 2,5mm de profundidade e suas extensdes em direc&o a0 meio do dente é de 2,5 a 3mm, que éa largurada fita de Ribbond (ou outra fibra de reforgo trangada) indicada nesses casos. ‘As extensoes oclusais ou palatinas e linguais sé devem ser estendidas além de 2,5 a 3mm quando jé existem restauragées prévias. Nao ha necessidade de extensao oclusal, lingual ou palatina porque as tensdes de tragéo e cisalhamento que possam vir a promover a fratura de uma protese se concentram na jungao entre dentes, ou seja, na regido do conector da prdtese fixa (CRAIG, POWERS, 2004). Qualquer extensao do preparo além da caixa préximo-oclusal para oferecer a espessura do material para resistir & fratura na regido do conector, seria desgaste dentdrio excessivo, a nao ser que ja exista uma restauragao pré-existente que venha a ser removida sem nenhum comprometimento adicional de tecido dental sadio. $6 recomendamos a confecgo de préteses fixas com coroas totais quando o paciente ja tinha anteriormente uma prétese com coroa(s) total(is) que precisa ser substituida (Fig. 8.3). Preparos para coroas totais eram comuns no inicio do século vinte porque’o aumento da retengao se baseava na necessidade de retengdo macromec4nica, quando ainda nao existiam materiais dentarios adesivos. Com a capacidade de retengao micromecdnica dos agentes de unido adesivos ao dente, associada a uniao quimica aos cimentos resinosos e as resinas compostas, é possivel se fazer préteses de resina composta preservando tecidos vivos, preservando a vida (CAMPOS, 2003). Fig, 8.3- Restauracao da_camara pulpar com resina composts, com preservacio das paredes de estrutura dental remanescente, sem a utilizacdo de pinos ov rnucleos, prescrvando toda a estrutura dental para © preparo e substitvigao de protese fixe, apas o restabelecimento da saide gengival. E importante preservar as estruturas dentérias remanescentes, para a melhor mastigacao porque a5 ratzes dos dentes preservam o osso alveolar. 0 osso alveolar preservado Gasuporte aos musculos do terco inferior da face. Educago para Saiide bucal Integral | Educago,prevencao e Reabilitagao, Todos os esforcos devem ser feitos para preservar cada raiz residual do paciente. Quando for necessario o tratamento endodéntico e houver indicag&o para pinos intraradiculares, devemos evitar desgastes internos da camara pulpar e da raiz. A utilizacao de brocas tipo Peeso ou Gates, quando estritamente necessario, nao deve ser feita acima do didmetro unicamente necessario para a remogao do material obturador do canal. Preservando todos os tecidos internos da raiz dentaria, favorecemos a sua resisténcia a fratura. Mesmo em dentes que anteriormente ja tinham coroas totais, devemos evitar a insercao de nucleos metélicos, quando para sua insergao for exigido qualquer desgaste de estrutura dental adicional. Devemos dar sempre preferéncia a restauragdo do dente com resina composta através de um nucleo de preenchimento, preservando toda a estrutura dentaria remanescente, tanto intraradicular como coronaria, de forma a preservar a resisténcia & fratura do dente e evitar futuras fraturas, as quais séo mais comuns apés a colocagao de nucleos que removem estrutura dental (CAMPOS, 2003; AXELSSON, 2009) (Fig.8.3). O nucleo de preenchimento, com resina composta, associada ou naoa pinos intraradiculares de didmetro compativel com a preservacdo dos tecidos dentdrios remanescentes, substituicom vantagem o nucleo metélico, quando essesexigiremaremogio extra de qualquer tecido dental na por¢do interna da camara pulpar efou da raiz, 0 que promoveria uma redugao da resisténcia do dente e/ou da raiz eo aumento da probabilidade para a ocorréncia de futuras fraturas. No caso da necessidade de utilizagdo de um pino intraradicular, & 0 pino que deve se adequar ao espaco endodantico pré-existente e nado o dente que deve ser desgastado para abrir espago para um pino de maior didmetro. Os pinos com diametro semelhante ao numero 3 (0 mais fino da Ultradent) (Figs.8.4 A e B), ou ao Reforpost |, nUmero 1, o de menor diametro da Angelus, geralmente podem ser cimentados dentro do canal radicular em todos os dentes, sem necessidade de rernogao de estrutura dental sadia remanescente, e portanto, sem comprometer a resisténcia do dente para adequagdo aos materiais. E imprescindivel sempre encontrar materiais que se adequem a estrutura remanescente a ser preservada. O desgaste intraradicular para cimentagao de um pino ou nucleo para reter a coroa artificial deve restringir 0 uso da broca para remover apenas o material do tratamento endodéntico, sem remover nenhuma estrutura dental da camara pulpar ou das paredes laterais ao canal radicular, sob o risco de fragilizar a raiz, ou causar perfuracées, principalmente nas regides de concavidades de raizes, em que a estrutura radicular se torna menos espessa, 0 que acontece particularmente nas raizes multiplas de molares. O mesmo cuidado deve ser tomado para nao desgastar a estrutura radicular nos dentes anteriores, pois a remocao de tecido dental sadio durante o preparo para nUcleos metélicos ou pinos intraradiculares, tanto nos dentes Adeliani Aimeida Campos posteriores como anteriores fragiliza a raiz e contribui para o aumento da possibilidade de fratura, perfuragao de raizes e fracasso da protese (CAMPOS, 2001-a; AXELSSON, 2009). A profundidade de penetragao do pino pré-fabricado nao seque as mesmas regras de cimentacao de nucleos metdlicos. Dependendo da quantidade de tecido coronario remanescente, a extens&o do pino pré-fabricado para dentro do canal radicular se reduz & sua extens&o fora do suporte dentario remanescente. Fig. 8.4A-UtilizagSo de pino intraradicularcimentado Fig. 8.4B- Cimentagéo de pino pré-fabricado de com iondmero de vidro convencional, sequido da espessura que nao exija nenhum desgaste da Teconstituigao coronéria com resina ‘composta e estruturadentéria intraradicular, evitandoa redugao preparo para prétese fixa preservando os tecidos daresisténcia 2 fratura da raiz remanescente. dentarios remanescentes. Esta técnica nao exige ‘a penetracdo do pino em 2/3 do canal, reduzindo a possibilidade de perfuragies ou desgaste de estrutura intraradicular, reduzindo portanto a possibilidade de problemas periodontais ou fraturas da raiz associadas a colocacéo de nicleos metilicos na concep¢so da retengdo macromecénica Os pinos devem ser cimentados, de preferéncia, com cimento de iondmero de vidro convencional, radiopaco. Apés a limpeza da dentina com curetas e jato de oxido de aluminio, devemos passar acido poliacrilico a10%, ou o proprio liquido do cimento de iondmero de vidro convencional. 0 acido poliacrilico promove a limpeza da dentina, preparando-a para a adeséo quimica ao iondmero. O acido poliacrilico deve ser aplicado e deixado por 10 segundos, quando a dentina é lavada e seca. O cimento de iondmero deve ser levado a cavidade imediatamente apés a mistura, enquanto ainda esta brilhoso, para que ocorra a adesao. Além da adeséo quimica 4 dentina, o iondmero de vidro libera flor. Estas caracteristicas tem sido relacionadas com 0 excelente desempenho clinico deste material, no que diz respeito & cimentagao de pinos intraradiculares e na protecao do complexo dentina- polpa, antes da aplicagao da resina composta. Educagdo para Satide bucal Integral | Educacéo,prevencdo e Reabilitagso O ionémero de vidro convencional tem apresentado resultados mais duradouros do que as resinas compostas na cimenta¢ao dos pinos intraradiculares, mas é importante lembrar, que apés a cimentacao do pino intraradicular com 0 iondmero de vidro, reconstruimos a porcdo da camara pulpar e a porcdo coronaria do preparo com a resina composta para restaurac3o, a qual oferece maior potencial para o restabelecimento da resisténcia a fratura do dente (CAMPOS, 2003). Estes materiais vem cumprindo um papel importante para a preservacao de raizes residuais, desde que seja feito o preparo prévio da boca do paciente, com o restabelecimento da sadde gengival e a manutengao periddica. A importancia da preservacao de dentes naturais e raizes residuais Muitos alunos de odontologia e/ou dentistas parecem nao entender a importancia da preservacao das raizes e dentes remanescentes. Quando 0 paciente tem apenas alguns dentes remanescentes, existe uma tendéncia a se acreditar que é melhor extrai-los, j4 que so tao poucos, e confeccionar uma prétese total, conhecida popularmente como “dentadura’. Chegam até a dizer que sdo os pacientes que pedem para extrair os dentes, mas & obrigagao dos profissionais da sade esclarecerem aos pacientes a preservaco dos érgaos e sua fungao. Ja pensou se um paciente chega para um médico pedindo para extrair um drgao e 0 médico simplesmente aceita? Pois alunos de odontologia e dentistas precisam esclarecer aos pacientes sobre o sistema de fibras periodontais que transforma as forcas de compressdo em forca de tracdo que induz a neoformacdo éssea e que preserva o osso alveolar, evitando que a boca fique “murcha”. Precisa explicar a fungdo dos proprioceptores para a mastigacdo dos alimentos e a importancia, portanto, de preservar érgdos dentarios naturais que se harmonizam com a fisiologia do sistema mastigatdrio, de forma insubstituivel. Portanto, sejam quais forem as condigées encontradas, todos os esforcos devem ser feitos para preservar os dentes naturais e/ou raizes remanescentes, seja para confeccao de uma prétese fixa, protese parcial removivel (mesmo com a minima quantidade de dentes remanescentes) ou protese total sobre raizes de dentes naturais. Precisamos ajudar os pacientes a preservar seus dentes naturais, explicando que a extragdo de dentes resulta na perda dssea, reduzindo o suporte labial e deixando a “boca murcha”. Podemos também explicar o efeito dos proprioceptores e sua relagéo com a maior sensibilidade. Portanto, somente apds 0 restabelecimento da saUde gengival e periodontal e preservagao de todas as estruturas dentarias, so ini ry ‘Adeliani Almeida Campos procedimentos para reconstrugao do dente. A reconstrugao da coroa pode ser feita com resina composta, a qual, poder, por si sd, reabilitar a estética eJoua fungao mastigatoria, ou servirde base, senecessério, para o preparo e cimentagdo de uma prétese fixa. O importante é salvar a raiz do dente, pois esta preservara 0 0ss0 alveolar. Esta raiz podera simplesmente manter ‘0 0ss0 ou servir de suporte a futuras proteses. Mesmo que so seja possivel fazer uma restauracdo direta, tudo que for possivel deve ser feito para a preservacéo da raiz, primeiro inserindo o paciente em um programa de educagaoe prevenco em satide bucal, e depois, 6 depois de restabelecida a sadde gengival, progressivamente, iniciamos as medidas necessarias para outros procedimentos reabilitadores, quando o paciente desejar e houver condigoes para tal. Muitas vezes, paramos por ai, restabelecendo a sabde e oferecendo condigées para que o paciente continue sua vida sem progresséo de perdas. Muitos pacientes nao tem a inten¢ao de colocar proteses, e isto deve ser respeitado. Isto quer dizer que n&o houve reabilitago? Nao. O controle de placa, 0 restabelecimento e manutengao da sade gengival e periodontal, com preservagao de todos os tecidos vivos remanescentes & © procedimento mais importante da reabilitagéo oral. Segundo Axelsson (2004), e Axelsson, Nystron e Lyndhe (2004), 0 controle de placa bacteriana e a limpeza profissional periédica de acordo com a necessidade de cada paciente pode preservar dentes naturais por toda a vida, e é a base para os melhores programas de sade bucal, para preveng3o e controle da gengivite, periodontite e da carie dentéria, sem necessidade de extragao de dentes naturais (AXELSSON, 2004). Para .o planejamento da fase restauradora, uma vez restabelecida a sate bucal, fazemos as moldagens das arcadas inferior e superior com alginato e vazamos com gesso extra-duro. O vazamento com gesso extra- duro dos modelos de estudo, devido a maior resist€ncia ao desgaste deste material, evita o desgaste entre os dentes antag6nicos dos modelos no articulador, durante a reprodugdo dos movimentos de abertura e fechamento, lateralidade e protrusdo para o ajuste oclusal (CAMPOS, 2007) do enceramento. Antes do enceramento diagnéstico montamos os modelos em um articulador semi-ajustavel (Fig.8.5A) ou charneira. Para o registro da articulag3o entre os modelos superior e inferior, usamos uma Unica lamina de cera e pedimos ao paciente para fechar apertando bem os dentes posteriores, de forma a garantir que a lamina de cera seja perfurada (Fig.8.5B) para o estabelecimento de contatos oclusais gessoa gessoentre os modelos sema interferéncia da cera. A presenga da cera em todaa extensao do registro, assim como de outros materiais de registro interoclusal, por sofrerem alteragéo dimensional, podem modificar 0 registro oclusal em maxima intercuspidag3o, modificando os contatos oclusais durante sua transferéncia da boca do paciente ao articulador (CAMPOS, 1994, 1995, 1996, 2003, 2007). Educagio para Satide bucal integral | Educacdo,prevencio e Reabilitagéo Fig. 8.58- Registro de maxima intercuspidagéo com ume lamina de cera rosa (recartada anteriormente adaptando-se 20 tamanho da arcada superior) Asperfuracées da cera ema maxima intercuspidacao confirma 2 existéncia de contatos dente a dente, que sero transferidos aos modelos antagonistas estabelecendo contatos gesso a gesso, evitando que, como no caso de registro de cera espesso, haja modificago do registro de maxima intercuspidacao devido @ alteragdes dimensionais na cera. O registro de cera deve ser retirado cuidadosamente da boca e colocado longe de qualquer fonte de calor até que seja posicionado sobre o modelo de gesso e restabelecida a maxima intercuspidacao para a montagem no articulacior. Apés a montagem dos modelos no articulador, fazemos o enceramento, o qual também pode ser feito através de técnicas simplificadas, como por exemplo a técnica dos trés Idbulos ou técnica das trés gotas recomendada por Campos (2007) para o enceramento das faces vestibulares. Nesta técnica, 0 primeiro ldbulo a ser encerado é o ldbulo central, seguindo o principio das inclinacées das coroas dos dentes, que acompanham a inclinagao das raizes, ligeiramente inclinadas para a mesial (Fig.8.6A). A seguir enceramos 0 lébulo mesial que é mais curto do que 0 \Sbulo central, no entanto, é mais longo e retilineo do que o ldbulo distal, © que caracteriza o contato mais longo entre as faces mesiais dos incisivos r-—rt—~— Adeliani Almeida Campos centrais (Fig.8.6B). O terceiro Idbulo é o lobulo distal, mais curto e mais curvilineo (Fig.8.6C). No caso do canino e dentes posteriores, 0 Iobulo distal n&o deve ser visualizado quando observamos 0 sorriso de frente (CAMPOS, 2007). Este cuidado permite que seja obtida a largura adequada do canino para o respeito da propor¢ao aurea com 0s incisivos superiores, deixando vis(vel apenas a metade mesial da face vestibular do canino (CAMPOS, 2007). Apdés 0 enceramento dos trés |dbulos da face vestibular, preenchemos os espacos com cera, fazendo as medidas da altura e da largura virtual da coroa, que se estabelece pela distancia entre as linhas de Angulo mesiais e distais (CAMPOS, 2007). Verificamos ent&o os principios estéticos de dominancia dos incisivos centrais, a simetria entre os incisivos | centrais (Figs.8.6D,E,F) e a proporcao intrinseca entre a altura e a largura destes dentes (CAMPOS, 2007). A face palatina é confeccionada antes da face vestibular, de forma a oferecer o suporte necessario para colocacdo dos Idbulos da face vestibular. No caso dos dentes posteriores, a técnica do enceramento progressivo restabelece o contato das cuspides com 0 centro do dente antagonista. Figs. 8.6 A,8,C,0,£,F- Sequéncla do enceramento pela técnica dos trés lbbulos, para a reconstrugéo da face vestibular dos dentes (Essa técnica pode ser utilizada para restauracies diretas e indiretas). O enceramento diagnéstico é utilizado como referéncia durante varias etapas da reabilitagdéo, como por exemplo, antes da presa do material de cimentagao de pinos (com cimento de iondmero de vidro) (Fig.8.7A) 0 molde do enceramento diagnéstico (Fig.8.7B) é utilizado para 0 planejamento do posicionamento do pino intraradicular, de forma que este nao venha a interferir com a reconstituigao da anatomia fisiologica e estética da coroa artificial (CAMPOS, 2007) (Figs.8.7 B,C,D). Educagao para Saiide bucal Integral | Educagao,prevencio e Reabilitagao Figs. 87 A,8,C,D- Cimentacdo'de pino pré-fabricado na posicdo adequada para nao interferir com 0 espago paraa colocacao dots) materiallis) do nucleo de preenchimentoe da protese fixa, em harmonia coma reconstrucéo estético-funcional planejada no enceramento diagnéstico, paraa dbtencao dos principios estético-funcionais, Na realidade, o enceramento diagnéstico estético-funcional (enceramento que atende a todos os principios estético-funcionais como organizados por Campos em 2007) é importante como referéncia durante a confeccao de qualquer protese fixa, seja em resina composta, metaloceramica ou qualquer sistema ceramico sem metal, possibilitando que no sejam cimentadas préteses com sobrecontornos, pois estas precisam se harmonizar e se integrar a fisiologia do periodonto, e sem que atendam os principios para a harmonizagao estético-funcional com todos os elementos do sistema mastigatério, portanto, com todos os espagos para que as préteses possam ser confeccionadas sem interferéncias oclusais ou contatos prematuros, os quais podem ocorrer por falta de espaco para o material da prétese. Para que esses problemas sejam evitados, apds o enceramento (Fig.8.8A) é feito uma moldagem do dente encerado (Fig.8.8B), usando uma silicona de condensacao (pasta pesada), para moldar a forma adequada do dente em cera nas dimensées planejadas para o restabelecimento estético-funcional fisiolgico. Esse molde ¢ entao utilizado como referéncia para o controle dos espagos necessarios para o material da prétese (Figs.8.8C,D) de forma a reconstituir o contorno fisiolégico do dente (Figs.8.8E,F). Os espacos disponiveis para o material estético sdo conferidos tanto apés o preparo do nucleo de preenchimento como apés a confec¢do da infraestrutura da protese (CAMPOS, 2003, 2007). | a Adeliani Almeida Campos Figs. 8.8 A,8,C,D, £,F- Utilizaco do modelo do enceramento diagnéstico como referéneia para prover 0 espacos necessérios no processo de restabelecimento estético-funcional de um incisivo central superior esquerdo. Proteses fixas alternativas no processo de reabilitagao oral Durante o processo de resgate da satde bucal, o ritmo do paciente no seu aprendizado para o uso subgengival correto da escova e do fio dental deve ser respeitado, assim como o processo de resgate da satide dos tecidos periodontais. Um erro mutilador seria o de, antes que este processo se estabeleca, extrair dentes para nao correr o "risco” de inserir préteses de alto custo antes de saber se a sade bucal se restabelecera. Esse risco entao é utilizado por “reabilitadores” para justificar a mutilagao do paciente. Essa medida imediatista e mutiladora deve ser substituida por um Educagao para Saude bucal Integral | Educagio,prevengao e Reabilitacio processo de resgate progressivo da saude bucal e manutenc&o dos dentes naturais. Durante esse processo, diferentes tipos de prétese fixa podem ser confeccionadas. Para a confeccéo da prdtese fixa proviséria, o enceramento diagnéstico é Util para orientar a confecgao da protese proviséria de resina acrilica, a qual, quando é feita em resina autopolimerizavel pode ser obtida na sequinte sequéncia: Fig.8.9 A,B,C,D,E,F,G,H. Fig.8.g A - Enceramento diagnéstico; Fig.8.9 B - Moldagem do enceramento com pasta pesada de silicona; Fig.8.9 C - Mistura de dois pds de resina acrilica (50% incolor e 50% da cor dos dentes do paciente) para dar translucidez 20 provisério; Fig.8.9 D- Apds a mistura dos pds com 0 liquido, vazamento da resina no molde de silicona; Fig.8.9 E- Posicionamento do molde com resina na fase plastica, sobre os preparos com subsequentes mavimentos de retirada e reinser¢ao do molde, até o endurecimento da resina; Fig.8.9 F,G,H- Remoggo do molde, acabamento, reembasamento, abertura de espagos para higienizago e polimento da prdtese proviséria Adeliani Almeida Campos Se o provisorio tiver dificuldade para ser inserido e retirado, é preciso verificar se as paredes laterais do(s) preparo(s) estao na mesma diregdo de insercdo (Fig.8.10A). As paredes de um preparo em um dente, ou em multiplos dentes, devem estar com um minimo de expulsividade em relagdo a direco de inser¢ao definida (Figs.8.10B,C). Quando existe alguma parede com retencao, em direcéo ao plano de inser¢&o, a retengdo deve ser preenchida com resina composta adaptando a parede ao plano de inser¢ao. Nao devemos remover tecido dental sadio para isso, e sim, preencher as retengdes. No caso das figuras 8.10A,B,C, vemos preparos para coroas totais pois neste caso a paciente ja tinha uma protese anteriormente, com preparos para coroas totais, a qual precisou ser substituida. Figs. 8.20 A,B,C- Determinagao e verificagao da diregio de insercao dos preparos com finalidade protética. Proteses provisérias também podem ser confeccionadas com dentes pré-fabricados para dentaduras (Fig.8.11A), os quais podem ser feitos pela técnica indireta quando so associados a resinas termopolimerizaveis e feitos no laboratério sobre modelos de gesso do(s) dente(s) preparados, ou pela técnica direta, quando associados 4 resina acrilica autopolimerizavel e Educacdo para Salide bucal Integral | Educago,prevencao e Reabilitagao confeccionados na prépria boca do paciente. Na técnica direta, os dentes pré-fabricados sao selecionados em forma e cor compativel ao caso e a seguir sio desgastados até o ajuste de sua posigao na boca. Fig. 8.12A- Dentes de resina, pré-fabricados, s8o desgastados até o ajuste da faceta vestibular, ‘quando, entao, s40 complementados com resina acrilica para a confec¢ao de proteses provisérias. Uma vez ajustada a faceta na face vestibular, o dente preparado é vaselinado e o resto da coroa é modelada acrescentando-se resina acrilica damesma cor do dente, ou da cor de sua porgao radicular de forma a reduzir © brilho das areas fora da face vestibular, 0 que ajuda a estabelecer melhor 05 limites da face que se sobressai (vestibular) em relagao as faces que estao em plano posterior (faces proximais) . Para o reembasamento, resina acrilica é vazada na linha de término do dente e na linha de término do provisério, 0 qual é posicionado e, apds 1/2 minuto, removido e reinserido até o endurecimento da resina. Antes do acabamento sao delimitados 0 término € o perfil de emergéncia (Fig.8.11B)(CAMPOS, 2007), 05 quais séo submetidos a um polimento (Figs.8.11C,D) antes da cimentacao do provisério. Todos os provisérios, restauracées e proteses fixas deve ter o perfil de emergéncia reto ou ligeiramente céncavo para evitar 0 acimulo de placa na linha de unio entre o material restaurador e o dente (CAMPOS, 2007). l4 Fig. 8.228- Apds 0 reembasamento com resina Fig, 8.21G,D- Apés a remogao do excesso de resina da acilica, a linha de término € demarcada com linha de termino, passa-se os discos de acabamento fapiseira e todos 0s excessos s8o removides _polimento no terco gengival da coroa, até que nao exista até que o fio dental passe sem prender, ou seja, nenhum excesso de resina além da linha de término. até que o fio dental deslize livremente sem a Concomitantemente se define o perfil de emergéncia no permanéncia de nenhum material além dalinha terco gengival para evitar acmulo de placa bacteriana. de término que poderia formar um batente para a retenao de placa bacteriana. Adeliani Almeida Campos Apos a cimentaqao, 0 excesso de cimento é removido (Fig.8.11E) e entao é feita uma raspagem e polimento subgengival. O(s) provisério(s) em resina acrilica, pode(m) ser cimentado(s) com cimento provisorio, quando sero a seguir substituidos por préteses de resina composta ou proteses de resina composta reforcada com fibras (CAMPOS, 2003). Préteses provisérias também pode(m) ser cimentada(s) com cimento definitivo, de iondmero de vidro convencional (autopolimerizavel) ou cimento resinoso, quando precisam permanecer na boca por mais tempo, seja por falta de condicao financeira do paciente ou por preferéncia do paciente ou do dentista. Também podem precisar ser mantidas na boca durante um tratamento de reaprendizado do paciente e/ou para serem substituidas quando ja houver sido restabelecidaa sade gengival, condigao indispensavel para aconfecgéo da prétese definitiva. Quando o provisorio for ser fixado, deveré ser revisto em sessées separadas para a cuidadosa verificagao e confirmagao da lisura de superficie do provisério no ter¢o gengival e observacao das caracteristicas da linha de término da prétese provisdria, que devera acompanhar a anatomia do ter¢o cervical sem deixar batente nem sobrecontornos, nem excessos de agentes cimentantes. A linha de cimentacao deve ser limpa com curetas e 0 paciente treinado e motivado para uso correto da escova e do fio subgengival para criar condicées de restabelecimento e manutengao da sade gengival. Fig, B.aE- Apés 2 cimentagao com cimento provis6rio ou definitive, todo 0 excesso de cimento proximal deve ser removido com 0 fio dental ¢ & seguir, uma criteriosa raspagem deve ser feita com curetas periodontals contornando toda a linha de unio prétese-dente até que possa-se verificar auséncia de remanescentes de cimento. O paciente entéo é treinado para a cuidadosa higiene digria da linha de uniao prétese-dente. O reforgo e motivagao para a limpeza correta da linha de unio protese-dente deve ser periddico. Indispensavelmente, em sessdes seguintes 0 acabamento e polimento da superficie gengival devem ser revistos cuidadosamente, juntamente com a verificagao da habilidade do paciente para a raspagem da linha de cimentagao com 0 fio dental ea escova de dentes em todo o perimetro da coroa, sendo esclarecido para 0 paciente que, na linha de unido prétese-dente ha um maior acUmulo de placa bacteriana e maior dificuldade de sua remogao, podendo ocorrer inflamag&o se a higiene subgengival nao for cuidadosa. Esse processo de EducagSo para Saude bucal Integral | Educagao,prevencao e Reabilitagéo aprendizado continua até que os tecidos se apresentem saudaveis e sem sangramento gengival. Quando o paciente néo puder fazer uma prétese com outro material, a protese proviséria pode ser mantida e cimentada com cimento resinoso, preservando a raiz residual e cuidando para a prevengao e controle da gengivite ou periodontite, para que seja preservado 0 osso alveolar. E possivel prevenir e controlar a gengivite, periodontite e a carie dentaria em adultos com comprometimento periodontal reduzindo ou quase eliminando a necessidade de extrago de dentes (AXELSSON, 2004). Fazer uma prétese de resina acrilica, seja ela autopolimerizavel ou termopolimerizavel é melhor do que indicar a extrago de um dente. Apds 0 restabelecimento da sade bucal, as préteses de resina acrilica poderéo ser substituidas por proteses de resina composta. As préteses de resinas compostas podem ser confeccionadas no laboratdrio, ou até na clinica, com uma técnica de baixo custo (CAMPOS, 2003). Diante de novos estudos relacionados a utilizagdo das resinas compostas em restauragées indiretas, a substituico de proteses provisérias por prdteses de resinas compostas vem se tornando cada vez mais popular, devido a possibilidade de utilizagao de resinas compostas usadas na clinica, com o tratamento térmico em estufas ou autoclaves. Para isso, preparos minimamente invasivos sao confeccionados e feitos os modelos, sobre os quais, apds a aplicacdo de um gel lubrificante de base aquosa (tipo KY — johnson & johnson), s80 confeccionadas as restauracdes de resina composta, as quais, apos acabamento e polimento, sao cimentadas sobre os dentes preservados, através de uma uniao micromec&nica utilizando-se sistema de uniao primer- adesivo e cimentos resinosos (ver capitulo 1). Moldagem sem fio retrator e com saUde gengival Nas préteses provisérias de resina acrilica pela técnica direta, 0 ajuste e adaptagao marginal sao obtidos diretamente na boca através do procedimento de reembasamento, mas, se 0 provisdrio for cimentado apenas com cimento provisorio e o processo continuar para a confecgéo de uma protese indireta, seja ela em resina composta, metal e/ou porcelana ou cerémica pura, a adaptagao marginal da protese sera feita indiretamente, sobrea linha de término do modelo de gesso que seré enviado ao laboratorio. 0 procedimento de moldagem para o modelo de trabalho, sobre o qual a protese sera confeccionada no laboratorio deve ser feito somente apés 0 estabelecimento da saUde gengival, pois se uma protese fixa, seja ela de resina acrilica ov composta, metaloceramica ou de porcelana pura, for cimentada em condigdes em que a causa da doenca nao foi controlada nem Adeliani Almeida Campos a sade restabelecida, o proceso evoluird independente da presenca da prétese “definitiva”, podendo progredir para a perda dos tecidos de suporte do dente, ou se estabelecer nova destruicao de tecido dental por carie no contorno da prétese. Portanto, apds o restabelecimento da satide gengival é que fazemos a moldagem para abtencao do modelo de trabalho. Para isso 0 provisério é removido e a superficie do dente é limpa para que seja feita uma moldagem com alginato com os dentes ja preparados, para que entao sejam confeccionadas moldeiras individuais, no caso em que a protese fixa seja feita com preparos parciais (CAMPOS, 2003), ou, sejam confeccionados casquetes para moldagem (Figs.8.12A a D), quando a protese fixa for feita com preparos para coroas totais. Fig822A- Os casquetes para moldagem sé 30 confeccionados e reembasados apés 0 restabelecimento da saide gengival. Para isso pode ser preciso revisar a forma ¢ 0 polimento da superficie dos provisérios e 0 controle de placa bacteriana. O uso de fos retratores é desnecessério, se ha sadde gengival. Anecessidade do uso de fios retratores indica um problema, 0 qual deve ser resolvido antes da moldagem. Fig.8.22C- Adesivo para elastameros (especifico 20 tivo de elastémero a ser utilizado na moldagem).. © adesivo é aplicado na superficie interna e terco. gengival externo dos casquetes para moldagem. Apés a aplicagio do adesivo, deixselo secar por 10 minutos Fig,8.22B- Barre de resina para fixagdo dos casquetes entre si. & Fig.8.12D- Moldagem com elastémero, pasta leve ov fluida Educagao para Sade bucal Integral | Educagéo,prevengio e Reabilitacao Apés a moldagem com os casquetes usando elastémeros de consisténcia fluida para a moldagem dos preparos, é€ feita uma sobremoldagem com alginato (Fig.8.13A) e 0 gesso ja deverd estar na cuba (Fig.8.238) para o vazamento imediato. Apds a insergao da moldeira na boca, 0 alginato devera permanecer em posi¢so por 4 minutos para atingir sua resisténcia maxima a rupturae evitar quebra do alginato quando da remocéo de regides retentivas. Quanto a relagéo agua-po, para a manipulagao do alginato, a colocagaéo do minimo de agua possivel é favoravel. A minima quantidade de agua, necessaria para a manipulacéo com © pé de alginato e A execuc&o da moldagem, favorece a obten¢do de uma massa cremosa e uniforme. Figs 8.434,8- Molde com casquetes e silicona de adico com sobremoldagem em alginato e vazamento imediato do gesso no molde. No caso do gesso para o vazamento dentro do molde, arelagao agua- po também deve ser a menor possivel, ou seja, deve ser acrescida a minima quantidade de agua necessaria para ser misturada ao pd, de forma que este possa ser espatulado e vazado no molde. Quanto menor a quantidade de Agua a ser misturada ao pé, maior a resisténcia do gesso. Essa resisténcia maior do gesso, obtida com a menor quantidade de dgua misturada ao pé, significara, apos a presa, uma menor possibilidade de fratura e de desgaste da superficie do modelo. Quando ha necessidade da confeccdo de troquéis (Fig.8.130), @ maior resisténcia ao desgaste é fundamental para a preserva¢ao da linha de término. A maior resisténcia ao desgaste do gesso também é importante nas faces oclusais, durante a articulagdo de modelos no articulador. Um modelo de gesso com maior resisténcia ao desgaste evita a perda excessiva de gesso nas superficies oclusais de modelos antagonistas durante a analise oclusal, confeccdo da prétese e ajustes no articulador. Para ampliar a capacidade de resistir a0 desgaste, além da relacSo dgua-pd, a escolha do tipo de gesso 6 fundamental, sendo indicado 0 uso de gesso extra-duro para ‘Adeliani Almeida Campos qualquer modelo que venha a entrar em contatos oclusais, seja com outro modelo ou com prdteses antagonistas, os quais so ajustados inicialmente no articulador. Fig8.13C- Quando for confeccionado um troquel articviado, todo cuidado € necessario para evitar sobrecontorno no ter¢o gengival da prétese. A remocao da gengiva do modelo de gesso pode induzir a um perfil de emergéncia convexo. Em casos que a linha de termino é subgengival, antes do recorte da gengiva é recomendavel fazer a moldagem do modelo para reconstituicgo. da gengiva, de forma a orientar a confeccao de um perfil de emergéncia que nao venha a comprimir 0 epitélio interno. do sulco gengival efou dificuitar a remogSo de placa bacteriana na linha de término dente-restauragao. Vazamento do gesso no molde Ovazamento do gesso deve ser feito em pequenas quantidadeseem regides convexas, para que, sob vibragao, escoe as superficies concavas de forma controlada, ou seja, sempre evitando que grandes porgdes de gesso ocupem rapidamente as areas céncavas. O gesso nunca deve ser colocado diretamente em cavidades ou regides céncavas do molde, podendo assim aprisionar ar, resultando na formacao de bolhas na superficie do modelo de gesso. Para evitar a formaco de bolhas, 0 gesso é colocado nas bordas, ao lado dos dentes ou areas céncavas e, sob vibragdo, deixado escoar em pequenas camadas que banham e percorrem as superficies e preenchem as cavidades, lentamente, a partir de suas porgdes mais profundas. Dessa forma, 0 gesso vai escoando de forma a expulsar o ar a medida que vai preenchendo as cavidades do molde. Todo gesso a ser adicionado durante o vazamento do modelo é colocado novamente, em pequenas quantidades, nas convexidades e, sob vibra¢o, levado a escoar pela superficie do molde as dreas céncavas até que toda a superficie do molde seja umedecida pelo gesso. Uma vez feito 0 vazamento do gesso, 0s modelos de trabalho séo cuidadosamente armazenados em uma caixa plastica com uma esponja ligeiramente Umida (molhada e depois espremida para tirar 0 excesso d'agua). A esponja ligeiramente Umida é colocada dentro da mesma caixa e 0 gesso podera entao ser removido a partir de uma hora depois do vazamento. No caso de moldagem com elastémeros a remogao do modelo pode ser adiada até 24 horas, quando o gesso tera mais resisténcia a fratura. O modelo de trabalho é entao recortado para ser montado no articulador Educagio para Saude bucal Integral | Educagao,prevengao e Reabilitagso com 0 modelo antagonista, 0 qual devera ter as faces oclusais em gesso extra-duro. Os modelos articulados sAo entdo enviados ao laboratério para a confecco da(s) protese(s). Prova da prétese fixa - Ajustes do(s) pontos de contato e verificagao da adaptagao marginal Quando uma prétese fixa chega do laboratério para a prova, 0 primeiro ajuste que fazemos é 0 ajuste do(s) ponto(s) de contato, quando necessario, 0(s) qual(is) podem estar impedindo o assentamento completo da prétese sobre o(s) preparo(s), causando a impressio inicial de que a prétese nfo conseguiu alcangar a linha da margem do preparo. Para o ajuste do ponto de contato, os dentes vizinhos sdo secos com umjato de are a seguir sdo pintados com batom vermelho intenso (o mesmo tipo de batom que se passa no labio). Passamos o batom com uma bolinha de algodao na superficie proximal dos dentes vizinhos, previamente secos, inserindo-se a seguir a protese que sera marcada de batom no contato proximal que interfere no assentamento completo da protese. Desgasta- se entao no local marcado de vermelho até promover, progressivamente, 0 assentamento da protese. Esse desgaste deve ser feito lentamente para que no se perca a drea de contato interdental que deve permitir a passagem do fio dental com leve dificuldade, impedindo assim a impaccéo alimentar na regiao interproximal. Se apés 0 ajuste dos contatos proximais ainda nao for estabelecida a adaptac&o marginal é preciso verificar se existem contatos na parte interna da prétese interferindo no seu assentamento. Para esta verificacao, seca-se © preparo e pinta-se o preparo com batom, assentando cuidadosamente a protese e verificando se 0 batom marcou contatos interferentes na parte interna da prétese, os quais precisam ser cuidadosamente desgastados até 0 assentamento completo da prétese. Se isso ndo resolver, provavelmente a falta de atengao a algum passo durante a moldagem tenha criado um modelo diferente do preparo na boca e a moldagem precisara entao ser repetida de acordo com os critérios citados anteriormente. E importante ressaltar que a pressa e 0 descuido em qualquer um dos procedimentos pode causar nao uma economia de tempo, mas levar a erros que exigirdo a repeticao da confecgao de passos, os quais, se tivessern recebido a atengao merecida, promoveriam uma sequéncia de sucessos resultando em uma prétese néo apenas bem adaptada, mas também em harmonia com a saUide periodontal e com a satide de todo o sistema Adeliani Almeida Campos mastigatorio. Por isso a observancia dos cuidados que apresentamos a seguir esto incluidos dentre os cuidados fundamentais para a confeccdo de préteses fixas com satide bucal. Espacos para higienizagao adequada da protese Independente do material da prétese (se de menor ou maior custo), é indispensavel que toda prétese fixa seja higienizavel, com superficies favoraveis a remoc&o da placa bacteriana (biofilme) aderida em sua superficie (CAMPOS, 2003,2010,2022). Para isso, as escovas interdentais (Fig.8.14A) e passa-fios para limpeza de proteses dos dentes posteriores, e os passa- fios ou superfloss para a limpeza de proteses anteriores (devido 4 maior exig€ncia estética), devem penetrar em todos os espagos interdentais. Para garantir a limpeza adequada da prétese, todas as ameias gengivais devem ser abertas (Fig.8.14B) até permitir a passagem da escova interdental tanto por acesso vestibular como lingual ou palatino. Essa higiene por mao dupla é necesséria devido a anatomia convexa da raiz, que impede a limpeza de toda a superficie proximal da linha de uniao protese-dente apenas com a limpeza vestibular ou lingual (palatina). A forma da prétese sob pénticos e conectores também deve ser favordvel a higienizagao, sem nichos que dificultem a remogao do biofilme dentério (placa bacteriana) (CAMPOS, 2003, 2007, 2010, 2011). Fig.8.14A- Impossibilidade de acesso 4. penetragao de escova interdental para higienizacdo da superficie proximal do dente suporte da prétese. Todos os dentes posteriores padem ter sua higiene proximal facilitada com 0 uso da escova interdental nz regido céncava {que existe na metade proximal das raizes, que no 80 limpas pelo fio ou fita dental. £552 concavidade vai se tornando mais acentuada com a perda éssea na regio da bifurcago entre raizes vestibulares e linguais ou palatinas. Fig.8.248- Abertura das ameias gengivais até que seja criado acesso para a completa higienizacao da face proximal subgengival dos dentes suporte da protese fixa Educagdo para Saude bucal Integral | Educacao,prevengao e Reabilitacso Ajustes estético-funcionais Além dos desgastes para propiciar a correta higienizagao da prétese, fazemos os ajustes estético-funcionais para tornar a protese harménica com 0s elementos do sistema mastigatério e com os principios da natureza que tornam o sorriso natural. O desgaste das vertentes distais das faces vestibulares de caninos e pré-molares promove um grande salto qualitativo na harmonia estética do sorriso, seguindo a lei da proporgao dourada ou propor¢ao Aurea (Figs.8.14C,D) (CAMPOS, 2007). Nas figuras 8.14C,D a redugo da altura cervical do primeiro pré-molar, também contribuird para ‘a harmonia da altura dos zénites (CAMPOS, 2007). Todos os principios estético-funcionais e 0 procedimentos para a harmonizagao estético- funcional das proteses estao dispontveis no site: adeliani-almeida-campos. blogspot.com (CAMPOS, 2007). Fig. 9.24C- Verificagéo da proporcio _dourada, observando-se a necessidade de desgaste da vertente vestibular distal do canino, deixando visivel apenas 3,4mm do aspecto mesial. As férmulas para © planejamento das larguras e/ou altura dos dentes para restauracdes e/ou proteses que recuperem um Sorriso harménico esto apresentadas no site adeliant- almeida-campos.blogspot.com, nos artigos © livros referentes a0 ano de 2007 (CAMPOS, 2007). Fig. 8.4D- Necessidede de reducio cervical do. primeiropré-molar_ para respeitar 0 principio de harmonizagao dos zénites (ver site adeliani-almeida- campos.blogspot.com, nos artigos e livros referentes a0 ano de 2007 (CAMPOS, 2007) Escolha do material da protese fixa Muitos materiais podem ser utilizados para a confeccao de proteses fixas durante 0 processo reabilitador. Seja qual for o material utilizado, no entanto, a confecgdo da prétese com a possibilidade de resgate e manutenc&o da saude dos tecidos e dentes naturais a longo prazo éo objetivo mais importante. N&o é a escolha de um material caro que define a qualidade da prétese fixa e sua possibilidade de reabilitagao em harmonia com a preservacao e sale dos elementos do sistema mastigatorio. UAVERSIORE (enreL BD Cede! BIGUOTECR & SAGRE Adeliani Almeida Campos A confecgdo de préteses de resina composta tem intimeras vantagens, e pode permitir que, em situagdes especificas, todos tenham condi¢Ges de preservar seus dentes naturais. Nao é porque se confecciona uma prétese mais cara, como por exemplo uma prétese metaloceramica ou de porcelana pura, que se garante a satide periodontal e dos demais tecidos do sistema mastigatorio. Essas préteses, se nio forem confeccionadas adequadamente, também poderio se integrar a um Processo progressivamente mutilador. Podem, por exemplo, quando nao apresentarem um perfil de emergéncia adequado, ou um ajuste oclusal cuidadoso, assim como néo forem associadas a um programa de educacgao para saude bucal e educag&o alimentar (CAMPOS,2011), contribuir para o aparecimento de uma gengivite marginal crénica e para a perda progressiva do suporte do(s) dente(s) envolvido(s). Por isso, independente do material da protese, seguir as regras para manutengao da sade periodontal ¢ o que torna uma prétese fixa, além de capaz de reabilitar a estética e a funcao mastigatéria, propicia a manter o paciente com saUde bucal e preservar essa sade através do tempo, paraa preservacao de todos os tecidos que se relacionam com a protese. Nas figuras vemos uma coroa metaloceramica com o perfil de emergéncia muito convexo (Fig.8.25A), a qual foi removida e denunciou um processo de destruicao do periodonto (Fig.8.15B). Além do excesso de convexidade no perfil de emergéncia mesial e distal, a anatomia da coroa artificial nado acompanhava a concavidade existente na raiz mesial do primeiro pré-molar superior. Removemos essa coroa e fizemos uma coroa de resina acrilica termopolimerizavel. Com a coroa de resina acrilica, corrigimos o perfil de emergéncia, deixando-o céncavo e acompanhando a anatomia da raiz do dente. Com a correcdo do perfil de emergéncia, associada a um criterioso processo de educagdo do paciente para 0 uso correto do fio dental, 0 processo de destruicao foi revertido (Fig.8.15C). O fio s6 passou a alcancar a superficie radicular mesial, depois que a forma da coroa foi corrigida, 0 que foi feito utilizando-se uma coroa de resina acrilica termopolimerizavel, promovendo a sade periodontal e oferecendo condigées para a preservacao do osso que suporta o dente e a longevidade dos tecidos vivos remanescentes. Esta reabilitagao, que poderé também ser finalizada com resina composta, pode preservar os tecidos remanescentes saudaveis por toda a vida do paciente, desde que ele comparega a servigos de controle e manuteng&o do tratamento para o controle de placa e limpeza profissional periddica cuidadosa, de acordo com suas necessidades (AXELSSON, 2004, 2009). Educagdo para Saude bucal Integral | Educagdo,prevencSo e Reabilitagao Fig.8.a58- Apés remocao da_prétese em metaloceramica, observar 9 infiamago gengival mesial, 2 uel estava associada com 0 excesso de Fig.8.a5A- Protese xa unitiria em metalocerimica. convenidade da protese nesta regiao. Fig.8asC- Apés a confeccéo de protese de resina como perfil de emergéncia concavo, acompanhando @ anatomia da raiz do dente, ¢ 0 treinamento do patiente para o uso correto do fio dental, observar & mudanga do aspecto do tecido mole mesial Este estado de saude foi acompanhado antes da cimentagSo da coroa com cimento resinoso. Temos acompanhado muitos casos em que, préteses caras sao associadas a destruigao periodontal. Estas proteses tém sido substituidas por préteses fixas de resina composta, que permitem o acabamento pos- cimentagao e continua adaptacao do perfil de emergéncia, os quais, quando associados ao treinamento do paciente para melhor higienizagao da linha de unido prétese-dente, resgatam e mantém a sade periodontal. Vantagens das préteses fixas de resina composta As principais vantagens das proteses fixas de resinas compostas sao: 1. Proporcionam maior possibilidade de preservacao de estruturas dentais sadias (CAMPOS, 2003; TONOLLI,2010;GOYATA,2010). 2. Nao apresentam problemas tardios relacionados a cimentagao, quando seguidos os procedimentos necessarios (CAMPOS, 2003), pois se aderem quimicamente ao cimento resinoso, 0 qual se adere quimicamente ao agente de uniao utilizado para a adesao micromecdnica as estruturas dentarias dos dentes que suportam a prétese (TONOLLI,2010;GOYATA, 2010). Adeliani Almeida Campos 3. N3o apresentam problemas de desgastes dos dentes antagonistes, apresentam uma dureza muito mais compativel com a dureza do esm dos dentes naturais do que as préteses metalocerémicas ou de ceram pura 4, Apresentamavantagem de permitiremajustesnoacabamentoepolimento do terco gengival da prétese apés a sua cimentacdo. O acabamento pos cimentag&o é feito passando-se uma broca multilaminada de 32 laminas em todo 0 contorno da restaurag’o com pequenos movimentos de vaivém suavemente repetidos. A broca deve ter a ponta arredondada para nao criar batentes, formato tronco-cénico curto e espessura compativel com 0 acabamento necessario. Apds 0 uso da broca o polimento é feito com pontas e discos de abrasividade progressivamente menor. 5. Durante 0 acabamento e polimento pés cimentacao da linha de uniao prétese-dente, possibilita o ajuste do perfil de emergéncia no terco cervical da protese, tanto supra como subgengival, propiciando melhores condigées para reabilitar a sadde gengival diante de qualquer reacdo da gengiva até o estabelecimento de um perfil de emergéncia fisiolagico. Essa vantagem possibilita a corregéo de problemas que venham a acontecer apos a cimentagdo, resgatando e preservando a sade gengival, junto a um programa de controle de placa bacteriana (CAMPOS, 2007,2011) aumentando a possibilidade de um prognéstico em harmonia com a preservacao dos dentes e com a sate periodontal. Obs: E importante ressaltar, no entanto que, para que as proteses de resina composta possam ser ajustadas no terco gengival apds sua cimentagao, o reforco de fibras, quando forem utilizadas, nao deve se estender ao terco gengival, para evitar exposigdo das fibras apdés 0 ajuste do contorno pos cimentagao. Nesse terco, teremos entao, apenas a resina composta. Os procedimentos detalhados para a confecgao de proteses fixas de resina composta pura (Onlays ou blocos) ou proteses de resina composta reforcada com fibras estao apresentados no livro: Prétese Fixa para o {Clinico. Editora Santos, ano 2003, de autoria de Adeliani Almeida Campos e em artigos publicados posteriormente(GOYATA, 2010; TONOLLI,2010). 6. Possibilitam reparos dentro da boca. As préteses fixas de resinas compostas reforcadas com fibras ou nao (CAMPOS, 2003) vem comprovando sua importdncia na integrag3o das proteses fixas com a fisiologia do sistema mastigatério, com satde bucal apds asanos de insergao na boca. No entanto, como acontece com préteses de outros materiais, em 10% de casos podem precisar de reparos, principalmente quando utilizadas para a reabilitacdo de espacos edéntulos extensos. O reparo, quando um problema

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