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O que você diria se alguém lhe perguntasse se sua empresa tem feito alguma coisa
para se tornar mais eficiente, para desenvolver produtos ou serviços novos, para se
tornar mais competitiva no mercado?
Para meu consolo, nem todos os empresários conseguem entender o alcance do termo
“Inovação Tecnológica” e minha pergunta talvez não seja, afinal, tão tola.
O que você diria, todavia, se alguém lhe perguntasse: Uma indústria metalúrgica que
abastecesse sua fornalha com carvão trazido em sacos nas costas de seus
empregados e que um dia instalasse um silo ligado a uma esteira rolante a qual, ao
apertar de um simples botão, lançasse o carvão na fornalha, estaria implantando
alguma inovação tecnológica?
Se sua resposta foi “não, esteiras rolantes já existem há muito tempo e de forma
alguma isso seria uma inovação tecnológica”, você, com certeza, não sabe o que é
isso.
Uma inovação tecnológica não é necessariamente algo novo no mercado onde você
atua. Uma inovação é algo novo PARA SUA EMPRESA. A metalúrgica que instalou o
silo e a esteira está, sem dúvida, implantando um processo de inovação tecnológica
sem sequer se dar conta disso.
De uma forma geral, as empresas crêem que o incentivo fiscal relativo à inovação
tecnológica é endereçado às empresas de tecnologia nos seus mais variados
segmentos (engenharia, logística, informática, design, etc.). Evidentemente essas
empresas, sempre que desenvolvem algo novo (isso na verdade é seu core business)
fazem jus a se beneficiar do incentivo. Esse incentivo, todavia, tem um alcance bem
mais abrangente.
Empresas de outros setores que implantem processos ou projetos que melhorem sua
produtividade, que melhorem sua competitividade, suas vendas, que gerem empregos
em função disso também fazem jus ao gozo dos incentivos fiscais correspondentes. E
não é preciso que essas empresas desenvolvam ou adquiram tecnologias inéditas
para o mercado em que atuam. Basta que a tecnologia seja nova PARA A PRÓPRIA
EMPRESA. Também não é preciso que essa tecnologia seja desenvolvida dentro da
empresa, por seus próprios técnicos. A nova tecnologia pode ser adquirida de terceiros.
Empresas que contratem serviços de empresas de tecnologia também fazem jus aos
benefícios. Empresas que efetuem gastos com treinamento de seus profissionais para
o fim de se adequarem às inovações tecnológicas introduzidas também podem se
beneficiar.
Isso que estou dizendo está escrito claramente no Manual de Oslo, que é um
documento internacional, assinado inclusive pelo Governo Brasileiro. E tudo isso está
voltado à concessão de incentivos fiscais às empresas que desenvolvam ou adquiram
tecnologias.
Alguns requisitos são indispensáveis. Dentre eles, está o de que a empresa deve
controlar os gastos (sejam ativáveis ou despesas) em contas perfeitamente
identificáveis em seus registros contábeis. Essa é uma exigência legal. Outro aspecto é
o de que as exclusões fiscais feitas por conta desse incentivo não têm o dom de
reverter o lucro real de forma a transformá-lo em prejuízo. Assim, o limite do benefício
fiscal será zero, ou seja, não será admitido que em razão do aproveitamento do
incentivo uma empresa apure prejuízo fiscal que possa ser compensado em períodos
subseqüentes.
Dentre quaisquer outros, há um aspecto que deve ser objeto de aguda atenção. Como
dissemos acima, antes da edição da legislação que concedeu esse incentivo, as
empresas tinham de obter aprovação oficial para o gozo do mesmo. Agora elas tomam
o incentivo por sua própria conta.
Nesse ponto costuma surgir uma importante questão: O que acontece se, depois do
aproveitamento dos incentivos, a fiscalização não concordar com o entendimento da
empresa e glosar os valores aproveitados (excluídos da tributação) acrescentando
multas e juros? Essa pergunta se justifica, pois antes da nova legislação, a empresa
tinha de obter autorização prévia por parte das Autoridades. Era uma espécie de
beneplácito ou de salvo-conduto em caso de fiscalização.
A legislação não contém regra alguma sobre como proceder nessa situação. Então o
que fazer?
É fácil perceber que dentre todos os pontos que devem ser observados para o
aproveitamento do incentivo, o único que comporta algum grau de subjetividade é o
enquadramento do produto ou processo no conceito de “inovação tecnológica”. Todos
os demais aspectos são extremamente objetivos (contabilização, cálculo,
documentação suporte, etc.). A potencial subjetividade reside na seguinte indagação:
“Este produto ou processo se configura ou não como uma inovação tecnológica?”
A obtenção deste Laudo inverte o ônus da prova, ou seja, será o Fisco que terá de
provar que o Laudo está equivocado e a empresa merece ser multada. Convenhamos
que se a empresa apresentar um laudo emitido pela USP, por exemplo, ou pelo IPT,
que detêm em seus quadros engenheiros competentes, qualificados e respeitáveis
para emitir uma opinião, será bastante difícil o Fisco provar o contrário.
Considerando o enorme benefício potencial que pode ser alcançado por essas
empresas, ousamos dizer que se trata de uma oportunidade que não pode e não deve
ser ignorada.
Há ainda diversos outros aspectos que não cabem no espaço desse artigo.
Caso sua empresa seja lucrativa e esteja efetivamente pagando imposto de renda e
contribuição social com base no lucro real, esses benefícios poderão ser
imediatamente aproveitados via redução das parcelas de antecipação mensais ou
trimestrais. Não deixe passar essa oportunidade.
Aloísio Watzl
awatzl@daurodorea.com.br
Dauro Dórea & Advogados
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