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: Fernando Barreto Gallas

O Pensamento no est em movimento


G.W. Leibniz
(Dezembro 1676)

O que quer que seja imediatamente percebido por ns e que no seja percebido como algo em
movimento, no est em movimento.
O pensamento imediatamente percebido por ns e no percebido como algo em movimento.
Portanto, o pensamento no est em movimento.
Prova-se a premissa menor desta forma:
Percebe-se que o pensamento no est em movimento quer pelas sensaes, quer por uma
demonstrao derivada daquilo que sentimos. No percebido pelas sensaes, pois ningum pode
afirmar que tipo de movimento sente [quando percebe seu prprio pensamento]. No percebido
por uma demonstrao derivada daquilo que sentimos, pois a percepo da prpria percepo
extremamente simples, embora seja grande a variedade daquilo que percebido. Mas, a partir de
algo que extremamente simples, nada pode ser demonstrado; certamente, a prpria percepo no
implica um lugar, mesmo se o objeto da percepo implique. Portanto, tampouco o pensamento
implica um lugar; nem implica um movimento, desde que um movimento implica um lugar.
Para que a demonstrao seja exata, deve-se sustentar o seguinte: se algo no implica em si mesmo
aquilo que extremamente simples, tampouco implicar aquilo que contm esta coisa
extremamente simples (aquilo que as partes no possuem, o todo no possuir). A extenso algo
que extremamente simples.1 Em todo ato de entendimento puro, isto , desprovido de smbolos,
percebe-se toda forma simples que a coisa implica. Portanto, se o pensamento que desprovido de
smbolos no percebe alguma forma simples em algo, aquela forma simples no se encontra
naquela coisa.

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1. Leibniz assume que se o pensamento no implica extenso (que algo extremamente simples)
no implica movimento, do qual a extenso uma parte.

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