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= oe oa A Hidiria ¢ as Cificias Sociais A ceccta de redusio que temos vindo a coisiderss alo gompro- sete ot eros mais velhor de inventar disposi ad be poos ea cist socal «expiar ou de dcivar conduts socal de pretenses die posites présocas e puss. Ar suas pretenbes refcenvee ul come 1 tua genenlinages de nlve nfecon, cota de lndivideoe ‘Mas, esas disposgtes nfo slo sempre relevant; por vest Ou smuias ves clas ho to lelivls em ue iso see spose de explcalo; ndo sto varkves independentes, mas dependem note talented facores todas alamente generizzdon; ¢ mules voce, ‘lo sfoformuléves sem refertca a facto eck, Seo Individuals ‘Ho nega tudo ito, talver nada reste que com ele ene em desacnion mat se de facto s4o 0 nega, deizam de ser relevates at sat inp ‘des programtics para ot historiadores e pn os cinta da todiedake “alves baja afal acordo até este ponto: a iste (humana) ¢ sobre pestoar—e sobre mas ads, Mas ter isto se devete ecto A Hsin 6 ate pestoas. Nio. quer diet que as swat expleabes scjam sempre em fingio de pesins. As sociales slo ayulo que ©F homens fazem, ms of centsta da sociedade nto alo bidgetoe gant e, J. W. N. WATKINS J. W.N, Warxins nasceu em 1924. Foi Henry Fellow na Universi dade de Yale de t94g 4 1950. Em:1gs0 passou a fazer parte da London Scbool of Economics and Political Science. "Tem colaborado com artigos ‘em varios periédicosflosoficos,e 0 ensaio eldeal Types and Historical Explanation» foi publicado em Reading in the Pbileoply of Scnc, cditado pot H. Feigl eM. Brodbeck. —_—_—____ Warnws | A Baplicagbo Histrica nie Gidnciaa Bociats ‘A Explicagio Histérica nas Ciéncias Sociais Intredigie. A esperanga que otiginalmente inspirou a,meto- dologia foi a esperanga de encontrar um método de investigasio que fosse to necesicio quanto tufciente para guitr 0 cientista sem erros até A verdade. Esta esperanga morreu de morte natural. Hoje, a meto- + dologia tem a tarefa mais modesta de estabelecer certas regras © requi sion, que so nectsrios para impedis um ou outo gesto extouvado, mat insofcentes para garantr 0 tito, Estar regras e requisites, qué slrcunscrevem as invesugagdes cientlGcas sem as nortearem em qual- duet diecpo expecfic fo de das expécee principals, a formal e a mated. Tanto quanto me ¢ dado ver, at regis formais do método, elentlfco (que compreendem tanto regras légias como estipulagbes realists €-feutuoss) sto" igualmeate apicivels todas a8 ciéncat emplrcss, Nio se pode, por exemplo, deduzir uma lel universal de fam ndmerofnito de observagbes, quer ae aca fico, bilge, ou antio™ Pélogo. Além disso, uma tnicaexplicaio englobante de toda uma sécc Ae fendmenos ¢prefcvel a explicagBesioladas de cada um descs fends menos, ej qual fora dea de investigagio em caus, Confaar me cit” or consulate, & parte de metodologia mais dsputtvel Ga dacs menoe sespetivel) «mais impregnada de metaiica que tenta extabelecer 08 requsitor materia apropiados,.que os cntudbs das premises de ‘uma teoria explanatria numa drea particular deviam matics Botee requlsts deviam chamar-se princpios reguladowes As difecrsas fur, damentis mas matécias de divers cléacae —dlicensas ests que Ho inacesives as rege metodolégicas formals — devem, presuineve, feflecti-se aos princpios reguladores aproprados pamn “As cdc B aqui que se pode esperar que o estudante dos métodos das itncias | sorits taba algo de carsceristco a dizen, ~ Um exemplo de um principio regulador € © mecanicisme, vine ae Es Repent ce ta de lo XVII até que foi largamente substiatés por uma conerze do mundo em termos de ondas ou campos de organ eae ‘ecaicsmo, os costtuintesthimos do mundo face sto fared impenetriveis que obedecem simplesmente & leis mectnicas. A exis. © Ost sleprodui o xigsimenteplado no Bris Jornal Leh Binal of Ss gy. Te ea res oe tee el Sermo de 36 ot cto de Roc Conttd Anal eke = lw ep por geil perme Jo tars see Beil Jaen fc Pion Sea a ne 4 A Hittéria ¢ a8 Oitgéian Sociais. Mencia destas partcuas no pode ser eiplicada — de quilquer modo, Soca Por outro ido, qulquer cit ‘© resultado de uma particular configurasto de parca ¢ pode ser expiado em fungao de league ic een © comportamento em conjungio com uma desctigio das suas relatvas Posigdes, massas, movimentos, escrever com explicagées incomplets, ou explcagdes #meio-caminho de fendmenos em grande cal (ipamon, a peso no intros dea gasémetro) em fungio de outros factores em grande escla (0 volume € 2 temperatura do gis); mas alo teremot ainda chegado A mais cone: inha das explcagdes de tis fendmenos em grande escala enquanto ‘io tivermos deduzido 0 seu comportamento de airmagées acerea dat Dropricdades e das rclagdes das pariculas. Esta é uma ideia tpicamente memflica (com 0 que nfo tenho em mente nada deprecativo). qué ela é confrmada, é mesmo confe. mada em massa, pelo éxito enorme das teorist mecinicas que se conformam aos seus requisites. Por outro lado, cl & inverifiivel Experitacis alguma a poderia derrubar. Se certot fenémenos —diga- mos, fenémenos electromagnéticos — parccem refractirios a este tipo mecanicitta de explicagio, este carter reractitio pode ser sempre (€ talver correcamente) atsbuldo, antes 4 nossa incapacidade para ‘encontrar um modelo mecinico bem logrado, do que a um erro na nossa intuigio metafisicaaczrea da constnigio thima do mundo flsico. Mas se hem que 0 mecanicismo seja fraco bastante para ser compativel com qualquer eburrayao sea ela qual for, se bem que seja um prinlpio inverificivel e mio emplico, € sufientemeate forte para ser incom Pativel com as virias deoriay scas concebiveis. BE isto 0 que 0 torna tum principio metafsico nlo-vazio raguader. Se fosse compativel com tudo, nada regularia. Algumas pessoas queixamse de que os princlp reguladores deseacorajam as pesquisas em certas dircgbes, mas isso faz parte dos seus objectives. Nio se pode encotsat « pesquisa num sentido sem a desencorsjar em direesdes posts. Nio sou defensor do mecanicismo mas mencione-o porque defendo um principio silogo nas Gtnciassocais,o prinepio do individulismo rmetodoligico("). Segundo este principio, os consituintes skims do @© Ambo estes pricipiosantlogosiecuam pelo menos até Epicor, Recen- ferent, 0 indvidualamo mecodollgin fol vgoroument defeodio pelo Pro. fesoe F. A. Have na sua obra Indio nd Eronamie Orr The Conte ar dation of Seay e pelo Pofesioe K. R. orren er The Open Scent Exmes Ponty of Histon. Seguindo mwa pada, procure umbém defender o ind vidualsmo metoolégico em ala! Types and Historical Explanation jn Relig? i the Philp of Sein, ed pox Figh eBrodheck. Est ago tem sido alvo de ‘mains critics, ejos ports prncpis procure! refutar o que te wegse. ete. Pode haver aquilo que se poderia, ae Wareins | A Rxplicaplo Hinliriea nas Citncias Bociais 625 mando socal sio pessoas individusis que agem de modo mais ou menos aproptiado b luz das suas disposigbese da compreensio da sua stuasto. ‘Todas a8 situagées, instiuigBes ou eventos sociais complexot #40 0 resultado de uma particular configurasio de individuos, das suas dis- _ posigbes, stuagbes, cengas e ambiente e recursos fsicos. Pode haver explicagdes incompletas, ou explicagbes a-meio-caminho, de feeémenos sociis em grande excala (digamos, a inflasio) em fungio de outros fenémenos em grande escala (digamos, pleno emprego); mas #0 tere- ald chegado tals cOméziaba das explicagbes desses fecémenos ‘em grande escala enguanto nfo tivermos dedusido uma descrio deles 4 parti de afiemagées sobre as disposigbes, as crenga, os reqursos € is interreligdes dos individuos (01 individues podem der an6nimos apenas Ihes serem atribuidas disposigbes tipias, ete). E tal como 20 rmecanicismo se opée 2 idea organicista dos campos fsicos, também 20 individualismo metodolégico se opie © holismo sociol orgenicismo. Segundo esta ultima perspectiva, os sistemas socais cons- ttuem eedom, pel menos no sea em questo do sea compo tamento em grande escala é regido por macroleis, que slo essencial- mente scilégas 10 sentido em que s$0 24 generis e se niko podem cexplicar como mers regularidades ou tendéncias resultantes do com portameato de individuos interactuantes. elo coatririo, 0 compor- tamento dos individuos devia (segundo 0 holismo sociol6gico) sex cexplicado, pelo menos em parte, em fungio de tais leis (talvez em ‘onjungio com 0 relato, primeiro dos paptis dos individuos dentro das instituigdes, ¢ depois das FungBes das institiigBes dentro de todo 0 sistema social) 'Se individuaismo metodol6gico quer dizer que se supSe ‘que os seres humanos sio-os tinicos agentes méveis na historia, € se holismo sociolégico quer dizer que se supde que alguns agentes ou factores sobre-humanos agem na histéria, nesse caso estas daas alter- nativas sio exaustivas. Exemplo de um desses factores. sociolégicos sobre-humanos € a pretensa onda celica a longo prazo na vida econé- rica que ce supte ser autopropulsom, incontrolavel e inexplicivel em termos de actividade humana, nbs em fungio de cujas Autuagées s podem explicar e prever, segundo Se pretende, fendmenos em grande scala tis como guerras, revolugées e emigragSes em massa, e factores psicolbgicos tals como 0 esplito inventivo na ciéncia e ta téenica Digo ce prevero porque as leis socioldgicas ieredutiveis postuladas pelos holistas slo geralmente por estes consideradas leis de desenvolvi mento socal, leis que°regem a dintmica de sociedade. Isto toma o hholismo quase equivalente a0 historiismo, A ideia de que a sociedade € impelida a0 longo de uma rota pré-determinada por leis histricas 4. que se nlo pode resistir mas que os sociélogos sio capazes de discuti, ‘A posiglo holistachistoricista foi, a meu ver, irreparavelmente abalada 026 A Histéria ¢ as Ciéptios Sociais pelos ataqués que Ihe dirigin o° Professor Popper. Vou criticar esta ‘mesma posisio 66 na medida em que isso me ajudard a elucidar e defen- det a sua alemnativa individualista. O pressuposto actual da posiglo individualista—um pressuposto que se admite ser antifactual e meta- fsico —€ que nfo existe nethuma tendéncia social que alo pudesse ser alterada se of individuos em causa quisessem alteri-la e possutssem 1 informagio,adequada. (Eles podiatn querer alterar essa tendéncia mas, Por ignorincia dos factos e/ou incapacidade de levar a cabo algumas das implicagdes da sua acgio, no conseguirem alteréla, ou talvez ainda @ intensificarem). Este pressuposto podia também exprimir-se dizendo que nenhuma tendéncia social é de algum modo imposta 208 seres humanos’ede,cimay,(ou ade baixo») — a8 tendéncias sociais sto © produto (ormalmente nfo projectado) de catacteristicas, actividades ¢ situagées humanas, de ignorancia e de preguisa do povo, bem como dos seus conhecimentos ¢ ambigBes. (Exemplo de tendéncia social 2 tendéncia das unidades industriais para se ampliarem. Nzo chamo «sociaioy iquelas tendéncias que sio determinadas por factores fisicos incontroléveis, tal como a suposta tendéncia para nascerem mais bebés do sexo masculino em tempo de doenga ou guerra) ('). Bate problems do holimno conta individualismo nas citaciaswcii tem sido reeentemente spreentado como ue forte uma questo de existacia ow slo ‘existtacia de fat inedutvelmentesocals endo dei IredutvelmenterocalSgias (Vide M. Mavossaaun, ePactos Societcios, The Brith Jornal of Salgy, Ws Deembro de 1953, reprodusido neste volume a pig. $88, © EA. Otiunen, Explanations in History, Arita Suciey Supplementary. Volante ape, 1956, reproduzido neste volume tob 0 elulo eHloliemo contra Individesinna. en Hiseérin © Socologis, ps 604, wpe). Este modo de aprsentar © problems parece-me dexitsido di maior parte do eu interne, Se te descobre uma nove ‘apt de animal o que nbs quercmos saber é,ndo tanto se cle ents ow alo net categorias sooligicas exstntes, mas qual 0 seu comportamento, At pestoet ‘que insistem na exstncia de faion soins mas que no disem se ees af Fegidor or leis socioligicass4o como aqueles que pretendem ter descaberto uma eapecie ‘lo clastifcada de animal mas que not nio dizem se cle € manso ov petigors, ve pode sex domesticado ou ue & ittativel. Se uma seaports k queso dos facton {sociaispudesse langar alguma luz na questi atria itereeate das leit sociologies, fentio a questo dos fictos sociais vera arbi véraeinterestane, Mas nfo ati, Pr um lado, um holita pode admitr prontamente (como apontei no meu ensio sldeal Types, que Geller critica) que todos on facts tociasaburacer sre tiveis «facts indviduais © no entanto mabter que estes elo lnvisivelmente sepidos or leis irreduivelmente vociolégias. Por outro lado, um individealsa ‘date prontamente (como 0 proptio Geller dia) gue alguns grandes facton seas So simplesmente demasiado complexos para que aia viivel a ua reduglo completa, m9, entanto manter que slo em principio poisivels explicagbes individuals eased ‘mismos f4cton soins, tl como um Mico pode admite prontamente que algunt faion ficos (Gor exemplo, precsamente ax consequtcias desstonss Wh ‘explosio de uma bomba numa dea de consicugio) sio simplesmente demasads Warns /-A Beplicapte Histiriea nos Citation S202 = ee a es Gam niet cameaton enn, es ts tar 0 individualismo mictodolégico de certos mal-entendidos, indicar 9 ion erie ct onsale ee eee ed aa ee eat te eral oe pee al 2. Onde 0 Indviualisma Metadoligeo Noo Result. HA duas dveas em que 0 individvalisma metodolégico azo resulta. : ‘X pimcea oro stapto-de probubldades onde ae icrogulati- dades acidenais ¢ imprevisveis do comportamento humano tém um resuluado bastante regular e previslvel (9). Supoahamos que vou colo- cando 1.060 individuos voltados para 6 norte no centro de uma sala simétrica com duas saidas, uma para oriente outra para ocidegte. Se cerca de soo sacem por um lado € so0 por outro, eu nio tentariaexpli- car isso em termos de diminutas ¢ indetectiveis diferengas de inclina- ses para oriente ou ocidente nos individuos, pela mesma rizio de que A. Landé, se mil bolas fossem deixadas cair imediatamente sobre uma divisria nortesul, no tentaraexplicar facto de cerca de soo tom- barem para ocidente ¢ cera de soo para oriente em Fangio de diminutas ¢ indetectiveisdiferengas de incinagées nas bolas para ocidente ou pare cotiente. ois que, em ambos os casos, uma fal «explicagion apenas levantaria 0 problema seguinte: por que razio haveriam estas diferengas de inclinagio para orinte.e para ocidente de se distibuir de modo aprosimadamente {gal pelos individuos e pelas bolas? complexos para que & seu reapito seja postvel previsio ou explcasto exacts € no entanto manter que so em principio posers, em fungfo de lee cicalicns existent, pleas ¢ previsdes dees fetoe fico ‘A mane como seabamoe de it © problema do holisme contra © individualismo ado se limit x derviar a atenglo da questlo que & imporante, ‘Tende também a tansformar » dsputa num problema meramente verbal. fasten ‘que Mandelbaum capaz de provar« extéoca daquilo a que chama eficton socie- sion, porque define 08 factor psicolgiens de modo emuitorestrito como actos ‘oncernentes 08 pentamentos acybes de seres humanos expecficoss (0p. cis ‘neste volume). Consequentemente a dips de indviduos andaimer, que descar- penham wm papel to importante as explicagées individulltices nat cidocas ‘ociais, lo efectos sociciriow meramente por definicfo. ()_Nio ter logndo exciuir sicuasSes-de-probabildede do Ambito do indi- idualismo mecodol6gico foi um defeito importante do meu antigo «dea Types, ‘Aqui, a exon de Gellner, op. city neste volume 4 pig. 6to, certam em thelo, nossa sociedade. NZo apoia uma versio secularizada da ideia calvinsta de uma Providtncia Toda-Poderosa que apanhe as pessoas 20 acis0 Para completar a sui cota fixa de condenados. Pois nds podemos con. trolar estas regularidades estatisticas na medida em que nos é possivel alterar as condigbes de que dependéin. Por exemplo, é evidente que poderlamos acabar com os acidentes de viagio se estivéssemos dispos- tos a proibir 0 trinsito de automéve © segundo tipo de fendmenos socisit a que o individualismo metodolégico € inaplicivel € quando uma espécie qualquer de conexio flsica entre os sistemas nervosos das pestous Ihes restbelece um curto. -cireuito no controlo da inteligéncia e provoca respostas corpora auto siticas, ¢ talvez em certo sentido apropriadas. Penso que um homem pode, mais ou menos literalmente, cheirar o perigo e recuar instntiva- ‘mente perante emboscadas invistveis; e a individualidade parece estat temporisiamente submersa debaito de um rapport flsico colectivo em sessBes de swing» ou em encontros revivalists © entre multiddes em Pinico. Mas nfo me parece que estes orgunismos-de-multdio espas- médicos oferesam muito apoio 20 holismo ou constituam uma excepst0 muito séria 20 individualismo metodolégico. Tém uma existéncia fugaz que termina quando os scus membros Yestcin os seus agasalhos € apa. sham 0 autocarro ou se dispersam de qualquer outra manera, 20 passo “que os holistas conceberam um todo social como algo que perdura através de_geragées de homens; ¢ 0 que quer que aguente de pé instieuigbes de longa vida tpicas, como um banco ou um sistema legal ou uma igreja, no € decerté a proximidade flsica dos seus membros. 3. Mabentendides do Tndividualiomo Metedoligio, ~Libertatei agora 0 individualismo metodolégico de, dois ‘mal-éntendidos bastante divul- gados. Warnwns |'A Explicagio Histérica nas Citncias Sociais 629 ‘Tem-se objecado’que, 20 fazer de disposigdes,crenjase'situagbes individuais 0 fim de uma explicasio em citncas sodas, o individuaismo ‘metodolégico implica que a constituisio pricoldyica de determinada pessoa 6, por assim dizer, didiva de Deus, quando em reilidade ela é condicionada pela sua heranga sociale pelo sea meio-ambiente ein Fan 0 dos quais deveria ser explicada(). Ora, decero qe o individua lismo metodolégico aio proibe tentativas para explicar a formasio de cancterstcas psicolégicas; 26 requer-que tais explicagbes sejam, por seu turno, indvidustiicar, € que expliquem essa formasio como o resul- ido de i See respostas conscientes ou inconscientes de um is viduo a sua situaglo em transformagio. Por exemplo, ouvi uma vez © Professor Paul Sweezey, o economista de Harvard, explicar que se tinha tornado manist porque © pai, im corretor de Wall Stet, 0 smandou na década dos trinta para a Landon Scho! of Economies estdat ‘com aqueles fitis economistas liberais, os professores Hayek e Robbins. Esta explicagdo ¢ perfeitamente compativel com o individualismo meto- dolégico (se bem que dificimente compativel, deveria eu ter pensado, com a idea marxista de que a5 ideologias reflectem posigbes de classe), porque interpreta 0 desenvolvimento ideolégico de Sweezey como res. posta humana a sua situasfo. S40 os psicanlistas, suponho eu, que ttm arquitectado de modo mais sistemtico a ideia de uma explicagio inteiramente individualista¢ histética daformagio de disposigées,receios ¢ crengasinconscientes e mecanisinos de defesa subsequentes, em termos de respostas 2 situagdes emocionais, e especialmente a siuagbes infantis. Segundo a minha idea, poderse dizer que o individualismo metodolégico encorja explicagSes iments mas profbe explicagbes sinisiras da existtacia divulgada de uma disposigio entre 0s membros de um grupo socal. Seja-me dado ilustmar isto mediante a citagio de uma resposta que dei as exticas de Goldstein: «Suponhamos que € coisa asseate que os mercadores Huguenotes eram relativamente prés- peros na Franga do Século XVII e que isto se expica em termos de uma divalgada disposigto entre eles (isposiclo essa para a qual hf compro- vagio independente) para de novo ivestiem nos seus negécios uma Proporgio maior dos seus lucros do qfe era costume entre os seus com- Petidores catdlicos. Ora esta disposigto explanatéria podia muito bem ©) Assim, Gener excreve: «0 que de facto ertzanho no caso do reduc sive, (do indvidualista merodolgico)€ que ele parece exclie« ri!» post bilidade de as disposigbes humanas seem a vartvel dependene nama explcaglo histvica — quando em realidade € iso precnamente © que cas lo mls eae, ‘ou sempre. 0. si, neste volume & pg. 643) 1 Leon J. Goldstein dis ue, x0 tor- ‘ac metodoldgicamenteprimisias a dsposgtes humanas, eu jgnoro 0 su cond- conamento cultural (The Journal of Pbilanply, vol ta, 1936, pag. to). 630 A Hisléria ¢ és Gitncias Sociais 1 ‘ser por seu turno explicada‘—talvex em termos da frigalidade geral que, segundo se diz, 0 Calvinismo encorj, ¢ ou em termos de menos alter nativas de aplicagio dos recursos econbmicos de pessoas cujas incapaci- dades religiosas os impediam de adquiri propriedades runs ou cargos politicos. (Nio posso responder pela exact histdrica deste exemple). «Coicordo em que 0 individualismo metodolégico permite a for- magio ou o econdiciohamento cultural, de uma dsposigio divulgada, a ser expliada s6 em termos de ovteos factores humanos e no em termos de algo firhumano, tal como uma suposta ei historcsta que forga as pessoas, quer queiram quer aio, para dentro de uni molde -pré-determinado.” Mas isto & apenas 0 aspecto anticistoricista do i ‘Vidualismo metodolégicon, Infelizmente; & uma parte Upica do programa da sociology mar- sista € de outras sociologias historcistas tentar expicar a formasto de ideologias e outras caractrlticas psicolégicas em termos extitamente sociolégicos ¢ nto-pricolégicos. Marz, por exemplo, confessava acre- diar que as ideas feudais e 8 ideias burguesas sf0 mais ou menos literalmente geradas sespectivamente pelo moinho- hidsdulico ¢. pela ‘maquina a vapor. Mas nenhuma descrigfo, por mais completa, do meca- nismo produtivo de uma sociedade, ou de quaisquer outros factores nfo psicolégicos, permiticd deduzir dele uma nica conclusto psicolé- gica, porque as afimagées psicolégicas nto podem ldgicamente ser deduzidas de afirmagies totalmente nlo-psicol6gicas. Assim, enquanto 4 ideia mecanicista de que as explicagBes em fisca nko podem ir além das particulas impenetriveis é um preconceto (se bem que um precon- cxito muito compreensivel), & uma verdade necesicia a ideia andloga de que uma explicaglo que comece por imputar aos factores hunianos tum fenémeno social no pode passar a explicar estes em termos de uma , sua determinante in-humana. Que 0 espltito humano se desenvolve sob influéncias vitias 0 individualista metodol6gico no nega, eviden- temente. Insiste apenas em que tal desenvolvimento deve ser explicado inocentementes como uma série de respostas de um inividuo a situagées € nio «sinistramentes ¢ ildgicamente como um desfecho causal diecto de Factores nao-psiculogicos, quer estes sejam facrores neurolégicos ou factores sociolégicos impessoais que se supée agirem em hist. ‘Uma outra razio de queixa contra 0 individualismo metodol6g € que ele tem sido confundido com uma expécierestrita de si proprio (Popper chama-the epsicologismon) & mesmo, por vezes, com uma sub- ‘especie sinda mais restrita deste (Popper chama-lhe a «Teoria da Cons- pitasio da Sociedade»)(). © Psicologismo, diz que todas as caracte- GPU KER” Piven, Te Open Sec tnd i Bien, epi’, vg ap. i Warxms | A. Baplicigdo Hietbrica nas Ciéncias wi. risicas vocals em grande esala nko sho meramente 0 reiutido ‘ite. iced ou aio Beecieal mas um’ reflexo, de caracteristicas iindi- Sietis(). Assy, Plato dain que o caricter e a constituisfo da pai ce co do carkter e da constiuigio da espécie de alma nela ‘eelomant. A teora da conspiragto diz que todos os fenémenc Prt em grande exeal (0 se imitam a reflect caracteretias ind ‘mut ako deliberdamente provocados por individuos ou grupos jividuoe. ‘Our, bd fendmenos soci, como o pleno desemprego, que nfo tera sido do interase Je singuéim provocat deliberadamente e que nfo futectm ser eeflexos soca em grande excala oa duplicados ampliados Fr siguma earcteroica individeal. A importincia petica ou tecno- * logics ou tenptutea das céncias tocsis conte grandemeate em caian e antin tora’ tlverpolticamente manejvel, ax consequén- ins erintncioas¢fuesat do comportament de individaos itera fuanten Deste porto de vista pagidtico, 0 pricologizmo e a teoria 4s compirgio da sociedade slo doutrinss pouco compeasatérias. © psiclogimo diz que s6 uma mudangs nor corages pode péetexmo, por exemplo, gues (peso que € esta a teora de Bertrand Ruse, () Vejowme em sdvas difeuldades para compresnder de que modo chegou Getler « face segunte extanhs afemagio: «.- Popper referee tao 20 “Pal ‘ologixme’, que condens, como a0 ‘individuliamo metodolégio’, que recomend. {Quando nor artigos em dacuato fis, omen artigo eldeal Types], oindividualismo rmetodologico’¢ mals amplamente deenvolvido do que acontece no lio de Popper, pateceme que ve no ditingue do “Peicologivmo’s (op. cit, neve volume lg. 6101). No achando qualquer diferenga entre 0 individualismo metodol6gico {2 uma careatura de individulismo metodolégic, Geliner ado tem qualquer difcul~ tlade em trogar da Hea no seu todo: eCerantribos que eu conhego tem aquilo que ‘ot antropélogos denominam uma extrutua patient segmentiia, que de"esto ‘subsisteperfetamente a0 longo do tempos. Eu podia‘explicar’ into dizendo que ‘ot homens de bo tm, todos els ou a maior pate dees, disponigbes cu alidade Emanter 0 sistema. Mas & evidente que, ndo u6 nunca ees prestaram muita stenglo ‘0 stunto, come seria amblm muito provivelmente imposiveliolar sea que for dos carsteres da conduta de cada um doe membros da tbo ipdividualmente que xpliqu coma conalguem eet manter a sstas (oh. neat volume m pig $8) CContudo ete exemplo sugeteefectivamente at lnhas ao longo das quas te podria ‘enconteat ma expliasio indiviualstca. Precisamente o facto de on homens da tetbo mace tiem preiiads mate ate o rns, 0 facto de ls scetatem actkicamente © sistema que berdaram, pode coowtitui wine parte importante na explicasio da tus estbildade, A expicpio podiaavangae at Bxar cera regras— isto, ds- potigiesfmes divulgadas —acerea de csamento, de herangas, ete. que sjudam { egulanar 0 comportmento dos homens da tribo para com os seus partes De que modo chepuram eles a parthar destas disporigtes comune podia também cxplcarseindividallticamente da cara mancirn que ev posto exliat por que asso of meus fo eo a desenvolver uma aide dpicamente ingles para com ot polis, ves A Historia &-a8: Ciéncip’ Sociais A teoria da conspicagi, deftdntada por uin evento: social grande’e funeéto, conduz a caga dos bodes expiatérios. Mas o individualismo metodolégico, a0 imputar fendmenos sociais indeicjiveis is cespostas dos individuos as suas situagbes, & luz das suas disposigdes e crenga, sugere que talver possamos fazer desaparecer os fenémenos, ido recru- tando homens bons para preencher os postos até aqui ocupados’ por hhomens maus, nem tentando destric as disposigbes socalmente funestas os homens ¢ acalentando 20 mesmo tempo as suas disposigdes socal- mente benéficas, mas simplestnente alterando as_situagdes que cles _ defrontam. Vejamos um exemplo actual: 20 opor aos individios dinhsco mais aro ¢sxdito redtnido 0 govero poe conseguir (fo digo conseguiss) deter a inflagfo, sem éxigir uma nova atitude de auto- ‘negacdo da parte dos consumidores e sem mandar ainguém para a cadeia 4: Deseobertas Factuae nat Citcias Socials, —Explicar a8 conse qutacias fo intencionais mas benffias das actividades individuais — por «consequéncias benéfcas» entendo eu consequénciss socais que (08 individaos afectados endisseriam se se Ines pedisse que escolhessem entre a sua continuagio ou a sua intereupgio —€ normalmente uma tarefa de menos urgéncia pritica do que a explicagio de consequéacias indesejéveis. Por outro lado, esta tarefa pode ter um interesse tebrico muito maior. Digo isto porque 48 pessoas que penosamente se dfo ‘conta de fenémenos socais indesejados podem esquecerse das con- sequéncias nfo intencionais mas benéficas das acgdes dos homens, do ‘mesmo modo que um homem se pode esquecer da boa sade que resulta do fancionamento equilbrado dos seus aparelhos digestivo, nervoso, rculatério, ete. Aqui, uma teoria explanatéria pode surpreender-nos f elucidar-nos, nio 46 em relagio as conendes de causa e efeito, mas também em relaglo A existtncia do prdptio feito. Ao mostrar que um certo sistema econémico contém regeneracio positiva que conduz a ‘oscilagées e crises cada vez mais viclentas, um economista pode explicar uma série de fendmenos bem publicitados que hi muito tem sido objecto de intensa agitacio polltica. Mas os economistas que primeiro mostra- sel oa i, Ma corre emcee tiva que tende a acalmar of distirbios e a restabelecer 0 equillbrio, no 26 explicaram, mas também resolveram a existéncia de fenémenos que antes mal tiaham sido notados(). Ts fe, como ponerormete spent com o De. A. W. Pilz, € inde tants Open pin € to Gurono que um exons fous aera ara extrem sito ecodnie que aera gsr sete cam ceo, e eine septa pte pod, guru endl Pee culos que ocr escent, egunda owls mumbsiot Warnins | A Beplicagdo Histirica nas Ciencias Socinis 033 Falatei da comportamento social de tipo-orginico em que os men\- bros de um sistema socal (sto &, um conjunto de pessoas cujas activida- des as perturbam e influenciam umas 4s outras) se ajustam mituamente As situagées criadas pelos outros de uma forma que, sem orientagio superior, conduz 20 equilibrio ow a preservagio du 20 descavolvimento do sistema, (Trata-se aqui de novo de nogies valorativas, mas 4s quais se poderd dat também uma definigio do tipo weria-endossada-sen.) Ora ‘um comportamento orginico assim tio espalhado, envolveado pessoas sdo-amplamente separadas no espago e to profundamente ignorantes ‘imas das outras, nfo pode ser simplesmente observado. S6 pode ser tedricamente reconstruldo —deduzindo 28 consequéncias socisis dis- tantes das respostas tipicas de unt grande atmero de pessoas interac- tuantes a certas situagoes repetitivas. Isto explica por que mazio of economistas € 0s antropélogos de espleto individualstico, que negam qué as sociedades sejain realmente organismos, tém conseguindo agnu- pat uma boa dose de comportamemto social de tipo-orgiaico atra- vés do exame de disposighes e sieuagSes individeais, a0 passo que € notério que os holists sociolégicos, que insistem em que as sociedades slo realmente orgenismos, nfo tém conseguido apresentat conviscentemente qualquer comportamento social do tipo-orginico— no slo capazes de o observar ¢ nio tentam reconstruf-lo indivi- dduaisticamente. ‘H& um paralelismo entre holismo ¢ psicologismo que explica 0 seu fracasso comum em fazerem descobertas surpreendentes, Uma carac- teristica social em grande escala deveria ser explicada, segundo o ps cologismo, como a manifestaglo de antlogas téndéacas psicolégicas ‘em pequena excala em individuos, e, segundo o holismo, como a mani festacio de uma tendéncia em grande escala no todo social. Em ambos 05 cxs0s, 0 explcens pouco mais faz que repetic 0 explicandum. O indix vvidualista metodolégico, por outro lado, tentark explicar 0 efeito em larga excila como produto indirect, inesperado, complexo de factores individuais, nenhum dos quais, por sis6, podess ter qualquer semelhanca com ee. Pan war examples ung, infivioniono mtodotgien poderd mostrar que uma Ansia de paz cohduziu, em certa situacio inter- nacional, A guerra, ou que 0 desejo de um governo melhorr uma mé situagio econdmica pelo equilbrio do seu orgamento 6 piorouasituasio. parkmetros do sistema, Mas valores numdrcos sho aquilo que rao cedem as medidas cconémicas, que lo normalmente ordinals e nko cardinas, A crenga de que um sistema que contém regenerago negativa, mas jas vatives nio podem ser quan titativamente dfiidas,¢estivel talvez te batele na ft ou na experitacia, mas no pode ser provada matemiticamente. Vide A. W. Puntuis,aStablisation Policy and the ‘Time-Forms of Ligged Responses, The Economic Journal, vol txt, Junho de 1957. a ose A Historia ¢ as Cigncias Sociais Desde que a Fabule das Abethas de Mandeville foi publicada em 1714, a ciéncia social individualistica, com a sua énfase nas consequéicias nko intencionais, tem sido em grande medida uma elaboragdo requintada do simples tema de que, em certas siruagdes, motivos particulares egols- tas podem-ter boas consequéncias sociais e intengdes politicas boas podem ter més consequéncias sociais('). (s holistas consofam-se com o exemplo da biologia, mas eu penso que o paralelo é realmente entre o bidlogo € 0 individualista metodols- ico. © biélogo nio explica, ereio eu, as grandgs alteragées que ‘ocortem, digamos, durante a gravidez, em termos de grandes ¢ corres- pondentes tendéncias teleoldgicas no organismo, mas Asicamente, em termos de pequenas alteragées quimicas, celulares, neurolégicas, etc, nenhumia das quais tem qualquer semelhanca com o seu desfecho conjunto © aparentemente resultante de um plano. : Como se Deveriam Estrutarar as. Explicptes Serinis, — Conside- rarei agora como € que as regulatidades da vida social, ais como 0 ‘ciclo comercial, se deveriam explicar segundo o individualismo metodo- I6gico. .A explicacdo devia ser dada em termos de individuos e das suas situagdes; ¢ visto que o processo a serexplicado é susceptivel de repetislo, susceptivel de recorrer em varios tempos ¢ em varias partes do mundo, segue-se que 56 se podem empregar na sua explicagio pressupostos muito gerais sobre as disposigdes humanas, De nada vale procurse na psicologia anormal uma explicagto da estrutiica das taxas de juros — 1a experigncia de todos os dias deve conter matéria-prima para os pressu- [postos disposicionais (em oposisfo 20s situacionais) requeridos por uma tal explicagio. Poderd exigir-se um rasgo de génio para detectar, isolar ¢ formulas exactamente as premissas disposicionais da explicagie de uma regularidade social. Estas premissas podem afirmar o que ninguém () Un bun paste de imerecide oposigéo 20 individoalioma metadoligieo parece iccompet do teconhecimento do facto indubtivel de que ot individuos depa- Fem muitas vezes com obsticuloe socials. Assim, a conclusio a que Mandelbaum chega € aque hi factossocetiios que exercem represses externas sobre os individuose (Gp. th, neste volume 2 pig. 603). Esta conelusio extd em percita harmonia com 1 insistnela do individualiste metodolSgico em que 0s planos muitas vezes se malo- fram (e que, mesmo quando efectivamente slo bem sucedidor, tem quate sempre Sutton efcitos importantes e imprevists). 0 individualist metodol6gico s6 insite ‘em que o ambiente social pelo qual qualquer individuo particular ¢ defrontado ¢ frustrado € muita vezes manipulado © ocasionalmente destruido é, se ignorarmos fo seus ingcedientes sicos, formada por outta purer, pelos seus habits, inércia, ialidades, ete. O que 0 individualist metodoldgico nega € que um iidud aja alguma vex frustado, manipulado ou destruldo ou arrstado “idncas 8 is socioVigicas ou histbeicas deeds Warksiss A Ezplicagto Hislirica nae Oltrigias Secige _: notara antes, ou dar uma articulagio bem definida aquilé que até aqui fora vagamente descrito. Mas uma vez afirmadas, elas parecerio suficien- temente obvias. Esplritos brilhantes levaram anos as apalpadelas antes {gue se encontraste uma formulagio precisa para o principio da urilidade Targinal decrescente, Mas uma vez afitmado, o principio de que quanto menos, zelativamente, um homem tem de. uma comodidade divisivel tanto mais compensacio estari ele disposto a exigir por adiantar uma pequena quantidade fixa dele € um principio com que quase toda a gente Concordari, Contudo, este principio simples ¢ quase banal € a chave ~~ imigica para a economia de distribuigio ¢ troct ‘O cientista social esté aqui numa posigio"andloga 4 do mecanicista cartesiano(). Este nunca partiu em busca de principios novos e inau- ditos porque acreditava que 0 seu proprio principio de acso por con- tacto era, de modo auto-evidente, um principio illtimo. O seu problema cera descobri as configuragbes fisicas tipicas, 08 mecanismos que, agiado de acordo com este principio, produzem as regulatidades observadas ra natureca, AS suas teorias tomaram a forma de modelos que apre- sentavam regularidades como 0 resultado de principios fisicos «auto- -evidentes» agindo numa qualquer situasio fsica hipotética. De modo semelhante, o cientista social ndo fax inovagdes ousadas em pricologia mas confia em material psicol6gico familiar, quase «auto-evidentes. ‘A sua perlia consiste, primeiro em localizar as disposigoes relevantes, f segundo em inventar um modo simples mas realistico que mostre ‘como, num tipo preciso de situacio, aquelas disposigbes geram algumas regulatidades ou processos tipicos. (A propésito, o seu modelo mostraré também que nesta situacio certas coisas nio podem acontecer. A sua previsio negativa sob a forma, «Se tens isto nfo podes também ter tuilo» poderd ser de grande importincia pritica). O cientista social pode agora, em principio, explicar exemplos histéricos deste processo regulas! desde que,o seu modelo se coadune de facto com a situagio histdrica, ‘i Esta concepcio da explicacio de regularidades sociais esclarece, 4 propésito,a velha questio, que temffeito correr rios de tinta, de se saber se as chamadis «leis» da economia téin valor universal ou s6 num eesté- dion particular do desenvolvimento econémico. A resposta é simples- mente que os prinelpios econémicos manifestados pelos modelos dos economistas valem sOmente para 2s situagdes que correspondem aos stus modelos; mas um tinico modelo pode muito bem corresponder a ‘um grande numero de situagdes hist6ricas amplamente sepatadas n0 expago e no tempo. ) Devo esta analogia 20 Professor Popper. ee eee 638 A Histivia © as: Citncias’Sociais Na explicagio de regulatidades usase 0 mesmo esquema ou modelo situacional para reconstruit algumas situagdes histéricis com wine cstratura semelhante de um modo que revels como at disposies ¢ ‘tengastipicas de individuos anénimos geram, em cada ocssiid a mesina regularidade (). Na explicigio ‘de unia tnica-consteagio de eventon © método individualistico consiste ainda ent reconstruir a siagao hie, {rica ou a sequtncia encadeada de situagdes, de um modo que revela ‘como os individuos (aormalmente tanto nomeados como anénimos), com as suas crengas e disposigées (que-podem inclu disponigBes pet soais peculiares bem como disposighes humanas tipics), gersam, nééta stuasio particular, 0 produto eonjunto a ser explicado, Por esta rizlo € que eu sublinho diferies que sfo abecias e comoles, em opo- tanto confirmark como sect explicada pela existéncia de dsposigbes, Suponhamos que uma explicagio histéria (e, por exemplo, 0 casei. ‘mento da igreja catéica primitiva) asenta Ingameate numa desio Paricular (digamos, a decisto do Imperador Constantino de dat 10 Papa Silvestre amplos poderes temporis na Tdi). A expicagto 6 até aqui, de ceto modo ad de: um fe apaentemeatearbteeo desempeaha nela'um papel decsivo. Maz oe ert decisio pode, por seu turmo, ser cexplicade como o resultado da slianga entre uma src de sponges (por exemplo, a dsposigio do Imperador de subordinar 2 si proprio todo o poder rival) e uma sie de crcunstncias (por exemplo, reco. mento por parte do imperador de que 0 Ctstanismo nto podia set csmagado mas podia ser domesticado te te tomasse a reigio offal _ do Impétic) ese a existéaca destasisporigbes ecrcunstncias€apoinda, de modo convincente, por comprovagio indepeadente, entlo a trea daguilo que ¢ dado arbitctriamente, do mero facto bruto em hiséca, se bem que nunca se consiga fazer desaparece, tert sido reduzida de modo significative, () ato deveria“refitar a conclasfo de Gelloer de que © individeslismo ‘metodolégico tansformara os cintstas socials em ebidgraon en grande rive (ep. it, neste volume, « pig. 633 Geuuven | Resposta a Watkins 037 Ernest Gellner: Resposta a Watkins ‘Watkins sugere que a destrigio do problema em fungio da existencia de factor sociais ¢ nXb de les 0 esvazia da maiot parte do seu interesse. Ex davido que de facto alguém argumente em favor de factos sociais itredutiveis 36 em espiito de art pour 'art. Insistit em factos socais é, 48 se qulser falar nestes termos, uma mancira de dizer alguma coisa sobre leis sociolbgicas: nomeadamente que elas nfo podem ter todas uma certa forma, que nfo podem invariivelmente set leis psicoldgicas, ou coro- litios ‘de leis, ow afirmagées psicol6gicas. : ‘Watkins diz que se vé em sétias difculdades para compreender como cheguei eu 8 conclusio de que aquilo a que Popper chara psicologismo se no distingue do individualismo metodolégico, conforme o maior desenvolvimento que o proprio Watkias Ihe di. Eis como cheguei a essa opiniéo. © individualismo metodolégico insiste em que 6 a8 - disposigées individuais, etc, devem ser os elementos ltimos pelos quais uma stuaglo social €explicada. Nuo se nega que uma situagio resulte da interacgio de um contesto individual e social, mas mantém-se que este contexto tem de set, ele préptio, explicado de modo semelhante. O defeito ¢ aqui, em meu entender, a regressio infnita implicada neste caso: um novo meio social tem de set mencionado de cada vez que a explicasio individualsta € levada até um estidio mais avangado, "Mas cesta € precisamente a objecgio de Popper a0 psicologismo. A minha conclusio quanto a dificuldade ém distinguir as duas doutrinas resultou, Por conseguinte, do facto de elas darem o flanco as mesmas critica, Se isto thes afo vineula a identidade, sugere pelo menos que elas se sobrep3em em pontos cruciais. ‘A regressio que me parece existir pode ilustrarse em fungio do exemplo que Watkins assume, O impacto das regease a maneiem comooe homens da tribo chegam a accité-las pode de facto explicar-se indivi, té aqui concoglo—, significando isto que esti Sempre em caus uma desctigio dquilo que acontece 208 individuos, ‘mas nfo sem refertncia so fundo social como tum factor, e nessa medida ‘do concordo, pelo menos com aquilo que eu penso que 6 individualismne metodolégico quer dizer. Este problema abstracto tem a sua contrapartida empicica © heusls- tics, mesmo que alguns pontos de vista nesta nlo estejam estrtamense Vinculados a pontos de vista maquela. A atitude encorajada pelo indi. idualismo ¢ ou uma metodologia que encorsja a dedeydo a partic de Dremissas psicolégicss simiples (e. g, a teoria econémiea), ou ums Jnvestigaglo da vatiagto social da prybe pela projecgdo de testes, ete 638 ‘A Histiria © as Oitwéas Socidis _Ambas ignoram as instituigées e nenhurna delas me parece tio proveitosa, ppelo menos em alguns contextos, como o estudo das instituigbes. Finalmente, gostaria de dizer que ainda acho o problema confuso, que as minhas crticas Aquilo que me-parece uma redugio demasiado simplificada no sio um argumento em favor de uma mistica do todo social, e que o meu palpite € que. solugio se poderk encontrar se se dis- tiaguit com mais cuidado © modo como todo-<-patte, generalizagio- -e-exemplo, premissa-e-conclusio, causac-entidade, ¢ talver outras dicotomias, entram em afirmagbes que se podem fazet sobre homens ¢ sobre grupos; ¢ que, com respeito a este problema, 0 que se busca € seu esclarecimento, € nio um processo entre dois protagonistas que se supée terem pretensdes tivals ¢ incompativeis. i BIBLIOGRAFIA sta bibliografia est dividida em trts seogbes: obras da autoria (¢ acerca) de filbsofoselissioos da histtin; fonts, comentitios genéricos ¢ obras de meto~ ‘ologia;e artigos. Na primeita seerlo foi adoptada uma ordem cronolégica; nas ‘uteasncesbea 4 ordenasio ¢ alfabética. A palavra elistico> fol usada no titulo” dt Seeqlo A por falta de melhor termo, Tito nfo signin que os autores que Bigh ‘am nesta eczio teach necearsinente mais importantes do que outros nfo inclui- don. As eeferncias « artigos nfo fornecem ox mimeros das revisas ou dat actas fem que aparecem, mas apenas a data dot volumes em que esses imeros se inte- gam: [NOTA A titulo de complemento, 0 letor podess consulta aint « Bilan (reply of Works in th Phila of Hite (1945-1957), compilado por John C. Rule edtade pla evita Hier and Theor. Studie in tbe Phieophy of Thiers (Beit 3, ‘Mouton & Co, The Hague, 1961) —cobtindo o periodo indicado no ttslo ¢ abran- igendo. apenas epublicagdea do Mundo Ocidentl, incluindo © Reino Unido 1 Teanda, 1 Alemanha Ocidental, a Francs, ot Paises Baixos, a Suiga, a Espa tha, Portugal, a Italia © as Américas do Norte ¢ do Sul. Di preferéncia tot veguintes domisios: eriar de tstra, cuss, leis, explicagio, generall- tesio, determinismo; bistriegraf, extudos de histotiadores, Slbsofos da histo fin, petvonagent histéricos aconteckmentox que etclarecem problemas geris Ge historiografa; inde de bistria, interpretapio, velecgio de factos, objecti- vidade, implicagécr soca e culrrais do método do historador; «, dentro das pecessrislimitgBes,dipline ofr, relagio dos problemas de teoria ¢ metodologia Bistriess com on do dominio da economia, psicologia,sociologia e outras disc- plinas af, Para 0 petiodo posterior a 1937 2 evises Hitry and Theory tom pla- heads a publicagio de ebibliografas suplementares, bem como uma bibliograia Ge einerpretaptes marsistas da histria — tanto em linguas ocidentais como orien- fais, ¢ ainda sbibliogrfias espechi consagradas « eAmold J. Toynbee, Bene detto Croce, Jort Ortega y Gasset (ea Europa) e Carl L. Becker © Charles Beard (nos Extador Unidos. — (CE. op. et. pp. V-VI).— VM. « SY Al Filésofos Clissicos da Histéria e Comentitios de suas Obras Bossuey, J. B. ‘Correspndene de Bast, Pats, 1909. iors sv PBisere wriveull. Paria (Les Meilleu Auteurs Chssiques), sas. (Ax Unveil History, London, 177%. Bauman, E. Bast. Pais, 1929. -.

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