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COMERCIALIZAÇÃO DE ENERGIA ELÉTRICA

Ambientes de Contratação

Em relação à comercialização de energia, foram instituídos dois ambientes para celebração de contratos de
compra e venda de energia: (i) o Ambiente de Contratação Regulada (ACR), do qual participam Agentes de
Geração e de Distribuição de energia elétrica e (ii) o Ambiente de Contratação Livre (ACL), do qual
participam Agentes de Geração, Comercialização, Importadores e Exportadores de energia e Consumidores
Livres.

A energia gerada por (i) projetos de geração de baixa capacidade localizados próximos a pontos de consumo
(tais como usinas de co-geração e pequenas centrais hidrelétricas), (ii) usinas qualificadas de acordo com o
PROINFA, e (iii) Itaipu, não estarão sujeitos a processo de leilão para fornecimento de energia ao Ambiente
de Contratação Regulada.

Ambiente de Contratação Regulada (ACR)

No Ambiente de Contratação Regulada, empresas de distribuição compram energia para consumidores cativos
por meio de leilões públicos regulados pela ANEEL, e operacionalizados pela Câmara de Comercialização de
Energia Elétrica – CCEE. Compras de energia serão feitas por meio de dois tipos de contratos: (i) Contratos
de Quantidade de Energia, e (ii) Contratos de Disponibilidade de Energia.

De acordo com o Contrato de Quantidade de Energia, a geradora compromete-se a fornecer determinado


volume de energia e assume o risco de que esse fornecimento de energia seja afetado por condições
hidrológicas e níveis baixos dos reservatórios. De acordo com o Contrato de Disponibilidade de Energia, a
geradora compromete-se a disponibilizar um volume específico de capacidade aos compradores. Nesse caso, a
receita da geradora está garantida e possíveis riscos hidrológicos são imputados às distribuidoras. Entretanto,
eventuais custos adicionais incorridos pelas distribuidoras serão repassados aos consumidores. Juntos, esses
contratos constituem os Contratos de Comercialização de Energia Elétrica no Ambiente Regulado – CCEAR.

De acordo com a Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, a previsão de mercado de cada distribuidora é o
principal fator na determinação do volume de energia a ser contratado pelo sistema. De acordo com o novo
modelo, as distribuidoras são obrigadas a contratar 100% de suas necessidades projetadas de energia, e não
mais os 95% estabelecidos pelo modelo anterior. O não atendimento da totalidade dos seus mercados pode
resultar em multas para as distribuidoras.

De acordo com a Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, as empresas de distribuição possuem o direito de
repassar aos seus consumidores os custos relacionados à energia que compram por meio de leilões públicos
assim como quaisquer tributos e encargos do setor relacionados a tais leilões.

Ambiente de Contratação Livre (ACL)

No Ambiente de Contratação Livre a energia elétrica é comercializada entre concessionárias de geração,


Produtores Independentes de Energia, autoprodutores, agentes de comercialização, importadores de energia e
consumidores livres.

Consumidores potencialmente livres são aqueles cuja demanda excede 3 MW, em tensão, igual ou superior a
69 kV ou em qualquer nível de tensão, se o fornecimento começou após 7 de julho de 1995. Além disso,
consumidores com demanda contratada igual ou superior a 500 kW poderão ser servidos por fornecedores,
que não sua empresa local de distribuição, contratando energia de fontes energéticas alternativas, tais como
energia eólica, biomassa ou PCHs.

Uma vez que um consumidor tenha optado por realizar a aquisição de energia elétrica no Ambiente de
Contratação Livre, tornando-se, dessa forma um consumidor livre, este somente poderá retornar ao ambiente
regulado se notificar seu distribuidor local com cinco anos de antecedência, ou em menor prazo a critério do
distribuidor. Tal exigência prévia busca garantir prazo razoável para que o distribuidor local possa, de forma
segura e sustentável atender o regresso de consumidores livres ao Ambiente de Contratação Regulada. A fim
de minimizar os efeitos de perdas resultantes de consumidores que se declaram consumidores livres, as
distribuidoras podem reduzir o montante de energia existente contratado junto às geradoras de acordo com o
volume de energia que não irão mais distribuir aos consumidores livres. Geradoras estatais podem vender
energia a consumidores livres, mas diferentemente das geradoras privadas, são obrigadas a fazê-lo por meio
de um processo público, que garanta transparência e acesso igual a todas as partes interessadas.

O gráfico abaixo apresenta a evolução da participação dos consumidores livres no consumo total de
eletricidade do país. As informações para o ano de 2007 estão consolidadas para o primeiro semestre.

400.000

350.000

300.000 6% 15% 23% 27%


3%

250.000

200.000

27%
150.000 94%
97% 85% 77% 73%
100.000

73%
50.000

0
2002 2003 2004 2005 2006 1ºSemestre
07
ACR ACL

Fonte: EPE

As principais questões que motivaram a migração dos consumidores regulados para o ambiente de livre
contratação foram:

• Os baixos preços de energia no mercado livre provocados pelo excesso de energia no sistema após
período de racionamento;

• A não cobrança do adicional tarifário RTE (Recomposição Tarifária Extraordinária) nas tarifas “fio”;

• As distorções entre as tarifas fio dos consumidores cativos e livres, que beneficiaram aqueles que
optaram por serem livres logo no início do processo da abertura das tarifas;

• O realinhamento das tarifas de energia dos consumidores cativos visando à eliminação de subsídios
para alguns segmentos de consumo, principalmente industrial; e

• O desconto na tarifa do uso do sistema de distribuição (TUSD) para os consumidores com carga
maior ou igual a 500 kV e que optaram por comprar energia de fontes renováveis.

Mercado de curto prazo e os ambientes de contratação

A existência de dois ambientes de comercialização para contratação de energia no Brasil não elimina a
necessidade de um local onde as diferenças entre energia fisicamente produzida/consumida e energia
contratada sejam contabilizadas e liquidadas. Este ambiente é o “mercado” de curto prazo, que é administrado
pelo CCEE. A participação neste mercado é compulsória para geradores, distribuidoras, importadores,
exportadores, comercializadores e consumidores livres no SIN. As exceções são os geradores menores que 50
MW e distribuidoras que comercializam menos que 500 GWh/ano, os quais são participantes facultativos.
Como já discutido, o preço de mercado do CCEE é denominado PLD. Em função da preponderância de usinas
hidrelétricas no parque de geração brasileiro, são utilizados modelos matemáticos para o cálculo do PLD, que
têm por objetivo encontrar a solução ótima de equilíbrio entre o benefício presente do uso da água e o
benefício futuro de seu armazenamento, medido em termos da economia esperada dos combustíveis das
usinas termelétricas. Com base nas condições hidrológicas, na demanda de energia, nos preços de
combustível, no custo de déficit, na entrada de novos projetos e na disponibilidade de equipamentos de
geração e transmissão, o modelo de precificação obtém o despacho (geração) ótimo para o período em estudo,
definindo a geração hidráulica e a geração térmica para cada sub-mercado. Como resultado desse processo,
são obtidos os CMO para o período estudado, para cada patamar de carga e para cada sub-mercado.

No cálculo do CMO são simuladas todas as usinas existentes assim como as usinas previstas para entrar em
operação no sistema durante os próximos 5 anos (horizonte oficial utilizado pelo ONS). Os períodos de teste
das usinas, que antecedem a data de sua entrada em operação comercial, não são considerados para efeitos de
cálculo do CMO. Outro aspecto também não contemplado nos modelos de cálculo do CMO, de acordo com as
regras comerciais vigentes, corresponde às restrições internas aos sub-mercados. O CMO é determinado
apenas considerando os grandes “troncos” de transmissão entre os sub-mercados, não representando qualquer
restrição elétrica interna a cada um dos sub-mercados. Portanto o CMO é determinado com base em uma
representação do despacho idealizado pelo ONS, sem guardar necessariamente simetria com o despacho real
do sistema.

O PLD é um valor determinado semanalmente para cada patamar de carga com base CMO, limitado por um
preço máximo e mínimo vigentes para cada período de apuração e para cada sub-mercado. Os intervalos de
duração de cada patamar são determinados para cada mês de apuração pelo ONS e informados à CCEE. O
cálculo do preço baseia-se no despacho “ex-ante”, ou seja, é apurado com base em informações previstas,
anteriores à operação real do sistema, considerando-se os valores de disponibilidades declaradas de geração e
o consumo previsto de cada sub-mercado. Os custos incorridos pelo sistema devido às diferenças verificadas
entre o despacho “ex-ante” e o despacho real são rateados entre todos os consumidores através do ESS. O
processo completo de cálculo do PLD consiste na utilização dos modelos computacionais NEWAVE e
DECOMP, que produzem como resultado o CMO de cada sub-mercado em base mensal e semanal,
respectivamente.

COMPRAS DE ENERGIA DE ACORDO COM A LEI DO NOVO MODELO DO SETOR ELÉTRICO

Em 30 de julho de 2004, o governo editou regulamentação relativa à compra e venda de energia no Ambiente
de Contratação Regulada e no Ambiente de Contratação Livre, assim como a outorga de autorizações e
concessões para projetos de geração de energia. Essa regulamentação inclui regras referentes aos leilões, aos
contratos de comercialização de energia e ao método de repasse de custos aos consumidores finais.

Os Leilões de Energia

Os leilões de energia para os novos projetos de geração serão realizados (i) cinco anos antes da data de
entrega inicial (chamados de leilões “A-5”), e (ii) três anos antes da data de entrega inicial (chamados de
leilões “A-3”). Haverá também leilões de energia das instalações de geração existentes (i) realizados um ano
antes da data da entrega inicial (chamados de leilões “A-1”), e (ii) realizados aproximadamente quatro meses
antes da data de entrega (chamados de “ajustes de mercado”). Os editais dos leilões são preparados pela
CCEE, com observância das diretrizes estabelecidas pelo MME, notadamente a utilização do critério de
menor tarifa no julgamento.

Cada empresa geradora que contrate a venda de energia por meio do leilão firmará um CCEAR com cada
empresa distribuidora, proporcionalmente à demanda estimada da distribuidora. A única exceção a esta regra
acontecerá no leilão de ajuste de mercado, no qual os contratos serão celebrados entre geradoras e empresas
de distribuição específicas. Os CCEARs dos leilões “A-5” e “A-3” terão um prazo variando de 15 a 30
anos,dependendo do produto ofertado, e os CCEAR dos leilões “A-1” terão um prazo variando entre cinco e
15 anos. Contratos decorrentes dos leilões de ajuste de mercado estarão limitados a prazo de dois anos.
No que se refere ao repasse dos custos de aquisição de energia elétrica dos leilões às tarifas dos consumidores
finais, o Decreto estabeleceu um mecanismo denominado Valor Anual de Referência – VR, que é uma média
ponderada dos custos de aquisição de energia elétrica decorrentes dos leilões “A-5” e “A-3”, calculado para o
conjunto de todas as distribuidoras, que será o limite máximo para repasse dos custos de aquisição de energia
proveniente de empreendimentos existentes nos leilões de ajuste e para a contratação de geração distribuída.

O VR é um estímulo para que as distribuidoras façam a aquisição das suas necessidades de energia elétrica
nos leilões “A-5”, cujo custo de aquisição deverá ser inferior ao da energia contratada em leilões “A-3” e o
VR será aplicado como limite de repasse às tarifas dos consumidores nos três primeiros anos de vigência dos
contratos de energia proveniente de novos empreendimentos. A partir do quarto ano, os custos individuais de
aquisição serão repassados integralmente. O Decreto estabelece as seguintes limitações ao repasse dos custos
de aquisição de energia pelas distribuidoras:

• impossibilidade de repasse dos custos referentes à contratação de energia elétrica correspondente a


mais de 103% de sua carga anual;

• quando a contratação ocorrer em um leilão “A-3” e a contratação exceder em 2% a demanda


contratada no leilão “A-5”, o direito de repasse deste excedente estará limitado ao menor dentre os
custos de contratação relativos aos leilões “A-5” e “A-3”;

• caso a aquisição de energia proveniente de empreendimento existente seja menor que o limite
inferior de contratação (correspondente a 96% da quantidade de energia elétrica dos contratos que se
extinguirem no ano dos leilões, subtraídas eventuais reduções), o repasse do custo de aquisição de
energia proveniente de novos empreendimentos correspondente a esse valor não contratado será
limitado por um redutor;

• no período compreendido entre 2005 a 2008, a contratação de energia proveniente de


empreendimentos existentes nos leilões “A-1” não poderá exceder a 1% da demanda das
distribuidoras, observado que o repasse do custo referente à parcela que exceder a este limite estará
limitado a 70% do valor médio do custo de aquisição de energia elétrica proveniente de
empreendimentos existentes para entrega a partir de 2005 até 2008. O MME definirá o preço
máximo de aquisição de energia elétrica proveniente de empreendimentos existentes; e

• caso as distribuidoras não atendam a obrigação de contratar a totalidade da sua demanda, a energia
elétrica adquirida no mercado de curto prazo será repassada aos consumidores ao menor valor entre o
PLD e o VR, sem prejuízo da aplicação de penalidades.

Os Leilões de Energia Existente

O Leilão de 2004 - 1º Leilão de Energia Existente

Em 7 de dezembro de 2004, a CCEE realizou o primeiro leilão com base nos procedimentos previstos pela
Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico. Referido leilão objetivou a contratação de energia existente no
mercado, liberada dos contratos iniciais. As distribuidoras e geradoras entregaram, até 2 de dezembro de
2004, suas estimativas de demanda e de produção de energia elétrica para os cinco anos subseqüentes.
Baseado nessas estimativas, o MME estabeleceu o montante total de energia a ser negociado no leilão de
2004 e a lista de empresas geradoras participantes do leilão. Este leilão foi realizado em duas fases, por meio
de um sistema eletrônico.

Na primeira fase, as negociações ocorreram em rodadas múltiplas, em cada uma das quais os geradores de
energia ofereceram blocos de energia a um preço específico (preço vigente) a serem entregues em um prazo
proposto. Os tamanhos dos blocos de energia e seus respectivos prazos de entrega foram determinados
previamente pelo MME. A primeira fase encerrou-se quando nenhuma oferta para venda foi realizada em uma
determinada rodada e os preços vigentes foram iguais ou inferiores aos preços de reserva (teto permitido pelo
MME para celebração de contratos).

A segunda fase ocorreu em uma única rodada, na qual os vendedores que fizeram ofertas válidas na primeira
fase puderam fazer novas ofertas para cada montante de energia elétrica.

Após a conclusão do leilão de 2004, as geradoras e as distribuidoras celebraram CCEAR estabelecendo os


termos, condições, preços e montantes de energia contratada. Para garantir o fiel cumprimento das obrigações
financeiras previstas no CCEAR, a compradora da energia ofertada no leilão concedeu uma garantia à
vendedora, dentre as seguintes modalidades: (i) fiança bancária; (ii) contrato de constituição de garantia ou
(iii) cessão de CDB. No caso de os contratantes não chegaram a acordo acerca da modalidade da garantia
outorgada pela compradora em favor da vendedora conforme acima descritas, esta deverá, em até três dias da
assinatura do CCEAR, conceder em favor da vendedora, uma garantia provisória que poderá se
consubstanciar em: (i) moeda corrente nacional; (ii) títulos públicos aprovados pela vendedora; (iii) cartas de
fianças ou cartas de créditos emitidas por instituições com sede no país ou no exterior devidamente aprovadas
pela vendedora; ou (iv) outra forma aceita pela vendedora.

Os CCEAR tiveram um prazo mínimo de vigência de 8 anos, para início do suprimento a partir de 2005, 2006
e 2007. Cabe ressaltar que em virtude da participação das estatais federais, Centrais Elétricas do Norte do
Brasil S.A. – Eletronorte e CHESF, o resultado do leilão realizado no dia 7 de dezembro de 2004 foi abaixo
das expectativas de mercado, no que diz respeito à precificação dos contratos. As duas empresas venderam
quase a totalidade dos respectivos montantes de energia ofertados .

O Leilão de 2005 - 2º Leilão de Energia Existente

Em abril de 2005, houve a realização do segundo leilão de energia existente, de acordo com a Lei do Novo
Modelo do Setor Elétrico. Foram negociados no leilão 1.325 MW médios, correspondentes a apenas 23% da
energia inicialmente prevista pelo MME para 2008. Tal energia foi vendida a um preço médio de
R$83,13/MWh.

A energia a ser vendida com entrega prevista para 2009 foi automaticamente excluída do leilão, em
conformidade com as regras estabelecidas pelo MME, tendo em vista que o preço para tal energia, durante o
leilão, ficou abaixo das expectativas de mercado. Como conseqüência, há, ainda, energia existente a ser
contratada para 2009.

3º Leilão de Energia Existente

O CCEAR decorrente do 3º leilão prevê o início de suprimento em 2006, com duração de 3 anos. Foram
verificados, após 18 rodadas, decrementos médios de 0,51 R$/MWh, finalizando a primeira fase com o “Preço
de Lance” de 63,80 R$/MWh. O volume total negociado foi de 102 MW médios.

4º Leilão de Energia Existente

Leilão ocorrido em 11 de outubro de 2005, com início de suprimento em 2009 e duração de 8 anos. O volume
total negociado foi de 1.166 MW médios e a necessidade de compra das distribuidoras foi de 1.969 MW
médios.

5º Leilão de Energia Existente

Leilão ocorrido em 14 de dezembro de 2005, com início de suprimento em janeiro de 2007 e contratos com
duração de 8 anos.

6º Leilão de Energia Existente


Leilão, denominado “A-1”, ocorrido em 6 de dezembro de 2007, no qual não houve negociações de energia
entre compradores e vendedores por conta, principalmente, dos altos preços praticados no ACL em
contrapartida aos baixos preços praticados no mercado regulado

Leilões de Energia Nova

1º Leilão de Energia Nova

Os Leilões de Compra de Energia Elétrica Proveniente de Novos Empreendimentos de Geração estão


previstos no art. 2º da Lei nº. 10.848, de 15 de março de 2004, parágrafos 5º ao 7º e nos arts. 19 a 23 do
Decreto nº. 5.163, de 30 de julho de 2004, com redação modificada conforme o Decreto nº. 5.499, de 25 de
julho de 2005.

O 1º Leilão de Energia Nova realizou-se em 16 de dezembro de 2005 e destinou-se à outorga de concessões


para novas usinas ou projetos de ampliação ainda sem concessão ou autorização e também aos projetos
concedidos ou autorizados até 16 de março de 2004, que entraram em operação comercial a partir de 1º de
janeiro de 2000 e cuja energia estava descontratada até 16 de março de 2005.

O total negociado foi de 3.286 MW médios por 15 anos para Usinas Térmicas (contratos por disponibilidade)
e 30 anos para Usinas Hidráulicas (contratos por quantidade), com tarifa média de R$127,15/MWh para o
produto 2008, R$127,77/MWh para o produto 2009 e R$117,11/MWh para 2010.

2º Leilão de Energia Nova

A CCEE realizou no dia 29 de junho de 2006 o segundo leilão de energia proveniente de novos
empreendimentos, onde foram ofertados dois produtos: (i) Produto H-30: contratos de 30 anos de
fornecimento de energia proveniente de empreendimentos hidrelétricos com início de suprimento em 2009 e;
(ii) Produto T-15: contratos de 15 anos de fornecimento de energia proveniente de empreendimentos
termelétricos com início de suprimento em 2009.

Ao todo foram negociados 1.682 lotes de energia o que correspondeu a 356.313,8 GWh e R$45,7 bilhões. O
preço médio ponderado de energia do leilão foi de R$128,12/MWh (Hidro: R$126,77/MWh e Termo:
R$132,39/MWh).

3º Leilão de Energia Nova

No 3º Leilão de Energia Nova (A-3) ocorrido em 10 de outubro de 2006, foram ofertados dois tipos de
produto: (i) Fonte Hidro: 2011-H30, com início de suprimento em 1º janeiro de 2011, e 30 anos de duração; e
(ii) Fonte Termo: 2011-T15, com início de suprimento em 1º de janeiro de 2011, e 15 anos de duração. Foram
comercializados no presente leilão 1.104 MW médios, somando R$27,75 bilhões. No mesmo leilão, foram
licitadas concessões e autorizações para exploração de novas usinas e, do total leiloado, 569 MW médios
eram oriundos de fontes hidro, enquanto 535 MW médios provieram de fontes termelétricas.

4º Leilão de Energia Nova

No 4º Leilão de Energia Nova (A-3), realizado na mesma data do 3º Leilão de Energia Nova, foram licitados
em certames separados contratos para suprimento de energia hidrelétrica, com prazo de fornecimento de 30
anos e termelétrica, com prazo de fornecimento de 15 anos, sendo o início de entrega em janeiro de 2010. No
certame foram comercializados 171.470.784,000 MWh (1.304 MW/médio), ao preço médio de R$134,67 o
MWh, totalizando R$23.092.685.819,52.

5º Leilão de Energia Nova

O 5º Leilão de Energia Nova (A-5) foi realizado em 16 de outubro de 2007. Foram ofertados neste leilão dois
tipos de produtos, a saber: (i) 2012-H30, cujo início do suprimento se dará em 1º de janeiro de 2012, com
prazo de fornecimento de 30 anos, e (ii) 2012-T15, possuindo a mesma data para início de suprimento, porém
com prazo de duração de 15 anos de fonte de geração térmica. Ao todo, foram comercializados
2.312MW/médio, ao preço médio de R$128,33/MWh, movimentando R$51,2 bilhões.

Leilões de Ajuste

O 1º Leilão de Ajuste previsto para ocorrer em 31 de agosto de 2005 não se realizou, em razão da ausência de
compradores interessados no mesmo. O 2º Leilão de Ajuste ocorreu em 1º de junho de 2006. Os produtos
ofertados em tal leilão foram comprados pelas empresas: (i) CELB – sub-mercado Nordeste; (ii) CELPA –
sub-mercado Norte; (iii) SAELPA – sub-mercado Nordeste. Os contratos determinaram o prazo de
fornecimento de 3 a 6 meses, todos com início de suprimento em julho de 2006.

O 3º Leilão de Ajuste ocorreu em 29 de setembro de 2006. Os produtos ofertados em tal leilão foram
comprados pelas empresas: (i) CEB, e (ii) Energipe que celebraram contratos com prazo de duração de 3
meses. O 4º Leilão de Ajuste ocorreu em 29 de março de 2007, tendo sido vendidos 16 produtos negociados
81 MW médios para os contratos com prazo de duração de 9 meses e de 101 MW médios para os contratos
com prazo de duração de 4 meses.

O 5º Leilão de Ajuste ocorreu em 28 de junho de 2007, em que foram vendidos dois produtos cujo contratos
prevêem prazo de duração de 3 e 6 meses e início de suprimento em julho de 2007. O 6º Leilão de Ajuste
ocorreu em 27 de setembro de 2007, tendo sido vendidos dois produtos cujos contratos têm prazo de duração
de 3 meses, com início de suprimento em outubro de 2007 e de 6 meses, com início de suprimento em janeiro
de 2008.

Leilões de energia alternativa

Além dos leilões de energia nova e existente, o MME pode periodicamente organizar também leilões
específicos para contratar energia de fontes alternativas (biomassa, PCH, eólica e solar). Contratos
padronizados de longo prazo (10-30 anos) são oferecidos e a sistemática do leilão são similares aos dos leilões
A-3 e A-5. O primeiro Leilão de energia alternativa ocorreu em junho de 2007.

Leilão de Geração Distribuída (GD)

As distribuidoras podem fazer licitações especiais para a contratação de geração distribuída localizada em sua
rede de distribuição (tensões abaixo de 230 KV). Até 10% da demanda da distribuidora pode ser suprida por
este tipo de contrato. Para participar do processo, o gerador deve respeitar algumas restrições: mínima
eficiência para empreendimentos termoelétricos (com exceção para fonte biomassa ou resíduos de processo),
limite máximo de capacidade de 30 MW para hidrelétricas, entre outros.

Resumo dos leilões

A figura a seguir ilustra os diferentes prazos de entrega para cada um dos leilões:

A-5 A-5
A-3 A-3
A-1 A-1
Ajust Ajust
e e

t t+1 t+2 t+3 t+4 t+5 t+6 t+7 t+8 t+9 t+10

a n o da
compra
Assim, o portfólio de contratos de uma companhia distribuidora é formado por uma diversidade de contratos
de energia nova e existente.

As novas regras procuram atender dois objetivos de certa forma conflitantes: (i) assegurar o suprimento futuro
num setor de infra-estrutura essencial para o crescimento econômico; e (ii) garantir a modicidade tarifária
para os consumidores cativos de energia elétrica. Para isto, a nova regulamentação busca repartir entre
geradores, distribuidoras, consumidores e demais agentes do setor elétrico, os riscos relativos à sobre e sub-
contratação de energia.

No caso das distribuidoras, foram criados mecanismos de incentivos e penalidades que procuram induzir uma
estratégia de contratação que garanta o abastecimento de 100% do mercado em condições de grande incerteza
na demanda, evitando tanto a sobre-contratação, como a sub-contratação de energia elétrica, buscando sempre
as fontes mais baratas. Para isto, a nova regulamentação estabeleceu um conjunto de instrumentos para
gerência de risco para distribuidoras, o que torna a estratégia de contratação ainda mais complexa. Estes
instrumentos são caracterizados pelos diversos tipos de leilões com prazos e regras de repasse distintos, como
pode ser observado na tabela a seguir:
TipodeEnergia Tipo deLeilões Entrega Duração LimitedeCompra LimitedeRepasse
Ao VR nos 3 primeiros anos, repasse
Leilão A - 5 Em5 anos 15-30 anos Semlimite
integral a partir do4o ano.

Até 2%da cargaverificada emA-5: ao


VR durante os 3 primeiros anos e
Energia Nova
Limitantenatural de 2%da carga repasse integral a partir do 4o ano.
Leilão A - 3 Em3 anos 15-30 anos
verificada no ano A-5(*)
Acima de2%da carga verificado emA-
5: aomenor preço verificado nos leilões
A-5 e A-3.
Paraos leilões realizados em2004e
Repasse Integral
2005, não há limite.
Repasse integral até 1%verificada no
Paraos leilões realizados de 2006 a ano anterior ao da declaração
2008, limitante natural de 1%da Acima de1%, repasse a 70%do custo
carga verificada noano anterior ao médio de aquisiçãonos leilões de
Leilão A - 1 Em1 ano 5-15anos
da declaração. energia existente paraentrega entre
Energia Existente 2007e 2009
A partir de 2009, mínimo de
"aproximadamente" 96%e máximo
Repasse integral
de 105%do Montante de Reposição
a vencer no ano

1%do da carga total contratada


Ematé 4meses após
Leilãode Ajuste Até 2 anos Repasse integral limitado ao VR
o leilão Para2008-2009: 5% da carga total
contratada
Fonte Alternativa - De 2 a 4 anos 10-30 anos Semlimite Repasse integral

Geração Distribuida - - - 10%da carga da distribuidora Repasse integral limitado ao VR

Projetos do CNPE Leilão A-5e A-3 Em5 e 3 anos A definir Semlimite Repasse integral
(*) O limite de 2%poderáser incrementado pela compra frustrada do leilão A-5

Redução do Nível de Energia Contratada

O Decreto nº 5.163, de 30 de julho de 2004, conforme alterado, permite que empresas de distribuição
reduzam seus CCEARs (1) para compensar o exercício da opção de compra de energia proveniente de outro
fornecedor, pelos consumidores potencialmente livres atendidos de forma regulada, conforme declaração de
necessidade de contratação encaminhada ao MME, (2) de outras variações de mercado, hipótese na qual
poderá haver, em cada ano, redução de até 4% do montante inicial contratado, independentemente do prazo de
vigência contratual, do início do suprimento e dos montantes efetivamente reduzidos nos anos anteriores e (3)
na hipótese de aumentos nos montantes de energia adquirida nos termos dos contratos firmados antes de 17 de
março de 2004.
As reduções dos CCEAR pelos distribuidores devem ser precedidas da aplicação do mecanismo de
compensação de sobras e déficits, conforme regulamentado pela ANEEL, que permite a utilização das sobras
por distribuidoras com consumo de energia acima do previsto.

As circunstâncias em que a redução do nível de energia contratada ocorrerá são devidamente estabelecidas
nos CCEARs, e podem ser exercidas a critério exclusivo da empresa de distribuição e em conformidade com
as disposições descritas acima e regulamentação da ANEEL.

REMUNERAÇÃO DAS GERADORAS

Ao contrário das concessionárias de distribuição de energia elétrica, em geral, as concessionárias de geração


não têm, em seus respectivos contratos de concessão, a fixação de tarifas, tampouco mecanismos de reajuste e
revisão destas.

No âmbito dos contratos iniciais, as geradoras eram remuneradas pelas tarifas fixadas entre estas e as
respectivas distribuidoras, as quais eram homologadas pela ANEEL. Já no âmbito dos contratos bilaterais, os
preços são livremente negociados entre as partes.

Nos contratos bilaterais firmados anteriormente à promulgação da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, os
preços negociados entre as empresas geradoras e distribuidoras eram, geralmente, influenciados pela
limitação ao repasse dos custos de aquisição de energia às tarifas cobradas pelas distribuidoras de seus
consumidores finais. Assim, o repasse de energia adquirida por meio de contratos de fornecimento firmados
antes da promulgação da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico era influenciado por um valor estabelecido
pela ANEEL, o chamado valor normativo.

Para os contratos celebrados sob a vigência da Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, a limitação ao repasse
de custos pelas distribuidoras é baseada no Valor Anual de Referência.

Essas limitações ao repasse pelas distribuidoras dos custos de aquisição de energia acabam limitando os
preços de energia cobrados pelas geradoras, uma vez que estes não podem ser superiores ao Valor Normativo
ou ao Valor Anual de Referência, dependendo da data da celebração de tal contrato. Com a promulgação da
Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico, as geradoras somente poderão vender sua energia para as
distribuidoras por meio de leilões públicos conduzidos pela ANEEL e pela CCEE. Tal restrição não se aplica
à venda de energia no Ambiente de Contratação Livre, onde as geradoras produtoras independentes de energia
podem vender sua energia a preços livremente negociados.

ENCARGOS REGULATÓRIOS

Em determinadas circunstâncias, em especial quando da reversão dos ativos de geração ao Poder Concedente,
as empresas de geração de energia são compensadas por ativos ainda não depreciados ou amortizados,
utilizados na prestação dos serviços de energia elétrica caso a concessão que lhe foi outorgada seja revogada
ou não renovada ao final do contrato de concessão. Em 1971, o Congresso Brasileiro criou o Fundo RGR
destinado a prover recursos financeiros para essa compensação. Em fevereiro de 1999, a ANEEL revisou a
cobrança desse encargo, exigindo que todas as distribuidoras e determinadas geradoras que operem sob
regimes de serviço público fizessem contribuições mensais ao Fundo RGR a uma taxa anual equivalente a
2,5% dos ativos fixos da empresa em serviço, até um teto de 3% do total das receitas operacionais em cada
ano. Nos últimos anos, o Fundo RGR tem sido usado, principalmente, para financiar projetos de geração e
distribuição. O Fundo RGR está programado para ser extinto até 2010, momento em que a ANEEL estará
obrigada a revisar as tarifas de fornecimento, de tal forma que o consumidor receba os benefícios decorrentes
do término do Fundo RGR.

O governo impôs, ainda, um encargo aos PIE baseado na utilização de recursos hídricos, exceto por PCHs,
encargo este similar ao cobrado de empresas do setor público em associação com o Fundo RGR. Os PIE são
obrigados a fazer contribuições ao Fundo de Uso de Bem Público, ou Fundo UBP, de acordo com as regras do
processo de licitação pública correspondente para a outorga de concessões.
Empresas de distribuição, e empresas de geração que vendem diretamente a clientes finais, são obrigadas a
contribuir para a CCC, criada pela Lei nº 7.990 de 28 de dezembro de 1989, conforme alterada, com o
objetivo de gerar reservas financeiras para cobertura de custos de combustíveis associados ao aumento do uso
de usinas de energia termelétrica. As contribuições anuais são calculadas com base em estimativas do custo de
combustível necessário para a geração de energia pelas usinas termelétrica no ano seguinte. A CCC é
administrada pela Eletrobrás.

Em fevereiro de 1998, o governo estabeleceu a extinção da CCC. Estes subsídios serão gradualmente extintos
durante um período de três anos a partir de 2003 para usinas de energia termelétrica construídas até fevereiro
de 1998 e atualmente pertencentes ao SIN. Usinas termelétricas construídas depois daquela data não terão o
direito a subsídios da CCC. Em abril de 2002, o governo estabeleceu que os subsídios da CCC continuariam a
ser pagos às usinas termoelétricas localizadas em sistemas isolados por um período de 20 anos com o intuito
de reduzir os custos associados à geração de energia nessas regiões.

À exceção das PCHs, todas as instalações hidrelétricas no Brasil devem pagar um encargo a Estados e
Municípios pelo uso de recursos hídricos, a Compensação Financeira pelo Uso de Recursos Hídricos, ou
CFURH, que foi introduzida em 1989. Os encargos são determinados com base no volume de energia gerado
por cada empresa e são pagos aos Estados e Municípios onde a usina ou o reservatório da usina está
localizado.

A TFSEE foi instituída pela Lei 9.427e equivale a 0,5% do benefício econômico anual auferido pela
concessionária. Trata-se de parcela cujo valor anual é estabelecido pela ANEEL com a finalidade de constituir
sua receita e destina-se à cobertura do custeio de suas atividades. A TFSEE fixada anualmente é paga
mensalmente em duodécimos pelas concessionárias.

Em 2002, o governo instituiu a CDE, que é financiada por pagamentos anuais feitos por concessionárias pelo
uso de bens públicos, penalidades e multas impostas pela ANEEL e, desde 2003, pelos encargos anuais pagos
por agentes que oferecem energia a usuários finais, por meio de uma componente a ser adicionada às tarifas
pelo uso dos sistemas de transmissão e distribuição. Tais encargos são reajustados anualmente. A CDE foi
criada para dar suporte (1) ao desenvolvimento da produção de energia em todo o país, (2) à produção de
energia por fontes alternativas, e (3) à universalização de serviços de energia em todo o Brasil. A CDE
permanecerá em vigor por 25 anos e é administrada pela Eletrobrás.

A Lei do Novo Modelo do Setor Elétrico estabelece que a falta de pagamento da contribuição ao RGR,
PROINFA, CDE, CCC, compensação financeira por utilização de recursos hídricos, ou de pagamentos
devidos em virtude da compra de energia e no ACR ou de Itaipu impedirá que a parte inadimplente receba
reajuste de tarifa (exceto a revisão extraordinária) ou receba recursos advindos de RGR, CDE ou CCC,
podendo ainda em alguns casos serem impedidas de participar dos leilões de compra e venda de energia
elétrica.

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