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Deus, diz Santo Ambrósio, “amou tanto esta virtude, que não quis vir ao
mundo senão acompanhado por ela, nascendo de Mãe virgem”11. Peçamos
com frequência a Santa Maria que haja sempre no mundo pessoas que
correspondam a esta chamada concreta do Senhor; que saibam ser generosas
para entregarem ao Senhor um amor que não compartilham com ninguém e
que lhes permite dar-se sem medida aos outros.
Pode acontecer que haja ambientes em que a castidade seja uma virtude
desvalorizada e que muitos pensem que vivê-la com todas as suas
consequências é algo incompreensível ou utópico. Meditemos nestas palavras
de São João Crisóstomo, que parecem escritas para muitos cristãos dos
nossos dias: “Que quereis que façamos? Que subamos aos montes e nos
tornemos monges? E isso que dizeis é o que me faz chorar: que penseis que a
modéstia e a castidade são próprias dos monges. Não. Cristo estabeleceu leis
comuns a todos. E assim, quando disse: Quem olhar com cobiça para uma
mulher (Mt 5, 28), não falava com o monge, mas com o homem da rua [...]. Eu
não te proíbo que te cases, nem me oponho a que te divirtas. Só quero que o
faças com temperança, não com impudor, não com culpas e pecados sem
conta. Não estabeleço como lei que tenhais que viver nos montes e desertos,
mas que sejais bons, modestos e castos, mesmo vivendo nas cidades”12.
Trata-se de uma virtude que está rodeada de outras que chamam pouco a
atenção, mas que definem um modo de comportamento sempre atraente.
Assim são, por exemplo, os detalhes de modéstia e de pudor no vestir, no
asseio, no desporto; a recusa clara e sem paliativos de participar em conversas
que não condizem com um cristão e com qualquer pessoa de bem, o repúdio
aos espectáculos imorais, o cuidado em guardar a vista com naturalidade pela
rua, etc. Quem vive com esmero essas virtudes “menores” terá assegurado em
grande parte a virtude da pureza, pois também neste campo o que é grande
depende do que é pequeno.
Lembremo-nos por fim de que a virtude da pureza, tão importante para uma
eficaz acção apostólica no meio do mundo, é guardiã do Amor, do qual por sua
vez se nutre e no qual encontra o seu sentido; protege e defende tanto o amor
divino como o humano. Não pensemos que nos pede uma atitude repressiva,
mas a abertura e a juventude de quem se entregou a um grande Amor.
(1) Mt 19, 3-12; (2) São Francisco de Sales, Introdução à vida devota, 3, 38; (3) cfr. Conc. Vat.
II, Const. Lumen gentium, 11; (4) cfr. São Josemaría Escrivá, É Cristo que passa, n. 23; (5) 1
Cor 7, 33; (6) Conc. Vat. II, op. cit., 42; (7) João Paulo II, Exort. Apost. Familiaris consortio,
22-XI-1981, 16; (8) ib.; (9) São João Crisóstomo, Tratado sobre a virgindade, 10; (10) João
Paulo II, op. cit.; (11) Santo Ambrósio, Tratado sobre as virgens, 1; (12) São João
Crisóstomo, Homilias sobre o Evangelho de São Mateus, 7, 7; (13) 2 Cor 2, 15.