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I. Introdução
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Proposta para discussão, elaborada por Marcelo Duncan A. Guimarães. Novembro de 2003.
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Como resultado, a SDT espera não apenas o pleno atingimento das
transformações previstas nos territórios, mas também que eles desenvolvam
arranjos institucionais capazes de promover a continuidade e a sustentabilidade
desse processo.
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Para melhores e mais amplas considerações sobre o referencial conceitual adotado pela SDT, veja o
documento “Referências Organizativas da Secretaria de Desenvolvimento Territorial” (março de 2003)
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desenvolvimento, representado pelas demandas expressas por uma aliança social
em torno dos objetivos de um projeto comum de desenvolvimento de um
território rural.
O desenvolvimento dos territórios rurais depende da formação de infraestruturas
sociais e econômicas; de acesso aos serviços públicos essenciais e à assistência
técnica qualificada; de políticas de desenvolvimento e de proteção social; do
ordenamento, apoio e incentivos à inovação tecnológica e à diversificação
econômica; e da conjugação harmônica das quatro dimensões fundamentais do
desenvolvimento sustentável:
Dimensão econômica, onde se destaca a competitividade territorial;
Dimensão sociocultural, na qual sobressai a equidade e o respeito pela
diversidade de gênero, geração e etnia, bem como as escolhas políticas
e sexuais;
Dimensão ambiental, onde se enfatiza o conceito de administração e
gestão da base de recursos naturais;
Dimensão político-institucional, em que ressalta o conceito de
governabilidade democrática e a promoção da conquista e do exercício
da cidadania.
Pela natureza das políticas públicas, aliada às dificuldades estruturais que as
sociedades locais enfrentam em ordenarem suas demandas, a SDT desenvolverá
estratégias específicas e integradas, com o objetivo de apoiar a superação
dessas limitações através de:
Apoio a iniciativas que expressem uma ampla aliança entre a sociedade
civil e o poder público do território, que evidencie a identidade e a
coesão territorial e social;
Apoio a entidades territoriais para que as mesmas adquiram e
desenvolvam capacidades que as habilite a conceber, planejar, negociar
e gerenciar seus próprios planos de desenvolvimento sustentável;
Apoio a articulação e harmonização entre as ofertas emanadas de
políticas públicas e as demandas expressadas pelas entidades territoriais
participantes da concepção e da gestão dos planos territoriais de
desenvolvimento;
Apoio na aplicação de recursos públicos que contribuam decisivamente
para o desenvolvimento sustentável dos territórios, considerando-se
sempre o equilíbrio econômico, ambiental, sociocultural e político-
institucional dos territórios, tendo por foco a promoção da qualidade de
vida das populações abrangidas.
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A abordagem territorial em programas de desenvolvimento sustentável tem como
uma de suas premissas a que propõe que as melhores soluções para o
desenvolvimento de comunidades com quadros crônicos de estagnação e pobreza
são encontradas quando estas comunidades adquirem condições de debater seus
problemas, propor soluções, encontrar apoio nas políticas públicas e implementar
projetos que se oponham às causas e aos sintomas da estagnação.
A adoção da perspectiva territorial decorre da constatação que o principal elemento
aglutinador social está intimamente relacionado com sentimentos de solidariedade
dentre grupos sociais que compartilham a mesma cultura, a mesma origem e o
mesmo espaço. Pertencem a um território e, por conseguinte, este território lhes
pertence.
A tomada de consciência de que deste território deveram brotar as soluções para
dele fazer um espaço de bem estar e justiça, leva a que cada um, e a que todos,
aceitem uma parcela da responsabilidade por fazê-lo diferente, melhor, mais
produtivo e, portanto, sustentável.
Para vencer a pobreza e a estagnação, um território deve ganhar vigor econômico
em suas relações internas. Este vigor econômico virá através do desenvolvimento
de mecanismos de integração, modernização e diversificação, que possibilitem a
inclusão de amplos grupos sociais no sistema econômico territorial, acumulando
conhecimentos e gerando recursos que lhes permita, no futuro, um salto para a
integração externa.
Também por esta razão, necessidade de fortalecimento da integração interna, um
território deve abarcar uma região com elementos de identidade e coesão, o que
pode cobrir vários municípios, incluindo cidades de pequeno e médio porte. Desta
heterogeneidade surgem as melhores oportunidades de integração e parcerias,
levando a que o território possa conduzir um plano que se fundamente em uma
aliança socioeconômica ampla, oportunidade em que se fortalecerão os laços de
solidariedade e todos encontrarão melhores condições de trabalho e de vida.
1. Parcerias e alianças.
Para levar a bom termo os objetivos pretendidos, a SDT deverá atuar
fundamentalmente através de parcerias e de alianças com entidades dos setores
públicos, privados, da sociedade civil e dos movimentos sociais, em todos os
níveis.
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2. Articulação institucional e acesso a recursos.
Deverá atuar enfaticamente na articulação entre instituições para facilitação no
acesso aos recursos que complementem e potencializem os recursos locais e
territoriais, em benefício dos objetivos traçados nos respectivos planos de
desenvolvimento.
3. Abordagem territorial.
Deverá promover a aplicação dos princípios e diretrizes da abordagem territorial
nos processos de ordenamento de políticas públicas e de processos de
desenvolvimento planejado de territórios rurais, visando o desenvolvimento
econômico, a administração e gestão dos recursos naturais, o aprimoramento
político-institucional e a melhoria sustentada das condições de vida da
população.
6. Novas institucionalidades.
Promoverá também o desenvolvimento de novas institucionalidades regionais e
territoriais, capazes de concretizarem alianças e acordos transmunicipais e
intersociais, com base em iniciativas da sociedade civil e dos poderes públicos
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Para as finalidades deste documento, o autor adota o conceito de “Capital Social” proposto por John
Durston (CEPAL): “Al decir que el capital social es el contenido de ciertas relaciones sociales, aquéllas
caracterizadas por actitudes de confianza y comportamientos de reciprocidad y cooperación, lo que no está
dicho ahí es tan importante como lo que está dicho”. (DURSTON, John, in “Capital Social – parte del
problema, parte de la solución. Su papel en la persistencia y en la superación de la pobreza en América
Latina y el Caribe”. CEPAL, 2001.
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locais, dedicados a implementar programas de desenvolvimento sustentável de
territórios rurais.
7. O território “rural”.
O foco da das políticas públicas, logo da SDT, deve ser o território rural, definido
como “um espaço físico, geograficamente definido, caracterizado por critérios
multidimensionais, tais como o ambiente, a economia, a sociedade, a cultura, a
política e as instituições, e uma população, com grupos sociais relativamente
distintos, que se relacionam interna e externamente por meio de processos
específicos, onde se pode distinguir um ou mais elementos que indicam
identidade e coesão social, cultural e territorial”.
Territórios rurais são aqueles cujos critérios multidimensionais que o
caracterizam, bem como os elementos mais marcantes que facilitam a coesão
social, cultural e territorial, apresentam predominância das características
geralmente aceitas como “rurais”.
8. Focalização.
Devido à natureza do mandato do MDA, para a SDT o desenvolvimento territorial
objetivará principalmente a promoção do desenvolvimento harmônico do meio
rural, incluindo as pequenas e médias cidades situadas em municípios e
microrregiões predominantemente “rurais”, o que representa cerca de 90% do
território nacional, em regiões que apresentem maior incidência de agricultores
familiares, de beneficiários da reforma e do reordenamento agrários, cujos
municípios apresentem menores IDH-M em cada Estado.
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esclarecimentos são válidos para todos os níveis de atuação considerados, desde
o internacional até o local.
1.1 MEDIADORES:
1.1 COLABORADORES:
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1.1 PERSONALIDADES:
V. Processo de Ordenamento
11. Focalização
O foco das políticas públicas que assumem a abordagem territorial deve ser o
território e não algum dos setores em que o mesmo pode ser decomposto.
Entretanto estes setores são elementos caracterizadores do território.
A identificação de territórios é tarefa relativamente complexa que não se
completa antes que a população se identifique com um ou mais elementos que
expressem a coesão social e territorial. Portanto, para que uma região (ou
microrregião), e sua população, se constituam em um território, é
imprescindível que expressem claramente a identidade que julgam ser o
elemento aglutinador e promotor de uma ampla aliança com o objetivo de
promover o desenvolvimento sustentável da região e, através de uma ampla
concertação, determinem uma visão de futuro comum.
A SDT, para fins de planejamento e estimativa de recursos a serem mobilizados,
adotou critérios para a identificação de territórios rurais, partindo das
microrregiões geográficas, segundo as define o IBGE.
Foram encontradas cerca de 450 microrregiões geográficas “rurais”, englobando
algo como 4.500 municípios, cerca de 50 milhões de habitantes e 90% da
superfície nacional. Neste espaço e nesta população focaliza a SDT suas
atividades, com prioridade para as microrregiões de maior concentração de
agricultores familiares e assentados da reforma agrária, e mais baixo IDH-M em
cada Estado.
A SDT determinou como meta para os anos de 2003 e 2004 iniciar seus trabalhos
através de 100 microrregiões, que poderão se constituir, futuramente, em até
100 territórios.
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12. Escolha das microrregiões nos Estados
Elaborado o rol de microrregiões segundo as prioridades citadas, inicia-se a fase
de negociação com cada Estado, incluindo o próprio Governo as representações
da sociedade civil e dos movimentos sociais, que poderão agregar outros
elementos ordenadores, desde que eles não conflitem com os anteriormente
aplicados e contribuam para melhor focalizar o trabalho a ser desenvolvido.
Nestes trabalhos serão envolvidas entidades de alcance regional e Conselhos
Estaduais de Desenvolvimento Rural Sustentável, dentre outras entidades
colegiadas.
Esta escolha se repetirá a cada fase de ampliação do programa geral da SDT, o
que poderá ocorrer a cada ano, segundo as possibilidades do MDA.
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tenham caráter territorial, isto é, cujo alcance seja compatível com o processo
de construção do território, que sejam de interesse de segmentos significativos
da população e que contribuam de forma inequívoca, para o desenvolvimento do
capital social.
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Preferencialmente as Entidades de Referência deverão ser estabelecimentos de ensino, pesquisa e extensão
de nível superior, situadas no Estado ou na Região, que mantenham programas consistentes de análise,
proposição e avaliação de políticas de desenvolvimento socioeconômico, especialmente aquelas que
mantenham cursos de graduação e pós-graduação em áreas afins aos temas correlatos ao desenvolvimento
rural sustentável.
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Esta primeira etapa deverá ser realizada após a conclusão das negociações com as entidades estaduais, a
celebração do Protocolo de Intenções com as entidades representativas dos governos estaduais e da sociedade
civil, do qual fará parte o termo de referência geral para a realização da Identificação, do Diagnóstico e do
Planejamento territorial. Nestas fases também serão iniciadas algumas atividades promovidas pelas
secretarias vinculadas ao MDA e pelo INCRA, sempre que apontem para os objetivos gerais do processo em
construção.
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Esta etapa deverá estar concluída dentro de sessenta dias a partir da celebração
do Protocolo de Intenções.
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1.1 CAPACITAÇÃO:
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O diagnóstico deverá ser restituído à população, que o rerratificará, conferindo-
lhe legitimidade e qualificação de uma ampla aliança social.
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O processo de planejamento deverá estar concluído com a geração de um produto denominado “Plano
territorial de desenvolvimento sustentável”, que considere a multidimensionalidade, a intertemporalidade, a
transgeracionalidade, a multisetorialidade e a articulação de uma economia territorial.
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Convênios, contratos, acordos de parcerias ou de colaboração, segundo a natureza das entidades envolvidas
e os propósitos a que se destinam.
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elaboração do PTDRS. A SDT deverá apoiar o gerenciamento, a monitoria, a
avaliação e a execução de estudos que capturem as experiências e lições
aprendidas, por um período de quatro anos. Durante este período, deverá ser
mantida uma assessoria permanente à instituição gestora, assim como deverão
ser aprofundadas as atividades de apoio à estruturação territorial, através de
investimentos e de capacitação.
Estima-se que, após este prazo, os territórios já tenham reunido condições de
autogerirem seus planos, e possam seguir apenas participando das redes de
informação e intercâmbio, a serem dinamizadas a partir do programa
permanente da Secretaria, em parceria com outras entidades.
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operação. Nestes casos, quando a natureza dos projetos assim o requeira, serão
disponibilizadas consultorias de especialistas por um curto período, geralmente
de até 90 dias (90 dias/consultor).
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Durston, John (2000): ¿Que es capital social comunitario?, Serie de Desarrollo Social No 38, CEPAL, Santiago.
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Assim, a SDT assume como um de seus preceitos fundamentais a adoção de
metodologias capazes de induzir o desenvolvimento do Capital social, dentre
elas as que contribuem para a ampliação das capacidades de gestão comunitária.
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28. Apoio à diversificação econômica
Diversos estudos informam que, segundo as limitações impostas pelos recursos
disponíveis, nem sempre a agricultura pode responder sozinha pela geração de
uma renda satisfatória para o sustento de uma família.
Em muitas situações, outras estratégias de sobrevivência dos agricultores
familiares indicam que fontes diversas de ingressos devem ser buscadas em prol
da elevação do nível de vida dos agricultores familiares.
Na maioria dos casos, as soluções para o aumento da renda e a melhoria das
condições de trabalho passam pela diversificação de atividades econômicas, ou
mesmo do trabalho fora da unidade de produção familiar.
Por outro lado, na maioria dos territórios, potencialidades locais são
insuficientemente exploradas por falta de conhecimentos, recursos humanos e
materiais. Essas potencialidades deverão ser evidenciadas nos processos de
planejamento, o que ensejará o apoio a projetos que busquem otimizar recursos
existentes, melhorar a capacidade das pessoas e introduzir inovações que
viabilizem o surgimento de novas formas de gerar trabalho e renda.
Em ambientes de diversidade econômica, as condições de vida dos agricultores
familiares são bastante superiores àqueles que trabalham em regiões de onde
apenas a agricultura é fonte de emprego ou, pior, aonde apenas existem
empreendimentos agrícolas com poucas relações socioeconômicas com o
ambiente do território.
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Friedmann, John. Empowerment: The Politics of Alternative Development, Cambridge, Massachussetts,
1996. (Com tradução e destaque do autor)
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30. Apoio ao desenvolvimento da Infraestrutura e dos Serviços
Territoriais
A ser desenvolvido para deliberação CONDRAF.
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VIII. Fluxograma
Critérios
0>1=1
1>2=2
Cotas por Estado 2>4=3
4>7=3
7>10=5
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FASE 2 Processo de intervenção negociada
Ações imediatas: PRONAF
Infraestrutura, capacitação,
comércio, associativismo, outras
atividades com recursos já
destinados. Concurso ou convite para execução dos TR
específicos ou procedimentos próprios
Implementação de ações e segundo normas do PRONAF.
instrumentos de caráter imediato
(2003/2004)
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Fase 3 Diagnóstico territorial
TR desta fase deve ser produto da fase
anterior.
Execução do Diagnóstico participativo Nesta fase deverá ocorrer o processo de
para cada Território identificado. formação de quadros territoriais
simultaneamente, e pela mesma equipe, à
realização do Diagnóstico.
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Fase 4 Plano Territorial
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FASE 3 Atividades de planejamento e acompanhamento
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FASE 4 Atividades de negociação e articulação do PTDRS
(atividades sob a responsabilidade da SDT)
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Concurso/convite/licitação para atividade VI
(supervisão e monitoria da implementação do
PTDRS). Estes serviços deverão também ser
oferecidos através de acordos de cooperação
com parceiras estaduais ou regionais.
Acompanhamento da implementação do
PTDRS
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FASE 6 Desengajamento
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