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ATA DA 6ª REUNIÃO (EXTRAORDINÁRIA) DA COMISSÃO DE DIREITOS

HUMANOS E LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA, DA 4ª SESSÃO


LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 53ª LEGISLATURA, REALIZADA NO DIA
17 DE MARÇO DE 2010, QUARTA-FEIRA, ÀS 10 HORAS, NA SALA DE
REUNIÕES Nº 2, DA ALA SENADOR NILO COELHO.

Às onze horas e vinte minutos do dia dezessete de março de dois mil e dez, na sala de
reuniões da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa, sob a
presidência do Senhor Senador (Cristovam Buarque), reúne-se a Comissão de Direitos
Humanos e Legislação Participativa, com a presença dos Senhores Senadores Paulo
Paim, José Nery, José Agripino, Eliseu Resende, Arthur Virgílio, Cícero Lucena,
Cristovam Buarque, João Pedro, Mão Santa, Heráclito Fortes, Jayme Campos,
Adelmir Santana, Mário Couto e Papaléo Paes e dos não membros Tasso Gereisat e
Álvaro Dias. O Senador Flávio Arns justifica a ausência. Deixam de comparecer os
demais Senhores Senadores. O Senhor Presidente abre os trabalhos, aprova a ata da
reunião anterior e, em seguida, dá início à apreciação da pauta. PAUTA. (REUNIÃO
DELIBERATIVA). Item 01. Requerimento nº 21-CDH, de 2010, que requer a
realização de Audiência Pública no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa destinada a discutir “o desaparecimento de 6 jovens em
Luziânia, no Estado de Goiás.” Serão convidadas as mães dos 6 (seis) jovens para
prestar esclarecimentos e ajudar na elucidação dos fatos, bem como as duas autoridades
mais importantes e diretamente relacionadas ao caso. Mães de jovens desaparecidos em
Luziânia: Aldenira Alves, Mãe de Diego Alves Rodrigues – 13 anos; Sônia Vieira
Azevedo, Mãe de Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima - 16 anos; Valdirene
Fernandes, Mãe de Flávio Augusto Fernandes dos Santos – 14 anos; Cirlene Gomes,
Mãe George Rabelo dos Santos – 17 anos; Marisa Pinto Lopes, Mãe de Divino Luiz
Lopes da Silva – 16 anos; Maria Lúcia, Mãe de Márcio Lopes – 19 anos; Luis Paulo
Barreto Teles, Ministro da Justiça e; Ernesto Roller, Secretário de Segurança Pública do
Estado de Goiás.” Autoria: Senador Cristovam Buarque. Resultado: Aprovado. Item
02. Requerimento nº 22-CDH, de 2010, que requer a realização de Audiência Pública
no âmbito da Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa para debater a
saúde do idoso na composição das PPPs - Parceria Pública Privada. Para tanto
gostaríamos que fossem convidados a Coordenação Geral dos Direitos do Idoso da
Presidência da Republica, representante do Hospital SEPACO/SP, representante do
Ministério da Saúde, e outros a serem indicados, posteriormente, por este Senador à
Secretaria desta Comissão. Autoria: Senador Paulo Paim. Resultado: Aprovado. Item
03. Requerimento nº 23-CDH, de 2010, que requer, nos termos do art. 73 combinado
com o inciso IV do art. 89 do Regimento Interno do Senado Federal, a extinção da
Subcomissão Permanente da Criança, do Adolescente e da Juventude, no âmbito
desta Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.” Autoria: Senador
Paulo Paim. Resultado: Aprovado. Item 04. Requerimento nº 24-CDH, de 2010, que
requer, nos termos do art. 73 combinado com o inciso IV do art. 89 do Regimento
Interno do Senado Federal, a extinção da Subcomissão Permanente do Idoso, no
âmbito desta Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa.” Autoria:
Senador Paulo Paim. Resultado: Aprovado. Item 05. Requerimento nº 25-CDH, de
2010, que requer, nos termos do art. 73 combinado com o inciso IV do art. 89 do
Regimento Interno do Senado Federal, a criação da Subcomissão Permanente da
Criança, do Adolescente, da Juventude e do Idoso, composta com 05 membros
titulares e 05 suplentes, no âmbito desta Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa.” Autoria: Senador Paulo Paim. Resultado: Aprovado. EXTRAPAUTA.
Item 01. Requerimento nº 26-CDH, de 2010, que requer, “a realização de Audiência
Pública para debater e discutir as atribuições, responsabilidades e compensações dos
Conselhos e Conselheiros Tutelares no âmbito desta Comissão. Convidados: Carlos
Nicodemos, Consultor do CONANDA para nova Resolução sobre os Conselhos
Tutelares, Coordenador Executivo da Organização de Direitos Humanos Projeto Legal;
Coordenador do Movimento Nacional de Direitos Humanos; Membro do Conselho
Pleno da OAB; Oto de Quadros, Secretário Executivo do Fórum Nacional dos Direitos
da Criança e do Adolescente;Paulo Roberto dos Santos – Relações Institucionais do
Fòrum Colegiado Nacional dos Conselhos Tutelares;Carmen Oliveira, Presidente do
CONANDA; Sub-Secretária Nacional de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e
do Adolescente; Tânia Cupiça – Presidente da Associação dos Conselheiros Tutelares
do Estado do Rio de Janeiro - ACTERJ; Liliane Gomes da Costa – Presidente da
Associação dos Conselheiros Tutelares do Município do Rio de Janeiro. Autoria:
Senador Cristovam Buarque. Resultado: Aprovado. Item 02. Requerimento Nº 27, de
2010-CDH, que requer a realização de Audiência Pública conjunta com a Comissão de
Comissão de Meio Ambiente, Defesa do Consumidor e Fiscalização e Controle – CMA,
para que sejam convidados o Promotor de Justiça José Carlos Blat, Promotor de Justiça
Criminal da Capital – SP, o senhor Lúcio Bolonha Funaro corretor de valores, o senhor
João Vaccari Neto, tesoureiro do Partido dos Trabalhadores e o Advogado Pedro
Dallari, que defende a Cooperativa Habitacional dos Bancários - BANCOOP, a
comparecerem perante esta comissão, em dias alternados, com o objetivo de esclarecer
as irregularidades que envolvem a aplicação de recursos dos fundos de pensão da
PREVI (Caixa de Previdência dos Funcionários do Banco do Brasil), FUNCEF
(Fundação dos Economiários Federais) e PETROS (Fundação Petrobrás de Seguridade
Social), na BANCOOP (Cooperativa Habitacional dos Bancários), com graves prejuízos
aos cooperados. Autoria: Senador Papaléo Paes. Resultado: Aprovado. Observação:
caso seja aprovado requerimento de igual teor na CMA, a Audiência será em conjunto e
realizada naquela Comissão, em caso contrário, será realizada na CDH. Item 03.
Requerimento Nº 28, de 2010-CDH, que requer “a realização de diligência desta
Comissão Direitos Humanos e Legislação Participativa – CDH, com a finalidade de
conhecer in loco, na cidade de São Paulo, a situação dos cooperados da Bancoop –
Cooperativa Habitacional dos Bancários.”. Autoria: Senador Heráclito Fortes.
Resultado: Aprovado. Item 04. Requerimento Nº 29, de 2010-CDH, Requer “em
aditamento ao Requerimento 19, de 2010, sobre Audiência Pública para discutir o
conflito existente entre as várias representações dos garimpeiros no que diz respeito à
exploração e destinação das riquezas existentes na área denominada de Serra Pelada, no
município de Curionópolis, estado do Pará, e a situação dos trabalhadores envolvidos, a
inclusão dos seguintes nomes: Luiz Emanuel da Mata Lima – Presidente da União
Nacional dos Garimpeiros e Mineradores do Brasil; Alexandre Valadares Vieira –
Associação Fiscalizadora dos Direitos dos Garimpeiros e; João Amaro Lepos –
Associação de Defesa dos Garimpeiros de Serra Pelada – ADEGASP.” Autoria:
Senador José Nery. Resultado: Aprovado. Durante o encaminhamento do Item 02, da
extrapauta, Requerimento Nº 27, de 2010-CDH, é feito o encaminhamento do Senador
Papaléo Paes, para que sejam ouvidos os Senhores Valter Picasso, Advogado da
Cooperativa Habitacional dos Bancários – Bancoop; Senhor Antônio Molina,
Cooperado da Bancoop; Eduardo Mazer, cooperado da Bancoop. Após os depoimentos
dos cooperados da Bancoop e do advogado, o Senhor Presidente franqueia a palavra
para alguns cooperados da Bancoop. O Senador Mão Santa encaminha para que o
Senhor Valter Picasso, Advogado da Cooperativa Habitacional dos Bancários -
BANCOOP, fale da bancada. O Senhor Presidente acata e, após ouvir os membros da
Comissão convida o Senhor Valter Picasso para fazer sua apresentação. Em ato
contínuo é dada a palavra ao Senhor Antônio Molina Cooperado da BANCOOP, que
faz seu depoimento. Em seguida é a vez do Senhor Eduardo Mazer, cooperado, morador
do condomínio de Vila da Penha, fazer seu depoimento, no mesmo ato o depoente
entrega documentos ao Senhor Presidente. O Senador José Nery encaminha para que os
Senhores Senadores compareçam com maior freqüência aos debates e votações da
CDH. O Senhor Senador Heráclito Fortes encaminha para que o Senhor Presidente
constituir uma comissão para verificação in loco da situação dos cooperados da
BANCOOP e que seja realizada antes da realização da Audiência Pública, referente ao
Requerimento 27, de 2010-CDH. O Senhor Presidente responde solicitando que o
Senador Heráclito Fortes oficialize por meio de requerimento que é apresentado
posteriormente. Senadores José Nery e Cícero Lucena encaminham a solicitação para
que sejam encaminhados a todos os membros da CDH cópia dos documentos recebidos
pela mesa durante a reunião. Fazem uso da palavra os seguintes senhores senadores
Cristovam Buarque, José Nery, Paulo Paim, Papaléo Paes, Mário Couto, Heráclito
Fortes, José Agripino Maia, Arthur Virgílio, Mão Santa, Cícero Lucena, e os Senadores
não-membros Álvaro Dias e Tasso Gereisat. Nada mais havendo a tratar, encerra-se a
reunião às treze horas e oito minutos, lavrando eu, Altair Gonçalves Soares, a presente
ata, que será assinada pelo Senhor Presidente, lida e aprovada no plenário desta
Comissão e publicada no Diário do Senado Federal, juntamente com a íntegra do seu
registro de Estenotipia Informatizada sem revisão.

Senador Cristovam Buarque


Presidente
6ª REUNIÃO EXTRAORDINÁRIA DA COMISSÃO DE DIREITOS
HUMANOS E LEGISLAÇÃO PARTICIPATIVA, DA 4ª SESSÃO
LEGISLATIVA ORDINÁRIA DA 53ª LEGISLATURA.
REALIZADA NO DIA 17 DE MARÇO DE 2010, ÀS 10 HORAS E 50
MINUTOS.

SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-


DF): Bom-dia a cada uma e a cada um de vocês.
Essa sessão não está tendo quórum até aqui, mas já vai, daqui
a pouco, uma hora da hora marcada. Eu vou, portanto, tendo em
vista a visita de um grupo de pessoas... Uma Comissão de Direitos
Humanos tem que estar aberta para ouvir todo mundo que quiser
manifestar qualquer reclamação contra instituições, contra
organizações estatais. Eu vou permitir que os visitantes que estamos
recebendo possam falar e não vamos votar nenhum dos assuntos que
estão aqui na Mesa, porque, sem haver quórum, a sessão não abre.
Mas, mesmo sem sessão, podemos conversar.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Presidente, quantos
senadores são necessários para abrir a sessão?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Quantos são?
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): São cinco senadores.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Nós temos--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): São dez.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): São cinco senadores
para abrir.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): São quantos?
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): São cinco senadores.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Nós temos seis
senadores.
Nós temos quórum.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Dez senadores.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA):Nós temos quórum.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Já tem quórum?
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Temos.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Cadê?
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Quórum para abrir a
sessão.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Para abrir a sessão, já tem
quórum.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Para abrir é uma coisa,
para votar é outra coisa.
O que o Senador Cristovam está propondo acho que é uma
posição muito equilibrada. Não prejudica em nada inclusive os
convidados que estão aí.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Só tem cinco senadores.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Já tem seis agora. Seis
assinaturas.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): O Senador Nery
chegou, já vai assinar.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): O Nery, o Arthur
Virgílio...
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Mas ainda não tem dez.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Não, mas são preciso
cinco para abrir.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Senador Cristovam, foi
exatamente o encaminhamento que V. Exa. fez.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O meu secretário--
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: São 19 membros--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O secretário aqui é o meu xerife em matéria de regulamento.
São dez, mas a gente começa a conversar. Não tem nenhum
problema. E quando chegar a dez, aí a gente diz: “Está aberta
formalmente”.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Senador Cristovam, é
uma prática utilizada inclusive nas Comissões Parlamentares de
Inquérito. Quando não há quórum para deliberar, colhe-se os
depoimentos, e, quando o quórum se constitui, interrompe-se o
depoimento para realizar a deliberação, se for o caso.
Então, a sugestão do Senador Cristovam está absolutamente
correta.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O Senador Alvaro Dias me deu uma lista de pessoas que estão
aqui presentes, que fazem parte da Cooperativa Habitacional dos
Bancários de São Paulo. É uma lista imensa. Desculpe eu colocar o
imenso, são dez pessoas, e é difícil segurar senadores ouvindo dez
depoimentos. Nunca houve isso, até porque, como você vê aqui, nem
tem cadeiras. Além de que vão ficar, obviamente, sentados aí.
Eu vou abrir a palavra para alguns. Quando chegar o momento
em que o tempo esteja passando, nós vamos ter que dizer...
Terminar os que iam falar. Então, eu vou chamar pela ordem que eu
recebi aqui.
Senador Arthur Virgílio quer fazer uso da palavra?
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Gostaria,
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Então, antes de abrir a palavra, começando pelo Dr. Walter
Picazio Júnior – um momento –, eu vou passar a palavra para o
Senador Arthur Virgílio.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Pois não,
Presidente.
Presidente, é sabido que aqui estão alguns cidadãos e cidadãs
lesados nesse episódio do BANCOOP. Eu acredito que, na vida – isso
nós ensinamos até para os nossos filhos, e quem não faz isso com
seus filhos colhe resultados muito ruins –, na vida há que ter limites:
limite para enfrentar as adversidades, limite para enfrentar os
adversários, limites éticos, que fazem com que a luta deva se travar
no nível mais elevado possível. Agora, há também contrapartidas que
não podem ser inobservadas.
Me espanta alguém no Senado não ter interesse em ouvir os
lesados, saber da posição deles. Não dá para continuar com esse
maniqueísmo que denigre muitas das figuras mais ilustres do
governo, do tipo assim: corrupção no Distrito Federal, então pinta a
cara e vai para a rua indignado; corrupção no BANCOOP, não deixa
ouvir o Sr. Vaccari, ao contrário, o nomeia tesoureiro da campanha,
do partido do Presidente da República, do Partido dos Trabalhadores,
enfim.
Aí parece que é uma coisa seletiva. Parece que alguns têm o
direito de fazer tudo, e sobre ele não deve pesar nenhuma pena; e
outros, se fizerem algo errado e sendo justamente punidos pelo
errado que cometeram, esses então pagam as penas da lei.
Esse país não pode dar certo. Esse país assim não pode dar
certo. Em primeiro lugar, eu questiono: “Quem é o Sr. Vaccari?” A
gente sempre olha aquela barba e diz: “Poxa, é uma pessoa
respeitável”. A gente cresce com aquela história: "Poxa, aquele
homem barbado que foi na minha casa deve ser homem de respeito".
Mas não quer vir depor? Tem que ter tropa de choque? Tem que ter
ausência? Tem que ter forfé? Tem que ter gente aqui fazendo a
sessão não andar? Discutir sem ser...? Quer dizer, não dá. Não dá. É
uma questão de honra pessoal dele ele vir dizer que o que dizem não
é verdade. Vir provar com dados por A mais B que não lesou
ninguém, que, ao contrário, tem um bando de pessoas que estão aí a
atribuir calúnia, a caluniá-lo, enfim.
Qualquer pessoa normal, séria, responsável, quando acusada
por alguém sério, responsável e com alguma coisa... e através de
algum fato que pareça consistente, essa pessoa não precisa que a
convoque, ela vem.
Então, aqui nós já vimos coisas terríveis: desconvocar a
Ministra Dilma depois de ela ter sido convocada legalmente pela
Comissão de Justiça. Isso foi um [ininteligível], foi uma bofetada na
face do Congresso Nacional. Nós estamos sempre vivendo desses
subterfúgios.
CPI aqui não adianta pedir mais, porque CPI não funciona.
Antigamente se colocava o que havia de mais expressivo. Agora se
coloca a pessoa para gritar na CPI, para não deixar apurar: não se
quebra sigilo, não se toma atitude nenhuma. Então, esse
instrumento, que é secular, que nasceu com o Parlamento Inglês, do
qual nós somos netos - nós somos netos, junto com os americanos,
do Parlamento Inglês. Nossa tradição parlamentar é anglo-saxônica
–, nós estamos vendo, primeiro, a desvalorização dos institutos das
CPIs.
Aí eu faço a seguinte pergunta: “O próximo Presidente, seja ele
calvo e vista calças, ou seja alguém que use saias – o povo vai
decidir – pode gostar disso. Pode achar bonito não precisar mandar
nenhum Ministro seu para cá. Pode achar bonito boicotar todo
assunto que seja incômodo para esse próprio governo”.
Então, estão adotando uma tática do silêncio que é uma tática
que é revoltante, porque não é séria. É uma tática que denigre as
pessoas que supostamente acham que por essas vias se defendem.
Alguém se defende provando que é errada a acusação que se faz
contra essa própria pessoa.
Eu estou espantado porque a falta de limite está chegando ao
paroxismo, está chegando ao máximo, está chegando ao cúmulo.
Tem certos limites, diante de certas evidências... E foi assim que
começou o Governo do Presidente Lula.
E o episódio do Mensalão foi mais ou menos assim. Havia
evidência, a própria base do governo concordava em ouvir as
pessoas. Como os resultados foram duros e, afinal de contas, foi um
grande escândalo, parece que ficaram escaldados. Gato escaldado
tem medo de água fria. Então não querem agora investigação
nenhuma sobre nada.
MST, eles passam recibo de cumplicidade com o MST porque
não anda a CPI sobre o MST. Não andou CPI nenhuma. Aprenderam a
tecnologia de não deixar andar CPI nenhuma, de não andar
investigação nenhuma, Presidente Cristovam Buarque.
O que, eu volto a dizer, não é nem tão perigoso, do ponto de
vista de um governo que está acabando... Por mais que não
acreditem, está acabando. É meses. Questão de tempo. Mas e se o
próximo governo gostar disso? E se o governo que vier depois do
próximo gostar disso também? Que papel ficará reservado ao
Congresso Nacional? Ficar aqui fazendo discurso? Ficar aqui
deblaterando? Ficar aqui protestando? Ficar aqui batendo na mesa,
quando nós temos atitudes práticas a tomar? Estão querendo
minimizar e desmoralizar a função fiscalizadora do Legislativo, ou
será que nós vamos ter que sempre usar também da esperteza?
Vamos ser bem claros.
Ontem havia o Senador Marconi Perillo na Presidência da Mesa.
Havia um relatório... Havia um requerimento do Senador Alvaro Dias
pedindo a investigação do TCU em cima do BANCOOP, que é um
grande escândalo. É um grande escândalo.
As sugestões dadas pelo Senador José Eduardo, ex-Senador
José Eduardo Dutra, são as mais tolas. Processar o jornal. Processar
jornal coisa nenhuma. Processar o Estadão. Mentira. Vai processar
Estadão coisa nenhuma. Vai não sei o que... Processar ninguém. Tem
que se defender e mostrar que não há um escândalo.
E, no mínimo, teria que ter afastado o Sr. Vaccari da tesouraria
do partido, justamente porque ele vai mexer com dinheiro, enquanto
pesasse as acusações sobre ele. E a ele, como cidadão decente,
cumpriria mostrar que isso tudo é um abuso para que nós aqui
pedíssemos desculpas a ele, se ele fosse, de fato, alguém que
estivesse agindo com boa-fé.
Mas, ontem, o que aconteceu? Qual é a arma que nós temos
aqui? Nós temos algum poder nessa Casa: poder de obstrução;
somos uma minoria muito forte, a qual V. Exa. muitas vezes se junta
quando se trata dessas questões, por exemplo, e temos um certo
poder. Temos, por exemplo, a primeira vice-presidência da Casa.
Para provar o nosso requerimento ontem, vamos então abrir o
jogo. Marconi, você preside e aprova o requerimento lá do Álvaro. E
pronto, está resolvida a conversa. Isso deveria ter sido uma coisa não
assim de supetão, mas uma coisa discutida, debatida, com eles
dizendo as razões por que não fazer a fiscalização. Eu não sei por que
evitar a fiscalização do TCU. Se você está com tudo certo, que bom
que o TCU está fiscalizando. Se você está com tudo errado, melhor
ainda que o TCU fiscalize.
Agora, de repente, eles usam o expediente e nós começamos a
usar de expediente também. Eles dizem: “Foi muito feia a forma
como vocês convocaram a Ministra Dilma”. Por quê? Porque, em
algum momento, quando eles não tinham maioria na comissão, se
aprovou lá. A obrigação... A justiça não ajuda quem dorme. A lei não
ajuda o dorminhoco, ajuda quem é presente, enfim.
Mas eu pergunto: “Não seria muito melhor nós não termos que
ter usado do expediente, esperar a hora que eles não estão para nós
termos feito a aprovação da Ministra? Não deveria ser um consenso
da Casa?” Afinal de contas, ela tem ou não tem o que explicar sobre
o PNDH 3, ela que é a ministra-chefe, poderosíssima, da Casa Civil,
tendo um assunto importante como esse, esse assunto, Senador
Cristovam, do PNDH 3, que é afeto à Presidência da República, até
porque envolve não o Ministro, o Secretário Nacional com status de
Ministro, que é o Dr. Paulo Vannuchi, que foi o autor intelectual dessa
ideia, enfim. Quer dizer, então estamos num momento que está em
jogo a própria credibilidade do Congresso. Está em jogo o poder do
Congresso.
Às vezes eu pergunto o que nós fazemos aqui. Se for só para
fazer discurso, eu vou entrar para a Academia Amazonense de Letras
e pronto, está resolvida a minha vida. Se o meu negócio é fazer
discurso, eu tranquilamente entro para a Academia Amazonense de
Letras. Em Manaus, é a terra onde vou morar no momento em que
não tiver mais nada a fazer na política. Às vezes eu questiono se
ainda tenho a fazer.
Eu pensei que isso aqui iria estar fervilhando de gente.
Fervilhando de pessoas.
Quero parabenizar o Senador Paim, figura querida, minha
querida, os momentos de adversidade não nos separam, por cumprir
com seu dever. Está aqui.
Mas eu pensei que ia ser um momento brilhante, fervilhante. As
pessoas defendendo... Meu assessor disse: “Não vai ter ninguém lá”.
Eu digo: “Não acredito. Não acredito que não tenha ninguém lá. Não
acredito. Eu não acredito que não tenha ninguém lá. Francamente eu
não acredito”. Porque não é possível que finjam que não houve a
denúncia da revista Veja, e que a saída seja: “Vou processar, vou
fazer...” Vai processar nada. É conversa. Já entrou com processo
contra a Veja? Não entrou. Entrou com o processo contra o Estadão?
Vamos ver se saiu já no site do Tribunal algum processo movido pelo
Presidente do PT contra... Moveu nada. E se mover, é enrolação. Ou
seja, o que nós queremos saber é, primeiro, até a raiz, o que houve
nesse escândalo do BANCOOP; segundo, vinculação desse escândalo
possivelmente, segundo a revista Veja, com o Mensalão, ou seja, o
mesmo personagem também abastecendo lá os cofres do Mensalão;
e, terceiro, que destino será dado às pessoas que investiram suas
economias?
Uma, 52 anos, um cidadão diz: “Estou com câncer, cansei de
lutar, não tenho mais força para lutar”; outra diz: “Juntei tudo que
tinha, eu acreditava neles”. E eles ainda endurecendo: “Vocês têm
que pagar mais porque, se vocês não pagarem mais, vocês não vão
ter direito a construir o apartamento”. Em outras palavras, eu
pergunto: “Será esse o tratamento justo? Nós estamos aqui
recebendo tratamento justo, nós todos? Eles próprios, com os dramas
deles, estão recebendo tratamento justo? Será que é decente o que
estão fazendo conosco aqui, nós estarmos aqui brigando por quórum,
discutindo se a gente pode abrir, se não pode abrir a sessão, se vota,
se não vota?”
Quer dizer, essas pessoas devem voltar para São Paulo ou para
seus lugares de origem, acho que aqui todo mundo é São Paulo,
depois de uma sessão frustrada, fraudada? Isso é para bater palmas?
“Beleza, o governo agiu forte. O governo tem é que não aprovar, o
governo tem é que impor seu poder.” Se tem poder, venha com sua
maioria para cá e barre, assuma, barre a convocação do Sr. Vaccari.
Barre. Diga que esse pessoal está errado e barre. O que não está
certo é essa situação. É uma situação constrangedora. O que faz que
nós temos a sensação que estamos perdendo tempo, ao mesmo
tempo que estamos vendo a casa que nós representamos se
desmoralizando.
E não é só pelos escândalos que V. Exa., eu e tantos outros
denunciamos aqui. Escândalos que essa Casa praticou e que tiveram
até algum jeito. Muita coisa melhorou, embora muita coisa ainda não
esteja completamente esclarecida, enfim.
Mas tem também uma outra forma de desmoralizar a Casa: é
de fora para dentro, nos tirarem o poder.
E tem uma terceira forma de desmoralizarem a Casa: é nós de
dentro para dentro, nós mesmos abrirmos mão do nosso direito de
fiscalizar. Isso não é bom para quem é governo e é senador, que
pode ser oposição amanhã. Isso não é bom para quem é oposição
obviamente porque está sendo castrado do seu direito de fiscalizar.
Mas eu volto a dizer, o algoz de hoje pode ser a vítima de
amanhã. Amanhã pode estar na oposição quem hoje está brecando a
investigação. E o novo Presidente, tomara que não seja assim, eu
tenho muita convicção, pelo menos em o que eu meu partido
pretende lançar. Mas tenho muito medo de que esse poder enorme,
aquela solidão selvagem do presidencialismo faça com que o próximo
Presidente diga: “Eu também acho bonito isso. Não quero mais CPI
nenhuma, não”. E quando tiver CPI, escala cinco ou seis tenores ou
barítonos para ficarem gritando lá e não deixar ninguém apurar nada.
Pode ser que o próximo Presidente goste. Isso pode ser o fim da
importância do Congresso Nacional e uma quebra substancial do
princípio democrático, necessário à democracia, da interdependência
dos poderes.
Portanto, só tenho a lamentar, Sr. Presidente, mas estou aqui
cumprindo o meu dever, como estaria aqui, e jamais deixei de estar
quando eu era líder do Governo Fernando Henrique. Eu jamais fugi.
Meus colegas e companheiros do PT, a começar pelo Senador Paim,
sabem disso. Jamais fugi da raia, jamais deixei de dar explicações,
jamais deixei de ouvir os meus adversários, jamais passei rolo
compressor em cima de quem quer que fosse. É só ir aos anais da
Câmara ou recorrer aos depoimentos dos meus adversários, que, por
consideração a mim, me deixavam falar, às vezes, duas horas,
porque sabiam que eu tinha pouco tempo para defender o governo, e
eles, muito aguerridos, atacavam o governo o tempo inteiro.
Eu não consigo entender essa postura. Essa postura não é a
favor do Senado, e essa instituição precisa ser defendida por todos
nós, não só por quem é oposição, porque quem é oposição não é
melhor do que quem é governo, que tem que ser defendida por todos
nós, como instituição. Ou nós veremos uma perda de poder que nos
transformará irrelevantes perante os fatos brasileiros.
Obrigado, Senador Cristovam, Sr. Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Obrigado, senador.
Eu quero dizer que, lamentavelmente, essa Comissão de
Direitos Humanos tem muita dificuldade para conseguir quórum. Na
última reunião, inclusive, discutimos a necessidade de falar com o
Presidente sobre esse assunto. É uma comissão relegada entre as
outras comissões. Isso daí é uma realidade que temos discutido entre
nós e que nos angustia. Mas é uma comissão que, felizmente, existe
e está aberta para ouvir todas as pessoas que tenham aquilo que
quiserem falar, denunciar.
Para ter uma ideia da importância, um dos requerimentos que
eu quero votar hoje, que é meu, é para saber por que, depois de três
meses quase, ainda não localizamos seis meninos desaparecidos aqui
na fronteira do Distrito Federal. Tem seis meninos de uma cidade
chamada Luziânia, seis meninos adolescentes, que desapareceram. E
a Polícia Civil não localizou, a Polícia Federal entrou, e a gente precisa
fazer uma audiência aqui para discutir isso.
Mas, hoje, eu fico feliz de ter visitantes que querem trazer as
suas inquietações, sofrimentos, preocupações para nós.
Por isso eu passo a palavra... Senador Papaléo, quer falar?
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Pela ordem, Sr.
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Não é hora de a gente ouvir os visitantes?
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Vou só... O assunto
tem a ver com os senhores convidados. E aqui quero saudar a todos
e agradecer pela presença.
Dei entrada no requerimento, que vai aguardar quórum para
que possamos votar, e fazer um registro também, em cima do
pronunciamento do Senador Arthur Virgílio.
Eu quero lamentar profundamente que a base do governo, que,
dos 19 membros, tem 10 membros, apresente aqui apenas a
presença do Senador Paulo Paim, e não é parte da base de apoio,
mas tem uma vaga cedida do Senador José Nery. Quero fazer justiça
a esses dois senadores que estão na base do governo relacionados
aqui, só relacionados. Senador Nery é independente. Uma vaga
cedida. Vou repetir. Vou repetir o que falei. Eu falei isso: “Vaga
cedida para o Senador Nery, pela importância que ele tem nesta
comissão”. E por isso a presença permanente dele aqui, e do Senador
Paim.
E lamento, profundamente, que oito senadores da base do
governo não estejam presentes para tratar de um assunto
extremamente grave. Extremamente grave. E que fere
profundamente os Direitos Humanos.
Então, por isso Sr. Presidente, eu dei entrada em um
requerimento que faz parte do assunto que nós estamos aqui
discutindo, e, por isso, eu peço que logo que haja quórum, que seja
votado este requerimento, porque seria a conclusão do excelente
andamento que V. Exa. dá a esta comissão.
Então, agradeço a V. Exa., e nós vamos ouvir as grandes
vítimas do BANCOOP.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu passo a palavra, portanto, ao Dr. Walter Picazio Júnior, que
representa o conjunto, e dependendo do tempo da sua fala, que o
senhor necessitar, Dr. Walter, nós podemos abrir para um ou outro
mais, ou não, porque há outros assuntos na pauta.
Então, a palavra está com o senhor.
Senador Nery queria falar, ou não?
Eu quero insistir que a gente ouça o Dr. Walter, mas...
Não, não, a preferência é sua.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): [pronunciamento fora do
microfone]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): É, é o advogado.
Mas a palavra está com o senhor.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, Senador
Cristovam Buarque, Sras. e Srs. Senadores e Senadoras.
Eu havia reclamado duramente na semana passada da... de um
certo esvaziamento da Comissão de Direitos Humanos, porque a
afluência, a participação na comissão, mesmo compreendendo que
nós temos que trabalhar e prestar os nossos serviços em cada uma
das comissões da Casa, todos nós temos responsabilidade com isso...
Mas eu lastimei, registrei aqui um pronunciamento muito claro e
direto e... Quanto ao esvaziamento da Comissão de Direitos
Humanos, ao ponto de não termos condições de votar aqui vários
projetos importantes para a cidadania, importantes para a causa dos
Direitos Humanos, que não têm sido apreciados simplesmente por
falta de quórum. E fiz, naquela ocasião, um... uma solicitação ao
nosso Presidente, Senador Cristovam Buarque, para que, em nome
de todos nós, fizesse um pronunciamento convidando a que todos
líderes, não só trabalhasse para que os membros dessa comissão
aqui comparecessem, sejam titulares ou suplentes, mas também um
apelo para que as vagas... Eu estava olhando no conjunto das
comissões no Senado, e esta é a comissão em que há quatro
titularidades vagas, o que demonstra, a meu ver, um certo
desprestígio para a comissão e para a causa dos Direitos Humanos.
Então, aproveitando aqui a presença de vários ilustres colegas
que compõem esta comissão, é um apelo mesmo de que possamos
reforçar a nossa presença, a nossa participação, sem o prejuízo de
que o nosso Presidente, segundo sugestão aqui apresentada, possa
fazer uma conclamação no próprio plenário ao conjunto da Casa, ao
conjunto dos membros dessa comissão para uma participação efetiva
no nosso trabalho, tendo em vista que todas as comissões são
importantes e que devem ser tratadas com a atenção e o zelo com
que nós desenvolvemos as nossas atividades aqui no Congresso
Nacional.
Em relação à sugestão para que possamos escutar um membro,
o representante dos membros da Cooperativa Habitacional de São
Paulo, que é fruto aí de denúncias, de fatos graves, etc., eu creio, Sr.
Presidente, que nós poderíamos trabalhar no seguinte sentido: como
não há requerimento aprovado sobre o assunto, eu sugiro o
encaminhamento que seja ouvir o representante por 10 minutos ou
15 minutos, e prestar os esclarecimentos se vão esses... as suas
declarações como elemento, como subsídio para o aprofundamento
de investigação a respeito do tema, e creio, eu creio que a
comissão... Eu soube que está sendo apresentado requerimento –
não sei se o Senador Alvaro Dias confirma isso –, requerimento com
o mesmo teor em várias comissões: Comissão de Constituição e
Justiça, Comissão de Meio Ambiente, Fiscalização e Controle.
Então, a minha sugestão era que pudéssemos fazer um acordo
para ouvir, sim, os que querem depor, que vão... Sobre o assunto, de
ambos os lados, as partes, na Comissão de Fiscalização, que seria...
Todas as comissões do Senado podem ouvir, e, especialmente, a
Comissão de Direitos Humanos não pode se recusar a ouvir qualquer
que seja o fato trazido à nossa consideração. Porém, se tem aqui um
membro da cooperativa, o advogado, que possa dar esclarecimentos,
mas fizesse aqui um acordo, e eu proponho isso publicamente,
Senador Arthur Virgílio, como líder do PSDB, que nós pudéssemos
tratar esse assunto em uma única comissão, todos convidados,
convocados para dar esclarecimento, o fossem na Comissão de
Fiscalização e Controle o compromisso de aprovar lá, buscar
aprovação de um requerimento para que todos pontos sejam
colocados claramente e, assim, buscar o esclarecimento.
Concordando, então, com o encaminhamento, Sr. Presidente,
de ouvir um representante da cooperativa apenas com um
depoimento livre aqui da Comissão e--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Calma, calma.
Senador Nery--
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Está o requerimento
aprovado? É essa a minha pergunta.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Nery, eu acho.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Eu estava falando a partir,
Senador Alvaro Dias... Não, que não havia requerimento aprovado
para tratar do assunto, por isso que estou fazendo essa sugestão.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu acho sua sugestão muito procedente, sobretudo no que se
refere a um acordo para haver uma audiência, de fato, até para que a
gente ouça também o advogado dessa entidade também, para que
ouça os dirigentes dessa entidade.
Agora, eu acho que só um falar eu acho pouco. Eu acho que a
gente deveria deixar falar o advogado, que é representante legal,
mas também um ou dois dos próprios cooperados, porque eles
próprios devem ter o seu sofrimento pessoal, o seu sentimento.
Então, a gente daria a palavra a três: o advogado, e eles escolhem
dois mais. Mais que isso, de fato, emperraria os trabalhos da
comissão e concentraria só neste assunto.
Agora, eu lembro a outra parte, que é muito importante, de que
façamos um acordo para que haja uma audiência, até numa comissão
mais apropriada, e com todas as partes, não só com a parte dos
cooperados, mas também dos dirigentes.
Eu passo a palavra então ao Dr. Walter Picazio.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Sr. Presidente, me
permita.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Paim, diga.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Todos sabem que eu não
enrolo, eu não falo duas horas, até porque eu quero ouvir mesmo,
pela decisão tomada por V. Exa., o representante da cooperativa,
enfim, daqueles que se sentiram lesados. Acho que é mais do que
justo. Quero cumprimentar V. Exa. pela decisão já tomada e pelo
encaminhamento feito, que eu entendi que é acordo. A gente vai
ouvir o advogado e mais dois cidadãos que foram prejudicados, sem
prejuízo, sem prejuízo, eu quero me somar a essa decisão aqui, que
eu entendi que está sendo construída, de termos um debate na
comissão adequada, sem prejuízo da Comissão de Direitos Humanos
estar lá inclusive, para debater esse tema.
Eu discordo daqueles que disseram, e disseram para mim nos
corredores, que se prepare que vai ser um debate político partidário
visando as eleições de 2010. Eu não estou aqui com esse espírito. Eu
estou aqui com um único espírito: de defender os interesses daqueles
que se sentiram prejudicados.
Então, fiquem tranquilos os que vão falar, nós vamos ouvir aqui
os três depoimentos. Acho que o encaminhamento dado, no meu
entendimento, muito correto; e, num segundo momento, vamos
ouvir as partes envolvidas, para que a gente possa, no fim das
Audiências Públicas, que esse é o objetivo, atender os interesses dos
mutuários que, até o momento, se dizem prejudicados, e é
importante ouvi-los. Só isso. E estou aqui para ouvir.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Então, com a palavra o Dr. Walter Picazio.
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Me permita, Sr.
Presidente?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Papaléo, vamos ouvir--
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Sr. Presidente,
acabamos de completar o quórum, e eu vejo que é prudente solicitar
a V. Exa. a inclusão extrapauta do meu requerimento para nós
fazermos logo a votação, visto que o quórum está completado com
11 membros da comissão.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu quero dizer que se nós formos votar agora vai ter que
colocar o que está na pauta antes. E eu mesmo não vou... Eu não
vou tirar da pauta os seis meninos desaparecidos de Luziânia.
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Não, não, não é isso,
Sr. Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Então vamos ouvir--
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): É só inversão de
pauta.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: É só inclusão.
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Só inclusão, inclusão,
e, se for possível, inversão.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Então muito bem. Então...
Estamos abrindo a sessão já, porque há quórum. Eu dou,
portanto, declaro aberta a 6a Reunião Extraordinária da Comissão
Permanente de Direitos Humanos e Legislação Participativa, da 4a
Sessão Legislativa Ordinária, da 53a Legislatura.
Solicito a dispensa da leitura da Ata da reunião anterior. Coloco
em votação. Os que estiverem de acordo permaneçam como se
encontram.
Está aprovada.
Então, está aberta a sessão. Eu começo pedindo ao Deputado...
Desculpe, ao advogado Walter Picazio Júnior que, durante 10
minutos, faça sua exposição.
E eu consulto quais serão os dois outros que falarão.
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Bom-dia...
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Presidente, qual foi a
decisão de V. Exa.? Eu acho que V. Exa., antes de começar a ouvir,
devia votar a pauta. Acho que, rapidamente, se vota a pauta, e aí
ficaríamos livres o resto de manhã para ouvir as pessoas que vieram
dizer das suas condições, que foram lesadas.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu consulto os senadores, se nós ouvimos aqueles que vieram
nos visitar, que já estão aqui há uma hora e 20 minutos, ou se
fazemos--
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): A pauta vai ser
rápida.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, pela
ordem.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): A pauta é rápida.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Pela ordem, Sr.
Presidente.
Sr. Presidente, pela ordem.
[falas sobrepostas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Pela ordem, Senador Heráclito pediu primeiro; depois o
Senador...
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): A inversão, a
proposta que faço é apenas um requerimento, em cinco minutos está
resolvido--
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Menos.
SENADOR JOSÉ AGRIPINO (DEM-RN): Sr. Presidente, pela
ordem.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu, sinceramente, acho que colocar esse assunto antes de seis
meninos desaparecidos há três meses--
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Vamos voltar aos
meninos desaparecidos--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): --essa comissão não está sendo correta.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Vamos votar os
meninos desaparecidos.
[falas sobrepostas]
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Isso é uma... Há uma
concordância total. Não tem--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu consulto os senadores--
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, eu
queria... Sr. Presidente
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): A palavra com o Senador Nery.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, Senador
Cristovam Buarque, Sras. e Srs. Senadores.
Em razão inclusive da postura que apresentei aqui a semana
passada, criticando duramente o desprestígio, a falta de participação
na Comissão de Direitos Humanos...
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): É verdade.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Solicitei a V. Exa--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): É verdade.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): --que fizéssemos um
chamamento ao conjunto de todos nós, no plenário, todos os
partidos, todos os membros titulares e suplentes dessa comissão –
está registrado aí--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Está registrado.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): --tal qual... Então, eu,
sendo... Acho aqui que precisava aproveitar a ocasião, inclusive, Sr.
Presidente, para colocar em pauta os projetos que são
importantíssimos... Eu fazia inclusive questão de dizer: “Como é que
um projeto de uma luta que me dedico, Senador Arthur Virgílio, que
trata da proibição de contratação de serviços de pessoas ligadas à
escravidão contemporânea...”
Então, a sugestão, Sr. Presidente, é que o encaminhamento
que V. Exa. há pouco sugeriu, vamos ouvir os prejudicados, os que
estão denunciando graves violações de direitos, que vêm aqui à
busca de um apoio dessa comissão, e nós não podemos aqui deixar
de ouvi-los. Vamos escutá-los e vamos escutar a todos numa outra...
Na Comissão de Fiscalização, que me parece que há um requerimento
lá propondo isso, eu não sei nem de quem é a autoria.
Agora, aqui ouvimos os prejudicados. Creio que é nossa
obrigação fazer isso agora, tal qual V. Exa. acabou de encaminhar. E,
em seguida, possamos nós aqui aprovar os requerimentos e alguns
projetos que estão na pauta há meses e não votamos porque não há
quórum nesta comissão.
Eu creio que podíamos fazer, atender ao pleito dos que estão
aqui trazendo o seu clamor para ver atendido o seu direito à moradia,
digno e correto, tal qual V. Exa. há pouco propôs, e, em seguida,
votaremos requerimentos e começamos a esgotar a pauta, que tem
mais de 30 projetos esperando votação nesta comissão, que não tem
sido dada--
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Sr. Presidente.
Pela ordem, Sr. Presidente.
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Democraticamente,
não seria a palavra forte e segura do Senador Nery que iria decidir a
maioria. Não, ele concorda votar o requerimento depois de ouvir os...
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Não, não, não, ele aceitou--
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Então eu quero dizer
que concordo, então, com a palavra forte e segura do Senador Nery,
no sentido de que nós passamos a decisão. Só botar em votação:
vota antes o requerimento? Vota. A votação. Então, o plenário é
maioria--
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Sr. Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador José Agripino está com a palavra.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Sr. Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador José Agripino.
SENADOR JOSÉ AGRIPINO (DEM-RN): Sr. Presidente, eu
queria fazer uma ponderação. Já foi muito colocado, já foi
exaustivamente colocado que é difícil conseguir quórum nessa
comissão. V. Exa. tem uma pauta. Eu sugeriria que V. Exa. votasse
rapidamente, e eu proponho que sem discussão. As pessoas já sabem
qual é o voto que tem. Votar rapidamente, sem discussões maiores a
pauta que V. Exa. tem sobre a mesa, incluindo o requerimento.
Feito isso, rapidamente nós exauriríamos a pauta que está
posta e passaríamos a ouvir o depoimento das pessoas que vieram
nos informar o comportamento da BANCOOP.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Sr. Presidente.
SENADOR JOSÉ AGRIPINO (DEM-RN): É a proposta que
faço a V. Exa., aproveitar o quórum, rapidamente colocarmos em
votação, votarmos até com a discussão devida, abreviada, e
iniciarmos a pauta de audiências com as pessoas que vem falar sobre
a BANCOOP.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Sr. Presidente.
Sr. Presidente. Sr. Presidente. De maneira bastante telegráfica.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Arthur Virgílio.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): O que vou dizer,
Sr. Presidente... Sr. Presidente, o que vou dizer responsabiliza a
todos nós. Vamos ser bem claros. As matérias, outras, elas não têm
sido aprovadas por falta de quórum, e nós estamos aqui para garantir
o quórum, para exaurir essa pauta.
A audiência, a oitiva dos representantes dos lesados, no caso
BANCOOP, obviamente que ela é relevante. Agora, vamos ser bem
claros para nós não passarmos, nem V. Exa. nem nós, uma imagem
falsa para a nação. Ou nós votamos esse requerimento agora ou nós
não o votaremos. Eu digo isso com a experiência de quem conhece
essa Casa do avesso. Ou nós votamos agora ou vamos ter que ficar
inventando desculpas pelo fato de não termos cumprido com o nosso
dever. E eu não consigo ver que bicho de sete cabeças é esse que
nos impede de simplesmente dizer: “Vamos votar as crianças, vamos
exaurir a pauta toda”, até porque ninguém em sã consciência é
contra defender crianças desaparecidas. Mas eu tenho visto que
gente em sã consciência ou em sã inconsciência é contra apurar para
valer esse caso BANCOOP. Ou seja, ou nós votamos isso agora ou
talvez não votemos, e não vamos ficar bem, nós todos, no conjunto,
de V. Exa. ao mais humilde membro dessa comissão, como é o meu
caso. Não vamos ficar bem perante a opinião pública se tivermos, de
alguma forma, contribuído para protelar um assunto que mexe tão de
perto com vida de pessoas.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Sr. Presidente, para ajudar
no encaminhamento.
[palmas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu vou colocar em votação tanto a inclusão da pauta como o
encaminhamento, mas, antes, o Senador Paim pediu a palavra.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Sr. Presidente, eu quero,
mais uma vez, insistir que aqui fiquem tranquilos meus companheiros
lá atrás, que batem palmas, e eu duvido que tenha um aqui que não
esteja do lado de vocês. Quanto a isso fique tranquilo. Aqui não,
repito de novo, aqui não é um debate de oposição contra situação.
Então, para ajudar no encaminhamento de forma direta, Sr.
Presidente, que votamos, então, todos requerimentos. Isso é rápido.
Para mim não tem... A ordem de preferência não se preocupa, e que,
depois dos requerimentos, a gente ouça, então, os nossos três
convidados, depois vamos para a nossa pauta, com a maior
tranquilidade.
Eu só quero que a gente respeite na votação dos
requerimentos, que a gente, ao aprovar, seja requerimento que ouça
as partes. Isso tem que ser garantido para o bom andamento do
debate que nós teremos na sessão subsequente que seria marcada,
calculo eu, por V. Exa..
Então, tranquilamente votamos, se depender de mim.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Bem, eu ponho em votação a inclusão de mais um requerimento
do Senador Papaléo e o encaminhamento, no sentido de votarmos a
pauta, que é curta, o requerimento do Senador Papaléo, e, depois,
então, ouvimos as pessoas. Os que estiverem de acordo permaneçam
como estão.
Vamos fazer assim.
Então, pela ordem da pauta... Vamos começar com o
requerimento assinado por mim que “requer realização de Audiência
Pública no âmbito dessa Comissão de Direitos Humanos e Legislação
Participativa, com a finalidade de discutir o desaparecimento de seis
jovens em Luziânia, no Estado de Goiás. Serão convidadas as mães
dos seis jovens para prestar esclarecimentos e ajudar na elucidação
dos fatos, bem como as duas autoridades mais importantes e
diretamente relacionadas ao caso. Mães de jovens desaparecidos em
Luziânia: Aldenira Alves, mãe de Diego Alves Rodrigues, 13 anos;
Sônia Vieira Azevedo, mãe de Paulo Victor Vieira de Azevedo Lima,
16 anos; Valdirene Fernandes, mãe de Flávio Augusto Fernandes dos
Santos, 14 anos; Cirlene Gomes, mãe de George Rabelo dos Santos,
17 anos; Marisa Pinto Lopes, mãe de Divino Luiz Lopes da Silva, 16
anos; Maria Lúcia, mãe de Márcio Lopes, 19 anos; Luis Paulo... São
as mães. Agora, também, o Ministro da Justiça Luis Paulo Barreto
Teles e o Secretário de Segurança Pública do Estado de Goiás,
Ernesto Roller.”
Eu coloco em votação, querendo saber se alguém quer fazer
algum comentário.
Não havendo comentários, eu ponho em votação. Os que
estiverem de acordo permaneçam como estão.
Está aprovado.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, apesar de
aprovado, sugeriria a V. Exa. que solicitasse, antes mesmo da
realização dessa Audiência Pública sobre a questão das crianças
desaparecidas, nós que fomos em comissão... Oito senadores fomos
a Goiás tratar desse assunto, e as autoridades policiais do Estado de
Goiás ficaram de nos colocar a par a cada momento das etapas da
investigação. Então gostaria que V. Exa. solicitasse formalmente ao
secretário de Segurança Pública de Goiás estas informações, antes
mesmo que eles venham aqui, na data que vai ser agendada esta
reunião, essa Audiência Pública.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Está aceita a sua sugestão--
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Eu creio que ele está na
lista de convidados aqui, eu não percebi, o Secretário de Segurança
Pública. Está. Está.
Mas que envie formalmente, porque foi um compromisso do
Delegado-Geral da Polícia Civil de Goiás. Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Segundo Requerimento: “Requer a realização de Audiência
Pública dessa comissão para debater a saúde do idoso na composição
das PPPs - Parceria Pública-Privada. Para tanto, gostaríamos que
fossem convidados a Coordenação-Geral dos Direitos do Idoso da
Presidência da República, representante do hospital SEPACO/SP,
representante do Ministério da Saúde e outros a serem indicados,
posteriormente, pela secretaria dessa comissão.”
Esse é um Requerimento de autoria do Senador Paulo Paim,
que eu coloco em discussão. Senador Paim.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Sr. Presidente, só duas
palavras.
Eu estive lá em São Paulo e vi a experiência do SEPACO e achei
muito interessante. Eles têm lá uma atenção em relação ao idoso,
aquilo que eu chamo uma atuação preventiva, e não somente depois
que o plano de saúde deles, quando o idoso está acometido já da
doença, chama então para operar e para fazer o tratamento. Por isso
essa experiência muito rica de uma parceria pública-privada que
existe lá em São Paulo e eu quero trazer aqui para essa comissão
onde presido a submissão do idoso.
Então, seriam esses os argumentos para que a gente faça a
Audiência Pública. Era isso e obrigado, Sr. Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu ponho em votação. Os que estiverem de acordo
permaneçam como estão.
Está aprovado.
Terceiro Requerimento e último da pauta normal. “Requer a
criação da Subcomissão Permanente da Criança, do Adolescente, da
Juventude e do Idoso, composta com cinco membros titulares e cinco
suplentes, no âmbito dessa Comissão de Direitos Humanos e
Legislação Participativa. A criação dessa submissão implicará na
extinção da Subcomissão permanente da criança, do Adolescente e
da Juventude e a extinção da Subcomissão Permanente do Idoso.”
Eu ponho em discussão.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Sr. Presidente,
rapidamente.
Na verdade, vamos fazer a fusão da Submissão do Idoso, que
eu presido, com a Submissão da Criança e Adolescente, introduzindo
agora também a questão da juventude, para que a gente possa
tratar, e vem ao complemento, que V. Exa. mesmo propôs, da
criança ao idoso, na mesma comissão, aqui, neste espaço de
submissão. Era só isso.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Bem, extrapauta vamos ter dois: o do Senador Papaléo e esse
que eu leio aqui.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): [pronunciamento fora do
microfone]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Sim.
Eu ponho em votação. Aqueles que estiverem de acordo
permaneçam como estão.
Está aprovado.
“Requerimento, nos termos do inciso II, do art. 93, do
Regimento Interno do Senado Federal, eu requeiro, sugiro a
realização de Audiência Pública para debater e discutir as atribuições,
responsabilidades e compensações dos conselhos e conselheiros
titulares no âmbito dessa comissão. Por todo exposto, sugiro
convidar as autoridades abaixo: O Dr. Carlos Nicodemos, que é
consultor do CONANDA; o Dr. Oto de Quadros, que é Secretário-
Executivo do Fórum Nacional dos Direitos da Criança e do
Adolescente; o Dr. Paulo Roberto dos Santos, Relações Institucionais
do Fórum Colegiado Nacional dos Conselhos Tutelares; a Dra.
Carmen Oliveira, Presidente do CONANDA; a Dra. Tânia Cubiça,
Presidente da Associação dos Conselheiros Tutelares do Estado do Rio
de Janeiro; e a Dra. Liliane Gomes da Costa, Presidente da
Associação de Conselhos Tutelares do Município do Rio de Janeiro.”
Eu ponho em discussão.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, eu não
compreendi direito o sentido da realização da audiência. Por favor...
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O sentido é discutir a situação dos conselhos tutelares em todo
o Brasil.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Conselhos tutelares em
todo o Brasil. Em relação à questão da...?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Do atendimento, das instalações, dos equipamentos... Tudo
isso.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Está discutindo, Sr.
Presidente.
O senhor lembra que eu apresentei uma emenda de comissão
prevendo que nós destinássemos 50 milhões de reais para a
estruturação, funcionamento e capacitação de conselhos tutelares de
todo o Brasil. Essa emenda, infelizmente, não foi aprovada no âmbito
dessa comissão, que seria uma das cinco emendas que nós devíamos
priorizar. Acho que inclusive poderíamos fazer nesse debate, nessa
audiência, o compromisso de que uma das emendas de comissão
para o orçamento de 2011 seja o compromisso de um aporte de
recurso para fortalecer os conselhos tutelares em todo o Brasil, e
dizer a todos, eu tentei igual iniciativa na minha bancada do Estado
do Pará. Uma emenda de bancada de 25 milhões ou 20 milhões, me
parece, só para o Estado do Pará, Senador Flexa Ribeiro, mas,
infelizmente, nós não tivemos êxito no acolhimento também desse
pleito.
Portanto, acho fundamental esse debate para fortalecer,
preparar e melhor organizar os nossos conselhos tutelares, em todo
país. Portanto, considero fundamental a aprovação desse
requerimento. Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Bem, então... Em votação. Os que estiverem de acordo
permaneçam como estão.
Está aprovado.
Vamos ao requerimento do Senador Papaléo, que deu entrada
extrapauta. Ele diz:
“Requeiro nos termos do art. 90, inciso V, do art. 102(F), do
Regimento Interno do Senado Federal, sejam convidados Promotor
de Justiça José Carlos Blat, Sr. Lúcio Bolonha Funaro e o Sr. João
Vaccari Neto a comparecerem perante essa comissão, em dias
alternados, com o objetivo de esclarecer as irregularidades que
envolvem aplicação de recursos dos fundos de pensão da Previ, do
Funcef, da Petros, na BANCOOP – Cooperativa Habitacional dos
Bancários, com graves prejuízos aos cooperados.
A justificativa.
O Ministério Público de São Paulo finalizou a investigação,
comandada pelo Promotor de Justiça José Carlos Blat, envolvendo a
Cooperativa Habitacional dos Bancários – BANCOOP, na qual foram
identificadas movimentações financeiras fraudulentas que serviram
inclusive para mascarar o desvio de dinheiro para o caixa dois de
campanhas eleitorais.
A BANCOOP teria sido socorrida em 2004, por uma imprudente
aplicação de recursos, no montante de 26 milhões, patrocinado pelos
fundos de pensão da Previ, Petros e Funcef. O Ministério Público
afirma que os dirigentes da BANCOOP, notadamente os diretores
financeiros e ex-Presidente João Vaccari Neto, por meio de empresa
de fachada, operaram esquema de desvio de dinheiro para
campanhas eleitorais que incluíam, até mesmo, a extorsão de
empresas que eram responsáveis pela construção das obras para que
financiassem ilegalmente políticos por eles indicados.
O esquema de desvio de dinheiro dos fundos de pensão,
comandado por João Vaccari Neto – continuo lendo a justificativa do
Senador Papaléo – foi descrito em detalhes à Procuradoria-Geral da
República pelo corretor de câmbio Lúcio Bolonha Funaro, que
apresentou nomes, valores, datas, documentos bancários, bem como
forneceu pormenores – está coberta aqui uma parte – e expedientes
utilizados para canalização de recursos.
Segundo noticiaram os principais periódicos e publicações
nacionais, notadamente a revista semanal Veja, em matéria assinada
pela jornalista Laura Diniz, o Ministério Público de São Paulo, após
três anos de investigações, conseguiu desvendar uma sofisticada
organização criminosa que operava em intermédio do BANCOOP.
Centenas de família foram lesadas pelo esquema fraudulento,
desvendado pelo Ministério Público de São Paulo, para as quais o
sonho da casa própria transformou-se em pesadelo em episódio que
caracteriza desrespeito flagrante ao consumidor em [ininteligível]
dinheiro público.
Nesse contexto, diante da gravidade dos fatos [ininteligível]
delituoso, percorrido por essa cooperativa, por intermédio de seu
dirigente, torna-se imprescindível colher do Promotor de Justiça José
Carlos Blat, do corretor de câmbio Lúcio Funaro e do ex-Presidente
João Vaccari Neto informações pertinentes ao caso, no intuito de
auxiliar essa comissão no cumprimento de suas atribuições”. Sala da
comissão. Assina Senador Papaléo Paes.
Antes de abrir a palavra para discussões, eu quero dizer que eu
conversei hoje com a Senadora Ideli, vindo para cá, e ela, sabendo
dessa reunião, ela me comunicou que o governo quer fazer uma
audiência na Comissão de Fiscalização e Controle, que inclusive é
algo muito mais natural. Eu assumi com ela que, diante desse
compromisso dela, poderia até justificar--
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Faremos em
conjunto, Sr. Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): --não votar aqui. Mas, mas se esse requerimento vem com esta
condição de que havendo o requerimento, aprovado na comissão
deles--
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Junta as duas.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): --juntaria as duas ou fazia separado.
Então, o que eu quero--
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Totalmente de acordo,
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O que eu quero é que, nesse requerimento, esteja aprovado
que, havendo, lá, como a Senadora Ideli confirmou comigo, faz em
conjunto. Só quero ter esse acordo.
[falas sobrepostas]
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Eu faço esse
complemento no meu requerimento--
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Isso, sessão conjunta.
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): --havendo sessão na
Comissão de Fiscalização e Controle sobre o mesmo assunto, que nós
façamos em conjunto.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Então faz parte do requerimento, e fica anotado na Ata.
Então, eu abro a discussões.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Eu não vou nem discutir.
Eu quero concordar já com o encaminhamento, que eu entendo que
vai ser consenso no plenário.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Presidente,
aprovando lá--
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Só assegurar, e eu sei que
todos vão assegurar, mas quero garantir que as duas partes serão
convidadas.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Presidente,
aprovando lá, juntamos. Não aprovando--
[falas sobrepostas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): A palavra está com o Senador Paim ainda. Senador Paim,
conclua.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Já me alertaram aqui os
meus amigos senadores que, no requerimento, já consta. Se não
constasse, eu ia pedir que as duas partes fossem convidadas para
fazermos o contraditório e o bom debate.
[falas sobrepostas]
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Não aprovando
lá, faz aqui? Aprovando lá, faz as duas?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Não aprovando lá, faz aqui.
[falas sobrepostas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Mas eu nem imagino que não haja lá, porque é um
compromisso da Senadora Ideli comigo.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Vamos votar,
Presidente. Vamos votar.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Não, não posso imaginar. Será feito lá.
Agora, vai ser aprovado aqui, obviamente. Se não houver lá,
será aprovado aqui. Eu só quero ler os nomes aqui para ver se o
Senador Paim está satisfeito, quando fala nas outras. Aqui tem três
nomes: José Carlos Blat, Luis Bolonha Funaro e João Vaccari Neto.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Eu introduzi aqui, nesse
momento, tem outros que possamos indicar, o Pedro Dallari, que é o
advogado da... para que ele responda.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Pedro Dallari.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Da nossa parte não
há...
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Sr. Presidente, eu queria
só que ficasse claro: audiência conjunta... Se caso não aprovarem lá,
eu concordo, sim, que se faça aqui.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Exatamente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Só uma pergunta ao Senador Papaléo, que a assessoria me
chamou atenção. É uma para os três. Não são três sessões.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): É separadamente.
SENADOR PAPALÉO PAES (PSDB-AP): Não, alternadas.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Por que alternadamente? Por que não ouvimos os três de uma
vez?
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Aí é acareação. Isso aí
é acareação. É alternadamente.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): O requerimento
está claro, Sr. Presidente. Dias alternados.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): A acareação se faz se
houver necessidade depois de ouvi-los separadamente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Então vão ter que ganhar lá também isso.
[falas sobrepostas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Vai ter que ganhar lá também isso. Nós vamos fazer da mesma
forma da Comissão de Fiscalização e Controle: se não fizerem,
fazemos aqui. Mas eu nem imagino que será necessário, porque a
palavra da Senadora Ideli merece todo respeito.
Não havendo mais nenhum pronunciamento, eu ponho em
votação. Os que estiverem de acordo permaneçam como estão.
Está aprovado.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Muito bem. Muito
obrigado, Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Agora, finalmente, pedindo desculpas aos visitantes, eu passo a
palavra, porque eu estou curioso para ouvir ao Dr. Walter Picazio
Júnior, e pergunto quais são os outros dois que falarão aqui.
Dr. Walter. Dr. Walter, por favor.
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Bom-dia.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O senhor tem 10 minutos.
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Bom-dia--
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Presidente. Me desculpe,
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O Senador Paim que vai.
Desculpe, mas aqui os senadores têm primazia.
SENADOR PAULO PAIM (PT-RS): Me desculpe. Presidente,
estou com um problema. A Senadora Rosalba Ciarlini, que é do PSDB
e minha presidente na Comissão de Assuntos Sociais, está viajando
para o exterior e me pediu para que eu presidisse a Comissão de
Assuntos Sociais. Eu vou ter que ir para lá, presidir. Senador José
Nery não sei se vai poder ficar... É que não fica ninguém aí do outro
lado.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, eu queria
fazer um apelo--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Silêncio. Peço silêncio. [soa a campainha].
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Eu queria fazer um apelo
para que nós, ou pelo menos a maioria que aprovou os
requerimentos todos, que hoje... Porque o que eu estou falando aqui
tem coerência com minha cobrança feita semana passada, Senador
Papaléo. A cobrança que fiz da presença nessa Comissão de Direitos
Humanos.
Então, sugeriria que déssemos atenção aos que vão expor.
Claro que não vamos aqui querer que todo o conjunto que estava
aqui que aprovou o requerimento fique aqui, mas é importante que
haja o acompanhamento dos depoimentos.
Dizer a V. Exa. também que estou convidado para participar de
uma reunião da Comissão Nacional pela Erradicação do Trabalho
Escravo, que se realiza nesse momento, portanto ficarei no início do
depoimento, depois me retirarei para esse compromisso. Mas acho
que o conjunto da comissão deveria observar os importantes
depoimentos que vão ser aqui apresentados nesta comissão. Muito
obrigado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): [soa a campainha]. Eu quero insistir no silêncio--
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Presidente, vamos
iniciar.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): --para ouvirmos o Dr. Walter, com todo respeito.
E faço minhas as palavras do Senador Nery, que era bom que
todos senadores permanecessem aqui.
Eu vou cancelar tudo, até por uma grande curiosidade que
estou diante desse fato, para não ficar apenas pela mídia e ouvir
diretamente os interessados.
Dr. Walter, o senhor tem 10 minutos.
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Bom-dia, Srs. Senadores.
Bom-dia aos--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Não, acho que não está funcionando. Tem que apertar...
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Está funcionando?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Está funcionando agora.
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Bom-dia, Exmos. Senadores.
Bom-dia aos representantes das associações--
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Pedir ao técnico de
som aí que aumente o volume.
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Bom-dia aos representantes
das associações dos mutuários e lesados pela BANCOOP.
Eu vou procurar ser bastante objetivo, aqui, até para ceder, de
repente, se for o caso, parte do meu tempo aos próprios--
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Presidente, pela
ordem. Ele não pode falar [interrupção no áudio].
SENADOR MÃO SANTA (PSC-PI): Não, é importante a
fisionomia.
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): A gente fica vendo.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Não tem nenhum problema. Se os senadores quiserem, não tem
nenhum problema.
SENADOR MÃO SANTA (PSC-PI): Há necessidade. A
expressão fisionômica fala mais do que a voz, o olhar e a firmeza.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): O Mão Santa quer ler
no rosto.
SENADOR MÃO SANTA (PSC-PI): Sou professor aqui de
biologia do Senado, psicologia.
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Assim fica melhor.
SENADOR MÃO SANTA (PSC-PI): Primeiro, o senhor nasceu
aonde?
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Eu nasci em São Paulo.
SENADOR MÃO SANTA (PSC-PI): Paulista, não é?
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Bom-dia a todos. Meu nome
é Walter Picazio Júnior, eu sou advogado, represento centenas de
famílias lesadas pela BANCOOP, e vou procurar ser aqui o mais breve
possível, traçando um panorama geral do histórico do que aconteceu
e da atual situação em que se encontram essas pessoas, a situação
de lesão e de verdadeiro caos.
A BANCOOP, ela foi criada em 1996, pelo, então, Presidente do
Sindicato dos Bancários de São Paulo, o Sr. Ricardo Berzoini. A partir
daí, ela tinha proposta de oferecer imóveis a preços atrativos a um
mercado indistinto, ao público em geral.
Então, lançou 51 empreendimentos imobiliários até hoje, dos
quais 18 foram entregues, 20 estão inacabados e 13 sequer saíram
do papel. Dos empreendimentos que estão entregues, raros os
imóveis que têm registro perante o registro imobiliário. Alguns ainda
a irresponsabilidade administrativa chega a tanto que nem mesmo o
terreno onde moram, onde habitam centenas de famílias está nem no
nome da BANCOOP. Esses terrenos estão ainda em nome dos
vendedores que reclamam também a inadimplência da BANCOOP em
relação ao pagamento desses terrenos.
Em agosto de 2004, a BANCOOP recebeu um aporte financeiro
no valor de 42 milhões e 500 mil reais provenientes de fundos de
pensão estatais, onde os investidores, através de uma operação
financeira de adiantamento de recebíveis, fundos de pensão como
Petros, Previ e Funcef aportaram, na cooperativa, cerca de 42,5
milhões de reais.
Em dezembro de 2004, após o falecimento do então presidente
da entidade, o Sr. Luis Malheiro, e a Assunção da presidência de
forma interina pelo Sr. João Vaccari, a BANCOOP apresentou contas
onde, mesmo nada tendo sido construído nesse período, esse
dinheiro já havia desaparecido do caixa da cooperativa, sem
construção de unidades.
A BANCOOP lançou, então, a partir daí, de... a partir de 2006, a
BANCOOP passou a lançar na conta dessas pessoas que haviam
adquirido imóvel o custo do rombo financeiro que se havia constatado
na entidade, alegando que todos ali eram sócios e, como sócios,
deveriam, então, contribuir com esses prejuízos.
Na verdade, existiam empresas que... cujos sócios dessas
empresas eram os próprios dirigentes da BANCOOP, que, sob
pretexto de uma prestação de serviços, recebiam pagamentos
milionários da própria BANCOOP, em prejuízo dos cooperados e em
detrimento de lucro financeiro desses(F) dirigentes da entidade. O
destino desse lucro financeiro dessas empresas, especialmente
Germany Construtora e Mirante Artefatos de Concreto, é objeto da
investigação em curso com o Dr. Blat, do Ministério Público de São
Paulo.
Desses empreendimentos inacabados, cerca de três mil famílias
estão sem receber as suas casas, sendo que, das que receberam,
nenhuma tem escritura, e que se tornam eternos reféns da
famigerada cobrança da BANCOOP, eterna cobrança onde leva esses
cooperados a proporem ações na justiça, a fim de resguardar o
direito até mesmo de moradia, até mesmo de permanecer nesses
imóveis, porque a BANCOOP, ela além de tudo ela ingressa no
judiciário com ações de reintegração de posse, ameaçando desalojar
essas famílias das suas moradias, sob o pretexto de que elas
estariam inadimplentes.
Essa inadimplência, esse resíduo, esse erro no cálculo que
alega a BANCOOP, em alguns casos ele passa do valor de 100%
inicialmente contratado. Dessas ações judiciais, cujas sentenças são
cerca de 380 decisões já em primeira instância, 180 decisões no
Tribunal de Justiça, cabe aqui destacar o que diz não os cooperados
nem o advogado que os representa e nem mesmo os senadores, mas
o que diz o juiz após a regular instrução processual e após o princípio
do contraditório dado à BANCOOP nesse processo aqui, que é o
Processo 231.663, do ano de 2006, cujo Juiz Airton Pinheiro de
Castro, do Tribunal de Justiça de São Paulo, alegou que “vem aqui a
ré, no caso a BANCOOP, para, descaradamente, refutar a sua
condição de incorporadora do empreendimento. Para tanto, se
valendo dos mais falaciosos argumentos. Há evidência absolutamente
imprestáveis e que apenas desnudam inexorável desvio de finalidade,
seu verdadeiro intuito escuso, qual seja o de promover a autêntica
comercialização de imóveis na condição de incorporadora, o que
efetivamente o é, furtando-se nada obstante aos deveres e
responsabilidades inerentes a tal condição jurídica”. Continua ainda o
mesmo Magistrado... Ao se referir ao saldo residual cobrado pela
BANCOOP, ele sustenta que “nem mesmo em juízo a BANCOOP se
deu ao trabalho de buscar justificar de onde teria surgido esse saldo”.
No ano de 2009, mais precisamente no mês de fevereiro, a
BANCOOP apresentou aos seus cooperados a prestação de contas de
cinco exercícios, de quatro exercícios: 2005, 2006, 2007 e 2008.
Nessa prestação de contas, existem inúmeras ilegalidades apontadas
pela própria auditoria que a BANCOOP contratou. Uma delas é a
confissão de que um milhão e meio de reais foi repassado às
empresas que pertenciam aos próprios dirigentes da BANCOOP, sem
que ao menos tivesse uma contraprestação em serviços, ou seja, sob
a rubrica de adiantamentos a fornecedores.
A justificativa da BANCOOP para esse repasse, para esse
desfalque milionário, em prejuízo desses cooperados, é de que esses
cooperados, esses devedores, no caso empresas que pertenciam aos
próprios dirigentes da entidade, já teriam sido notificados ao
pagamento desse débito.
Cumpre aqui também destacar que a BANCOOP alega existir
um acordo entre ela e o Ministério Público. A bem da verdade, que se
diga que não existe nenhum acordo vigente ou em execução entre a
BANCOOP e o Ministério Público. Houve, sim, um acordo judicial em
uma Ação Civil Pública promovida pelo Ministério Público, cuja
homologação foi objeto de recursos de apelação, inclusive por parte
do próprio Ministério Público, e essa apelação [soa a campainha]
recepcionada com efeito suspensivo encontra-se no Tribunal de
Justiça, onde o próprio Ministério Público, através do parecer do Dr.
Rossini Lopes Jota, recomenda a anulação desse acordo. Então, a
justificativa de que a BANCOOP estaria cumprindo um acordo judicial
com o Ministério Público não passa de uma mentira despudorada,
uma vez que não existe nenhum acordo vigente entre BANCOOP e
Ministério Público. Que isso fique bem claro, que esse acordo
inclusive prevê ainda outras providências as quais não se verifica que
a BANCOOP está cumprindo nenhuma. Então, a situação dos
cooperados é essa, inúmeras decisões judiciais já contra a BANCOOP.
Essas decisões já vêm de longa data, acredito que desde o ano de
2006, 2007, e...
E concluindo, a situação é essa e gostaria agora de que os
cooperados mesmo passassem a expor a situação deles.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Agradeço ao Dr. Walter e temos dois aqui indicados. O Marcos
Migliaccio, que é cooperado do Edifício Cachoeira, e o Eduardo Mazer,
cooperado do Consórcio Vilas da Penha.
Eu convido os dois para virem logo para aqui.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Pela ordem, Sr.
Presidente. Pela ordem, Sr. Presidente.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: [pronunciamento fora do
microfone]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu pedi que me indicassem dois. Vamos ouvir os dois.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Eu vou passar minha vez
para ele.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Ah, sua vez? Não tem problema nenhum.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Pela ordem, Sr.
Presidente.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Sr. Presidente.
Pela ordem, Sr. Presidente.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Pela ordem, Sr.
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Nery e, depois, Senador Heráclito.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu não estou vendo. De tanto que emagreceu já não estou
vendo. Diga senador... Primeiro o Senador Nery.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Sr. Presidente, para
solicitar à comissão um requerimento, na verdade, de aditamento de
convidados para a Audiência Pública, que será realizada amanhã,
nesta Comissão de Direitos Humanos, para discutir o conflito
existente entre as várias representações de garimpeiros de Serra
Pelada, no sul do Pará, Senador Mário Couto.
Amanhã haverá, às 10 horas, essa audiência, e há sugestão de
três nomes para a inclusão nessa... de convidado nessa audiência...
Eu gostaria de solicitar a V. Exa. que, ao final, após ouvir os
representantes da cooperativa, os trabalhadores, os periciados(F) da
BANCOOP, que eles possam, então... que o senhor possa, então,
submeter à apreciação extrapauta um requerimento de aditamento
para convidados à Audiência Pública de amanhã sobre a questão dos
garimpeiros de Serra Pelada. É o requerimento que faço a V. Exa..
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Está bem, senador.
Bem, eu convido então--
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Sr. Presidente--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Heráclito. Desculpe, eu tinha esquecido.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Eu queria apenas
pedir ao Senador Nery, em homenagem ao histórico dos que estão
ali, que fizesse uma pequena correção. Ele disse: “Associação dos
Beneficiados da BANCOOP”. É exatamente ao contrário, dos
prejudicados da BANCOOP. Para ficar bem claro.
[palmas]
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Agora, eu queria
fazer uma...
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): Mas, em tese, em tese,
todos que se associaram e são cooperados buscavam benefícios. É
por isso que é correto chamar dessa forma, Senador Heráclito Fortes.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Mas não vamos discutir isso.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Mas apenas que
não são beneficiados.
Eu queria apenas fazer uma indagação pontual ao advogado,
até para desenvolver perguntas futuras. Dentre os prédios que estão
inacabados, a OS(F) assumiu quantos... a construção de quantos?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Heráclito, o senhor aceitaria--
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Dois empreendimentos.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): O que foi vendido
uma unidade ao Presidente da República e o outro aonde?
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Butantã.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Como?
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Butantã.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): No Butantã?
SR. WALTER PICAZIO JÚNIOR: Isso. No bairro do Butantã,
em São Paulo, zona oeste.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Era um registro,
Sr. Presidente, curioso e importante que eu gostaria de fazer. Muito
obrigado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Vamos ouvir os dois e depois fazemos perguntas, senadores.
Quem é que vem primeiro?
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: [pronunciamento fora do
microfone]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Ah, seria mais um? Ah, sim, no seu lugar. Está bom. Como é o
seu nome?
SR. ANTÔNIO MOLINA: Antônio Molina.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Antônio Migliaccio. Não, esse é Marcos. Tá bom. Antônio Molina.
E onde está o Eduardo Mazer? O Eduardo Mazer é o senhor? Por
favor.
Então, primeiro o Dr. Eduardo (sic) Molina.
SR. ANTÔNIO MOLINA: Não, doutor, não, eu sou cooperado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Cooperado.
SR. ANTÔNIO MOLINA: Eu sou cooperado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Cooperado. Não doutor no sentido de advogado, no sentido de
um diploma ou a deferência, que, no Brasil, a gente chama de doutor
para não chamar de nobre.
SR. ANTÔNIO MOLINA: Está ok, obrigado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Por favor, senhor.
SR. ANTÔNIO MOLINA: Obrigado pelo senador receber a
gente aqui, no Senado.
Eu vou explicar, mais ou menos, de um jeito meio popular de
falar, como estou representando aí 234 famílias do meu
empreendimento, e mais ou menos 8.500 pessoas aí que estão
lesadas pela BANCOOP.
No fato que, no meu empreendimento... Eu vou só falar bem
rápido para não tomar o tempo de todos vocês. O meu
empreendimento foi lançado em 2001, pela BANCOOP, de forma bem
popular ali, com panfletos na rua, com jornais, canal 16, que na
época era Shop Tour, e outros meios de comunicação que levou a nós
a irmos atrás do nosso sonho. Qual era o nosso sonho? Ter a moradia
para nós e para nossos filhos. Só que, infelizmente, hoje, a maioria
dessas famílias não tem nem onde morar. Não é o meu caso, eu
tenho as paredes do meu apartamento lá e eu consigo morar. Mas,
infelizmente, a metade dos moradores do meu condomínio, como
praticamente a metade dos outros moradores de todos outros
empreendimentos não tem nem onde morar. Isso com... a maioria
deles com 100% dos valores pagos.
Hoje eu tenho aqui, e posso apresentar para vocês, o Sr. Oscar,
com doença hoje de tanta luta através... Muito mais luta do que eu,
inclusive, através do seu objetivo de ter sua casa própria, com 100%
de seu apartamento pago e ele... 100% do seu apartamento pago,
conforme o contrato que a gente assumiu na época, em 2001, no
meu caso, e como no meu empreendimento quase todos, 54 parcelas
de valores iguais, está certo? O Sr. Oscar está ali – Sr. Oscar, estou
falando pelo senhor, e estou falando também pela D. Helena e pelo
Marcelo. São duas pessoas que estão ali e tem 100% dos seus
valores pagos perante o contrato que nós assinamos, certo, e eles
não têm nem onde morar. Muitos deles venderam propriedades para
poder quitar, usaram seus Fundo de Garantia, usaram economias de
toda uma vida, de toda uma vida, e não tem onde morar. Estão
morando de favores. Essa que é a realidade, e é só algum de vocês
tentar provar isso e isso vai ser provado.
Então, a gente foi... Nós fizemos contratos de 54 meses com a
BANCOOP, valores iguais. E esses 54 meses foram pagos pelos
moradores mês a mês, rigorosamente, sem falha. Até porque, se
houvesse falha, a partir do terceiro mês, nós estávamos excluídos da
cooperativa, sem saber quando iríamos poder receber o dinheiro já
empregado. Três meses. Após o terceiro débito, estaríamos
excluídos. Muito bem.
Em 2003, o primeiro prédio do nosso condomínio, e isso não é
só do nosso condomínio, eu falo por todos os empreendimentos,
porque todos eles estão praticamente na mesma situação da gente.
Eu estou falando do meu porque eu estou mais presente no meu.
Em 2003, a gente teve o primeiro bloco, de quatro, entregue,
no prazo normal. Parabéns à BANCOOP, cumpriu rigorosamente o
contrato: nós pagando, eles fazendo.
Aí, em 2005, quando era para ser entregue em 2004, foi
entregue a segunda torre, que é onde eu moro, com mais 64
cooperados. Em 2005, então, já com um ano de atraso da segunda
torre, as pessoas começaram a ficar de cabelo em pé, como eu posso
dizer, preocupadas, porque já havia um atraso de um ano quando, no
máximo, podia ser de seis meses perante o contrato que nós
teríamos assinado com eles.
Bom, posteriormente a essa data, por alguns... Uma ou duas
vezes, o Sr. Vaccari Neto compareceu no nosso empreendimento...
Eu estou com a mão levantada ali, foram cinco vezes que o Dr.
Vaccari Neto compareceu no nosso empreendimento para,
supostamente, mostrar para nós que a cooperativa estava em bom
andamento, que a cooperativa estava com todos os seus números
favoráveis para o término dos outros blocos, que faltavam dois blocos
para nós. E, infelizmente, muitos de nós fomos convencidos por
aquele homem.
E passou-se 2006 e nada aconteceu.
Depois de 2006, começamos receber... E volto a afirmar, como
outros empreendimentos, uma palavra que apareceu no nosso
contrato... Não existia no nosso contrato, mas apareceu no contrato
deles, uma palavra chamada aporte. E nesse aporte apareceu um
valor que nós deveríamos pagar, que nós não teríamos que pagar,
nosso contrato estava rigorosamente sido cumprido, com 54 das
parcelas pagas, todos os dias, nas datas corretas. Apareceu esse
aporte. Com a confirmação do Dr. Vaccari Neto, que a obra ia andar
um pouco mais rápido, depois que cinco milhões, notem vocês, cinco
milhões de reais tinham sido emprestados por um empréstimo
solidário da BANCOOP a outros empreendimentos, sendo que esses
cinco milhões eram nosso, do nosso empreendimento, que a gente
estava pagando. Eram contas separadas que deviam existir entre os
condomínios. E esses cinco milhões nunca mais nós vimos eles e,
infelizmente, talvez nunca mais veremos.
Então, foi... Começou aquela batalha de pagar-se um aporte
indevido, que para gente é indevido, e estamos alguns de nós em
juízo para poder não pagar, outros pagando em juízo, para que esse
dinheiro seja revertido, sim, na construção da obra, e não sendo
desviado, quem sabe eu, para pagar talvez advogados com custos
elevados que acredito eu que se existe uma cooperativa e advogados
são contratados para defender a BANCOOP em relação a processos
que os próprios cooperados acham que não devem mais, esses
advogados devem ser pagos, e eles estão sendo pagos por quem?
Pelos próprios cooperados. Então, está saindo mais dinheiro ainda
dos nossos bolsos com advogados que me dizem ser muito
conceituados.
Bom, posteriormente, essas brigas continuaram. Continuaram,
e, em 2006, foi... Igual eu expliquei, foi feito esse aporte, e as obras
não andaram. Não andaram no meu prédio e em outros prédios,
porque as obras praticamente pararam em todos os
empreendimentos, por falta de verbas, que a gente não sabe onde foi
parar essas verbas que nós já tínhamos pago. Muito bem.
De 2007 para 2008 foram começado a colocar alguns blocos
nos apartamentos e foram feito, com essa arrecadação, com essa
arrecadação, de 234 moradores, que alguns deles, sim, pagaram em
juízo, foram feitos apenas metade da laje de uma garagem, metade
da laje de uma garagem e o término de um esqueleto de um bloco.
Quer dizer, estamos hoje, então, com dois blocos acabados e
estamos com os dois blocos apenas os esqueletos, com apenas
algumas paredes externas, porque eu vivo de frente para a obra,
como eu já disse... Eu estou morando lá, graças ao meu bom Deus,
que me deu esse privilégio, não posso falar o mesmo do Sr. Oscar, do
Marcelo e D. Helena. Estou lutando por vocês, e vou continuar até
onde eu puder, se Deus me ajudar. E eu vejo que lá não anda nada.
Meses e meses sem pessoas lá. Meses e meses. E quando eu
encontro um cidadão, que não me lembro o nome agora, num...
numa... Pode falar, doutor, naquela audiência que teve no... que nós
estivemos juntos, um homem aliado à cooperativa, dizendo na frente
do juiz, do juiz, que tudo estava andando bem. E quando um outro
advogado nosso – só um minuto, por gentileza –, quando um outro
advogado nosso pediu para um oficial de justiça, perante ao juiz, que
fosse determinado que fossem na obra para comprovar que isso não
era verdade, que não tinha ninguém trabalhando na obra, não existia
ninguém trabalhando na obra, esse juiz determinou, sim, o oficial de
justiça que ele fosse lá. E ele foi. Ele foi e não encontrou ninguém.
Minto. Encontrou um porteiro, que alegou, sim, que quase há quatro
meses não entrava um funcionário na obra.
Bom, perante tudo isso, nossa obra continua parada, o nosso
dinheiro foi embora e nós não temos nenhuma perspectiva de
recuperar esse dinheiro. Então, estou aqui eu outra vez, falando
através de 234 amigos meus, quase 8.500 famílias que estão
lesadas, que estão esperando alguma providência, seja ele do
Senado, de qualquer outro órgão... Eu não sei, eu vim aqui na
esperança de que alguém viesse para a gente e achasse uma
alternativa para essas centenas de famílias. Isso não pode acontecer
mais nesse país, igual disse um colega de vocês ali agora. Nós
precisamos dar dignidade aos nossos filhos. As nossas crianças
precisam aprender o que é certo para essa nação um dia ser a maior
do mundo.
Eu vou interromper... Interromper, não, só uma palavra do
meu pai, que ainda é vivo, graças a Deus, teve uma operação esses
dias e graças a Deus continuou com nós, ele falou para mim... Meu
pai é uma pessoa de outra nação, e quando ele veio ao Brasil,
quando eu já sabia o que é o certo e o errado, ele falou para mim:
“Filho, ainda você vai ver, esse país vai ser a maior nação do
mundo”. Eu creio que eu vou ver isso. Infelizmente, acho que não vai
sobrar tempo para ele ver, mas eu vou continuar lutando por isso e
espero que vocês lutem por nós.
São essas minhas palavras. Eu escutei alguns aplausos aqui na
assembleia hoje, para alguns senadores. Eu não queria um aplauso
agora para mim e nem para todos que estamos aqui, eu queria que
todos nós, junto com vocês senadores, se possível, e com as pessoas
que possam fazer isso por nós, em vez dos aplausos, força para nós
continuarmos nessa luta. Precisamos de todos vocês e precisamos
[soa a campainha] desse Brasil honesto e sincero para que a gente
possa progredir. Muito obrigado.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Vai ganhar aplauso.
[palmas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu passo a palavra agora ao Sr. Eduardo Mazer.
SR. EDUARDO MAZER: Bom-dia a todos. Bom-dia a todos os
nobres Senadores, à Mesa, aos meus colegas de sofrimento.
Meu nome é Eduardo, eu sou um dos adquirentes de uma
unidade habitacional no Condomínio Vilas da Penha, que se encontra
localizado no bairro da Penha, em São Paulo.
Eu aqui, em minhas mãos, e gostaria de entregar à presidência
dessa comissão, relatos de algumas pessoas do meu condomínio a
respeito da situação em que elas se encontram, situação, inclusive,
de perigo jurídico. Então, entrego a vocês, inclusive também o relato
a respeito da situação do nosso condomínio.
Tenho também em mãos aqui o relato do condomínio Conjunto
dos Bancários da Praia Grande. Também entrego aos senhores.
E também aqui, em minhas mãos, entrego a essa comissão o
relato da seccional do condomínio Torres da Móoca, também onde as
pessoas estão em uma grande dificuldade.
A respeito do meu condomínio, em específico, Vilas da Penha,
desde o princípio, nós tivemos graves problemas como... o que é o
mais comum entre todos os condomínios da BANCOOP, que é prática
comum, atraso na entrega do condomínio. Inclusive uma coisa que,
às vezes, não chega até vocês, mas é que muitas famílias que
estavam se iniciando daquela coisa de casal, que comprou o primeiro
imóvel, espera a data da entrega para ser efetivado o casamento...
Muitos desses casamentos não se efetivaram no tempo exato por,
justamente, estes imóveis não terem sido entregues.
Ali tem uma pessoa, o Luis é um exemplo, que também faz
parte do meu condomínio. O Paulo também é outro, teve que adiar
casamento. E tem uma série de pessoas, esse é só um dos... Se esse
fosse o pior dos males, já estava remediado, mas não para por aí.
Hoje, o nosso condomínio Vilas da Penha I, Vilas da Penha II,
ele tem problemas graves de engenharia, de estrutura, inclusive o
condomínio tem passado por uma reforma inclusive extremamente
cara, porque isso envolve estrutura. Devido às fortes chuvas, o que
foi feito de arrimo não foi suficiente para segurar toda a estrutura do
condomínio, que é feita em cima de lajes. Está sendo tudo arrastado.
Então, isso precisa ser fortificado, precisa ser feito todo um trabalho
de engenharia. E custa muito caro. E a BANCOOP, infelizmente, não
quer nem saber dos seus cooperados, mesmo porque esses imóveis,
segundo a nossa lei, eles têm cinco anos de garantia. E só fazem três
anos, se não me engano, ou dois anos, que foram entregues.
Fora tudo isso, ainda nós temos problemas de água, problema
de energia, a infraestrutura geral do condomínio é péssima, e o pior
de tudo é a insegurança. O nosso condomínio, ele está construído
pela metade. E assim, só fazendo um parêntese nesse problema:
90% das pessoas que adquiriram casas nesse condomínio, ou seja,
252 casas, quitaram as suas casas, casas que tiveram valor inicial
lançado de 80 mil reais no lançamento do condomínio. E, hoje, a
BANCOOP nos pede um aporte de mais 85 mil ou 100 mil reais,
dependendo do tamanho da casa. Então, ultrapassa 100% do valor,
do valor.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): [pronunciamento fora do microfone]
SR. EDUARDO MAZER: Sim, aquilo que a gente sempre diz,
que não tem como simplesmente cometer um erro de mais de 100%
no cálculo de uma casa.
Inclusive, assim, como eu ia dizendo, metade do condomínio
está construída. Fase 3 e 4 está construída. Não está construída. E as
pessoas proprietárias não têm ainda hoje uma visão de quando isso
vai estar construído. E nem vai ter, nem vai estar. Isso não vai
acontecer, dependendo da BANCOOP. A gente já sabe disso. Essa é a
grande verdade. E a gente vai ter que, de qualquer forma, buscar
meios de nós mesmos financiarmos isso.
Infelizmente, nós não vamos conseguir um financiamento da
Caixa Econômica Federal ou governamental, porque este terreno,
hoje, embora nós tenhamos uma ação ganha já em segunda
instância, não nos confere a propriedade sobre os terrenos, nem
sobre as nossas casas. O terreno não está no nome da BANCOOP.
Esse terreno é de uma outra pessoa, ela simplesmente repassou. E o
dia que ela... Assim, a gente pode entender de como funcionava o
golpe, o dia que ela cansasse de nos cobrar, ela passaria diretamente
do atual dono para nós, os reais proprietários hoje. Essa é a grande
verdade.
Um outro problema grave, também, que nós enfrentamos assim
que entramos lá, e que permanece até hoje, é que quando chegamos
ao condomínio, fomos levantar toda a documentação a respeito do
terreno das casas, e descobrimos que havia uma dívida imensa de
IPTU, uma dívida imensa de IPTU, e ainda uma multa que dá, num
total, uns 80, 90 mil reais. Isso é muito caro para todos nós. Nós já...
Assim, não temos mais como pagar tudo isso que a BANCOOP já
pediu e, ainda por cima, temos que arcar com esse prejuízo.
E pior de tudo: quando entramos no condomínio, a BANCOOP
lançou boletos de suposto IPTU. Porém, nós pagamos algumas
parcelas. Só que fomos checar na prefeitura, na seccional da Penha,
não havia um centavo de pagamento. E pior, pouco tempo depois
disso eles nos mandaram um outro boleto, lançando um valor duas,
três vezes maior, dizendo que como a área estava construída, houve
esse acerto na prefeitura. E lá na prefeitura não consta que há nada
construído. O nosso terreno é um nada jurídico.
Todos nós aqui, hoje, do Vilas da Penha, estamos numa
situação assim: temos uma situação ganha, porém não temos nada,
nem mesmo o terreno. E isso não é só no Vilas da Penha, isso
acontece com todos os condomínios da BANCOOP. Raríssimo é o
caso, eu não sei citar nenhum caso aqui de que um terreno esteja no
nome da própria... do próprio condomínio ou da associação.
Inclusive o que a gente cobra e pede para vocês nos ajudarem
é o fato de que existem oito mil pessoas, famílias, não sei
exatamente o número hoje, nem a BANCOOP sabe, que estão em
situação de risco, de perderem o seu imóvel, de perderem o seu
patrimônio. Pessoas que recebem cartas ameaçadoras, pessoas... E
para vocês verem as ameaças, é só abrir o site da BANCOOP. Lá
tem... Lá tem a seguinte frase: “Faça a melhor escolha para a sua
família” ou “É a segurança da sua família fazer acordo com a
BANCOOP”, e acordo com BANCOOP está completamente fora de
cogitação por qualquer uma das associações sérias que estão nessa
luta contra a BANCOOP.
Nós do Vilas da Penha encabeçamos isso, nós vamos até o fim,
doa a quem doer. Se isso tiver que esbarrar em tesoureiro, em
candidato, ou o diabo que seja, o problema é deles, não é nosso. Nós
só queremos o nosso patrimônio, a nossa casa, que é o nosso direito
mais básico nessa Constituição. Muito obrigado.
[palmas]
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Pela ordem, Sr.
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu abro a palavra, começando pelos que são membros da
comissão. Senador Alvaro Dias se inscreveu, mas há outros que são
membros. É o regulamento.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Eu quero me inscrever,
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Então...
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Eu quero me inscrever.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Se inscrever?
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: É.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Presidente, eu--
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Presidente, só
pela ordem, Presidente.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): --queria apenas
pela ordem para fazer uma proposta a V. Exa..
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Diga.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Que constitua
uma comissão, sob sua presidência, para ir em São Paulo ver in loco
esses prédios. Eu acho que é a melhor contribuição que nós podemos
dar a esse pessoal. Formar uma pequena comissão, botar o Senador
José Nery pelo lado humanista que ele tem, criar uma pequena
comissão e ir a São Paulo ver pessoalmente. É a sugestão que faço a
V. Exa..
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu aceito a sugestão e aceito ir, mas eu gostaria de esperar
essa audiência que vamos ter na Comissão de... Se ela demorar
muito, aí a gente faz isso.
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Presidente,
independe, porque inclusive vamos pegar--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Se ela vai ser rápido, é melhor fazer.
SENADOR JOSÉ AGRIPINO (DEM-RN): Sr. Presidente. Sr.
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): A palavra está--
SENADOR JOSÉ AGRIPINO (DEM-RN): Sr. Presidente, pela
ordem.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Jose Agripino.
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Pela ordem,
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Ah, o senhor é pela ordem também?
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): É.
SENADOR JOSÉ AGRIPINO (DEM-RN): Eu tive oportunidade
de conversar com algumas pessoas, alguns mutuários da BANCOOP,
e vi depoimentos candentes. E, para mim, essa audiência já cumpriu
o seu papel.
Eu tenho aqui depoimentos escritos de pessoas. Eu conversei
com um senhor que me exibiu uma pasta, e dentro da pasta não
tinha nada. Ele disse: “Eu comprei, paguei 62 mil reais”. É um
cidadão modestamente vestido. Ele está aqui. E disse: “Eu comprei
papel e nunca me foi dada nada”. E caiu no choro. Então, para mim,
isso fala por si só.
Nós temos que tomar uma providência. Isso aqui é o início de
um processo que tem que desaguar no saneamento que vai
beneficiar pessoas que foram lesadas. Elas foram lesadas.
Eu tenho carta aqui dizendo que quando comprou o imóvel, não
sabia que se tratava de cooperativa. Foi ludibriada pelo Sindicato dos
Bancários que vendia ilusão. Então, tem muita coisa numa caixa-
preta que tem que ser desvendada.
Eu acho que essa proposta que o Senador Heráclito faz de
irmos é um belo início para que a gente possa, conversando com
pessoas e vendo o logro, começar a tomar providências efetivas para
esclarecer processo de corrupção e para resolver problema de
brasileiros que foram lesados de forma criminosa.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Bem, com a palavra o Senador Cícero.
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): A minha é só uma
questão de ordem, obviamente vou me inscrever, mas é apenas que
foi entregue relatório de uns três condomínios e qualquer outra
documentação, eu pediria a V. Exa. que providenciasse, através da
secretaria, cópias para que nós, senadores, tivéssemos acesso.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Perfeito.
Senador Nery.
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): É o mesmo pleito, Sr.
Presidente. Os documentos, relatos que foram trazidos à comissão,
creio que seria importante distribuir a todos os membros para
subsidiar inclusive a nossa participação, de todos Srs. Senadores, na
reunião, na Audiência Pública desta própria comissão, com os
envolvidos nesse fato, bem como... ou na Audiência Pública conjunta
das duas ou três comissões onde seja aprovado requerimentos.
Então, era no sentido de que fosse providenciado esses
documentos para a nossa comissão, inclusive um extrato das
decisões judiciais existentes sobre esse caso.
São essas solicitações que faço a V. Exa., tendo em vista a
nossa participação naquela que será mesmo a Audiência Pública para
tratar deste assunto.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Sr. Presidente, eu
queria--
SENADOR JOSÉ NERY (PSOL-PA): E só aproveitar. Para que
depois os expositores pudessem responder a questão relativa...
Posteriormente eu pergunto, Sr. Presidente. Muito obrigado.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Sr. Presidente, eu
queria ponderar a V. Exa. que a visita nossa da comissão fosse feita
antes da Audiência Pública, até para que nós tenhamos subsídios. O
que foi dito aqui é muito grave. Então, eu acho que seria muito mais
produtivo que essa visita fosse antes, para que na data das
audiências aqui realizadas [palmas] nós já tivéssemos um quadro da
real situação, e pudéssemos agir com mais tranquilidade e também
com mais isenção. É a sugestão que faço a V. Exa..
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Perfeito.
Senador, só para cumprir os termos normais, eu gostaria de
que tivesse por escrito a sugestão, só para cumprir aqui...
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Eu até faço por
escrito, mas eu gostaria, Presidente, que essa ideia fosse como V.
Exa., como Presidente da comissão. Ela teria muito mais sentido se
fosse propriamente de V. Exa.. Eu lhe dei a sugestão, se V. Exa. acha
que esse modesto admirador, crescente, precisa fazer o
requerimento, eu faria. Mas eu acho que ela terá uma simbologia
maior se for por uma iniciativa partindo de V.Exa.--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Tem que partir da comissão inteira. E que me cochicharam aqui,
os assessores, de que para tenha valor, a gente teria que pôr em
votação, depois, [ininteligível] documento que seja.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Sim, mas pode
ser uma iniciativa de V. Exa..
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Para não ser uma decisão pessoal, monocrática.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Claro, do
Presidente.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Não, para não ser monocrática do Presidente.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Mas qual o
problema de ser uma decisão de V. Exa. como Presidente da
Comissão?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Porque aí eu começo a tomar outras, não é?
Não custa nada, alguém aqui faz--
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Eu assino, eu assino.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Tudo bem, se for
o caso, faremos.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O senador assume, e aí eu ratifico.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Nós faremos--
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Não tem nenhum
problema.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Presidente--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu faço em conjunto. Não tenho nada contra.
Bem, quem é que está inscrito?
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Eu estou inscrito.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Cícero se inscreveu antes. Pode ser? Ou o senador
cede? Senador Cícero.
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Só se for pela
idade.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Porque eu vou dar--
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Vamos pela idade que
eu ganho.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu vou dar um argumento melhor: foi o primeiro que chegou
aqui. Está aqui desde as dez horas.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Presidente, primeiro
eu quero parabenizar V. Exa.. Eu que já admirava V. Exa., a partir
desta reunião, vou lhe admirar muito mais.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Obrigado.
SENADOR MÁRIO COUTO (PSDB-PA): Presidente, esta
comissão tem que ajudar, sim. Ajudar em todos os sentidos,
Presidente. O que se viu hoje, nós já sabíamos. Já chegou ao
conhecimento de cada senador, e nós viemos apenas assistir das
próprias pessoas o sofrimento de cada uma. É muito grave,
Presidente, o que acontece no nosso país hoje.
O caso da BANCOOP é uma quadrilha que foi formada para
assaltar. Olhe, Presidente, observe bem: 252 famílias concluíram os
pagamentos dos seus sonhos de terem uma casa própria e ainda não
receberam e nem sabe se vão receber suas casas. Isso é uma
quadrilha. Isso é o roubo à luz do dia, Presidente. Isso é estraçalhar
um sonho.
Calcule cada um de nós se passássemos pela mesma angústia
que estão passando essas famílias. Pior, Presidente, o que dói mais
no sentimento da gente, e isso está acontecendo, o Senador Arthur
Virgílio ainda acabou de falar aqui no Senado Federal, estão tirando a
força desse poder, tentando desmoralizar esse poder. As palavras
não são minhas, são suas, quando foi criticado até por vários colegas,
quando foi à tribuna deste Senado, dizer que esse Senado tinha que
ser fechado. Muitos discordaram de V. Exa., criticaram V. Exa.. Eu
observei isto. Não se fiscaliza mais ninguém. Tiraram o poder desse
Senado. Nós estamos passando uma ditadura política neste país,
Presidente. Essa é a grande realidade! Os brasileiros sendo lesados, e
esse dinheiro para fazer caixa dois de políticos, de partidos políticos.
Dói na alma, Presidente, assistir isso neste país!
Por isso eu lhe pedi aparte para lhe parabenizar sobre a sua
conduta. De poder abrir esta comissão para se mostrar ao Brasil o
que fazem hoje neste país com os brasileiros. Não basta os que
fazem com os aposentados. Tinham que ser agora pessoas líbidas(F),
pessoas que sonham em ter as suas residências, que tiram todas as
suas economias, que guardam tudo que sobra para poder ter a sua
casa própria, que é o sonho de cada um. E se verem lesado anterior
criminosos, por bandidos, que assaltam esse país. E este não é o
primeiro assalto que se vê neste país.
Ontem eu dizia e clamava na tribuna, dizia que eu era capaz de
pedir desculpa publicamente à nação se me indicasse um membro do
Partido dos Trabalhadores que já tivesse sido preso nesse país por
corrupção. Um. Pelo menos um. Não quero ir muito longe, não. Do
Valdomiro para cá. Quem foi punido? Quem foi preso? É por isso que
fazem, porque sabem que não acontece nada. Tem que abrir uma CPI
para apurar o caso da BANCOOP, ver se não será arquivado
imediatamente aqui nesta Casa. Eu duvido que se consiga fiscalizar a
BANCOOP. Eu duvido. O Executivo não deixa. É uma ditadura. E nós
temos é que ter força. Força, senador.
Por isso eu só lhe pedi a palavra para lhe parabenizar. Força.
Vamos abrir esta comissão para ouvir as pessoas, pelo menos para
mostrar a nação o que está acontecendo. Essa comissão, senador,
tem que ir logo para se mostrar que o Senado que foi lá e viu antes
das oitivas.
Senador, esse é o país que nós vivemos hoje. O país que V.
Exa. acabou de assistir, que dói na alma, e no sentimento de cada
cidadão brasileiro. Eu saio daqui, vou lhe pedir licença para sair desta
comissão em forma de protesto. Eu quero sair agora em forma de
protesto. Eu quero que fique registrado nos anais, nas Atas desta
comissão, a minha forma de protestar. A minha forma de protestar
contra esta quadrilha criminosa. Isso é uma quadrilha de bandidos,
armadas para roubar. Para roubar as pessoas. E eu me levanto e saio
com todo respeito a V. Exa. e a todos meus pares, mas eu quero sair
daqui como uma forma de protesto que a nação brasileira... E que
fique registrado que a nação brasileira sabe que aqui nesta Casa tem
um senador que jamais vai calar para a corrupção dos Partidos dos
Trabalhadores.
[palmas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador, Senador Mário Couto. Senador.
Apenas para fazer um esclarecimento. O que eu disse, há
alguns minutos atrás, é que, se houvesse um plebiscito, o povo era
capaz de votar a favor de fechar o Senado. Eu vou lutar para que ele
fique aberto, pessoalmente.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): O Senado ou o
Congresso?
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O Congresso.
Bem dito.
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Presidente, o
próximo inscrito é o Senador Arthur Virgílio, mas eu--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): O senhor é da comissão, seria o senhor.
Eu gostaria de passar para o Alvaro Dias, senador, até pelo
papel dele--
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Presidente, eu estou
cedendo.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): --na realização dessa reunião.
Mas o senhor cederia ao Arthur, depois o Alvaro, depois o
Senador Alvaro.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Eu tenho dois
minutos, é uma coisa bem simples.
Uma história, uma história... Vou ser bem sóbrio e bem sucinto.
E é um exemplo como, talvez, se justifique, neste caso, eu que estou
muito descrente em relação a Comissões Parlamentares de Inquérito,
talvez se justifique neste caso, porque, dificilmente, a pressão da
opinião pública não levaria à apuração real dos fatos. Talvez fosse
mais difícil, num caso como esse, que envolve vida de pessoas, se
chegar à importação, enfim.
Vou contar uma história aqui bastante simples. Uma senhora
chamada Dorothy(F) Poli(F) Massolini(F), de 68 anos de idade,
comprou um apartamento da BANCOOP. Esta, a BANCOOP, se nega a
dar o termo de quitação a ela sob alegação de que essa pessoa deve
28 mil reais. Ou seja, tudo que ela tinha jogou ali, a BANCOOP fez o
que fez e se considera credora da Sra. Dorothy(F) Poli(F)
Massolini(F). Muito bem.
Ela foi, obviamente, à Justiça e seu advogado argúi que essa
cobrança é inexigível, é ilegítima, ela é insustentável. Mas, enquanto
isso, e esse é o grande problema, o apartamento dela está no nome
da BANCOOP, porque se negou a lhe dar o termo de quitação,
alegando a falsa dívida de 28 mil reais. O que acontece, então? Toda
esta confusão, toda essa trama, toda essa tramoia, toda essa trapaça
urdida sob... Na BANCOOP, sob os auspícios das figuras que agora
nós vamos ter a ocasião de ouvir nesta Casa, esta... O apartamento
dela foi penhorado pela Justiça do Trabalho, porque a juíza entendeu
que o apartamento, pertencente supostamente à BANCOOP, deveria
servir de lastro para quitar dívidas trabalhistas.
Pessoas que tem o que receber para valer, pessoas que
merecem receber, que têm dívidas trabalhistas reais a receber, essas
se quitariam não com o patrimônio do Sr. Vaccari ou qualquer pessoa
perto dele, não por outra via qualquer, mas, sim, através da venda
de um apartamento que não pertence à BANCOOP, mas pertence à
Sra. Dorothy(F) Poli(F) Massolini(F).
Eu quero ficar em coisas bem factuais, bem pontuais para nós
percebermos a profundidade desse lamaçal. É o que mexe com a vida
das pessoas muito diretamente. Porque, geralmente, tem aquela
corrupção assim: deu desfalque no banco, enfim... Aí a gente não
atenta para o mal que essas pessoas fazem. Não liga isso à
prostituição infantil; não liga isso à marginal que passa a assaltar,
porque o pai está desempregado e ele também.
Mas, nesse caso, nós temos aqui exemplos bem nítidos, bem
claros, bem irretocáveis, bem incontrastáveis de pessoas de carne e
osso, muitas delas doentes hoje. Eu não duvido de que haja direta ou
indiretamente influência dessa crise nas vidas ou na saúde dessas
pessoas. Pessoas que foram atingidas por um esquema que, segundo
a revista Veja, teria servido até para caixa dois de partido. Mas, de
qualquer maneira, com certeza serviu para enriquecimento ilícito de
alguns tantos.
Cada caso dos que aí estão e dos que não vieram, deve ser
semelhante ao episódio da Sra. Dorothy(F) Poli(F) Massolini(F), que
pensava que tinha o apartamento, na verdade, não está tendo esse
direito reconhecido. Ela questiona uma cobrança inexigível. A
BANCOOP se nega a lhe dar o termo de quitação e, portanto, como o
apartamento não é oficialmente dela, a Justiça do Trabalho vem e se
dispõe a ressarcir débitos trabalhistas dessa mesma BANCOOP, que
se fosse dirigida honestamente e competentemente e seriamente não
estaria devendo a ninguém, do ponto de vista trabalhista, do ponto
de vista da Legislação Trabalhista, mas dá o apartamento, que é a
única coisa que a Sra. Dorothy(F) tem, dá em penhora para cuidar de
ressarcir essas dívidas trabalhistas. Ou seja, é uma coisa bem
objetiva, bem da vida das pessoas e bem monstruosa.
Eu queria agradecer ao Senador Cícero Lucena, Senador Alvaro,
por terem me cedido esse tempo, mas eu percebo que estamos
diante de um fato extremamente grave, e um fato muito palpável,
muito... As pessoas são de carne e osso. Todas são de carne e osso.
Sr. Vaccari é de carne e osso, é um cidadão como os demais. As
pessoas que estão aí atrás são de carne e osso. O sofrimento delas é
um sofrimento muito compreensível por todos nós. É um drama. São
vidas que num país que proíbe a tortura, embora a gente saiba que
existem torturas em delegacias, é um país que está vendo, e até
então não sabia e não pode ver passivamente, a tortura psicológica
que está sendo imposta a essas pessoas. Mas tortura é proibida? Nós
temos que acabar com essa tortura.
Não teve o PROER, que não foi para beneficiar banqueiro, ao
contrário, protegeu correntistas e deu saúde ao sistema financeiro
brasileiro? Pensar num PROER para esses casos. Ou seja, essas
pessoas não podem levar de nós só o apoio moral, não podem levar
de nós só o conforto psicológico, não podem levar de nós, digamos,
eventualmente a indicação ao Ministério Público para averiguação e
possível punição pela justiça dos culpados. Elas tem que ser
ressarcidas financeiramente no que perderam, no que foram lesadas,
no que tiveram de lesão às suas vidas, aos seus sonhos, como disse
muito bem o senador que me antecedeu, Senador Mário Couto.
Portanto é um caso sério, que tem que ser levado a sério por
todos nós. Me espanta um pouco essa forma mecânica com que o
Governo está tratando isso. Forma mecânica. A impressão que dá é
que estão de acordo com que houve, quando eu não consigo
entender qual é a ligação real entre o governo e isso. Parece que
assina um recibo, passa o recibo de que tem alguma coisa a ver.
Quando era para estarem aqui indignados, como eu estou, e
contristados com um caso como esses. Uma pessoa que não amolece
o coração diante de um fato desses está se tornando um ser biônico,
está deixando de ser um cidadão com sangue a correr nas veias.
Portanto, que nós examinemos com muita sobriedade esses
casos. Quantas Dorothys(F) e quantas pessoas não tiveram suas
vidas consumidas pela violência de uma ambição desenfreada, de
pessoas que não conhecem limites, que sempre se julgaram acima do
bem e do mal, que agora nós estamos vendo que estão muito mais
para o lado do mal do que do bem. Muito obrigado.
[palmas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Com a palavra o Senador Alvaro Dias.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Senador Cristovam,
primeiramente eu gostaria de cumprimentá-lo e agradecer. Nós nos
entendemos para que essa Audiência Pública ocorresse, e V. Exa.
colaborou de forma extremada, superou todas as dificuldades que
pudessem existir, inclusive dificuldades regimentais, e proporcionou
que esta reunião ocorresse para que os lesados do BANCOOP
tivessem voz e pudessem fazer com que o Brasil os ouça, pelo menos
através da TV Senado. E, certamente, com a repercussão que cada
senador proporcionará, inclusive nos seus estados, sobre o que está
ocorrendo em relação a essas famílias.
Eu sei que muitas histórias não foram aqui contadas. Eles
vieram para contá-las. O tempo seria insuficiente. Veja, por exemplo,
esse amigo que aqui se encontra, que é até paranaense, o sonho dele
ficou no papel. Senador Cícero Lucena, esse era o sonho dele. Esse
era o prédio, esse era o apartamento: 91 B. Ele pagou. O prédio não
está no terreno onde ele adquiriu. Lá há uma outra construção, mas
não esta. Mas não o apartamento dele. O apartamento dele é o
papel, é esse folder. O apartamento dele está no folder. O sonho dele
foi sepultado, porque pessoas desonestas assaltaram o seu dinheiro.
Modestos recursos acumulados para realizar o sonho de um pequeno
apartamento foram recursos roubados e sonho sepultado. Isso é
muito sério.
Há fatos que nós gostaríamos até de indagar para melhor
esclarecimento, mas eu creio que a Audiência Pública cumpriu o seu
objetivo.
Mas eu posso fazer referência, por exemplo: o Sindicato dos
Bancários também está sendo lesado. Há um aporte, segundo consta,
de 10 milhões de reais do Sindicato dos Bancários. É contribuição dos
trabalhadores ao seu sindicato.
Consta que, de agosto de 2004 a dezembro de 2004, 42
milhões de reais desapareceram. Ingressaram nos cofres da
BANCOOP e desapareceram. É preciso saber para onde foram esses
42 milhões, porque, nesse período, não houve construção. Sequer
construção houve de agosto de 2004 a dezembro de 2004. O que há
como resultado da investigação do Promotor Blat é que esses
recursos, que podem chegar a 100 milhões de reais já, depois de
auditar cerca de 8.500 estrados bancários, mais de 100 milhões
foram desviados para enriquecer pessoas desonestas e para a
campanha do Partido dos Trabalhadores, segundo o Promotor Blat,
que terá oportunidade de repetir isto aqui nesta comissão.
O Senador Arthur Virgílio falou da penhora para pagamento de
dívidas trabalhistas. Há também pedido de reintegração de posse. O
cooperado pagou pelo apartamento, teve a sorte de ter o seu
apartamento concluído, mora nele, e agora a BANCOOP ingressa com
uma ação de reintegração de posse. Nós não vimos tudo ainda. É por
isso que dizem que qualquer dia cavalo vai voar, porque em matéria
de corrupção também nós não vimos tudo no Brasil.
Esta quadrilha, como disse o Mário Couto, há pouco, está
ensinando novo modelo de corrupção. É o IPTU que é recolhido e não
chega à prefeitura, fica no cofre dos malandros, engorda a conta
bancária dos malandros.
Enfim, nós temos que convocar o Presidente da República a
responsabilidade.
A corda sempre arrebenta do lado mais fraco. Sempre
preservam o chefe, o comandante. Não há como preservá-lo.
Veja o que Lula disse em 99... Lula sempre foi cabo eleitoral da
BANCOOP, sempre foi garoto propaganda da BANCOOP. E olha que,
como comunicador, ele é bom. Ele foi um vendedor da BANCOOP.
Veja o que ele disse, por exemplo, em 99: “Para Lula a BANCOOP é o
Brasil produtivo que o governo não tem coragem para criar” – porque
era Governo Fernando Henrique Cardoso. Imagine se o Governo
Fernando Henrique Cardoso tivesse coragem de criar esse Brasil da
BANCOOP, o que seria para todos nós. “O governo BANCOOP é o
Brasil produtivo que o governo não tem coragem para criar”.
Produtivo para quem? Produtivo para o Sr. Vaccari? Produtivo para os
malandros que se associaram nesse assalto ao dinheiro de pessoas
trabalhadoras? E mais, no programa de Governo do Presidente Lula,
ele colocou a BANCOOP como modelo de política habitacional.
Imagine se os brasileiros dependessem desse modelo de política
habitacional.
Portanto, cabe ao Presidente da República se sensibilizar diante
do drama dessas pessoas. São mais de três mil famílias que estão
esperançosas, ainda, de ver os seus direitos readquiridos, porque
foram usurpados. São famílias que necessitam de defesa. São
famílias que necessitam de proteção. São famílias que necessitam
respeito à lei. E o Presidente da República tem que ser convocado à
responsabilidade neste caso. De forma direta ou indireta, ele
estimulou esse esquema. E foi beneficiário dele, segundo o promotor.
Consta inclusive que adesivos do Presidente Lula foram pagos com
recursos da BANCOOP. Portanto, é nítida a participação do Presidente
da República nesse episódio, e ele tem que ser convocado à
responsabilidade.
Eu vou concluir, Sr. Presidente, mas eu gostaria de dar 30
segundos só para o amigo aqui do lado, que ele tem algo importante
a dizer, e me pediu a dar esses 30 segundos a ele como se fosse um
aparte. Pode dizer.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Obrigado.
Só queria concluir as palavras do Dr. Mário Couto, do Senador
Mário Couto e do Senador Arthur Virgílio, complementando as
palavras dele.
O Vaccari e o... O Vacareti (sic) e o... Enfim, o Vacareti (sic)
falou na televisão que o Vaccari não tem direito de resposta de se
defender. E hoje, com exceção, me corrige se estiver errado, com
exceção do Paim, eu não vi nenhum outro senador do governo aqui.
Eu queria que eles tivessem vindo aqui e olhado nos olhos das
pessoas e dissessem que é mentira, que é tudo mentira, que é
campanha eleitoreira, porque é época de eleição. Queria que
olhassem nos olhos das pessoas que estão aqui e falassem, nos olhos
delas, que é mentira.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Permite um
aparte?
Senador Alvaro, um aparte.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Pois não.
SENADOR ARTHUR VIRGÍLIO (PSDB-AM): Se nós criarmos
essa ideia de que não se pode fazer denúncia nenhuma em época de
eleição, os corruptos vão se organizar e vão começar a roubar só em
época de eleição, porque ninguém vai investigar...
Então, é uma balela, é uma falácia que chega a ser nojenta,
chega a ser asquerosa mesmo.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: O que nos deixa indignado,
assim, não tem um representante que vem aqui acompanhar a gente
e discutir, falar se é verdade ou mentira.
O Vacareti (sic) falou que o Vaccari dorme de consciência limpa.
Dorme mesmo. Ele não tem consciência. Não tem consciência. Eu
duvido que esse cara--
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Ele faz referência ao
Vaccarezza, que é líder do PT na Câmara dos Deputados.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: É, e o outro que eu esqueci o
nome era o Berzoini. Os dois falaram a mesma coisa.
Então, eu só queria fazer esse complemento e agradecer o
Arthur Virgílio, o senhor e todos os outros aqui. Muito obrigado.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Muito obrigado.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Muito obrigado.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Eu vou concluir, Sr.
Presidente.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Álvaro, ele podia
esclarecer mais para nós qual o real papel do Berzoini nesse episódio
todo?
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Ele é o criador da BANCOOP.
Ele foi Presidente da BANCOOP.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Idealizador e
Presidente. Só deixou a BANCOOP para assumir o Ministério.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO: Exatamente.
SENADOR ALVARO DIAS (PSDB-PR): Mas, Sr. Presidente,
eu vou concluir, dizendo exatamente como caixa de ressonância do
desabafo do amigo que aqui veio e quase foi às lágrimas, que é ano
de eleição, sim. É um ano muito importante para o povo brasileiro.
Mas ano de eleição não pode ser visto como sentença de absolvição
judicial para corruptos e para marginais. Ano de eleição não pode ser
visto como um ano para a impunidade, para o perdão. Ano de eleição
é ano para se combater corrupção, sim. É ano para se combater as
falcatruas. Ano de eleição é ano para que não se permita que
prevaleça a impunidade nesse país. O Brasil não pode ser esse
paraíso de corrupção que querem.
Por isso, mesmo no ano de eleição, temos que combater, sim, a
corrupção. Muito obrigado, Sr. Presidente.
[palmas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu passo a palavra ao Senador Cícero, que se suponha que é o
último inscrito, mas que deveria ser o primeiro, mas o Senador Tasso
[ininteligível] passarei depois.
Só queria ver se conseguíamos terminar perto da uma hora,
porque há muitos compromissos...
Senador Cícero.
SENADOR CÍCERO LUCENA (PSDB-PB): Presidente, eu me
somo aos demais senadores que reconhecem a contribuição de V.
Exa. para que essa audiência pudesse ocorrer na forma que nós
iniciamos.
Na mesma... No mesmo sentido, eu acho que nós identificamos
aqui algo muito grave. Gravíssimo. Os depoimentos verdadeiros,
legítimos que nós estamos escutando, quer seja naqueles que têm a
oportunidade de usar o microfone, quer seja naqueles que fora dos
microfones ou da câmara têm nos repassado... É um sentimento que
eu acho que todos nós temos consciência dele.
É tanto que o Governo do Presidente, que é bom de marketing,
começou falar da BANCOOP como programa de governo, como
estrutura eficiente capaz de resolver os problemas do povo brasileiro,
do trabalhador brasileiro, no sentido da habitação, usou, entre um
dos seus programas, exatamente Minha Casa, Minha Vida. E aqui nós
estamos vendo o outro lado. É do sonho que virou pesadelo. É da
esperança que virou tristeza, em alguns casos colaborando com
agravamentos de saúde; outros com problemas seriíssimos que
foram citados aqui, embora superficialmente, mas tão verdadeiros,
com sentimento daquele que está vivendo o drama, está vendo
companheiros vivendo o drama, que eu acho que essa audiência aqui
já cumpriu o seu papel. Para chamar atenção, sim, do Senado e de
todos os senadores; para convocar, Senador João Pedro, que o
senhor é o único, após a presença do Senador Paulo Paim, o senhor é
o único do governo que está sentado agora nesse ambiente, como se
o governo tivesse culpa no cartório e não querendo que o povo
brasileiro tome conhecimento. É estranho. É estranho que a bancada
do governo, que tem senadores sensíveis também, responsáveis
também, não venha querer ouvir esse problema e dar continuidade à
busca de uma solução desse problema.
Nós ouvimos falar de oito mil famílias que estão prejudicadas,
quer seja as que não receberam; as que pagaram o papel; as que
receberam e estão recebendo cobranças indevidas, segundo já
inclusive ações da justiça; ou daqueles que receberam, que estão
devendo IPTU, já tendo pago; que estão com seus imóveis em cima
de terrenos que não estão escriturados; outros que estão ameaçados
por ações trabalhistas de perder o apartamento por ainda se
encontrar em nome da BANCOOP, como disse aqui o Senador Arthur
Virgílio, trazendo um fato concreto.
Então, eu acho que essa Casa tem a responsabilidade, nessa
comissão que iniciou, e aí o mérito de V. Exa. de ter aceito fazer
essa... esse início, esse embrião para que tudo seja esclarecido.
Eu espero que o governo cumpra o seu papel, porque do jeito
que está vai parecer que ele está devendo, e devendo muito. Agora,
obviamente que nós vamos precisar de mais informações.
Eu me preocupo, por exemplo, e não tem ninguém mais aí na
Mesa, mas se puder nos passar essa informação, é importante: a
condição da BANCOOP em São Paulo, se ela também é repetida em
outros estados brasileiros, já que em determinado instante o Governo
Lula considerou que ela é eficiente e que poderia resolver o problema
da habitação do país. Então, se alguém puder nos informar, isso é
importante.
E eu concordo com o Senador Arthur Virgílio, isso é muito mais
sério do que para ser tratado em uma audiência da comissão, embora
tenha o valor que essa está tendo por estar iniciando o processo.
Eu acredito que nós temos que partir para uma CPI para fazer
as devidas apurações do que, efetivamente, está a BANCOOP.
A imprensa do nosso Brasil, ela é muito sábia, ela é muito
inteligente. Ela costuma batizar determinados problemas que são
debatidos aqui no Senado, na Câmara, como CPI, alguns escândalos.
E, com certeza, vai aparecer jornalista para batizar esse novo
escândalo não como BANCOOP, mas como “Robocop”. Muito
obrigado, Sr. Presidente.
[palmas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Tasso, o senhor é o último a falar.
SENADOR TASSO JEREISSATI (PSDB-CE): Presidente,
Senador Cristovam, eu tenho acompanhado pelas revistas,
infelizmente não faço parte dessa comissão, queria primeiro
agradecer por me dar a palavra, mas aqui, nos poucos minutos que
passei aqui agora, a realidade é muito pior do que dizem as revistas,
do que dizem os jornais, do que dizem as reportagens.
Nós estamos vendo aqui, realmente, talvez um dos maiores
escândalos... Não maior somente no tamanho, mas maior na
profundidade com que se faz uma verdadeira crueldade com as
pessoas, com os ingênuos. Isto eu nunca vi. Eu já vi muito desvio de
dinheiro público, muito desvio de recursos em que alguns incautos
são enganados em função, às vezes, de achar que terão alguma
vantagem.
Aqui não. Aqui nós estamos vendo uma verdadeira crueldade
pensada, planejada, feita em cima de pessoas honestas, pessoas que
em cima de boa vontade se envolveram naquele grande sonho da
família brasileira, que é da casa própria.
Eu acho que nós não podemos ficar só nisso aqui de jeito
nenhum. Nós temos que ir muito mais longe. E convocar, inclusive...
Eu não sei aqui se o Ministério Público já foi convocado, o Sr. Blat,
para pedir intervenção. A primeira coisa que precisa fazer é uma
intervenção imediata. Não tem jeito. Tem que ter uma intervenção
nessa... para que seja feito um levantamento de todos esses lesados
e se procure ver de qual maneira nós poderemos, nós, o Estado
Brasileiro, resolver essa dívida que nós, Estado Brasileiro, temos com
essa gente que está aqui, que expôs aqui, que são alguns poucos
representantes de milhares de brasileiros que foram envolvidos nisso.
É lamentável, e mais lamentável ainda quando a gente vê que
gente do governo, gente do PT, está diretamente envolvida nisso e
sequer tem a delicadeza, diante da atuação dessas pessoas, a
delicadeza de vir aqui tentar se explicar, dizer que vamos... “Gente,
nós vamos procurar uma saída. Vamos trabalhar juntos. Vamos
trabalhar com o Senado...” Sequer essa delicadeza houve aqui nesse
momento, o que é absolutamente lamentável diante do que está
acontecendo.
Eu queria deixar isso registrado e dizer que, sem dúvida
nenhuma, os senhores podem contar conosco aqui dentro dessa
Casa, de agora por diante, para lutar junto com os senhores pelo
direito de vocês. Muito obrigado, Presidente.
[palmas]
SENADOR MÃO SANTA (PSC-PI): Senador Cristovam.
Senador Cristovam, um minuto.
Eu apenas gostaria de responder--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Mão Santa.
Eu quero insistir, pedir o mais curto possível.
SENADOR MÃO SANTA (PSC-PI): Pois é, eu só vou
complementar o Cícero Lucena.
O Padre Antônio Vieira disse que um bem é seguido de outro
bem; mas um mal é seguido de outro bem.
Eu quero dizer, está aí o Heráclito, que no Piauí teve um
Investe Bem, e era capitaneado pelo governador, que hoje é do PT.
Nunca falei porque envolvia até a mulher, e isso é delicado, tem até
pena de Banco Central. Mas, no Piauí, tem o Investe Bem capitaniada
pelo governador do PT, que age da mesma maneira como eu vi. E,
inclusive, o Banco Central chegou [ininteligível] punir mulher, esposa,
é indelicado, eu nunca toquei. Mas é bom ver a conexão, porque lá
teve as páginas policiais, denúncias sobre a Investe Bem. Centenas
de pessoas também, vamos dizer, foram vítimas, lesadas, desse
mesmo esquema, e por coincidência o capitão era do PT, o
Governador Wellington Dias.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Senador Heráclito, um minuto para permitir que todos
possamos almoçar.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Sr. Presidente, V.
Exa. está com a fome que pode ser resolvida em alguns segundos.
Eles estão com a fome, Sr. Presidente, difícil de ser saciada, que é a
fome de teto.
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): É verdade.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Acho que o
sacrifício que nós vamos fazer aqui por um ou dois minutos, V. Exa.,
como homem de justiça--
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Até mais de dois minutos.
SENADOR HERÁCLITO FORTES (DEM-PI): Não é verdade?
Sr. Presidente, o que nós estamos vendo aqui é estarrecedor.
Eu lhe digo com toda sinceridade que eu jamais imaginei que o
buraco fosse do tamanho que é.
A partir do momento em que se ouve aqui, que se vê o
depoimento de pessoas desesperadas, e olhe que aqui é apenas o
extrato. Aqui, Senador Tasso, é apenas uma pequena parcela.
Imagine todos os lesados num mesmo auditório, numa mesma sala.
O que seria aqui...? Que impressão se daria... Levariam as pessoas
que dela participassem?
E o Senador Alvaro Dias mostrou uma coisa fantástica: o
Presidente Lula na sua primeira campanha de Presidente da República
coloca a BANCOOP como modelo para a solução habitacional no
Brasil. Dr. Tasso, imagine só se isso fosse verdade, onde era que nós
estaríamos?
Mas, Sr. Presidente, a gente vê o Presidente Lula em viagens
fantásticas, resolvendo muitas vezes problemas financeiros de países
pobres, ora é o Haiti, ora é Honduras, fazendo doações fantásticas do
nosso patrimônio. É louvável. Mas o Presidente Lula precisa entender
que a BANCOOP é um Haiti. Não o Haiti que nunca caiu, não foi
derrubado por terremoto, mas é o Haiti que tem seus desabrigados,
porque as casas nunca foram erguidas. E é preciso que se dê uma
solução para isso.
BANCOOP é uma ONG. BANCOOP é uma instituição criminosa. E
o Presidente, que permitiu lá atrás, contrariando a lei, que a Previ
socorresse o Banco do Brasil quando teve buraco de caixa, tem que
determinar que a Previ e os fundos envolvidos com os bancários
socorra esse pessoal, e termine esses prédios o mais rápido possível.
É muito triste, Presidente.
Agora mesmo um dos presentes me contou que algumas
pessoas que acreditaram nas promessas do governo, ou melhor
dizendo, da cooperativa, colocaram o patrimônio de uma vida inteira
em empreendimentos. Uns compraram três, outros quatro, até dez
imóveis. E jogaram todo o esforço de vida dele, da sua família, para o
ar. Compraram... Tem o caso de um que comprou 11, Senador João
Pedro. Recebeu um. Comprou estimulado pela BANCOOP, como se
fosse...
Eu vou pedir aqui o folder... Tem um companheiro que está
com o folder. O folder é fantástico. Se você examinar, qualquer um
que visse o folder, que nos foi mostrado aqui, de uma unidade
habitacional no Brooklin, apartamento tríplex, apartamento com...
Prédio com piscina... Sr. Presidente, isso é uma vergonha.
Portanto, eu quero apenas registrar e louvar V. Exa...
Encaminhamos aí a V. Exa. um requerimento para... para que se faça
a visita in loco. É fundamental, é necessário que esta comissão vá lá,
para sentir o sofrimento, a dor de cada um. O Senado fazendo isso
estará cumprindo a sua missão, estará cumprindo com o seu dever.
E é preciso que nós acabemos, no Brasil, de uma vez por todas
com essas arapucas. Nós não podemos, de maneira nenhuma, Sr.
Presidente, colocar por baixo do tapete nem a sujeira promovida pelo
BANCOOP, nem tão pouco proteger os promotores disso tudo. É
preciso passar a limpo. E se fizermos isso, estamos, pelo menos, nos
redimindo com essa população de sem-tetos, que sofrem a dor de ter
acreditado numa entidade da qual faziam parte e queixavam, até
pelas pessoas envolvidas e pelas pessoas que faziam o proselitismo
dessa entidade, acharam de acreditar e entraram no verdadeiro conto
do vigário. Muito obrigado.
[palmas]
SR. PRESIDENTE SENADOR CRISTOVAM BUARQUE (PDT-
DF): Eu agradeço e vou pôr em votação dois requerimentos. O
requerimento do Senador Heráclito Fortes, subscrito por muitos
outros, que pede, nos termos do inciso III, do art. 90, combinado
com art. 142 do Regimento Interno, a realização de diligência dessa
Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa com a
finalidade de conhecer in loco a situação dos cooperados da
BANCOOP.
Eu ponho em votação. Os senadores que estiverem de acordo
permaneçam como estão.
E outro requerimento do Senador José Nery, que “requer, nos
termos do art. 93, [ininteligível], do Regimento Interno do Senado
Federal, e também do Requerimento 19, de 2010, sobre Audiência
Pública, que foi feito para discutir o conflito entre várias
representações de garimpeiros no que diz respeito à exploração,
[ininteligível] das riquezas existentes na área denominada Serra
Pelada, no Município de Curionópolis, Estado do Pará, a situação dos
trabalhadores envolvidos... A inclusão, ele solicita, de mais três
nomes: Luiz Emanoel da Mata Lima, Presidente da União Nacional
dos Garimpeiros; Alexandre Valadares Vieira, da Associação
Fiscalizadora dos Direitos dos Garimpeiros; e João Amaro Lepos, da
Associação de Defesa dos Garimpeiros”.
Os que estiverem de acordo permaneçam como estão.
Está aprovado.
Está encerrada essa sessão, com uma frase: eu quero que
saibam que esta co missão estará pronta para receber todos aqueles
que se sentem prejudicados por qualquer fato. Essa comissão se
sente aberta para ser invadida, sempre que houver quem quiser
trazer os seus direitos aqui para dentro.

Sessão encerrada às 13h08.

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