Você está na página 1de 6
otVo MODERNIDADE RAUL ANTELO NOMBRAR TE: A POESIA DE ALEJANDRA PIZARNIK Nombrarteinvocagso ao Outro para a evocagio do ser Alterdade radical centre o eu € 0 fu precariamente reconeliada pela mediacao da palavra, Dessa ‘maneia, a procugdode seid instaura esse Otto, aquem senomeia, colocanda ‘ambos contendores ombro a omiro. Esse trabalho tern nombre: ate ‘ou tenfar mostrar como 0 trabalho com a lei ~o nombre que insti a sociedade; 0 muro que constoia cidade ~ permite pensar a poesia da Alejand earn’ como poesia das margens, dos confine, onde o Outto se manifesta, ‘onde o sevagem beirao culvado ndo x6 em opasigso dematica mas tambem ‘em daléticainerpenetrags. ‘Alejandra Puarnikescreveu certa vez que, na poesia moderna, exitem dois extemos, O primeiro supde que tudo é nade, aldindo, alvez, nessa cia, 2308 sistemas centrados na poesia social. O segundo, entretanto, arma a esarmonia, 0 éxtase no reencontro da presenca, rotagao de signos em ‘homenagem ¢celebragio as bodas do céu edo inferna. E nesta tltima vertente ‘que se inscreve sua obra, Leno Fernando Pessoa em 1962 (ou melhor: Alberto Caeio), Aljanda ‘inde, com Octavio Pa, em que nomear é ser. A palavra que nomeia a ped 80 8 pera mas tem a mesma realidad da pedra isto porque as paavas Bom oses mses pontes que estersdmos ent ase nos O poeta defines, Porta, como a consciéneia das palavras, vale ier, como a nostalgia da Tealidade efetva das coisas. ‘Enquanto perdurao mito da nocénca, Pzarikbusca nombrar ls cosas ‘con nombres esenciles, dec la plabra nocene. Recs, mas tarde em nomeat «many ela tee miedo de no saber noma! lo ae no exit pore hen oe foes paced dans come polars en a ocade eee eh Se os de mombver? Oc lee tora? elma lier, condatames que © nombre ¢ maleradade Mata comin que proves “Destcciones” Det combs con las palabras ite apa irr de mi cuerpo elemental £, ainda, mateiaidade tertitorial que, A maneira de Bernardo Soares sendo poo defusbo e de enconto, 56 existe aves da inguager: Yo que envy en lela pa entar ‘Adora dea mise para tener ura pam. {| (que ie munca pati. en donde thar? Ta ver en este paca que voy esebiendo} Matra ue lem de efter, éconingents porta E neces so etn dar ao rembresima ura estar: unm triad concionade Nate Assn soma vor do Outo ("Tu vo") Embosrodo en ml excraura Cantaren mi pooma/Rehen de dle vos! periicadaen mi memoria Nase tbat « abe, Aland Pz se dopa com e! jo sn rome que tecey we piverza en aga en que lenco pss como bras dea, {pe im de mater precriae prs do ign, onomérese etna corn vaso ‘open como sien Nomear esr Pore, nomear nko omnear O nombre Eslenco,sombra poeta ats den pel proprio vaso que # objeto causa. ‘Abgande cones ter partido em bus de quemé Maso que bse Buscar -Noesun verbo sno un vertigo No inden acon No ere dec ra ence de ale sno yocer porque alguien ro viene Buscar @ zr 8 ser sale ten sueto nto seo cada ver mas ener eminimo,cloeado antes en80 dee no bade e no no alta, lng. kientidade neatva Nos os nombres ‘A que le crs que na sobes? Te desea a La or que ees se desea Oa [1 Habla def que sates Habla de lo que wb ent med y hace ces somtras eu mad, habla del dolor ncsonte deus hues, habla del abi det respracion, de Ws desolacn. det toon, Eton esc, tne Seca elpreceso «que me obliga Oh habla de silencio. Padecaea, como dina Blanchot, dessa mpondade de pensar qe © bersanerio,em seus “Tragmentos pra dominate senco™, jada ep «He la mere ha rest sen su presto hecizante.¥ yo no cré mi oena y yo he de deco. Aum sel prema aq, ahoe) no ten seri, PO ene tina Ou, em “Caminos del epee: Fao el slenci es cto Por 0 sgerba Estoy soley excrbo. No, no estoy sola. Hay aguien oqul que Hembla Tate tet thes meet crs rome) eno etn, 0 are Nomear fi ser Agora é no ser. Onombre adquire, desta maneia, Pen? pecs rine Darema, rege ra Ce Manne dase sea nce sn ane re sc Materiallode aera em sua rise, 2 esrtura-meronomtreou aes ‘dlancio que canta, como prefere Octavio Paz ~ consté uma idesbanag, “mbaralhada pela proprias convenges, a ponto de se revea no ocitaments {et nstante de poner cerrjo als labios oi os condenados gua conten ‘ceada uno de mis nombres ahorcados en a nada ‘Seo mesmo s6 consegue ser o mesmo permiindo- ser ooo, quello tan otro que es yo Alejandra Psarnik compreende e cones Yo lem debe de imi nombre, confssdo e compreensio do nombre enquanto mica, perona Por que 0 prento? Porque 2 via de chegar a serum, ¢ ser nenhum. © nombre Invaao ner, odiferentea dilerenga. Afomicagh de nomes pred pumeros faneris,Coerentee implacdvel, Pzarnik situa sua escriura nos marcos da mas ‘agra moderidade. Com efeto, no process da indeiduagso & necrmsago, ‘ouieto moderno va se defnindo como masse endnima sem nombre, fires de corals ctr y sobretodo yo que soy mas cra que ellos. Ancnsmia, anc, usta de lel, que ¢ ausénca de harmonia. Dai que para se lara, ca ‘moderna precise negara natureza ‘Se prhibe mitre espe Mang desnudo ene ecombros Inendaron ‘der, te abandonaron en poscn de Sigel pemcado. No inseno exo que 850 ‘sna maton de snare, Hib dem naturalmente Mas ndo se trata apenas de negar naturza. A sie de une imagem Infalivel nosevou a falénca das imagens. Como obser Elo Gazi perdi ‘tiger, perdida a profundidade, perdido o valor, nenbuma nosalga neshums ‘ago a nao ser a raicalzagao das mesmas armas contra as quaisse combate ' imagem de tercero grau conta a de segundo gray, a superficie coma ¢ superficialidade, @ hipertealdade contra a wrealidade. Akjandra Paris ‘ompreende, radiaimente, que deve usar a ment contaa ore Arnot ‘uma imagem da poesia: ela é a poesia 56 o cave € um. Nos seus escitos, a legica do simulacro age por dees ereero 00 du ‘eto destas duaspalavas, erguendo obstacles qe desea, 0 P= 0s espacos de identidads possves. Estes topes sto dos Bertence a esfera pblica: é 0 muro O segunda, aos hits pivados 2 stor o rosto, palavras que em Alejandra, como antes dela em Avau, el mente com um nome-chave: maneqi™ Estes chetosndo obgetos (maura orto, ote), que esos? TUANSGRESSAO A RODERNIDADE ‘esto-ndo seo, ram comeatvamente 0 sjeto de um saber deslocad e ubiqua, fque 30 nose elevado A potonia inkinta, encontra, paradoxalmente, a unidade ‘desea, tl como a Hoeate de Ana Crstina Cesar Artemis, Hecate, Diana so tdiandves das margens que (para dug lo com Jean Pierre Vernant) operam ‘sempre com o duplo poder de preparar as passagens entre 0 selvagem e Cicada, reservando estamente a6 froneiras, ainda quando estéo sendo stravessadas Ela insttuem nits outros eliberadores,acompanhando seus fis ‘a ontra manger, em eto fre do Meso. E provavel que para muitosa Invisible da let se confunda com sua exsténca. Para refutar 0 argument, vale lembrar a palawas de Octavio Paz no prefaco ao livro de Alejandra: a frvore de Diana no ¢ um corpo que se posi ver: € um objeto (arimado) que ‘hos dina ver azn, um instumento natural de visto. Convenga que tende a0 ‘spontineo Novae. E poss, portant, rexgatar um sentido eco (politi) nesta attude avessaindigincia sebolicadaindstia cultural. Em vitude dela, a muchacha halla o mascara del into y rompe el muro de la poesia. Com ‘fet, nos textos de Alejandra Peak, ostoe muro se equivalem (ndo apenas fr frig do ogo tretoniano do un no out) mas porqueainvasio do maior (o pablo) pelo menor (o intro} &, para Paarnik ensaio de novo pacto de Cdadania. Ha, assim, uma impregnagio de muros e rostos, que deiner uma ‘thie de resintnciae recuse. Avwvando 0 ser, mercé da negatvidade, Puarrik ‘quer ansmusar arelagio da conseéneiacom as coma inert, engin, pore ‘ow lberdade, uma eernidade posivel para a consciéncia,mpugnand, asin, ‘a naturalidade dos lites para enfrentar oimpossvl infin. E por essa via Ge ‘saber de Puarnik marten lagos com savoir passonel, a esperanga de Vues Bonneloy ‘Como o muro, a mascara ocuta, veda. Como a méscara, o muta & “andnimo, nul es mero muro es mudo mira muere. Seo muro tem segreclos, © termor acumula palaras. poemas, queso silencio, grau zero dos elementos el tient y la lua me borraran! cama aun fuego, como aun poemal escrito en lun muro. O que esta entdo? Apeendr a dormit na meméria de um ruro. Al {az solitaoe as palavas se suicidar. Recapitulemos.O seta, come vimos, € nome. E osto. Mas perdido el nombre que me lamaba! su rostrorueda por mi Eut-nombve; euros, eu-mura eu muda, Me muro, memora, me mucra Eis © programa de urn poeta importante de Los trabajos y as noche. Nombre Noo poma det ausencia, ‘Soo en el veto. usb arg De Ywes Blonnefoy (poeta admirado, raduzido) a Plzacnik (e dela & Reconstr do foto, de Edgardo Ruso} ae (o noms) se treslada, De um @ jutro, © tabalho da poesia ¢ nomear © ue we perde. Nomeare volar se 30 esconbecido, Nomear~ diz poeta francs, pensando em Rimbaua parece NOMBIARTE: A FOESIADE ALEAANDRAFIZAtNIE ee ore ea amido - dagulo que € Entean, 0 pence de ieee 8 Sa oat mee der ae ee ‘aminoso, o doente, o poeta. A premissa baudelaiana de pari a0 4 co er owe (eartcnda pao ace bei ee te ver orp dee nl Go pte denier en eo Cropton to saan ae Ne ano. esleoin Brie hae eaten ae enn msec tina ene 28 es auras ne a pons cance pater n wrii aas dosent ee oe i ees iads ae neeene ET, en ckyaaem Sekentemenrameen aeataat eam neces Parte en cuerpo y alma peri Parse eshacore de as mada pledias opresors fue ducrmen ena gorganta, Pace: onda viva, fin deina, Extra pda da lou As pds ie dormene garganta so uma tbo de palawasmutladas qu albscwam asia Ea peda que Van Gogh caregou pela vida afr, pend no psx, ‘edra do pinta sun saber por qué nem para ond, como ns dis Ata Or. Alana at: habia que exrbisin para que sn paraquen, ou. emp de Freud a Pies, ania e aunt png para quem exer als ‘ensiderac epaticada como uma forma de sci. Em seu Le de lectures, Marte Ret ana que oor eda 9 verdadero. aguele que lat Morey, no deruncia apenas wna pervesi fetemada do espnto mas compete a eran a exp sum pa nate «ee faz secur saeretarerte a morte, mane a feo epee vo. Aleta como um out able como un suki ero. Parascever, Alara Part in 1968 pr exe. dase ost de Van Gogh le suck de nse, ent mpeg BO sesso (de Van Goah, de Artaud eats dees, de Alan de Pe ‘tel objeto sean crs, ode areverse af areal pca de oa nome, sabemos,é mata presente que ree 8 tateialdade hipotética @ do process da menor. Or, Ania dco femsua excrtua en segundo, reer rau, que opoeradizo ax diesem (wbre tudo) outa cota. Descobre, por exer, ie para bra de ‘sesso, Artaud viaiou pela inguagem apesmanco depo (ep es époullerarancaro&paon Alana ad: “de tos los pintores Van GGoghes aque que mis rokindamente nor despa. y hasta la rama, pero como quien se despojara de una dtuesti,” Nesmo Ado Peleg. 0 pon Surealta dos anos une, a publica a vrei negrl dese texto Ge Artaud 1971, cata gd de Asana, certo porgie compere i.e ss eerie hper texas, Alana Puark ala com aware cma Os que 8 recede hablo onl oe que ea ers devo yer ls mages ries te endechadora Como da mea cera en eaio we encarnan ler ot Arta em radupd & come aha erodes de qundros de Un ‘Gogh, Como recperar a corporal de ingger,& marca rexpratrs do Beets? Veo a chave numa stagho de Mare! Grane. mansrta pel propa ‘Alejandra © qu resume a efcécs perseguida pot Artaud (e pot el: Savor le ‘om, dire ie mat et pose tre ou cre a chone. Toute Bete et dope Par autsatlnonmer © erunadoneqvo, aenancagsa port, ia. ‘ri var na, mistoces Esse ens pebfonco ne exerts de Purse aun em dedaments paronomssicon parr w nome part Go nome. Asi vr setranenia Tetras. Una limes inalomarada un onan Tessa te resucto Las oenas ota ls cas onan To ss € mi csi via. Asjandea ve. argument, que a suorefxtade de sua bra, ee nambrate que € pert ¢inindavel nombrase deseri ume pocia da transgressto, em que a promesa da orgencostantementererocede. Quanto ‘els excecentee omamental fx o objeto fro mas devero e daradado © proceso pura esop: (pure ete ty merors) Na medida em que © subline $e concebe como ariclago de une loucua que paramo Gacuno ¢ eu € eonise da epenénc, quando oe ut fompla tem Selman ‘ara Aland, remor ea manesino per do ser exbigo de um rtm cepesmédico,o desarero vale: enrada do tempio entada no tempo, Um, tremor ume ans fadadas oo fio porque pounds na torso dos les: representa mepresentve, ser nombre, fer pba anges ‘avatvos do home, meee 6 um hig ndo-uger poder aoher um objeto nio-obeo: a angistia {o verdadero p59 6 programa da oes, empresas damovada Posivel O posta viv en a se sempre, asf fle de Riou £ ens a tmorada(Eeroso cbservr coma em Adjanciao haga da poeta, a one ‘do ¢subrancialmas mero atibuto: usta decor mo edu ener erat Vale, sin, pensar em poems como "Fuga en la" eu pro “Moraes onde as ondas vices docu (Artaud) grovocam menor a,Pear nos {bes en Is turbo come eeos das aes dos cons de Van Gogh soando os couvidos de Artaud como cmbelos meron) cA donde conduce i cavtase? A fo neaa al extra frogmerta.O sesl do nego. nos eros Alor, alm deer indice pokroso de bags, consclidaaesténcine caennca, nis ecuses pra a ciao do novo, na medida em ae, nate de argue o mundo modera, nnhum prazer sda na harmonioseduplsacae dos existent. Rico das mutas wazes:anlarse em monovorde tester 2 do ‘ber abla Enecessiio, poranta suspenders normas(osnombres) para ‘xigtcia do desconhecdo:y no hubo mis un cfuera yun aden, Node etabo cecuchando el ugar porque el lugar no exisia. Ann Pri Banos Ae 156 1972) Chen Lire min e955 Le st pecs 86 Cn eee por" Dee pt Gen Par TO at (tao bs mache 90 mene pet de nar 1, Noy we ESL Err mana 1971) Lacenn npn 1996, de oy caver pe 3 Eras enor El pa denen te os Saya erp oy here ‘oreta 190) “Subrnay de Game P19 ‘Aber Got Oo ea“ ae ster bre na 95“ n re AMS. Ne Fede Marcas Ls mac 909, Nese canoe Coa Ele set 85

Você também pode gostar